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Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 ❖ Introdução: o Quase todos os RN apresentam valores de bilirrubina sanguínea > 1mg/dL (17micromol/L), quando atinge 5mg/dL torna-se visível nas escleróticas e pele. o A cabeça geralmente é o primeiro local em que ocorre a icterícia, se estendendo ao longo do corpo – evolução clínica craniocaudal. o Na primeira semana de vida, cerca de 60% dos RN a termo e 80% dos RN pré-termo ficam ictéricos. o Acredita-se que haja aumento fisiológico da bilirrubina pela imaturidade do metabolismo do RN e por uma ação antioxidante da bilirrubina. Como o RN ao nascimento, sai de um ambiente hipóxico para um ambiente de hiperóxia, com aumento na oferta de O2, ele está exposto a muitos agentes oxidativos e, devido a isso, a bilirrubina aumenta para atuar como antioxidante natural, a fim de neutralizar os radicais livres formados por essa diferença de oxigênio intra/extra-útero. o O estudo da icterícia é importante pois é expressão clínica de hiperbilirrubinemia indireta, direta ou mista e níveis críticos podem levar à encefalopatia bilirrubínica e ao exame anatomopatológico: Kernicterus (núcleos amarelos no cérebro) – a impregnação do sistema nervoso ocorre apenas pela elevação de bilirrubina indireta, pois é lipossolúvel; ainda assim, essa elevação precisa ser abrupta, saturando a albumina (carreador de bilirrubina), deixando-a livre, permitindo que ultrapasse a BHE; só ocorre quando há hemólise. o Tendências da neonatologia em direção à alta hospitalar precoce e uma abordagem menos agressiva no tratamento da icterícia neonatal têm trazido preocupações quanto ao ressurgimento da neurotoxicidade relacionada à bilirrubina. o Define-se como hiperbilirrubinemia significativa se a bilirrubina sérica é > ao P95 do nomograma em horas de Bhutani nos RN >/= 35 semanas de gestação. o Ocorre em 8-11% dos RN e 2-5% desses RN necessitam ficar hospitalizados para tratamento. ❖ Epidemiologia – Brasil (2000 a 2010): o Ocorreram 200-280 óbitos de RN/ano por doença hemolítica do RN ou Kernicterus. o Dessas, 100 a 130 neonatos eram a termo e 70% das mortes ocorreram até o 6° dia de vida. o ½ na região Nordeste e 1/3 na região norte. ❖ Metabolismo da bilirrubina: o A bilirrubina é produto do catabolismo do radical heme (geralmente vindo da hemácia), que sofre ação da hemeoxigenase que produz biliverdina. o A biliverdina sofre ação da biliverdina redutase, produzindo bilirrubina indireta livre; pelo fato de ser lipossolúvel, ela precisa se ligar à albumina para ser transportada pelo sangue (cada grama de albumina se liga a 8mg de bilirrubina). o A bilirrubina é transportada até o fígado, onde as ligandinas são responsáveis por captar a bilirrubina no hepatócito. o Dentro do hepatócito, é conjugada a duas moléculas de ácido glucorônico, através da ação da glucoronil-transferase, transformando-se em bilirrubina direta, que é hidrossolúvel. o A partir daí, são transportadas para as vias biliares, chegando no intestino. A BD sofre ação das bactérias do TGI que a transformam em estercobilina e urobilinogênio, sendo eliminada pelas fezes ou urina. o O RN não tem flora intestinal desenvolvida (demora alguns dias e ocorre através da alimentação), portanto, quando a BD cai no TGI e fica muito tempo parada no intestino, sofre ação da beta- Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 glucoronidase, que faz com que ela retorne à forma original de bilirrubina indireta. Portanto, se não houver bom trânsito intestinal, a bilirrubina volta para circulação entero-hepática, na forma de BI. o Capacidade de ligação da bilirrubina indireta à albumina é alterada por determinados fatores: acidose, sepse, hipóxia, hipoalbuminemia, prematuridade, idade pós-natal (< 3 dias) e drogas (ceftriaxona). o Limitações do metabolismo da bilirrubina no RN: ▪ Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito e menor capacidade de captação e excreção: • Produção excessiva: produz 3x mais bilirrubina que o adulto (1g de Hb produz 34mg de bilirrubina). • Hb meia-vida reduzida (70 a 90 dias). • Captação hepática limitada: deficiência de ligandina e atividade diminuída da glucoronil-transferase (com 7 dias de vida é 1% da atividade do adulto – normaliza entre 6 a 12 semanas). • Excreção limitada: nível biliar é superior ao citoplasmático do hepatócito. ▪ Circulação entero-hepática elevada: flora intestinal escassa e maior atividade de beta- glicuronidase, aumentando quantidade de BI. ▪ Menor concentração de albumina. ❖ Icterícia fisiológica: o Se inicia após 24 horas de vida, com pico entre 3 a 4 dias de vida (6 a 12mg/dL). o Desaparece em torno de 10 dias e no prematuro até 2 semanas. o Algumas vezes necessita de tratamento, pois algum fator pode aumentar a BI a nível de fototerapia. ❖ Icterícia patológica: o Sempre que inicia nas primeiras 24 horas de vida, habitualmente ocorre devido à hemólise. o BT > ao P95 do normograma de Bhutani. o Aumento de BT > 0,2mg/dL/h (3,4micromol/L/h) e acima de 0,5mg/dL/h é hemólise grave. o Icterícia no RN a termo com duração superior a 14 dias. o BD > 20% da BT sugere colestase. o Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito: ▪ Doenças hemolíticas: • Autoimunes: incompatibilidade Rh (é mais grave), ABO (hemólise é mais lenta, inicialmente pode se comportar como icterícia fisiológica) ou antígenos irregulares. • Enzimáticas: deficiência de G6PD (cursa com mais hemólise e tendência à anemia), piruvato-quinase, hexoquinase. • Membrana eritrocitária: esferocitose, eliptocitose. • Hemoglobinopatias: alfa-talassemia. • Adquiridas: infecções bacterianas (sepse e ITU) ou virais. ▪ Coleções sanguíneas extravasculares: cefalohematoma, hematomas, equimoses; hemorragia intracraniana, pulmonar e GI. ▪ Policitemia: RN pequeno para idade gestacional, RN de mãe diabética, transfusão feto-fetal ou materno-fetal e clampeamento > 60 segundos ou ordenha de cordão umbilical. ▪ Circulação entero-hepática aumentada de bilirrubina: anomalias GI (obstrução, estenose hipertrófica do piloro), jejum oral ou baixa oferta enteral, icterícia por “oferta inadequada” do leite materno. o Deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina: hipotireoidismo congênito, síndrome da icterícia pelo leite materno, síndrome de Gilbert (causa benigna, o indivíduo convive bem com a doença; não se sabe se ocorre por expressão menor de glucoronil-transferase ou fator inibitório dessa Icterícia patológica pode coexistir com a fisiológica. Infecção congênita, urinária e sepse são causas de icterícia mista. Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 enzima) e síndrome de Crigler-Najjar tipos 1 e 2 (relacionada à quantidade de glucoronil-transferase; tipo 1 não tem enzima e é incompatível com a vida e a tipo 2 apresenta apenas deficiência enzimática, tratada com fenobarbital que estimula a ação dessa enzima.). o Sucção estimula reflexo gastro-cólico, que estimula peristalse e promove liberação de fezes – é preciso mamar e cagar (quem não evacua nas primeiras 24h tem risco aumentado de hiperbilirrubinemia). ❖ Hemólise – doença hemolítica por isoimunização: o ABO: mais frequente (20 a 30% das gestações) e menos grave. ▪ Tipagem sanguínea A ou B em RN de mãe O, seja Rh positivo ou negativo. ▪ Anemia é menos proeminente e usualmente tratada por fototerapia. ▪ Comprovação laboratorial x evolução clínica. ▪ Evolução mais lenta, apenas 20% é precoce. ▪ Coombs direto positivo em 20-40%. ▪ Reticulocitose (10-30%): reticulócitos > 4,5% nas primeiras 72h ou > 2% nas primeiras 1 a 2 semanas. ▪ Geralmente, os níveis de anticorpos são muito baixos, podendo nem gerar hemólise. ▪ Cuidado ao dar alta para paciente. o Rh: menos comum (10% das gestações) e mais grave. ▪ O antígeno D, presente nas hemácias do feto/RN, é atacado por IgG-anti-D materno, que atravessa placenta e chega até o feto, promovendo hemólise; vai promovendohemólise, o fígado passa a ter função de produção de hemácias, com queda de albumina, início de ICC. ▪ Fruto de mães sensibilizadas em gestações anteriores e que não receberam Ig específica, com Coombs indireto positivo. ▪ Cordocentese em mulher Rh negativa com Coombs indireto positivo: se o feto for Rh +, dependendo do nível de Hb indica-se transfusão de concentrado de hemácias via cordão umbilical. ▪ 50% cursam com hemólise leve. ▪ 25% cursam com forma moderada: anemia, hepatoesplenomegalia, grande risco de encefalopatia bilirrubínica precoce (2° a 3° dia). ▪ 25% cursam com forma grave: hidropsia fetal (edema generalizado e líquido livre nas cavidades, a forte anemia causa ICC). ▪ Coombs direto positivo em quase 100% dos casos. ▪ BT deve ser estimada a cada 6 a 8 horas. ▪ Coombs indireto: realizado na mãe; pesquisa anticorpos no plasma e coloca em contato com hemácia Rh+, se houver aglutinação é sinal de anticorpos. Dilui o sangue ao meio e faz a mesma coisa, se aglutinar, vai diluindo e realizando o teste – é quantitativo e quanto maior a fração, pior é. ▪ Em caso de aborto pode haver sensibilização, principalmente no momento em que a placenta se descola. o Não imune: buscar cardiopatias congênitas, infecção por parvovírus B19 materno (bloqueia a eritropoiese) ❖ Icterícia pela falta ou falha do aleitamento materno: o Precoce (não ocorre antes de 24h), mas nos primeiros dias de vida. o Baixa ingestão calórica. o Menor frequência de mamadas. o Bebê preguiçoso (má técnica). o Retardo na eliminação do mecônio. Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 o Perda de peso exagerada nos primeiros dias (> 10%). ❖ Síndrome da icterícia pelo leite materno: o Tardia (após 1ª semana de vida) e ocorre por substância no leite que aumenta a beta-glucuronidase. o 20 a 30% de todos RN em aleitamento materno. o 2 a 4% cursa com BI > 10mg/dL com 3 semanas de vida, podendo chegar a 20-30mg/dL. o Cai lentamente em 2 a 3 meses. o Fisiopatologia – hipóteses: ▪ Inibição da glucoronil transferase por aumento de estrogênio materno. ▪ Lipólise elevada com aumento de ácidos graxos livres, que compete com a BI ao se ligar à albumina. ▪ Aumento da reabsorção intestinal da bilirrubina, por aumento da beta glicuronidase. o Evidências para o diagnóstico: AM exclusivo, ganho ponderal satisfatório, não apresentam incompatibilidade Rh ou ABO, predomínio de BI, função hepática normal e nenhuma evidência de hemólise (sem anemia). o Não há necessidade de tratamento da icterícia, não se indicando a descontinuidade do aleitamento. ❖ Manejo da hiperbilirrubinemia para RN >/= 35 semanas: o Identificação da icterícia: níveis > 5mg/dL. o Avaliação subjetiva/luz. o Pressão digital: o amarelo predomina e não a cor branca ao realizar a pressão. o Progressão cefalocaudal: ▪ Zona 1 de Krammer – cabeça e pescoço: 5,9 / 4,3 – 7,0. ▪ Zona 2 de Krammer – tronco até o umbigo: 8,9/5,4 – 12,2 ▪ Zona 3 de Krammer – hipogástrio e coxas: 11,8/8,1 – 16,5 ▪ Zona 4 de Krammer – joelhos e cotovelos até punhos e tornozelos: 15/11,1 – 18,3. ▪ Zona 5 de Krammer – mãos e pés, incluindo palmas e plantas - > 15. o Todo RN deve ter avaliação laboratorial da bilirrubina se icterícia a partir da zona II (além do umbigo). o Bilicheck (avaliação transcutânea) e dosagem sérica: ▪ Coeficiente de correlação elevado (0,91 a 0,93). ▪ Não invasivo e alta sensibilidade. ▪ Fonte de luz com fibra óptica e microprocessador. ▪ Sem interferência na cor da pele. ▪ Valor > 13 e 15mg/dL devem ser confirmados por dosagem sérica. ▪ O local de escolha é o esterno, apesar da fronte poder ser utilizada deve-se evitar pois está mais exposta à luz. o Micrométodo (punção capilar): ▪ Pouco volume, medida invasiva, dolorosa, segura e eficaz. ▪ Colhida no pé (nunca na parte central, pois pode haver lesão óssea) – deve- se aquecer o pé previamente. o Exames complementares: ▪ Bilirrubina total e frações. ▪ Hb, Ht e contagem de reticulócitos. ▪ Tipagem da mãe e RN, sistemas ABO e Rh (antígeno d). ▪ Coombs direto no sangue de cordão ou do RN. ▪ Em casos de atividade hemolítica não explicada por incompatibilidade ABO ou Rh: • Pesquisa de anticorpos maternos para antígenos irregulares (anti-c, anti-e, anti-E, anti- Kell) se mãe multigesta/transfusão sanguínea anterior e RN Coombs direto positivo. • Dosagem sanguínea quantitativa de G6PD. • Dosagem sanguínea de hormônio tireoidiano e TSH (exame do pezinho) – icterícia prolongada pode ser a única manifestação do hipotireoidismo congênito. Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 o Avaliação de risco de hiperbilirrubinemia grave em todo RN, especialmente se alta < 72h: ▪ Dosagem de BST ou cutânea e/ou fatores de risco – nomograma – estabelecer acompanhamento. ▪ Se estiver acima do percentil e não tiver condições de reavaliar a criança, mantê-la no serviço. ▪ Idade materna > 25 anos. ▪ IG de 35 a 37 semanas, independente do peso ao nascer, é um dos FR mais importantes. ▪ História de fototerapia em RN anterior. ▪ Presença de coleção sanguínea, como cefalohematoma. ▪ Amamentação exclusiva, em especial se tiver dificuldades. ▪ Asiáticos: gene mutante da di-glicuronil trasnferase. ▪ Sexo masculino e filho de mãe diabética. ▪ Nomograma – zonas de risco: • Considerar o uso de fototerapia se zona de alto risco (BT > percentil 95). • Continuar a internação e observar a evolução da icterícia se risco intermediário superior (entre percentis 75 e 95). o Determinar BT a cada 12 a 24 horas e considerar o uso de fototerapia. • Alta hospitalar se nível de risco intermediário, inferior ou mínimo (abaixo do percentil 75) e retorno ambulatorial em 48 a 72 horas. o Estímulo ao aleitamento materno: amamentação frequente ajuda a reduzir a hiperbilirrubinemia, evitar uso de chupetas (1° mês) e mamadeiras – RN que suga mais frequentemente durante os primeiros dias de vida, apresenta menores níveis de bilirrubinemia. o É preciso identificar qual é o tipo de icterícia, nível de BT, IG (< 37 semanas tem risco aumentado), peso de nascimento, idade pós-natal e presença de fatores agravantes. o Aumento da BD – colestase: distúrbios hepáticos ou doenças sistêmicas potencialmente graves. ▪ Entre as causas, podemos encontrar obstrução, sepse, doença do trato biliar, toxinas, inflamação e doenças metabólicas ou genéticas. ▪ Hiperbilirrubinemia grave: BD > 1mg/dL quando BT < 5mg/dL ou BD > 20% da BT quando > 5mg/dL. ▪ Seu acúmulo é sempre patológico e o diagnóstico deve ser feito de forma precoce, em razão do potencial de gravidade da atrésia biliar, uma das causas mais comuns. ▪ Além da icterícia (nesse caso, tom esverdeado ou amarelo-acastanhado opaco), pode haver urina de cor escura, acolia fecal e hepatomegalia. ▪ Atresia biliar: ausência ou obliteração dos ductos biliares extra-hepáticos, sendo a principal indicação de transplante hepático em crianças. Icterícia progressiva nas primeiras 8 semanas de vida e podem apresentar acolia fecal, entretando, muitas vezes no início do quadro apresentam bom estado geral e adequado ganho de peso. Aos exames complementares níveis elevados de BD, níveis discretos/moderados de aminotrasnferases e elevação de GGT. A cirurgia deve ser realizada nas primeiras 8 a 12 semanas de vida para resultado benéfico. ▪ Hepatite neonatal idiopática: DD da atrésia biliar, há aumento prolongado da BD e achado histológico de células gigantes em biópsia hepática. ▪ Sepse neonatal: ITU por E. coli pode ter a icterícia como única manifestação. ▪ TORCHS (icterícia mista), doença hemolítica intensa, cisto do colédoco, , fibrose cística, galactosemia, deficiência de alfa-1-antitripsina e tirosinemia. internação e buscar diagnóstico rápido. ▪ Não realizar fototerapia!! o Aumento de BI: fototerapia ou exsanguineotrasnfusão (EXST). o Fototerapia: Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED96 ▪ Gráfico 1: níveis indicativos de fototerapia >/= 35 semanas de IG. ▪ Limiar de bilirrubina total para manuseiro de bebês pré-termos (< 35 semanas): ▪ Níveis indicativos de fototerapia em RN prematuros e termos (< 2500g): Peso ao nascimento BT (mg%) < 1000g 5 1000 a 1200g 6 1200 a 1400g 7 1400 a 1600g 8 1600 a 1800g 10 1800 a 2200g 12 2200 a 2500g 12 a 15 >2500 > 15 • Na presença de patologias, como asfixia, acidose, sepse e outras, esses níveis devem ser reduzidos. ▪ Mecanismo de ação fototerapia: transformação fotoquímica da bilirrubina. • Foto-oxidação: menor parte da ação; forma compostos pirrólicos • Fotoisomerização: isômero geométrico e isômero estrutural. • A ação da luz sobre a molécula de bilirrubina a transforma em: o Isômero geométrico: reversível e de eliminação lenta; chega ao intestino e demanda bom trânsito intestinal, se não houver, volta a forma indireta da bilirrubina. o Isômero estrutural (lumirrubina): irreversível, solúvel em água e de eliminação rápida. Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 ▪ Eficárcia da fototerapia: • Espectro de luz liberado pela fototerapia: comprimentos de onda mais eficazes estão no espectro azul-verde (400 a 500nm). • Irradiância (quantidade de energia luminosa liberada em uma superfície): µw/cm 2 /nm. o Recomendada: mínimo de 8 a 10µw/cm2/nm. o Fototerapia intensiva: >30 µw/cm2/nm. • Quanto maior a irradiância e quanto maior a superfície corporal atingida, melhor é o efeito do aparelho. • Outros fatores: tipo de luz, tipo de nutrição, tipo de icterícia, nível sérico inicial de BST e variáveis do RN. ▪ Tipos de fototerapia: Tipo de fototerapia Vantagens Desvantagens Foto convencional -luz azul Maior irradiância e superfície corporal Difícil avaliar RN Foto convencional – luz branca Sem sintomas profundos e boa avaliação do RN Irradiância baixa Foto Bilispot Irradiância alta Pequena área corporal > 2500g Foto de fibra óptica Irradiância alta e fácil manuseio RN < superfície corporal exposta Biliberço Maior irradiância, baixo custo e maior área exposta ▪ Biliberço (emite luz por baixo do colchão): geralmente é utilizado em associação com outro aparelho de LED – FOTO 1. ▪ Bilispot: o raio de luz é pequeno, demandando mais de um aparelho para crianças maiores – FOTO 2. ▪ Atualmente são utilizadas lâmpadas de led, com alta irradiância (100 µw/cm2/nm.) dentro do espectro escolhido; geração de calor mínima, consome pouca energia, pode ser portátil e pode ser acoplado em roupas. ▪ É preciso desligar os aparelhos para examinar o RN. ▪ Cuidados ao RN em fototerapia: • Manter o RN despido e aquecido, apenas com gônadas e olhos protegidos. • Avaliar temperatura axilar a cada 2 ou 3 horas. • Realizar mudança de decúbito. • Peso 2x ao dia em neonato prematuro ou PIG. • Balanço hídrico: fluidoterapia, dieta, diurese e DU. • Eliminações fecais: estímulo retal. • Higiene corporal e ocular. • Estimular aleitamento e contato mãe-filho. ▪ Efeitos colaterais da fototerapia: • Eritema: acrílico (filtra raios UV). • Síndrome do bebê bronze: RN com colestase e cor bronzeada em pele, plasma e urina por retenção dos fotoprodutos na bile – aumento de 30% cobreporfirina sérica. o Exsanguíneotrasnfusão ou transfusão de substituição: ▪ Mecanismo de ação: • Remoção mecânica da bilirrubina para prevenir a encefalopatia bilirrubínica e IC. • Remoção de eritrócitos sensibilizados e de anticorpos circulantes. Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 • Correção da anemia. • O sangue fresco introduz albumina, favorecendo a ligação. ▪ A troca deve ser realizada duas vezes, pois quando uma parte é retirada, ela volta – garante 100% de troca; Exemplo: 80-90mL/kg – trocar 160mL/kg de sangue. ▪ Vários avanços terapêuticos têm reduzido a necessidade de EXST. Consequentemente, há uma falta de operadores experientes quando a rara necessidade para EXST, ocasionando um aumento inevitável nos riscos do procedimento. ▪ Indicações na DHPN: • RN com doença hemolítica grave (hidropsia). • Sangue no cordão (pelo menos 2 fatores): BT > 4mg/dL, Hb < 12g% e Coombs direto ++++. • Até 36 horas de vida: Hb entre 11 e 13g% com velocidade de hemólise >0,5mg/dL/h. • Acima de 36 horas de vida: utilização de gráficos (idade x nível de BT). • Repetir EXST se o RN persistir com anemia hemolítica e velocidade de hemólise > 0,5mg/dL/h. • Gráfico abaixo: grupo de baixo risco (linha verde), médio risco (linha vermelha) e alto risco (linha amarela). ▪ Sangue para EXST: • Incompatibilidade Rh: RH negativo e tipo O ou mesmo tipo do RN. • Incompatibilidade ABO: sangue O e RH compatível com RN. • Ideal: até 3 dias de doação. • Sangue viável: pH > 6,8 K < 10mEq/L • ACD e CPD: hiperinsulinismo e o CPD é quelante de cálcio. ▪ Complicações agudas (5 a 10%): bradicardia transitória, cianose, vasoespasmo transitório, trombose, apneia com bradicardia, distúrbio metabólico (hipoglicemia, hipocalemia, acidose metabólica), trombocitopenia, morte (0,3 em 100). ▪ Complicações tardias: anemia, sepse, colestase, trombose da veia porta/hipertensão portal. o Outras possibilidades de tratamento: ▪ Fenobarbital: estimula produção de glucoronil transferase. ▪ Metaloporfirina: inibe a enzima hemeoxidase e com isso a hemólise. ▪ Gamaglobulina standart: inibe a hemólise. ❖ Encefalopatia bilirrubínica aguda: o Final da primeira semana: hipotonia e sucção débil. o Segunda semana: hipertonia, opistótono, febre e choro agudo. o Mortalidade elevada e aqueles que sobrevivem cursam com lesões graves do SNC. o Durante 3º ano: síndrome neurológica completa – coreoatetose bilateral, sinais extrapiramidais, convulsões, atraso de desenvolvimento, disatria, surdez neurossensorial e alteração dos movimentos oculares. As crianças menos afetadas: incoordenação neuromuscular e surdez neurossensorial. ❖ Prevenção obstétrica: gamaglobulina anti-Rh (D). o Eficaz em 90% dos casos. o Indicada em mãe Rh negativo com RN Rh positivo, com Coombs indireto materno negativo. o Aplicar na 28ª semana de gestação até 72 horas após o parto. o Efeito da profilaxia: ▪ Sem profilaxia: 8 a 9% das mulheres se sensibiliza até 6 meses após o parto. ▪ Com profilaxia pós-parto: 0,8%. ▪ Com profilaxia pós-parto e pré-natal: 0,08%.
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