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TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRICOLAS

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TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRICOLAS
O uso da tecnologia de aplicação faz com o produtor tenha maior eficiência na utilização de defensivos agrícolas.
Introdução ao assunto
Atualmente, com a maior preocupação em relação a contaminação do ambiente por defensivos agrícolas e a maior exigência quanto a qualidade dos alimentos comercializados, torna-se essencial aprimorar as técnicas de produção para minimizar os efeitos negativos ao ambiente.
Como já abordamos em outros artigos aqui no blog, as pragas e as doenças que afetam a produção agrícola, reduzem e depreciam a qualidade dos alimentos. Já as plantas daninhas, competem com as culturas por espaço, água, luz e nutrientes, reduzindo a produtividade. 
Dessa forma, o emprego das técnicas de manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, juntamente com a utilização correta dos defensivos agrícolas, são ferramentas fundamentais que contribuem na produção de alimentos de qualidade.
Apesar de serem fundamentais para a agricultura, o uso de defensivos agrícolas pode oferecer riscos ao ambiente, por esse motivo, a tecnologia de aplicação deve ser planejada de maneira responsável e sustentável.
Os profissionais da Agronomia devem dominar as técnicas relacionadas a aplicação para realizar a recomendação adequada de cada produto. 
Conceitos básicos 
Tecnologia de Aplicação
A tecnologia de aplicação não se resume apenas ao ato de aplicar um herbicida, inseticida ou fungicida, mas sim na interação de vários fatores, ou seja, é definida como:
o emprego de todos os conhecimentos científicos, que proporcionam a correta colocação do produto no alvo desejado, de forma econômica e sustentável.
Aplicação x Pulverização
A pulverização é determinada como o processo físico-mecânico de transformação de uma substância líquida em gotas.
A aplicação é a deposição das gotas sobre o alvo desejado, com tamanho e densidade adequados ao objetivo proposto. 
Defensivos agrícolas
Os defensivos agrícolas são os produtos químicos, físicos ou biológicos, utilizados para controlar os agentes que causam prejuízos à produção agrícola, como pragas, doenças e plantas daninhas.
Fatores que influenciam a tecnologia de aplicação
Os principais fatores que influencia a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas são:
1. Clima;
2. Alvo desejado;
3. Tipo de produto;
4. Veículo de ação do produto;
5. Preparação da calda;
6. Volume de aplicação;
7. Escolha das pontas de pulverização.
Condições climáticas
As condições climáticas são extremamente fundamentais no momento da aplicação dos defensivos agrícolas. 
O vento pode provocar a deriva das gotas numa maior ou menor distância, dependendo do seu tamanho. A temperatura e a umidade relativa do ar, são os fatores mais críticos, pois contribuem para a evaporação das gotas. 
Nesse sentido, as condições ideais para a pulverização são:
· Umidade relativa do ar > mínima de 50%;
· Velocidade do vento > de 3,0 a 10 km/h;
· Temperatura > abaixo de 30ºC.
Alvo
O alvo é aquilo que foi escolhido para ser atingido no momento da aplicação de um defensivo (planta, solo, inseto e doença).
Em função do alvo são determinados os produtos a serem utilizados e as características da pulverização para melhor atingi-lo. 
A escolha correta do produto que será utilizado, é determinante para o sucesso da aplicação, visto que cada um possui uma formulação diferente, como mencionamos acima. 
Todos esses fatores estão interligados. A determinação do alvo é fundamental para a escolha correta do produto que será aplicado, o que, consequentemente, afetará na preparação da calda e na escolha das pontas de pulverização.
Tipo de produto
Os produtos são classificados como herbicidas, quando destinados ao controle de plantas daninhas; inseticidas, quando utilizados para o controle de insetos e; fungicidas, quando o alvo de controle são as doenças.
Veículo de ação
Ainda, os produtos podem ser divididos de acordo com o seu modo de ação no alvo:
– Produtos com ação de contato: atuam no local onde são depositados, ou seja, não transloucam pela planta e há necessidade de entrar em contato direto com o alvo;
– Produtos de ação sistêmica: o produto é absorvido pela planta e circula internamente. Não há necessidade de entrar em contato direto com as pragas e às doenças, já que tem a capacidade de atuar em pontos diferentes do local de aplicação.
Cada defensivo possui uma formulação diferente, ou seja, tem em sua composição diversos componentes ativos, que são essenciais para que o produto possa cumprir a sua finalidade.
Calda 
O preparo da calda de pulverização (mistura do produto com o diluente) também é um passo muito importante. Geralmente recomenda-se a preparação na seguinte ordem:
I. Adicionar a água no tanque do pulverizador;
II. Ligar a agitação do pulverizador para homogeneizar a calda;
III. Adicionar os defensivos e os adjuvantes necessários.
Volume de aplicação
O volume de aplicação consiste na quantidade de calda pulverizada por área ou por planta, de forma simplificada, é a quantidade de líquido que sai do equipamento.
A eficiência da aplicação depende da quantidade de produto que atinge o alvo, por exemplo, os produtos de ação sistêmica não necessitam de cobertura total do alvo, devido a sua capacidade de translocação. Já os produtos de ação de contato, exigem maior cobertura do alvo para realizar o controle.
Seleção de pontas de pulverização
As pontas de pulverização são os elementos mais importantes de um pulverizador, pois a vazão do líquido e o tamanho das gotas dependem desse instrumento. A ponta tem a função de criar e dispersar as gotas em certa posição visando atingir o alvo biológico. 
A seleção de pontas serve para adequar o pulverizador ao tipo de aplicação que será realizada.
Os critérios para seleção correta das pontas, deve levar em consideração as condições ambientais no momento da aplicação, o tipo de produto utilizado, o alvo que se deseja atingir e o volume de calda pulverizado.
No que se refere aos tipos de pontas, o mercado oferece várias opções, dentre elas podemos destacar as pontas de energia hidráulica, que são utilizadas na maioria dos pulverizadores:
-Pontas de jato plano: são pontas com tendência de formar tamanho de gota mais uniforme. Essas pontas são identificadas por uma série de números, por exemplo, 11002, isso quer dizer que 110 é o ângulo de abertura do leque e 02 identifica a vazão da ponta.
As pontas planas produzem jatos em um só plano no formato de leque, podendo ser oferecidas no modelo de jato plano duplo, possuindo dois orifícios idênticos de saída.
Esse modelo é produzido em uma grande variedade de tamanhos e ângulos de abertura do leque, sendo as mais comuns utilizadas, as pontas de jato plano de 80 e 110º. As pontas com leque de abertura maior, geralmente produzem gotas mais finas. 
– Pontas de jato cônico:  as pontas de jato cônico podem ser diferenciadas por “cone vazio” e “cone cheio”. Ao passar pelo orifício da ponta, o líquido forma um filme em formato de cone. A deposição das gotas no cone vazio se concentra somente na periferia do cone, enquanto que, as gotas no cone cheio completam todo o formato.
Por atingirem diferentes ângulos, as pontas de jato cônico são indicadas na pulverização de alvos irregulares, como plantas com dossel mais complexo, proporcionando maior cobertura do alvo. 
Em geral apresentam formação de gotas mais finas, com alta capacidade de penetração e cobertura do alvo, porém há maior risco de deriva e evaporação das gotas.
Existe no mercado, uma gama de opções e modelos de pontas de pulverização, para saber mais sobre elas e conhecer os diversos modelos, você pode acessar o manual de tecnologia de aplicação, disponibilizado pela ANDEF. 
Todos esses fatores listados até momento, são cruciais para a realização de uma pulverização adequada, evitando a contaminação do ambiente pelo risco de deriva, e garantindo alimentos produzidos com maior qualidade e segurança.
A tecnologia de aplicação visa diminuir os riscos causados pela utilização de defensivos agrícolas, pois sabe-se que boa partedos produtos aplicados são perdidos para o ambiente em forma de deriva.
Deriva
A deriva consiste em um dos problemas mais sérios durante a aplicação de defensivos agrícolas. Quando não adotadas as técnicas adequadas, as gotas geradas pela pulverização podem ser carregadas pelo vento, vindo a contaminar locais próximos.
 O processo de deriva é classificado com o desvio da trajetória das partículas (gotas) liberadas pelo processo de pulverização e que não atingem o alvo, ocasionando perda de produto, ou seja, nada mais é do que a fração de produto que não atinge o alvo.
 A deriva pode ocorrer devido a ação do vento, ao escorrimento e a volatilização de determinados produtos, podendo ser classificada como:
1. Endoderiva: quando a perda de produto permanece dentro da área tratada, porém não é coletada pelas folhas e cai no solo;
2. Exoderiva: quando o produto é carregado para fora da área tratada, causando sérios problemas de contaminação do ambiente.
Fatores que afetam a deriva
1. Tamanho de gotas: as gotas menores possuem maior capacidade de cobertura do alvo, porém são mais suscetíveis à deriva por serem mais leves e finas;
2. Tipo de ponta utilizada: a escolha da ponta de pulverização está diretamente relacionada ao tamanho da gota produzida no momento da aplicação;
3. Condições ambientais: é fundamental a avaliação das condições ambientais durante a pulverização. Evitar ventos muito fortes, e priorizar a aplicação sempre dentro das faixas de temperatura e umidade relativa do ar recomendadas;
4. Condições operacionais: velocidade da máquina e altura da barra de pulverização;
5. Composição da calda: tipo de produto aplicado, concentração e mistura de adjuvantes.
A combinação correta de todos esses elementos visa reduzir o risco de deriva em uma aplicação, portanto, além de conhecer a biologia das pragas, doenças e plantas daninhas, o profissional da área agrícola, deve dominar as técnicas de aplicação de defensivos, para poder recomendar adequadamente uma pulverização.
Considerações sobre a Tecnologia de aplicação
O sucesso das aplicações depende de todos os fatores abordados neste artigo. O emprego da tecnologia de aplicação garante a redução de custos ao agricultor e a diminuição dos riscos causados ao ambiente. 
REFERENCIAS
ANDREI, E. Compêndio de defensivos agrícolas. 7.ed. São Paulo : Andrei, 2005. 1141p

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