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MASTITE BOVINA Definida como inflamação no tecido da glândula mamária, a mastite bovina, ou mamite, é uma doença que ligada à contaminação por micro-organismos de um ou mais quartos mamários via canal do teto. O que provoca a mastite bovina? Diversos fatores podem estar relacionados à doença. A inflamação da glândula mamária pode ser causada por microorganismos (bactérias, vírus, fungos e algas), substâncias químicas ou traumas físicos. Pode se dizer, no entanto, que a causa infecciosa é a mais frequente. Segundo a Embrapa, a mastite bovina é causada por pelo menos 100 tipos diferentes de bactérias, dentre elas: · Staph aureus · Strep agalactiae · Mycoplasma · Corynebacterium bovis · Klebsiella sp · Strep dysgalactiae · Pseudomonas aeruginosa · Staph coagulase negativo · Candida species · E. coli · Strep uberis Tipos de mastite bovina A mastite bovina pode ser classificada quanto à sua apresentação clínica (mastite clínica ou subclínica) e forma de transmissão do agente etiológico (mastite contagiosa ou ambiental). Mastite clínica x mastite subclínica Os sintomas da mastite bovina clínica incluem inchaço e vermelhidão no úbere e tetos do animal, além de outros sintomas inflamatórios (dor, sensação de calor, etc.). Também é possível observar alterações no comportamento do animal, febre, perda de apetite, diminuição na produção de leite, alterações no leite extraído (mudança na coloração, grumos e coágulos) e, em casos mais graves, o animal pode vir a óbito. A classificação da mastite clínica obedece a três escores, conforme a gravidade da doença: · Nível 1: alterações no leite · Nível 2: modificações no leite e teto · Nível 3: alterações sistêmicas no animal, como dor, febre e falta de apetite etc. Por sua vez, nos casos de mastite subclínica não são observadas alterações clínicas visíveis no animal doente e no leite extraído dele. Identifica-se apenas o aumento na CSS (Contagem de Células Somáticas). Embora seus efeitos não sejam visíveis, há prevalência desse tipo da doença. Acredita-se que há de 15 a 40 casos de mastite subclínica para cada 1 caso de mastite clínica. Mastite contagiosa x mastite ambiental A disseminação da mastite contagiosa pode ocorrer no momento da ordenha, seja pelo equipamento de ordenha utilizado ou pelas próprias mãos do ordenhador. É causada por microorganismos comuns presentes nas glândulas mamárias ou no restante do corpo do animal. Na mastite contagiosa identifica-se o aumento na CSS, sendo que a doença pode ou não provocar alterações clínicas no animal doente. Já os agentes etiológicos causadores da mastite ambiental estão presentes no solo do ambiente de circulação dos animais e até mesmo no esterco, utensílios e água. É possível observar ainda, em ambientes que possuem manejo sanitário adequado, o predomínio de mastite por patógenos ambientais Embora amplamente utilizados, os termos mastite contagiosos e mastite ambiental podem não traduzir a complexa dinâmica de transmissão da mastite bovina. Por esse motivo, ambos os termos vêm sendo bastante criticados. Como é feito o diagnóstico da mastite bovina? Alguns exames podem ser realizados para diagnosticar a doença, dentre eles: Contagem de células somáticas (CCS) A Contagem de Células Somáticas é feita em laboratórios especializados em qualidade do leite, credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio de aparelhos eletrônicos. É feita a contagem de células inflamatórias, neutrófilos e células epiteliais em amostras de leite coletadas do tanque resfriador. Valores de referência · CSS igual ou menor que 200.000 células/mL – sadia · CSS maior que 200.000 células/mL – mastite subclínica Califórnia Mastite Teste (CMT) O CMT detecta a mastite subclínica por meio da contagem indireta de células somáticas. É misturado às amostras de leite um reagente que romperá as membranas das células presentes, desencadeando uma reação química que formará um composto gelatinoso. Quanto mais gelatinoso o composto, maior é a reação. Resultado da formação gelatinosa · “Negativo” ou “–” – formação de gel ausente · “Traços” ou “T” – formação de gel leve · “+” – formação de gel leve/moderada · “++” – formação de gel moderada · “+++” – formação de gel intensa Resultado da CSS · Negativo” ou “–” – 0 a 200.000 · “Traços” ou “T” – 200.000 a 400.000 · “+” – 400.000 a 1.200.000 · “++” – 1.200.000 a 5.000.000 · “+++” – maior que 5.000.000 Teste da caneca de fundo preto O teste da caneca de fundo preto consiste em retirar os três primeiros jatos de leite de cada teto em um recipiente de fundo preto e observar se há mudança na coloração, grumos ou coágulos. Esse teste é de simples realização, seu custo é baixo e permite a detecção da mastite clínica. Tratamento da mastite bovina Primeiramente, para descobrir a causa exata da doença, identifica-se os patógenos responsáveis por meio de análises microbiológicas. Assim, obtêm-se resultados mais assertivos, de modo a reduzir custos e riscos de tratamentos pouco eficazes, além da possibilidade de controlar o problema rapidamente. Podem ser utilizados antibióticos e anti-inflamatórios, conforme recomendação profissional. O manejo sanitário adequado, além de estratégias de tratamento e controle, deve ser adotado na prevenção à doença. O pós-dipping, por exemplo, é uma técnica de prevenção que consiste em desinfectar os tetos após a ordenha, prevenindo a entrada de microrganismos no úbere. A montagem da linha de ordenha também é comumente adotada, em que se define quais animais serão ordenhados primeiro (animais sadios > animais doentes), para garantir a redução não só da transmissão da mastite, mas também da taxa de novas infeccções e dp predomínio da doença no rebanho. Prejuízos econômicos Devido à queda na produção e depreciação da qualidade do leite, a mastite causa grande impacto econômico. O descarte de animais por perda de quartos mamários leva a um maior custo de produção, além dos custos com medicamentos e gastos com despesas técnicas. Conclusão A gestão eficiente das propriedades leiteiras visa aumentar o lucro dos produtores, reduzindo os custos e prejuízos econômicos. O objetivo deve ser reduzir o tempo de duração dos casos existentes da doença e prevenir novos casos. Assim, obtêm-se resultados satisfatórios. Como o tema é abordado em concursos veterinários? Questões para treinar: (2019 – FUNDEP – Prefeitura Municipal de Uberlândia – Médico Veterinário) A mastite é a inflamação do parênquima da glândula mamária independentemente da causa, caracterizando-se por alterações físicas e químicas do leite, bem como alterações patológicas no tecido mamário. Com relação à mastite, assinale a alternativa incorreta. a) A mastite bovina é causada por agentes infecciosos diferentes, geralmente classificados em dois grandes grupos, os causadores de mastite contagiosas e os promotores de mastites ambientais. Excluir alternativa b) Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis e Mycoplasma bovis podem ser microrganismos encontrados nas mamas na mastite bovina. Excluir alternativa c) A prevalência da infeção aumenta com a idade, e a maior taxa de doença clínica geralmente aparece nos rebanhos com baixa contagem de células somáticas (CCS). Excluir alternativa d) A função imunológica da glândula mamária fica deprimida no período pós-parto; assim, a incidência de novas infecções intramamárias geralmente é menor durante a fase inicial do período seco e no período periparto. Gabarito: d) (2019 – FUNDEP – Prefeitura Municipal de Uberlândia – Médico Veterinário) A febre do leite é uma das doenças metabólicas mais comum em bovinos. Com relação a essa doença, assinale a alternativa correta. a) A febre do leite ocorre geralmente em vacas jovens na primeira parição. b) Sua etiologia está associada à hipercalcemia nas vacas no momento da parição. c) Os sinais clínicos são progressivos, podendo apresentar no primeiro estágio perda de apetite, letargia e redução da temperatura retal. d) A febre do leite promove baixa taxa de mortalidade em vacas leiteiras. Gabarito:c) Referências BRITO, J. R. F.; SOUZA, G. N.; FARIA, C. G.; MORAES, L. C. D.; RODRIGUES, M. D. C. Procedimentos para coleta e envio de amostras de leite para determinação da composição e das contagens de células somáticas e de bactérias totais. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite - Circular Técnica (INFOTECA-E), 2007.
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