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DEFICIÊNCIA INTELECTUAL É um distúrbio do neurodesenvolvimento, anteriormente conhecido como retardo mental. O indivíduo apresenta limitações tanto na inteligência e funcionamento intelectual quanto nas habilidades adaptativas. Funcionamento intelectual: habilidades mentais como aprendizagem, raciocínio, resolução de problemas, pensamento abstrato e julgamento. Habilidades adaptativas: comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou ocupacional e independência em casa e/ou em ambientes comunitários. Os déficits adaptativos são limitações em pelo menos um: • Conceitual: habilidades que incluem linguagem, leitura e escrita; manuseio de dinheiro, tempo e conceitos matemáticos, raciocínio e memória, autodireção; • Social: habilidades de comunicação interpessoal social, empatia, resolução de problemas sociais; • Prático: autocuidado, como comer, vestir-se, mobilidade e higiene. Atualmente, a DI é classificada de acordo com o nível de apoio que o pediatra identifica que o indivíduo necessita, e não mais o nível de QI. Fatores de risco: sexo masculino, baixo peso ao nascer, idade materna e paterna avançadas, escolaridade mais baixa da mãe, origem social dos pais, dentre outras. ETIOLOGIA Condição multifatorial. CAUSAS AMBIENTAIS Teratógenos: exposição pré-natal a qualquer quantidade de álcool (síndrome alcóolica fetal), medicamentos (como hidantoína e valproato – anticonvulsivantes), exposição em excesso à fenilalanina. Infecções congênitas: tem-se o TORCH – toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simples. Infecções do SNC: no período pós- natal podem deixar como sequelas a DI. Asfixia do feto ou RN: pode levar à encefalopatia hipóxico-isquêmica - situação que causa diminuição significativa do aporte de oxigênio a todos os tecidos do organismo, aumento do metabolismo anaeróbico, isquemia, acidose e hipercapnia com consequente lesão celular difusa. Pode ser provocada por uma interrupção do fluxo sanguíneo do cordão umbilical, troca de gases pela placenta insuficiente, perfusão placentária materna inadequada, feto com retardo do crescimento intrauterino etc. CAUSAS GENÉTICAS A DI de origem genética pode estar isolada ou associada a outros sinais e sintomas, caracterizando uma síndrome. Alterações cromossômicas: síndrome de Down, trissomia do 18, trissomia do 13, síndromes associadas à microdeleção. Síndromes monogênicas: erros inatos do metabolismo podem estar associados à DI. Mutações: muitas mutações têm sido identificadas em mais de 100 genes no cromossomo X relacionados à DI. Dessa forma, essas alterações correspondem a 10 a 12% das DI em meninos. A síndrome do X frágil destaca-se entre as causas de DI ligadas ao cromossomo X e é uma das principais causas de DI nesse sexo. DIAGNÓSTICO DI inclui tanto o déficit de funcionamento intelectual quanto o adaptativo em domínios conceituais, sociais e práticos. Os diferentes níveis de gravidade são definidos com base em funcionamento adaptativo. O funcionamento intelectual é rotineiramente medido por meio de testes de inteligência aplicados de forma individual, padronizados, culturalmente adaptados e psicometricamente validados. ANAMNESE E EXAME FÍSICO É importante elaborar uma história clínica detalhada, contendo dados sobre a gestação, nascimento e período neonatal. História familiar também é importante. Heredograma pode ser útil. O exame físico deve ser o de rotina, descrevendo possíveis alterações fenotípicas. Deve-se estabelecer se o caso se trata de uma DI isolada ou de alguma síndrome. Em casos de DI isolada o teste molecular para síndrome do X frágil é mandatório. EXAMES COMPLEMENTARES Primeira linha: imagens do crânio – TC e RM do crânio. Busca-se identificar anomalias do sistema nervoso central, sinais de encefalopatia hipóxico-isquêmica, assim como presença de calcificações intracerebrais. Cariótipo: o estudo dos cromossomos pode confirmar diagnóstico de anomalias cromossômicas numéricas e estruturais e é uma ferramenta importante na avaliação nos casos de DI. Análises para erros inatos do metabolismo (EIM): os testes bioquímicos de triagem para EIM em urina e/ou sangue são úteis em uma primeira abordagem. MANEJO Os cuidados de uma criança com DI devem ser instituídos assim que possível, independentemente de diagnóstico estabelecido ou etiologia definida. O ideal seria o acompanhamento multiprofissional, de preferência, no mesmo ambiente como nos chamados Centros de Reabilitação, que contam com os serviços de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutrição, psicologia, psicopedagogia e serviço social. Condições médicas associadas à DI: alterações da acuidade visual, catarata, deficiência auditiva congênita, doença cardíaca, convulsões, constipação, entre outras. Essas condições devem ser identificadas e tratadas precocemente para potencializar o desempenho do paciente. Distúrbios como autismo, déficit de atenção, hiperatividade, depressão e ansiedade são comuns em crianças e adolescentes com DI.
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