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Beatriz Cunta – @biaemedicina CONCEITOS INICIAIS As otites são inflamações do aparelho auditivo. ➢ Otites externas: Inflamações do meato acústico externo; pode se estender a todo o pavilhão auricular. ➢ Otites médias: Inflamações da cavidade timpânica. OTITE EXTERNA É uma infecção/inflamação aguda bem delimitada da derme e da epiderme do conduto auditivo externo, que pode vir acompanhada de edema da região e secreção. ➢ Etiologia: ▪ Infecciosa: P. aeruginosa, S. aureus, Streptococcus e Proteus mirabilis. ▪ Exposição à umidade: Justifica maior incidência após praia, piscina, comum em nadadores, etc. ▪ Traumas: Externos, principalmente por hastes de algodão e corpos estranhos. Podem gerar pequenas lacerações, provocando soluções de continuidade e inflamação local (além de facilitar infecção). ➢ Quadro clínico: ▪ Otalgia: Moderada a intensa, geralmente unilateral, que piora à compressão do trágus ou manipulação do pavilhão auricular. ▪ Ausência de sinais sistêmicos ▪ Hiperemia ▪ Descamação ▪ Secreção ▪ Edema: Difuso do conduto auditivo externo, chegando a oclui-lo. OBS: O diagnóstico é clínico! ➢ Tratamento: É realizado de acordo com a gravidade da doença. Utilizam-se: ▪ Casos leves: gotas otológicas (tópicas) contendo antibióticos e corticoides. ▪ Casos intensos: associar ATB orais (cefalexina, cefadroxila ou ciprofloxacino). Em todos os casos pode-se usar analgésicos e deve-se evitar contato com água. ➢ Diagnóstico diferencial – Rolha de cerume: Condição acompanhada de hipoacusia e plenitude auricular, que piora com uso de hastes flexíveis, pois empurram o cerume para o fundo do tubo auditivo e até podem causar perfuração timpânica. Sua retirada é feita com lavagem com soro fisiológico ou curetagem. Às vezes estão muito endurecidas e são necessários emolientes de cerume. OTITE MÉDIA Inflamação da orelha média de início súbito (agudo). Geralmente é secundária a IVAS. Pode ser bacteriana ou viral. É mais frequente em crianças pela anatomia do tubo auditivo, sendo mais horizontalizado e alargado que em adultos, tornando mais difícil a drenagem de secreção. Beatriz Cunta – @biaemedicina Fatores predisponentes são: ▪ IVAs de repetição ▪ Hábito de mamar deitado ▪ Aleitamento materno por menos de 3 meses ▪ Frequentar creches ou berçários ▪ Tabagismo passivo ▪ Atopias ▪ Inverno ➢ Microbiologia – bactéria: ▪ Streptococcus pneumoniae ▪ Haemophilus influenzae ▪ Moraxella catarrhalis ▪ Streptococcus pyogenes e aureus. ➢ Microbiologia – vírus: ▪ Rinovírus humano (RVH) ▪ Vírus sincicial respiratório (VSR) ▪ Adenovírus ▪ Influenza ➢ Apresentação clínica da otite média aguda: Paciente apresenta: otalgia, hipoacusia, plenitude aural, otorreia, febre, irritabilidade, anorexia. Vômitos e diarreia podem estar presentes. À otoscopia: ▪ Viral: Membrana timpânica hiperemiada (aumento da vascularização) e transparência reduzida. ▪ Bacteriana: Além dos anteriores, membrana abaulada devido à secreção do ouvido médio. A dor é mais intensa que nas virais. O acúmulo de secreção posteriormente à membrana timpânica pode causar sua ruptura e extravasamento de secreção purulenta ou piossanguinolenta para o conduto auditivo externo. OBS: A perfuração de membrana timpânica pode ser pequena ou grande, e normalmente ocorre diante de repetidos casos de OM supurada. Também é provável a retração da membrana timpânica. (A: normal; restante com OMA) ➢ Tratamento: ▪ Amoxicilina ▪ Amoxicilina + clavulanato ▪ Cefalosporinas ▪ Macrolídeos (alergias) ▪ Quinolonas respiratórias no adulto. Alguns tratamentos coadjuvantes envolvem: uso de anti-inflamatórios como corticosteroides; vasoconstrictores nasais (máximo por 5 dias – podem causar rinite medicamentosa); fluidificantes de muco; limpeza das secreções (lavagem nasal com soro); calor local. Paciente deve ser reavaliado em 48-72h após o início do tratamento. OBS: Vale ressaltar que a perfuração da membrana timpânica cicatriza após remissão da infecção. ➢ Otite média aguda recorrente: Ocorre quando há 3 ou mais diferentes e documentados episódios de otite média aguda em 6 meses OU 4 ou mais episódios em 12 meses. Alguns fatores predisponentes: ▪ Crianças que frequentam creches ▪ Hipertrofia adenoidiana ▪ Imunodeficiências ▪ Malformações craniofaciais OBS: Nesses casos deve-se tratar fatores de base. ➢ Complicações: ▪ Mastoidite aguda: Complicação supurativa que afeta a porção mastoide do osso temporal, e após disseminar- se para as células, chega ao subcutâneo. Beatriz Cunta – @biaemedicina Caracterizada pelo abaulamento retroauricular frequentemente associado a hiperemia; pode haver febre e queda do estado geral. Pode ser necessária drenagem, e em casos mais graves, a mastoidectomia. ▪ Paralisia facial periférica: Paralisia do sétimo par craniano por extensão do processo inflamatório ou destruição do canal ósseo em que o nervo se aloja. Num geral regride totalmente com tratamento. ▪ Complicações intracranianas: Ocorrem por disseminação do processo infeccioso em direção ao SNC. Exemplos: meningite (disseminação hematogênica ou por contiguidade; tratamento com miringotomia + ATB), abscesso cerebral (comumente extradural, com sintomas semelhantes ao da meningite – resolução com drenagem + ATB). São raras. ➢ Otite média crônica serosa: Pacientes que trataram a OMA (cerca de 20% das crianças) podem apresentar persistência de líquido/secreção na orelha média. Há maior incidência entre 6-12 meses, depois entre 2-6 anos. O quadro clínico se caracteriza pelo histórico de otites recorrentes e queixa de hipoacusia. Ao exame físico, há diminuição da transparência da membrana timpânica, aumento de vascularização, coloração variável e áreas de retração. Quando unilateral em adultos, sinal de alerta para neoplasia rinofaríngea (tumor de cavum). Fatores de risco: ▪ Idade da primeira OMA: Quanto mais novo, mais susceptível. ▪ Período do ano: Mais frequente no inverno. ▪ Malformações craniofaciais ▪ Creche O diagnóstico é realizado com anamnese, otoscopia, audiometria e impedanciometria. Pode-se tratar com: ▪ Antibioticoterapia ▪ Corticoide ▪ Fluidificantes ▪ Cirurgia: Realiza-se miringotomia com colocação de tubo de ventilação ou carretel na membrana timpânica, associada à adenoidectomia quando necessário.
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