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Aula_01__Direito_do_Trabalho_I

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História do Direito do Trabalho
DIREITO DO TRABALHO I
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Homem x Trabalho
Os povos Ágrafos tinham direitos?
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Em que pese não existir documentos que comprovem esta existência, certamente que na era dos povos ágrafos o direito já existia, pois há vestígios históricos que demonstram rituais como casamento, banimentos, a existência de propriedade, entre outros.
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Já nas sociedades antigas, o Direito já aparece de forma comprovada, muitas vezes codificadas, como o Código de Hammurabi, Pentateuco, Leis de Sólon e Drácon, entre outras.
COMO ERA O MODO DE PRODUÇÃO NESTAS SOCIEDADES?
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O trabalho escravo era o grande propulsor da produção nas sociedades antigas. Quanto mais escravos, mais poderosa era uma sociedade.
Os escravos eram considerados res. Não eram sujeitos de direito e, desta forma, a escravidão era totalmente incompatível com a ideia de direito.
A condição de escravo era a da mais absoluta inferioridade jurídica em relação aos demais membros da sociedade, para quem o trabalho era visto como desonroso.
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Na idade média, a principal forma de prestação de trabalho era a servidão:
Senhor feudal e servo
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Embora a escravidão houvesse perdido espaço, a servidão não apresentava grandes diferenças, já que o servo, embora não fosse considerado escravo, não era livre.
Os servos entregavam parte da produção da terra ao senhor feudal em troca de proteção militar e política. Além disto, o senhor tinha poder absoluto no exercício do controle e organização do grupo social.
Desta forma, não há que falar em direito dos trabalhadores.
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Observa-se que durante longo período inexistiu qualquer sistema de proteção aos direitos dos trabalhadores, não nos permitindo falar em Direito do Trabalho.
Com o declínio do sistema feudal, atrelado ao crescimento das cidades e ao aparecimento das máquinas o mundo irá passar por grande transformação.
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Este contexto, fez nascer um elemento que até então não existia no trabalho: a subordinação, característica da relação de emprego.
Gráf1
		3
		3
		3
Vendas
Plan1
				Vendas
		Escravo		3
		Servidão		3
		Empregado		3
		
		
		
				Para redimensionar o intervalo de dados do gráfico, arraste o canto inferior direito do intervalo.
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O aparecimento do trabalho subordinado é contemporâneo a determinado eventos históricos, sendo seu surgimento impulsionado por alguns fatores. São esses:
Fatores Econômicos:
Conforme já dito, o homem, até então, conhecia a forma de trabalho baseada exclusivamente em sua forca braçal, e isso desde os primórdios.
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Já no período da Revolução, século XIII, o homem passa a segundo plano, onde a máquina é quem irá determinar o processo/modo de produção.
Há um nítido distanciamento social das classes operárias em detrimento da patronal.
O surgimento das maquinas tornou a mão de obra obsoleta, fazendo com que muitos trabalhadores já não tivessem em que trabalhar.
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Essa condição de exclusão do trabalhador do mercado fez com que o mesmo aceitasse todo tipo de condição de trabalho, sob pena de sofrer com o desemprego.
Assim, o trabalhador que assistiu ao nascimento do maquinismo, no final de século (XVIII), não convivia apenas com a ameaça de desemprego, mas tinha que aceitar qualquer condição de trabalho, com uma pior remuneração.
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Esta situação desencadeou uma rebelião da massa trabalhadora, notadamente contra esta situação indigna, subumana e tão repentina.
A realidade social indicava uma tensão insuportável entre a necessidade de o trabalhador garantir a subsistência e, do outro lado, a oferta de trabalho que rareava na mesma proporção em que se desenvolvia o maquinismo, sobretudo após a inserção da energia elétrica no processo produtivo.
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Imperava o ditado:  ”quem diz contratual, diz justo; depende do indivíduo assumir ou não obrigações”.
O citado ditado demonstra a presença do consentimento. O homem era livre e, assim, estava sujeito a subordinação sem amarras, elemento imprescindível para se fala em emprego e, consequentemente, em Direito do Trabalho.
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Contudo, o trabalho livre que surgira na empresa moderna não o era por completo, uma vez que se caracterizava exatamente pelo fato de o trabalhador ser livre (ou livre de coação absoluta) para escolher entre prestar ou não trabalho, mas não estava investido de igual liberdade no tocante ao tempo, lugar e modo de executar e prestação laboral. O que se salienta é que já não mais existia aquela violência invalidante do consentimento.
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Fatores sociais:
Com a proliferação de indústrias, bem como a concentração do trabalho nas grandes cidades, muitas vezes os trabalhadores, submetidos a condições indignas de trabalho, tinham que dormir no chão das fabricas, acontecimento este que gerava a oportunidade dos mesmos se tornarem solidários entre si, compartilhando suas indignações ante a essas condições adversas.
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Iniciam-se os movimentos obreiros de insurreição, desdobrando-se na Inglaterra e, mais adiante, nos países que se inseriam no processo de industrialização.
Luddismo –ed Ludd, operário inglês que atribuía as máquinaNs os males que atingiam os trabalhadores.
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“Recebemos de que é dono dessas destestáveis tosquiadoras mecânicas. Fica avisado de que se elas não forem retiradas até o fim da próxima semana eu mandarei imediatamente um de meus representantes destruí-las... E se o senhor tiver a imprudência de disparar contra qualquer um dos meus homens, eles tem ordem de matá-lo e queimar toda a sua casa”
Ned Ludd, 1812
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Cartismo – movimento contra o parlamento inglês que aprovara uma lei eleitoral que privava os operários de exercerem o direito de voto.
Em reação, os trabalhadores formularam uma carta, com mais de 300 mil assinaturas. Esta postura foi o marco para outras reivindicações, tendo os operários ingleses obtidos grandes conquistas, como limite de 8 horas para crianças (1833), a proibição de trabalho em minas realizadas por mulheres (1842), etc.
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A alusão a esses movimentos obreiros permite verificar que, após o impacto da primeira revolução industrial, os trabalhadores formaram coalizões, que se dissolviam após a vitória ou insucesso de cada insurgência.
Os sindicatos vieram depois, quando as vantagens de se instituírem organismos permanentes foram percebidas pelos trabalhadores.
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Fatores Políticos:
O surgimento do direito do trabalho coincide, ainda, com eventos políticos que contribuíram para o seu nascimento. Por volta do século XIII foi que emergiram os direitos humanos de primeira geração, aqueles direitos as liberdades civis e políticas.
O art. 1º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na França de 1789, reiterava que “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”.
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Entre esta liberdade estava, logicamente, o direito de escolher qualquer profissão, sem que o Estado impunha qualquer limitação.
Nesta época já podia se visualizar acordos coletivos, os quais, embora não existissem punições a quem o descumprisse, trazia consigo forte apelo moral, podendo gerar conflitos graves entre a operaria e patronal.
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Com os acordos, as partes podiam regular determinadas assuntos relacionados as condições de trabalho, viabilizando a conquista de melhores condições de trabalho a classe operária.
Estes são os fatores que contribuíram para o surgimento do Direito do Trabalho no mundo.
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O Direito do Trabalho vem a se institucionalizar após a primeira Guerra Mundial, com destaque para a criação da OIT.
Agora o Direito do Trabalho passa a ser um ramo jurídico, estruturado na sociedade civil. As leis são criadas de duas formas: pela atuação coletiva, onde os trabalhadores negociam as condições de trabalho; e pela atuação estatal, que produz normas atinentes as partes.
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Feitas as considerações históricas, podemos traçar algumas CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO com base nos aspectos históricos:
É um direito em constante formação – sofre influência direta dos fatos econômicos, sociais e políticos da sociedade, evoluindo e se modificando de acordo com tais mudanças.
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É um direito especial – Se refere a uma categoria determinada de pessoas: os trabalhadores subordinados e remunerados. Igualmente, revoga tudo aquilo em que o direito comum for incompatível, tornando-o especial.
É intervencionista – É resultado de sua origem história, que vivenciou o desequilíbrio econômico-social das classes
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Tem cunho nitidamente universal – regula as relações humanas, buscando regular/igualar as condições de trabalho a nível mundial;
Seus institutos são de ordem coletiva – O Direito do Trabalho é fruto das lutas coletivas dos trabalhadores, sob o fundamento de que antes de se resguardar o interesse individual, existem interesses coletivos que necessitam ser protegidos;
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FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO:
Falar em função é perquirir o que o Direito do Trabalho pretende tutelar dentro do Ordenamento Jurídico, qual o seu papel na Sociedade.
São funções do Direito do Trabalho:
Função Social – O Direito do Trabalho é o ramo jurídico adequado a realização dos valores sociais, resguardando a dignidade da pessoa do trabalhador, considerada como valor absoluto e universal.
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TST - (RR-163500-96.2001.5.01.0022)
“1.2 - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
A Corte Regional, ante o fato de o reclamante ter prestado os seus serviços em atividade-meio do segundo-reclamado (vigilância), determinou a sua responsabilização subsidiária pelos créditos devidos ao autor.
O segundo-reclamado, no recurso de revista, alega que, por não ter sido o empregador do autor, não poderia ser responsabilizado pelo pagamento dos haveres laborais a ele devidos. Traz aresto para o cotejo de teses.
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Com efeito, a terceirização consiste na dissociação do fenômeno econômico laboral da esfera jurídica a ele correspondente, pois o vínculo empregatício se forma com pessoa distinta do real beneficiário do trabalho (o tomador dos serviços).
Sua licitude, nos termos da Súmula nº 331, IV, do TST, depende de a terceirização incidir sobre atividade-meio do tomador dos serviços (ou seja, aquelas que não definem a sua posição no mercado econômico) e da inexistência de pessoalidade e subordinação na relação firmada com o trabalhador, o que restou atendido na hipótese dos autos.
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Em que pese lícita, os postulados do valor social do trabalho (art. 1º, IV, da Carta Magna) e da função social da propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição Federal) não permitem que o trabalhador fique sem perceber a contraprestação pelos serviços disponibilizados ao respectivo tomador, pois isso representaria a verdadeira supremacia do capital sobre o trabalho, o que não se coaduna com o disposto nos arts. 170, caput, e 193, caput, da Carta Magna”.
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Função econômica – Busca a concessão de vantagem econômica ao trabalhador, como meio de garantir sua subsistência própria e familiar. Visa manter o equilíbrio econômico na sociedade, evitando-se desestabilidade econômica dentro da sociedade.
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“Assim, tem-se que os trabalhadores de modo geral são livres para contratar a jornada de trabalho, desde que não ultrapassado o máximo de oito horas. Já os domésticos e os trabalhadores mencionados no art. 62 da CLT podem contratar a jornada de trabalho que bem desejarem. Nesse ponto, a liberdade de contratar não está limitada por lei. O que o art. 62 estabelece, portanto, é a não incidência das regras ali estabelecidas para efeito de limitação e controle da jornada de trabalho.
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É óbvio, no entanto, que, na contratação da jornada de trabalho, as partes devem observar as funções social e econômica do contrato, bem como os bons costumes e o princípio da boa-fé. Assim, tais critérios acabam por servir de limites à contratação desses trabalhadores excluídos do regime geral de jornada de trabalho.
Em suma, pode-se concluir que a jornada de trabalho de tais empregados será aquela pactuada pelos contraentes, observados os limites impostos pela função social e pela função econômica do contrato, bem como pelos bons costumes e princípio da boa-fé” (AIRR - 136800-55.2008.5.05.0013)
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Função tutelar – Corolário da função anterior, o Direito do trabalho visa evitar os abusos do poder econômico e da exploração. Esta função fundamenta a própria existência do Direito do Trabalho. Visa diminuir o desequilíbrio existente entre as partes da relação de trabalho.
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“Os preceitos de ordem constitucional e infraconstitucional em análise visam garantir a atuação e a representação sindical, por meio do instituto da estabilidade provisória de seus membros dirigentes, em evidente função tutelar, eis que objetiva proteger o empregado sindicalizado - registrado como candidato ou já investido no mandato sindical - contra a injusta ruptura do contrato individual de trabalho em face de despedida arbitrária ou sem justa causa, assim considerada, tal como decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF, Tribunal Pleno, MC ADI 1721, Relator: Ministro Ilmar Galvão, DJ 11/04/2003) - "toda despedida que não se fundar em falta grave ou em motivos técnicos ou de ordem econômico-financeira, a teor do disposto nos arts. 482 e 165 da CLT“ (TST151940-20.2008.5.03.0035).
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Função conservadora ou opressora do Estado – por esta função, o Estado se vale da criação de normas para evitar os movimentos operários, bem como para restringir o abuso da classe patronal.
Ex: Limites ao direito de greve.
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NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO
O que é natureza jurídica?
Natureza jurídica, segundo Maria Helena Diniz é a “afinidade que um instituto tem em diversos pontos com uma grande categoria jurídica, podendo nela ser incluído o título de classificação”.
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Quando buscamos encontrar a natureza jurídica de um ramo do direito, temos de nos atermos a dicotomia: direito público e direito privado.
No entanto, o ponto de partida para buscarmos a afinidade nesta dicotomia será a norma jurídica inserida no ramo estudado: elas cuidam da organização do Estado ou dos interesses privados?
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O Direito Público produz normas de ordem pública, obrigatórias e imperativas a todos os cidadãos, enquanto que no Direito Privado predominam normas de ordem privada, ou seja, vigoram enquanto a vontade dos particulares não for de encontro a vontade do legislador.
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Diante disto, muitas são as teorias quanto a natureza do Direito do Trabalho: de direito público, de direito privado, de direito misto e, até mesmo, de direito unitário.
Os defensores da natureza jurídica do direito do trabalho como de direito público se baseiam na constatação de grande intervenção estatal nas relações privadas de trabalho por meio das leis.
A lei dá pouca margem para o exercício da autonomia da vontade das partes.
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Para os adeptos da natureza de direito público, evidenciam-se no ordenamento jurídico normas de caráter fiscalizador e normas imperativas (art. 9 CLT). Citam-se, ainda, a irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, ante o princípio da proteção do trabalhador.
Outros juristas, os quais representam a maioria, entendem que o Direito do Trabalho tem natureza jurídica de Direito Privado, baseando-se quanto a sua origem e quanto aos seus sujeitos.
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Quanto a origem, o Direito do Trabalho tem sua gênese quando a relação de emprego se fundamenta na consensualidade, num Estado Liberal. Para muitos, estes contratos eram fundamentados na locação de serviços regulada pelo Direito Civil.
Quanto aos sujeitos, tratam-se de dois particulares agindo nos seus próprios interesses.
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Os privatistas argumentam que as normas de ordem pública previstas no Ordenamento Jurídico Justrabalhista não são capazes de deslocá-lo para o âmbito
do Direito Público, a exemplo do que ocorre com o próprio Direito Civil em relação as normas de direito de família (casamento).
Há, ainda, aqueles que entendem que o Direito do Trabalho tem natureza jurídica de Direito Misto. Por esta teoria, o Direito do Trabalho seria uma mera mistura entre as normas de Direito Público e Privado, não podendo se enquadrar nem em uma, nem em outra.
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Essa concepção contrapõe a própria autonomia do Direito do Trabalho, deixando de captar sua identidade no Ordenamento Jurídico.
Por fim, contrapondo a concepção mista, surge a unitária. Estes entendem que existe uma nova realidade diversa da dicotomia até hoje existente. Para os adeptos, o Direito do Trabalho possui normas de direito público e de direito privado e que estas normas coexistem, formando um novo sistema.
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A principal crítica formulada a esta teoria aponta a inexistência de um todo orgânico, auto-suficiente e absolutamente diferenciado do Direito Público ou do Direito Privado.

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