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Aula 11 - Icterícia

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Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
❖ Introdução: 
o Quase todos os RN apresentam valores de bilirrubina sanguínea > 1mg/dL (17micromol/L), quando 
atinge 5mg/dL torna-se visível nas escleróticas e pele. 
o A cabeça geralmente é o primeiro local em que ocorre a icterícia, se estendendo ao longo do corpo – 
evolução clínica craniocaudal. 
o Na primeira semana de vida, cerca de 60% dos RN a termo e 80% dos RN pré-termo ficam ictéricos. 
o Acredita-se que haja aumento fisiológico da bilirrubina pela imaturidade do metabolismo do RN e por 
uma ação antioxidante da bilirrubina. Como o RN ao nascimento, sai de um ambiente hipóxico para 
um ambiente de hiperóxia, com aumento na oferta de O2, ele está exposto a muitos agentes oxidativos 
e, devido a isso, a bilirrubina aumenta para atuar como antioxidante natural, a fim de neutralizar os 
radicais livres formados por essa diferença de oxigênio intra/extra-útero. 
o O estudo da icterícia é importante pois é expressão clínica de hiperbilirrubinemia indireta, direta ou 
mista e níveis críticos podem levar à encefalopatia bilirrubínica e ao exame anatomopatológico: 
Kernicterus (núcleos amarelos no cérebro) – a impregnação do sistema nervoso ocorre apenas pela 
elevação de bilirrubina indireta, pois é lipossolúvel; ainda assim, essa elevação precisa ser abrupta, 
saturando a albumina (carreador de bilirrubina), deixando-a livre, permitindo que ultrapasse a BHE; só 
ocorre quando há hemólise. 
o Tendências da neonatologia em direção à alta hospitalar precoce e uma abordagem menos agressiva no 
tratamento da icterícia neonatal têm trazido preocupações quanto ao ressurgimento da neurotoxicidade 
relacionada à bilirrubina. 
o Define-se como hiperbilirrubinemia significativa se a bilirrubina sérica é > ao P95 do nomograma 
em horas de Bhutani nos RN >/= 35 semanas de gestação. 
o Ocorre em 8-11% dos RN e 2-5% desses RN necessitam ficar hospitalizados para tratamento. 
❖ Epidemiologia – Brasil (2000 a 2010): 
o Ocorreram 200-280 óbitos de RN/ano por doença hemolítica do RN ou Kernicterus. 
o Dessas, 100 a 130 neonatos eram a termo e 70% das mortes ocorreram até o 6° dia de vida. 
o ½ na região Nordeste e 1/3 na região norte. 
❖ Metabolismo da bilirrubina: 
o A bilirrubina é produto do catabolismo do 
radical heme (geralmente vindo da hemácia), que 
sofre ação da hemeoxigenase que produz biliverdina. 
o A biliverdina sofre ação da biliverdina 
redutase, produzindo bilirrubina indireta livre; pelo 
fato de ser lipossolúvel, ela precisa se ligar à 
albumina para ser transportada pelo sangue (cada 
grama de albumina se liga a 8mg de bilirrubina). 
o A bilirrubina é transportada até o fígado, onde 
as ligandinas são responsáveis por captar a 
bilirrubina no hepatócito. 
o Dentro do hepatócito, é conjugada a duas 
moléculas de ácido glucorônico, através da ação da 
glucoronil-transferase, transformando-se em 
bilirrubina direta, que é hidrossolúvel. 
o A partir daí, são transportadas para as vias biliares, chegando no intestino. A BD sofre ação das 
bactérias do TGI que a transformam em estercobilina e urobilinogênio, sendo eliminada pelas fezes 
ou urina. 
o O RN não tem flora intestinal desenvolvida (demora alguns dias e ocorre através da alimentação), 
portanto, quando a BD cai no TGI e fica muito tempo parada no intestino, sofre ação da beta-
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
glucoronidase, que faz com que ela retorne à forma original de bilirrubina indireta. Portanto, se 
não houver bom trânsito intestinal, a bilirrubina volta para circulação entero-hepática, na forma de BI. 
o Capacidade de ligação da bilirrubina indireta à albumina é alterada por determinados fatores: 
acidose, sepse, hipóxia, hipoalbuminemia, prematuridade, idade pós-natal (< 3 dias) e drogas 
(ceftriaxona). 
o Limitações do metabolismo da bilirrubina no RN: 
▪ Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito e menor capacidade de captação e excreção: 
• Produção excessiva: produz 3x mais bilirrubina que o adulto (1g de Hb produz 34mg 
de bilirrubina). 
• Hb meia-vida reduzida (70 a 90 dias). 
• Captação hepática limitada: deficiência de ligandina e atividade diminuída da 
glucoronil-transferase (com 7 dias de vida é 1% da atividade do adulto – normaliza 
entre 6 a 12 semanas). 
• Excreção limitada: nível biliar é superior ao citoplasmático do hepatócito. 
▪ Circulação entero-hepática elevada: flora intestinal escassa e maior atividade de beta-
glicuronidase, aumentando quantidade de BI. 
▪ Menor concentração de albumina. 
❖ Icterícia fisiológica: 
o Se inicia após 24 horas de vida, com pico entre 3 a 4 dias de vida (6 a 12mg/dL). 
o Desaparece em torno de 10 dias e no prematuro até 2 semanas. 
o Algumas vezes necessita de tratamento, pois algum fator pode aumentar a BI a nível de fototerapia. 
❖ Icterícia patológica: 
o Sempre que inicia nas primeiras 24 horas de vida, habitualmente ocorre devido à hemólise. 
o BT > ao P95 do normograma de Bhutani. 
o Aumento de BT > 0,2mg/dL/h (3,4micromol/L/h) e acima de 0,5mg/dL/h é hemólise grave. 
o Icterícia no RN a termo com duração superior a 14 dias. 
o BD > 20% da BT sugere colestase. 
o Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito: 
▪ Doenças hemolíticas: 
• Autoimunes: incompatibilidade Rh (é mais grave), ABO (hemólise é mais lenta, 
inicialmente pode se comportar como icterícia fisiológica) ou antígenos irregulares. 
• Enzimáticas: deficiência de G6PD (cursa com mais hemólise e tendência à anemia), 
piruvato-quinase, hexoquinase. 
• Membrana eritrocitária: esferocitose, eliptocitose. 
• Hemoglobinopatias: alfa-talassemia. 
• Adquiridas: infecções bacterianas (sepse e ITU) ou virais. 
▪ Coleções sanguíneas extravasculares: cefalohematoma, hematomas, equimoses; hemorragia 
intracraniana, pulmonar e GI. 
▪ Policitemia: RN pequeno para idade gestacional, RN de mãe diabética, transfusão feto-fetal ou 
materno-fetal e clampeamento > 60 segundos ou ordenha de cordão umbilical. 
▪ Circulação entero-hepática aumentada de bilirrubina: anomalias GI (obstrução, estenose 
hipertrófica do piloro), jejum oral ou baixa oferta enteral, icterícia por “oferta inadequada” do 
leite materno. 
o Deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina: hipotireoidismo congênito, síndrome da 
icterícia pelo leite materno, síndrome de Gilbert (causa benigna, o indivíduo convive bem com a 
doença; não se sabe se ocorre por expressão menor de glucoronil-transferase ou fator inibitório dessa 
Icterícia patológica pode coexistir com a 
fisiológica. 
Infecção congênita, urinária e sepse são 
causas de icterícia mista. 
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
enzima) e síndrome de Crigler-Najjar tipos 1 e 2 (relacionada à quantidade de glucoronil-transferase; 
tipo 1 não tem enzima e é incompatível com a vida e a tipo 2 apresenta apenas deficiência enzimática, 
tratada com fenobarbital que estimula a ação dessa enzima.). 
o Sucção estimula reflexo gastro-cólico, que estimula peristalse e promove liberação de fezes – é preciso 
mamar e cagar (quem não evacua nas primeiras 24h tem risco aumentado de hiperbilirrubinemia). 
❖ Hemólise – doença hemolítica por isoimunização: 
o ABO: mais frequente (20 a 30% das gestações) e menos grave. 
▪ Tipagem sanguínea A ou B em RN de mãe O, seja Rh positivo ou negativo. 
▪ Anemia é menos proeminente e usualmente tratada por fototerapia. 
▪ Comprovação laboratorial x evolução clínica. 
▪ Evolução mais lenta, apenas 20% é precoce. 
▪ Coombs direto positivo em 20-40%. 
▪ Reticulocitose (10-30%): reticulócitos > 4,5% nas primeiras 72h ou > 2% nas primeiras 1 a 2 
semanas. 
▪ Geralmente, os níveis de anticorpos são muito baixos, podendo nem gerar hemólise. 
▪ Cuidado ao dar alta para paciente. 
o Rh: menos comum (10% das gestações) e mais grave. 
▪ O antígeno D, presente nas hemácias do feto/RN, é atacado por IgG-anti-D materno, que 
atravessa placenta e chega até o feto, promovendo hemólise; vai promovendohemólise, o 
fígado passa a ter função de produção de hemácias, com queda de albumina, início de ICC. 
▪ Fruto de mães sensibilizadas em gestações anteriores e que não receberam Ig específica, com 
Coombs indireto positivo. 
▪ Cordocentese em mulher Rh negativa com Coombs indireto positivo: se o feto for Rh +, 
dependendo do nível de Hb indica-se transfusão de concentrado de hemácias via cordão 
umbilical. 
▪ 50% cursam com hemólise leve. 
▪ 25% cursam com forma moderada: anemia, hepatoesplenomegalia, grande risco de 
encefalopatia bilirrubínica precoce (2° a 3° dia). 
▪ 25% cursam com forma grave: hidropsia fetal (edema generalizado e líquido livre nas 
cavidades, a forte anemia causa ICC). 
▪ Coombs direto positivo em quase 100% dos casos. 
▪ BT deve ser estimada a cada 6 a 8 horas. 
▪ Coombs indireto: realizado na mãe; pesquisa anticorpos no plasma e coloca em contato com 
hemácia Rh+, se houver aglutinação é sinal de anticorpos. Dilui o sangue ao meio e faz a mesma 
coisa, se aglutinar, vai diluindo e realizando o teste – é quantitativo e quanto maior a fração, 
pior é. 
▪ Em caso de aborto pode haver sensibilização, principalmente no momento em que a placenta 
se descola. 
o Não imune: buscar cardiopatias congênitas, infecção por parvovírus B19 materno (bloqueia a 
eritropoiese) 
❖ Icterícia pela falta ou falha do aleitamento materno: 
o Precoce (não ocorre antes de 24h), mas nos primeiros dias de vida. 
o Baixa ingestão calórica. 
o Menor frequência de mamadas. 
o Bebê preguiçoso (má técnica). 
o Retardo na eliminação do mecônio. 
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
o Perda de peso exagerada nos primeiros dias (> 10%). 
❖ Síndrome da icterícia pelo leite materno: 
o Tardia (após 1ª semana de vida) e ocorre por substância no leite que aumenta a beta-glucuronidase. 
o 20 a 30% de todos RN em aleitamento materno. 
o 2 a 4% cursa com BI > 10mg/dL com 3 semanas de vida, podendo chegar a 20-30mg/dL. 
o Cai lentamente em 2 a 3 meses. 
o Fisiopatologia – hipóteses: 
▪ Inibição da glucoronil transferase por aumento de estrogênio materno. 
▪ Lipólise elevada com aumento de ácidos graxos livres, que compete com a BI ao se ligar à 
albumina. 
▪ Aumento da reabsorção intestinal da bilirrubina, por aumento da beta glicuronidase. 
o Evidências para o diagnóstico: AM exclusivo, ganho ponderal satisfatório, não apresentam 
incompatibilidade Rh ou ABO, predomínio de BI, função hepática normal e nenhuma evidência de 
hemólise (sem anemia). 
o Não há necessidade de tratamento da icterícia, não se indicando a descontinuidade do aleitamento. 
❖ Manejo da hiperbilirrubinemia para RN >/= 35 semanas: 
o Identificação da icterícia: níveis > 5mg/dL. 
o Avaliação subjetiva/luz. 
o Pressão digital: o amarelo predomina e não a cor branca ao realizar a pressão. 
o Progressão cefalocaudal: 
▪ Zona 1 de Krammer – cabeça e pescoço: 5,9 / 4,3 – 7,0. 
▪ Zona 2 de Krammer – tronco até o umbigo: 8,9/5,4 – 12,2 
▪ Zona 3 de Krammer – hipogástrio e coxas: 11,8/8,1 – 16,5 
▪ Zona 4 de Krammer – joelhos e cotovelos até punhos e tornozelos: 15/11,1 – 18,3. 
▪ Zona 5 de Krammer – mãos e pés, incluindo palmas e plantas - > 15. 
o Todo RN deve ter avaliação laboratorial da bilirrubina se icterícia a partir da zona II (além do 
umbigo). 
o Bilicheck (avaliação transcutânea) e dosagem sérica: 
▪ Coeficiente de correlação elevado (0,91 a 0,93). 
▪ Não invasivo e alta sensibilidade. 
▪ Fonte de luz com fibra óptica e microprocessador. 
▪ Sem interferência na cor da pele. 
▪ Valor > 13 e 15mg/dL devem ser confirmados por dosagem sérica. 
▪ O local de escolha é o esterno, apesar da fronte poder ser utilizada 
deve-se evitar pois está mais exposta à luz. 
o Micrométodo (punção capilar): 
▪ Pouco volume, medida invasiva, dolorosa, segura e eficaz. 
▪ Colhida no pé (nunca na parte central, pois pode haver lesão óssea) – deve-
se aquecer o pé previamente. 
o Exames complementares: 
▪ Bilirrubina total e frações. 
▪ Hb, Ht e contagem de reticulócitos. 
▪ Tipagem da mãe e RN, sistemas ABO e Rh (antígeno d). 
▪ Coombs direto no sangue de cordão ou do RN. 
▪ Em casos de atividade hemolítica não explicada por incompatibilidade ABO ou Rh: 
• Pesquisa de anticorpos maternos para antígenos irregulares (anti-c, anti-e, anti-E, anti-
Kell) se mãe multigesta/transfusão sanguínea anterior e RN Coombs direto positivo. 
• Dosagem sanguínea quantitativa de G6PD. 
• Dosagem sanguínea de hormônio tireoidiano e TSH (exame do pezinho) – icterícia 
prolongada pode ser a única manifestação do hipotireoidismo congênito. 
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
o Avaliação de risco de hiperbilirrubinemia grave em todo RN, especialmente se alta < 72h: 
▪ Dosagem de BST ou cutânea e/ou fatores de risco – nomograma – estabelecer 
acompanhamento. 
▪ Se estiver acima do percentil e não tiver condições de reavaliar a criança, mantê-la no serviço. 
▪ Idade materna > 25 anos. 
▪ IG de 35 a 37 semanas, independente do peso ao nascer, é um dos FR mais importantes. 
▪ História de fototerapia em RN anterior. 
▪ Presença de coleção sanguínea, como cefalohematoma. 
▪ Amamentação exclusiva, em especial se tiver dificuldades. 
▪ Asiáticos: gene mutante da di-glicuronil trasnferase. 
▪ Sexo masculino e filho de mãe diabética. 
 
▪ Nomograma – zonas de risco: 
 
• Considerar o uso de fototerapia se zona de 
alto risco (BT > percentil 95). 
• Continuar a internação e observar a evolução 
da icterícia se risco intermediário superior (entre 
percentis 75 e 95). 
o Determinar BT a cada 12 a 24 horas e 
considerar o uso de fototerapia. 
• Alta hospitalar se nível de risco 
intermediário, inferior ou mínimo (abaixo do 
percentil 75) e retorno ambulatorial em 48 a 72 
horas. 
 
 
o Estímulo ao aleitamento materno: amamentação frequente ajuda a reduzir a hiperbilirrubinemia, 
evitar uso de chupetas (1° mês) e mamadeiras – RN que suga mais frequentemente durante os primeiros 
dias de vida, apresenta menores níveis de bilirrubinemia. 
o É preciso identificar qual é o tipo de icterícia, nível de BT, IG (< 37 semanas tem risco aumentado), 
peso de nascimento, idade pós-natal e presença de fatores agravantes. 
o Aumento da BD – colestase: distúrbios hepáticos ou doenças sistêmicas potencialmente graves. 
▪ Entre as causas, podemos encontrar obstrução, sepse, doença do trato biliar, toxinas, inflamação 
e doenças metabólicas ou genéticas. 
▪ Hiperbilirrubinemia grave: BD > 1mg/dL quando BT < 5mg/dL ou BD > 20% da BT quando 
> 5mg/dL. 
▪ Seu acúmulo é sempre patológico e o diagnóstico deve ser feito de forma precoce, em razão 
do potencial de gravidade da atrésia biliar, uma das causas mais comuns. 
▪ Além da icterícia (nesse caso, tom esverdeado ou amarelo-acastanhado opaco), pode haver 
urina de cor escura, acolia fecal e hepatomegalia. 
▪ Atresia biliar: ausência ou obliteração dos ductos biliares extra-hepáticos, sendo a principal 
indicação de transplante hepático em crianças. Icterícia progressiva nas primeiras 8 semanas de 
vida e podem apresentar acolia fecal, entretando, muitas vezes no início do quadro apresentam 
bom estado geral e adequado ganho de peso. Aos exames complementares níveis elevados de 
BD, níveis discretos/moderados de aminotrasnferases e elevação de GGT. A cirurgia deve ser 
realizada nas primeiras 8 a 12 semanas de vida para resultado benéfico. 
▪ Hepatite neonatal idiopática: DD da atrésia biliar, há aumento prolongado da BD e achado 
histológico de células gigantes em biópsia hepática. 
▪ Sepse neonatal: ITU por E. coli pode ter a icterícia como única manifestação. 
▪ TORCHS (icterícia mista), doença hemolítica intensa, cisto do colédoco, , fibrose cística, 
galactosemia, deficiência de alfa-1-antitripsina e tirosinemia. internação e buscar 
diagnóstico rápido. 
▪ Não realizar fototerapia!! 
o Aumento de BI: fototerapia ou exsanguineotrasnfusão (EXST). 
o Fototerapia: 
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED96 
▪ Gráfico 1: níveis indicativos de fototerapia >/= 35 semanas de IG. 
▪ Limiar de bilirrubina total para manuseiro de bebês pré-termos (< 35 semanas): 
▪ Níveis indicativos de fototerapia em RN prematuros e termos (< 2500g): 
Peso ao nascimento BT (mg%) 
< 1000g 5 
1000 a 1200g 6 
1200 a 1400g 7 
1400 a 1600g 8 
1600 a 1800g 10 
1800 a 2200g 12 
2200 a 2500g 12 a 15 
>2500 > 15 
• Na presença de patologias, como asfixia, acidose, sepse e outras, esses níveis devem 
ser reduzidos. 
▪ Mecanismo de ação fototerapia: transformação fotoquímica da bilirrubina. 
• Foto-oxidação: menor parte da ação; forma compostos pirrólicos 
• Fotoisomerização: isômero geométrico e isômero estrutural. 
• A ação da luz sobre a molécula de bilirrubina a transforma em: 
o Isômero geométrico: reversível e de eliminação lenta; chega ao intestino e 
demanda bom trânsito intestinal, se não houver, volta a forma indireta da 
bilirrubina. 
o Isômero estrutural (lumirrubina): irreversível, solúvel em água e de 
eliminação rápida. 
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
▪ Eficárcia da fototerapia: 
• Espectro de luz liberado pela fototerapia: comprimentos de onda mais eficazes estão 
no espectro azul-verde (400 a 500nm). 
• Irradiância (quantidade de energia luminosa liberada em uma superfície): 
µw/cm
2
/nm. 
o Recomendada: mínimo de 8 a 10µw/cm2/nm. 
o Fototerapia intensiva: >30 µw/cm2/nm. 
• Quanto maior a irradiância e quanto maior a superfície corporal atingida, melhor 
é o efeito do aparelho. 
• Outros fatores: tipo de luz, tipo de nutrição, tipo de icterícia, nível sérico inicial de 
BST e variáveis do RN. 
▪ Tipos de fototerapia: 
Tipo de fototerapia Vantagens Desvantagens 
Foto convencional -luz azul Maior irradiância e superfície 
corporal 
Difícil avaliar RN 
Foto convencional – luz branca Sem sintomas profundos e boa 
avaliação do RN 
Irradiância baixa 
Foto Bilispot Irradiância alta Pequena área corporal > 2500g 
Foto de fibra óptica Irradiância alta e fácil manuseio RN < superfície corporal exposta 
Biliberço Maior irradiância, baixo custo e 
maior área exposta 
 
 
▪ Biliberço (emite luz por baixo do colchão): geralmente é utilizado em associação com outro 
aparelho de LED – FOTO 1. 
▪ Bilispot: o raio de luz é pequeno, demandando mais de um aparelho para crianças maiores – 
FOTO 2. 
▪ Atualmente são utilizadas lâmpadas de led, com alta irradiância (100 µw/cm2/nm.) dentro do 
espectro escolhido; geração de calor mínima, consome pouca energia, pode ser portátil e pode 
ser acoplado em roupas. 
▪ É preciso desligar os aparelhos para examinar o RN. 
 
▪ Cuidados ao RN em fototerapia: 
• Manter o RN despido e aquecido, apenas com gônadas e olhos protegidos. 
• Avaliar temperatura axilar a cada 2 ou 3 horas. 
• Realizar mudança de decúbito. 
• Peso 2x ao dia em neonato prematuro ou PIG. 
• Balanço hídrico: fluidoterapia, dieta, diurese e DU. 
• Eliminações fecais: estímulo retal. 
• Higiene corporal e ocular. 
• Estimular aleitamento e contato mãe-filho. 
▪ Efeitos colaterais da fototerapia: 
• Eritema: acrílico (filtra raios UV). 
• Síndrome do bebê bronze: RN com colestase e cor bronzeada em pele, plasma e urina 
por retenção dos fotoprodutos na bile – aumento de 30% cobreporfirina sérica. 
o Exsanguíneotrasnfusão ou transfusão de substituição: 
▪ Mecanismo de ação: 
• Remoção mecânica da bilirrubina para prevenir a encefalopatia bilirrubínica e IC. 
• Remoção de eritrócitos sensibilizados e de anticorpos circulantes. 
Icterícia neonatal – Pediatria – Ana Cláudia Neves MED 96 
• Correção da anemia. 
• O sangue fresco introduz albumina, favorecendo a ligação. 
▪ A troca deve ser realizada duas vezes, pois quando uma parte é retirada, ela volta – garante 
100% de troca; Exemplo: 80-90mL/kg – trocar 160mL/kg de sangue. 
▪ Vários avanços terapêuticos têm reduzido a necessidade de EXST. Consequentemente, há uma 
falta de operadores experientes quando a rara necessidade para EXST, ocasionando um 
aumento inevitável nos riscos do procedimento. 
▪ Indicações na DHPN: 
• RN com doença hemolítica grave (hidropsia). 
• Sangue no cordão (pelo menos 2 fatores): BT > 4mg/dL, Hb < 12g% e Coombs direto 
++++. 
• Até 36 horas de vida: Hb entre 11 e 13g% com velocidade de hemólise 
>0,5mg/dL/h. 
• Acima de 36 horas de vida: utilização de gráficos (idade x nível de BT). 
• Repetir EXST se o RN persistir com anemia hemolítica e velocidade de hemólise > 
0,5mg/dL/h. 
• Gráfico abaixo: grupo de baixo risco (linha verde), médio risco (linha vermelha) e alto 
risco (linha amarela). 
▪ Sangue para EXST: 
• Incompatibilidade Rh: RH negativo e tipo O ou mesmo tipo do RN. 
• Incompatibilidade ABO: sangue O e RH compatível com RN. 
• Ideal: até 3 dias de doação. 
• Sangue viável: pH > 6,8 K < 10mEq/L 
• ACD e CPD: hiperinsulinismo e o CPD é quelante de cálcio. 
▪ Complicações agudas (5 a 10%): bradicardia transitória, cianose, vasoespasmo transitório, 
trombose, apneia com bradicardia, distúrbio metabólico (hipoglicemia, hipocalemia, acidose 
metabólica), trombocitopenia, morte (0,3 em 100). 
▪ Complicações tardias: anemia, sepse, colestase, trombose da veia porta/hipertensão portal. 
o Outras possibilidades de tratamento: 
▪ Fenobarbital: estimula produção de glucoronil transferase. 
▪ Metaloporfirina: inibe a enzima hemeoxidase e com isso a hemólise. 
▪ Gamaglobulina standart: inibe a hemólise. 
❖ Encefalopatia bilirrubínica aguda: 
o Final da primeira semana: hipotonia e sucção débil. 
o Segunda semana: hipertonia, opistótono, febre e choro agudo. 
o Mortalidade elevada e aqueles que sobrevivem cursam com lesões graves do SNC. 
o Durante 3º ano: síndrome neurológica completa – coreoatetose bilateral, sinais extrapiramidais, 
convulsões, atraso de desenvolvimento, disatria, surdez neurossensorial e alteração dos movimentos 
oculares. As crianças menos afetadas: incoordenação neuromuscular e surdez neurossensorial. 
❖ Prevenção obstétrica: gamaglobulina anti-Rh (D). 
o Eficaz em 90% dos casos. 
o Indicada em mãe Rh negativo com RN Rh positivo, com Coombs indireto materno negativo. 
o Aplicar na 28ª semana de gestação até 72 horas após o parto. 
o Efeito da profilaxia: 
▪ Sem profilaxia: 8 a 9% das mulheres se sensibiliza até 6 meses após o parto. 
▪ Com profilaxia pós-parto: 0,8%. 
▪ Com profilaxia pós-parto e pré-natal: 0,08%.

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