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15
COMO A INFLUÊNCIA DOS ESTILOS PARENTAIS PODE AFETAR O DESENVOLVIMENTO DE EMPATIA NAS CRIANÇAS
Nome do aluno*
Nome do Professor**
RESUMO
Numa sociedade onde sérios problemas comportamentais têm afetado diretamente as relações interpessoais, o estudo de estratégias que auxiliem no desenvolvimento de empatia torna-se cada vez mais relevante. Este artigo trata da importância da influência dos fatores externos na construção da empatia nas crianças, para tanto busca analisar os conceitos de empatia construídos ao longo dos anos correlacionando com a investigação das varáveis que sugestionam seu desenvolvimento nas crianças bem como enumerando práticas que auxiliem na construção saudável das relações entre pais e filhos. Quanto à metodologia, optou-se pela revisão da literatura, buscando trazer contribuição no desenvolvimento de práticas que favoreçam a construção saudável da empatia no público infantil. Ficou demonstrada que a relação estabelecida entre pais e filhos exerce papel fundamental para que as crianças estejam aptas a construir habilidades empáticas. 
PALAVRAS-CHAVE: Empatia; Estilos Parentais; Desenvolvimento Infantil.
ABSTRACT
In a society where serious behavioral problems have directly affected interpersonal relationships, the study of strategies that help in the development of empathy becomes increasingly relevant. This article deals with the importance of the influence of external factors in the construction of empathy in children, therefore, it seeks to analyze the concepts of empathy built over the years, correlating with the investigation of the variables that suggest its development in children as well as enumerating practices that help in the construction healthy relationship between parents and children. As for the methodology, we opted for a literature review, seeking to contribute to the development of practices that favor the healthy construction of empathy in children. It has been demonstrated that the relationship established between parents and children plays a fundamental role for children to be able to build empathic skills. 
KEY-WORDS: Empathy; Parenting Styles; Child Development.
INTRODUÇÃO
As relações humanas encontram-se fragilizadas principalmente devido a ausência de empatia que possui um papel fundamental no relacionamento interpessoal. Vários transtornos comportamentais estão relacionados a baixos níveis de empatia desenvolvidos durante a infância.
A empatia foi conceituada por Falcone (2001) como a capacidade de entender, compartilhar ou considerar com precisão os sentimentos, necessidades e perspectivas de alguém, e expressar essa compreensão de uma maneira que faça os outros se sentirem compreendidos e reconhecidos. O autor Hoffman (2003) definiu a empatia como um processo em que o sujeito exibe sentimentos mais condizentes com a situação dos outros do que com a sua própria. 
Dada a importância da empatia e o apelo social da atualidade para o tema esta pesquisa é guiada em torno da seguinte indagação: Como é possível exercer influência no desenvolvimento da empatia nas crianças através de fatores externos?
As relações que os pais constroem com seus filhos são fundamentais para o desenvolvimento humano, pois é nessa relação que criamos nossas identidades. Desta forma, de acordo com Toni & Pazzetto (2019), o papel familiar reside no auxílio para que a criança progrida as habilidades e estratégias necessárias para crescer e viver de forma saudável em sociedade.
Nesse processo é interessante que os pais compreendam a circunstância em que a criança se encontra, adotando o ponto de vista da mesma para reconhecer suas reais necessidades e a auxiliar. Ao criar um ambiente de maior vínculo entre pais e filhos, o diálogo será proporcionado de maneira que seja possível desenvolver a regulação emocional tão importante Anastácio (2015).
Neste artigo iremos explorar os conceitos da empatia e a interferência das práticas e estilos parentais sobre o desenvolvimento da empatia nas crianças, bem como investigar as variáveis que influenciam no aperfeiçoamento dessa empatia e listar práticas que favoreçam o progresso dessa identificação saudável na infância.
Consciente dos benefícios que a empatia pode trazer ao ser humano e o desenvolvimento de práticas altruístas desde a infância, esta pesquisa visa, utilizando como metodologia a revisão narrativa da literatura, contribuir para desenvolver práticas que auxiliem na construção do sentimento de empatia no público infantil. 
EMPATIA
Um longo caminho de pesquisas vem sido percorrido por diversos autores para definir o termo empatia desde o século XIX. Wispé (1987), elaborando revisão da literatura, destaca três autores como precursores que exerceram grande contribuição para os conceitos que hoje podemos estudar: Lipps, Titchener e Prandtl.
O psicólogo Eduard Titchener (1867-1927), em 1906, foi pioneiro na tradução da palavra alemã para o termo que conhecemos hoje como empatia. A concepção tem origem no termo alemão Einfühlung, que quer dizer sobre o processo de imitação interna, oriundo da contemplação de obras de arte, identidade por objetos inanimados. Derivada da palavra grega “empatheia”, que tem por significado ”ser muito afetado” ou “paixão” (Alves, 2012).
No entanto, foi Theodor Lipps (1851-1914) que averiguou utilizando os mesmos princípios do Einfühlung, que para além da contemplação da beleza dos objetos, está a percepção das pessoas. Interessou-se em compreender como quem observava poderia dar sentido aos comportamentos observados (Wispé, 1987). 
Já o filósofo Prandtl, em 1910, compreendeu que a empatia é um processo de mimetismo interno, que ocorrerá através da associação de estímulos. Ele considerou dois tipos de empatia: empírica e afetiva. Enquanto na empírica considera que a percepção do estado emocional observado é resultado da experiência prévia do observador, a afetiva existe quando se experimenta um estado emocional, já que não se teve a vivência anterior da situação observada (Wispé, 1987)
Eisenberg e Fabes (1990) apontaram que a empatia é uma resposta emocional à compreensão de outra situação emocional na qual as pessoas sentem algo muito semelhante ao que os outros sentem ou esperam sentir. Rogers (2001) estabelece que a empatia é uma capacidade que pode ser desenvolvida relacionada à conexão, sensibilidade e engajamento entre duas ou mais pessoas.
Os processos de desenvolvimento de empatia foram estudados por áreas distintas que os direcionaram para suas estruturas e funções. Dentro da pluralidade de estudos realizados, o autor Martin L. Hoffman contribuiu ao trazer um ponto de vista mais diversificado, que originou o desenvolvimento de conteúdos que mencionam as variadas vertentes (Alves, 2012). 
Hoffman (1984) enfatiza que a empatia inclui componentes emocionais e cognitivos e que esses componentes distinguem as maneiras pelas quais os indivíduos entendem os outros a partir de sua perspectiva. O emocional está relacionado à discriminação perceptiva e será a capacidade de experimentar os sentimentos dos outros. Os indivíduos observam os sinais emocionais uns dos outros e sentem as mesmas emoções de forma condicionada, inclusive através da percepção de sinais emocionais de outros, o sujeito pode lembrar-se de experiências passadas quando ele já experimentou a emoção e a memória faz com que ele sinta o que está sentindo que ele está observando. Já o componente cognitivo é a compreensão intelectual do estado interior e dos pensamentos dos outros, ou seja, a capacidade de compreender as situações a partir da perspectiva dos outros. Portanto, é necessário que o indivíduo desenvolva a consciência de que existe outra pessoa que tem pensamentos e sentimentos diferentes dos seus.
Admitindo uma ótica neuropsicológica, se compreende como empatia cognitiva o processo de inferência de estados mentais dos outros, de forma a possibilitar a habilidade de espelhar interesses, crenças e intentos de terceiros. Já a empatia afetiva, entende-se como a habilidade de experimentar as emoções do outrem, por meio de uma sincronizaçãodas emoções, onde a mente do observador cria uma simulação daquele está sendo observado (Singer; Decety, 2015). 
A empatia pode ser entendida como um estado mental que compartilha representações emocionais, de modo que os mesmos sistemas nervosos que são recrutados para realizar ações musculares relacionadas à emoção são usados ​​para percebê-la. Então é certo que quando uma pessoa está em sintonia com a empatia de alguém, o mapa sensório-motor das emoções dessa pessoa é detalhado (Decety; Hodges, 2006).
A teoria psicobiológica da empatia afetiva argumenta que a longa história evolutiva dos mamíferos permitiu que seus cérebros, reconhecessem e respondessem discretamente aos sinais de angústia e escassez de seus co-específicos (Preston; Waal, 2015). Conforme afirma Blair (2015), é fato que sofrimento de outro ser de sua espécie é notado com aversão pela maioria das pessoas. 
A empatia é uma habilidade humana fundamental que regula as relações e constitui suporte para a colaboração e coesão da equipe, melhorando assim a qualidade das relações interpessoais (Rieffe, Ketelaar e Wiefferink, 2010). Motivando responsabilidades e conduta em prol do outro, a empatia é componente essencial para desenvolver as experiências entre pessoas, (Denham, 1998).
A empatia pode ser compreendida como uma das habilidades emocionais relacionada à capacidade de se conectar com outra pessoa, ou seja, tem a ver com as implicações da competência sócio emocional. Na ausência dessa capacidade, acontece uma interrupção da capacidade que o indivíduo deveria ter. No longo prazo, essa incapacidade pode ajudar a construir um indivíduo com comportamentos incoerentes ou incapacidade de perceber os sentimentos dos outros (Vieira, 2017).
Autores como Denham et al., (2000) defendem que o desenvolvimento de empatia e consideração pelos outros demonstra ser um motivo de defesa contra problemas comportamentais e que pode ser influenciado por estilos e práticas parentais. McDonald & Messinger (2011) pregam que diversas causas podem influenciar no desenvolvimento da empatia, e destaca os fatores internos (genéticos, desenvolvimento neural) e fatores externos (mais relacionados à imitação, estilos parentais). Dentro deste contexto, Denham et al. (2000) acredita que o comportamento dos pais, suas demonstrações de afeto que são direcionadas aos seus filhos sugestiona a evolução positiva da empatia.
O DESENVOLVIMENTO DA EMPATIA NA INFÂNCIA
De acordo com Garcia (2001) embora se pense que a empatia seja um produto evolutivo da organização social em humanos e animais, surgindo desde a infância, seu desenvolvimento é em grande parte determinado pelas condições sociais da criança no ambiente familiar. Para Main e George (1985) se o ambiente não for favorável ou se a criança vivenciar abusos ou abandono pode desenvolver-se déficits de empatia que promovem o comportamento agressivo.
Desde o nascimento as expressões relativas às emoções já podem ser organizadas, desde o útero é iniciado o desenvolvimento social do indivíduo (Thompson, 1987). Para Hops (1983), ao longo da infância as habilidades sociais se tornam mais desenvolvidas. Dessa forma acredita-se que nas primeiras formas de comunicação do bebê, como olhares, gritos e choros, se correspondidas pelos cuidadores de forma a tranquiliza-lo, ali cresce o vínculo e cria-se uma relação mútua.
Hoffman (1984) afirma que, embora complementares à compreensão e reconhecimento das emoções de outra pessoa, os componentes emocionais e cognitivos da empatia desenvolvem-se de diferentes maneiras. Enquanto que a empatia emocional necessita do estímulo dos sistemas límbico e paralímbico, a empatia cognitiva depende da ativação das áreas do lobo temporal e córtex pré-frontal. Ocorre que, as estruturas de lobo temporal e córtex pré-frontal atingem a maturação de forma tardia em relação maturação o sistema límbico, que por ser mais primitivo, desenvolve rapidamente, ou seja, do ponto de vista neurológico estes componentes possuem diferenças entre os caminhos neurais de desenvolvimento (Singer, 2006). 
Zahn-Waxler e colaboradores (1992) visando reforçar o entendimento da diferenciação do desenvolvimento neurobiológico, elaboraram aplicação de um estudo comparando gêmeos monozigóticos e dizigóticos com idade compreendida entre 14 e 20 meses, onde foi descoberto que o componente emocional está mais influenciado pela genética, enquanto que o componente cognitivo não mostra semelhança de padrão de influência genética . Já com bebês de idade entre 24 e 36 meses, estudos mostram que a contribuição genética se eleva com o transcorrer do tempo (Knafo e colaboradores, 2008). Baseado nos resultados apontados pelos estudos acima listados, evidencia-se o papel da influência genética e biológica no desenvolver da empatia no decorrer dos primeiros anos de vida. No entanto, há pesquisas realizadas com metodologias idênticas que apontam que o comportamento pró-social é mais afetado pelo ambiente do que pela genética. Dessa forma, sugere-se que é de suma relevância para desenvolver a resposta empática da criança, a relação que esta tem com seus pais (Knafo & Plomin, 2006; Knafo et al., 2008).
Hoffman (2000) desdobra o processo de desenvolvimento infantil em quatro estágios de diferenciação do self, pois relaciona o desenvolvimento da empatia com o desenvolvimento sócio cognitivo da criança. 
1. Desarranjo entre o eu e o outro - ocorrida durante o primeiro ano de vida, nessa etapa o bebê não tem capacidade de se distinguir dos demais; 
2. Entendimento de que o eu e o outro são distintos fisicamente – quando por volta de um ano de idade a criança percebe a diferença física dela dos outros;
3. Consciência de que as outras pessoas possuem diferentes estados internos dos seus – quando próximo aos dois anos de idade, já seria o início da capacidade de perceber que os outros têm emoções diferentes das suas;
4. Ciência de que as pessoas possuem estados internos distintos dos seus devido às histórias de vida e identidades próprias – nesse estágio é possível avaliar o sentimento do outro.
Na proporção que ocorre o desenvolvimento das habilidades cognitivas no indivíduo, ele consegue perceber a distinção dele e do outro tanto fisicamente, quanto de seus estados internos, sentimentos e emoções. Tornando-se capaz de tomar o ponto de vista do outro que esteja sofrendo e fazer reflexão a respeito de como ele se sente diante da circunstância, (Hoffman, 2000).
Sendo a empatia essencial no convívio pró-social, promovendo a tolerância, compaixão e generosidade, torna-se um componente fundamental para o desenvolvimento benéfico da criança. Estudos tem sugerido que vários distúrbios psicológicos estão associados a baixos níveis de empatia. Dentre eles: a depressão (Beyers & Loeber, 2003) e a psicopatia (Blair, 1997). O investimento no desenvolvimento da empatia no público infantil deve ser considerado relevante uma vez que na infância podem ser realizadas interferências na índole do individuo que promovem habilidades sociais (Barnett, 1992; Matos, 1997).
FATORES EXTERNOS: ESTILOS PARENTAIS
No contexto da parentalidade, os estilos parentais e as práticas educativas são centrais para a compreensão da qualidade das relações pais-filhos e do ajustamento psicológico em crianças e adolescentes (Querido, Warner & Eyberg, 2002).
Baumrind (1966) foi precursor no estudo sobre o assunto, e os definiu como padrões de interação e comunicação familiar. Além disso, os elencou em três modelos: o autoritário, o permissivo e o com autoridade (ou autoritativo). 
No estilo parental autoritário, Baumrind (1966) esclarece que há uma valorização da obediência; os pais moldam, avaliam e exercem controle sobre seus filhos usando a imposição de limites de com acordo com regras estabelecidas. Neste estilo poderão ser a utilizadas formas de punição caso os limites não sejam obedecidos.
Para Baumrind (1966) no estilo parental permissivo a aplicação de disciplina é inconsistente, uma vez que os pais se comportam de maneira a realizar os desejos da criança, não a guiando ou direcionandoo seu comportamento. 
Já no estilo parental com autoridade ou autoritativo, Baumrind (1966) explica que os pais realizam a imposição de limites, mas dando justificativa aos filhos para tal, lhes dando ainda direito de expressarem sua opinião se for contrária à deles e se for o caso, ponderar as regras impostas.
Cornell & Frick (2007) acreditam que o estilo autoritário tende a ser prejudicial para desenvolver empatia no filho, uma vez que pode se utilizar de punição corporal. Estudos como o de Hastings e colaboradores (2000) analisaram que filhos com mães autoritárias possuem a tendência de demonstrar ter menos sentimento de respeito e estima pelos outros. Em contrapartida, as mães com estilo parental com autoridade por manter a autoridade sem retirar a liberdade dos filhos, tendem a apresentar como resultado filhos que apresentam um relacionamento interpessoal com mais responsabilidade e empatia.
Rocha (2016) através de estudo indica que existe uma correlação negativa entre a empatia e o estilo parental autoritário, uma vez que não é compatível com atitudes de punição física. Já encontrou relação positiva com o estilo parental autoritativo por se utilizar de vínculo de confiança na imposição de limites.
Os estilos parentais além de afetarem diferentes aspectos do desenvolvimento de uma criança, podem estar motivando o estilo parental que a criança adotará no futuro, com estilos parentais que são passados ​​de geração em geração. Foi estabelecida uma relação positiva entre avós e autoritarismo das mães, ou seja, filhas criadas por mães autoritárias tendem a adotar os mesmos estilos parentais que seus próprios filhos (Oliveira et al., 2002).
Os estudos sobre as práticas de disciplina, bem como a definição de estilo parental foram expandidos desde Baumrind (1966) até Darling e Steinberg (1993). Abandonando a ideia de apenas exercer papel de controle, as práticas disciplinares começaram a abranger aspectos da capacidade de resposta às necessidades das crianças e a cobrir todos os aspectos que contribuem para o clima emocional em que as crianças são educadas. 
EMPATIA PARENTAL E REGULAÇÃO EMOCIONAL
Para Coelho & Murta (2007), a empatia pode ser desenvolvida, e pesquisas sugerem modelos para a formação dos pais que incluem buscar promover o engajamento do cuidador, como prestar atenção aos sinais e emoções da criança, ouvi-la, expressar apoio, compreender e regular as emoções de adultos que lidam com os problemas das crianças. A adoção de práticas parentais adequadas promove um ambiente familiar onde a empatia propicia o desenvolvimento sadio das crianças. As práticas parentais são estratégias que os pais utilizam para lidar com situações cotidianas, e o conjunto dessas estratégias definirá o estilo parental empregado.
Kochanska (1997) alega que a habilidade parental de ser empático ao sentimento dos filhos, consiste em interações mais harmônicas onde são partilhados afeto positivo e resposta mutual. Desta forma auxilia a criança a desenvolver a habilidade de regulação de suas emoções (Field, 1994).
A forma de se expressar e a reação dos pais podem ser consideradas dimensões da empatia parental, pois são respostas às experiências emocionais dos filhos. A empatia tem sido descrita na literatura como a experiência subjetiva de saber como os outros estão se sentindo, sentir como se sentem, sem perder a autoconsciência e reagir às experiências dos outros (Decety & Jackson, 2004). .
A empatia parental é vista na literatura como outro fator na relação pais-filhos que influencia o desenvolvimento da empatia. Pais mais empáticos usam práticas parentais menos autoritárias e controladoras e incentivam a expressão emocional dos filhos (Strayer & Roberts, 2004). 
Caminha, Soares & Kreitchmann (2011), destacam como a constituição de apego e vínculo afetivo na relação pais e filho exerce influência direta no desenvolvimento das emoções das crianças. A empatia emocional das mães influencia a empatia cognitiva das crianças ao moldar comportamentos empáticos (Farrant et al., 2012). A empatia cognitiva na mãe aumenta a frequência com que a mãe usa estratégias para estimular a empatia, o que, por sua vez, aumenta o nível de empatia cognitiva exibido pela criança.
Strayer & Roberts (2004) estabelecem uma relação positiva entre manifestações e transferência afetiva dos pais com aumento no nível de empatia, influenciando nas expressões de raiva que tendem a diminuir nas crianças. No entanto, para que o carinho dos pais eleve a habilidade social infantil deve ser considerado o nível de empatia do filho e a demonstração positiva das emoções da mãe (Zhou e colaboradores, 2002).
Acredita-se que existe uma forte correspondência entre a regulação emocional dos pais e a boa regulação psicológica dos filhos, sugerindo que suas respostas interpessoais são um fator de desenvolvimento. Identificar as características dos pais com maior probabilidade de serem associadas a práticas parentais positivas ou negativas é importante porque a parentalidade é diretamente afetada por seus problemas pessoais (Rocha, 2016). Além dos problemas comportamentais e emocionais das crianças, a falta ou mesmo a inexistência do conteúdo integral da prática educativa parental tem sido citada como uma das razões para o surgimento e persistência de problemas de relacionamento familiar (Coelho & Murta, 2007).
A regulação emocional envolve regular a intensidade e a duração dos estados emocionais para atingir um determinado propósito. Saber reconhecer as emoções próprias e alheias e a melhor forma de lidar com elas é fundamental para o processo interpessoal e está intimamente relacionado ao fator de sensibilidade afetiva da empatia (Falcone et al., 2008) . 
A capacidade do cuidador de expressar emoções permite que ele responda à experiência emocional de uma criança, além de fornecer uma base segura para os outros, o que depende da capacidade de reconhecer as necessidades dos outros e fornecer um relacionamento seguro para o desenvolvimento da criança (Cumberland-Li et al., 2003). Quanto mais os pais estiverem envolvidos na vida de seus filhos e entenderem as necessidades deles, mais bem equipados se encontrarão para encorajar as crianças a autonomia, e a tomar suas próprias decisões, além de expressar suas opiniões sobre as coisas e construir conexões saudáveis ​​entre as crianças (Mota & Matos, 2010).
Teixeira et al. (2016) elenca que quanto mais ativamente os pais participem da vida de seus filhos, mas eles os conhecem e monitoram suas atividades. Dessa forma, ao invés de simplesmente criarem regras ou limites, esses pais propiciam um ambiente onde há mais espaço para o diálogo, e como consequência, o desenvolvimento das habilidades sociais. Um ambiente familiar saudável, propícia uma relação com comunicação onde se evita que na vida adulta haja proliferação de transtornos psicológicos (Santos & Wachelke, 2019). 
CONCLUSÃO
Sendo a empatia um conceito teórico de muitas dimensões que envolve componentes cognitivos, afetivos e comportamentais ressalta-se a sua relevância de estudo para contribuição da melhoria das relações humanas. O sentimento de empatia exerce papel influente concernente à prevenção de problemas de comportamentos, bem como de transtornos de personalidade.
	Através da revisão da literatura foi explicado o conceito da empatia assim como o vasto percurso de estudos dos mais variados autores para concepção do material no qual hoje podemos nos debruçar. A interação dos conceitos elaborados ao longo do tempo nos mostra como a empatia é suscetível ao aperfeiçoamento.
Com base no que foi apresentado, apesar da influência genética e biológica no desenvolvimento da empatia nos primeiros anos de vida, vimos que o estilo parental exerce influência direta como fator externo na construção de um ambiente favorável ao progresso de práticas comportamentais saudáveis no âmbito das relações interpessoais.
Como foi abordado, os estilos parentais adotados além efetuarem interferência direta na evolução de comportamentos empáticos, motivam qual estilo parentalaquela criança estará adotando no futuro. 
O entendimento dos pais e cuidadores da importância da aplicação de práticas parentais e da regulação emocional surgem como práticas que favorecem o desenvolvimento saudável da empatia na infância. Ao compreender que são componentes essenciais no auxilio da regulação emocional nas crianças, poderão buscar auxilio para tratar melhor suas habilidades emocionais e sociais.
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* Aluno xxx
** professor xxxx

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