Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2020 Educação E Novas TEcNologias aplicadas ao ENsiNo Na ÁrEa dE líNgua porTuguEsa Prof.a Mariane Eggert de Figueiredo 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.a Mariane Eggert de Figueiredo Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F475e Figueiredo, Mariane Eggert de Educação e novas tecnologias aplicadas ao ensino na área de língua portuguesa. / Mariane Eggert de Figueiredo. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 249 p.; il. ISBN 978-65-5663-230-8 ISBN Digital 978-65-5663-227-8 1. Língua portuguesa – Ensino e aprendizagem. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 370 aprEsENTação Todos os dias lemos e escrevemos, mesmo sem nos darmos conta disso. Ler e escrever são atividades intrínsecas à vida em sociedade, sobretudo na atualidade, permeada pela tecnologia, velocidade e globalização. Nesse contexto mediado por tecnologias digitais da informação e comunicação, as TDICs, as atividades sociais de leitura e escrita demandam novas abordagens, pois o contexto é heterogêneo e está em constante transformação. Antes da era digital, falava-se em tecnologias da informação e comunicação (TICs). Com a era digital, estas tornaram-se as tecnologias digitais da informação e comunicação (TDICs). NOTA Na Unidade 1, abordaremos conteúdos sobre leitura e escrita, a teoria dos gêneros e os letramentos. Você verá em primeiro lugar a leitura como processo e o letramento no contexto atual das tecnologias digitais de informação e comunicação. Em seguida, percorrerá os gêneros textuais e o conceito de tecnologias digitais da informação e comunicação, as TDICs, efetuando uma reflexão sobre as linguagens desses contextos. Finalmente, aprenderá sobre as diversidades culturais e a liberdade no universo digital. Aprenderá sobre os discursos que se enfrentam e a questão das autorias na Internet, antes de encerrar a reflexão sobre os desafios do livro na era digital e a leitura nas TDICs. Na Unidade 2, os processos de ensino e aprendizagem serão abordados no contexto da era digital. Assim, num primeiro momento, uma abordagem diacrônica da educação e das perspectivas metodológicas adotadas, bem como das estruturas e recursos para a aprendizagem em meio digital permitirá apreender o papel do professor dentro desse contexto. Já o aluno digital será estudado através da apresentação das gerações digitais e sua relação com a aprendizagem, além de uma incursão no contexto legislativo do ensino da língua portuguesa e das TDICs. Finalmente, um panorama da inclusão no Brasil e as políticas relacionadas ao ensino para uma inclusão digital efetiva na escola completará o estudo no contexto da atualidade marcada pelas TDICs. Por fim, na Unidade 3, estudaremos de forma concreta as implicações dos processos de aprendizagem dentro do escopo da cibercultura. Num primeiro momento, a tecnologia será abordada em seu papel de mediação para os processos de leitura e de reescrita nas aulas. Uma atenção especial é atribuída aos processos narrativos e aos gêneros presentes no contexto digital. Em seguida, o estudo dos gêneros digitais será realizado em sua relação com Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA os processos de ensino e aprendizagem da língua portuguesa em particular. Novas metodologias e gêneros emergentes neste assunto serão abordados através de estudos, permitindo responder a interrogações, tais quais: o que são memes? Como os aplicativos contribuem ao aprendizado da língua portuguesa? Entre outras questões. Para fechar a unidade, a reflexão se porta sobre o ciberespaço e o seu papel de mediador para leituras intersemióticas por leitores heterogêneos e o aprofundamento do conceito de ubiquidade, característico da era atual, marcada pelas tecnologias digitais. Procure sempre consultar as referências indicadas e fazer as autoatividades ao final de cada tópico. Sua caminhada se tornará, assim, desafiadora e produtiva. Bons estudos! Prof.a Dra. Mariane Eggert de Figueiredo Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumÁrio UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI ................................................ 1 TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS ......... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 A LEITURA COMO PROCESSO ...................................................................................................... 3 2.1 PROCESSOS COGNITIVOS CONSCIENTES E INCONSCIENTES ....................................... 4 2.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA ....................................................................................................... 5 3 LETRAMENTO PARA PÚBLICOS MULTILETRADOS ............................................................ 8 3.1 LEITURA NA CONTEMPORANEIDADE ................................................................................ 9 3.2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ....................................................................................... 10 3.3 LETRAMENTO DIGITAL E MULTILETRAMENTOS ............................................................ 12 4 TEXTO IMPRESSO E TEXTO DIGITAL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES ...................... 15 4.1 O HIPERTEXTO ............................................................................................................................17 4.2 LINEARIDADE X NÃO LINEARIDADE ................................................................................. 22 4.3 LEITOR X LEITOR COAUTOR – DIÁLOGOS ......................................................................... 26 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 30 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 31 TÓPICO 2 — GÊNEROS DIGITAIS E HIPERGÊNERO .............................................................. 33 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 33 2 GÊNEROS TEXTUAIS X GÊNEROS DISCURSIVOS ............................................................... 33 2.1 ENTRE O TEXTO E O DISCURSO: NOÇÕES .......................................................................... 34 2.2 BAKHTIN E A NOÇÃO DE GÊNERO ...................................................................................... 36 2.3 ANÁLISE DOS TEXTOS EM COMUNICAÇÃO: DOMINIQUE MAINGUENEAU E O DISCURSO .............................................................................................................................. 39 3 GÊNEROS TEXTUAIS E O DISCURSO ELETRÔNICO DO CONTEXTO DIGITAL: MULTISSEMIOSES .......................................................................................................................... 41 3.1 UNIVERSO VIRTUAL: O CONTEXTO DIGITAL ................................................................... 42 3.2 O DISCURSO ELETRÔNICO ...................................................................................................... 44 3.3 LINGUAGENS NO DISCURSO ELETRÔNICO: MULTISSEMIOSES E O “INTERNETÊS” ......47 4 OS FILTROS DO TEXTO DIGITAL ............................................................................................. 50 4.1 GÊNEROS DE DIÁLOGO ........................................................................................................... 51 4.2 GÊNEROS NARRATIVOS .......................................................................................................... 52 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 55 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56 TÓPICO 3 — DIVERSIDADE CULTURAL E DE LINGUAGEM NO MEIO DIGITAL ........ 57 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 57 2 A DIVERSIDADE CULTURAL NO AMBIENTE DIGITAL ..................................................... 57 2.1 DA CULTURA DE ORALIDADE À CULTURA DIGITAL: UMA EVOLUÇÃO ................ 60 2.2 A INTERNET COMO ESPAÇO DO SABER: REPOSITÓRIO DE CONHECIMENTOS .......... 63 3 A BANALIZAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO MEIO DIGITAL ................... 65 3.1 A FONTE DE INFORMAÇÃO NO TEXTO DIGITAL ........................................................... 66 3.2 DISCURSOS HÍBRIDOS: COAUTORIAS DIGITAIS ............................................................... 69 4 A FORMAÇÃO DE OPINIÃO: JORNALISMO TRADICIONAL X JORNALISMO ELETRÔNICO .................................................................................................................................... 71 4.1 OS DISCURSOS QUE SE ENFRENTAM NA INTERNET ...................................................... 73 5 OS DESAFIOS DO LIVRO DIGITAL ........................................................................................... 75 5.1 LEITURAS: SUPORTE FÍSICO X TELA .................................................................................... 76 5.2 PLATAFORMAS: AUTORES E LEITORES NO CIBERESPAÇO ........................................... 77 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 79 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 84 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 85 UNIDADE 2 — ENSINO E APRENDIZAGEM NA ERA DIGITAL........................................... 87 TÓPICO 1 — O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE AOS MULTILETRAMENTOS .............. 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 EDUCAÇÃO CONVENCIONAL E EDUCAÇÃO DIGITAL .................................................... 89 2.1 HISTÓRIA DA ESCOLA E DO ENSINO .................................................................................. 90 2.1.1 Contexto histórico-social de evolução do paradigma de ensino .................................. 91 2.1.2 A escola tradicional ............................................................................................................. 92 2.1.3 Tendências construtivistas .................................................................................................. 93 2.1.4 Olhar sobre a pós-modernidade: metodologias ativas................................................... 95 2.2 O NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL ............................................................................... 97 2.2.1 Tipos de sociedades ............................................................................................................. 97 2.2.2 As diferentes tecnologias .................................................................................................... 99 2.2.3 Educação mediada pelas tecnologias .............................................................................. 100 2.3 PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS: PROJETOS, DESAFIOS, RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ......................................................................................................................... 102 2.3.1 Aprendizagem por projetos ............................................................................................. 103 2.3.2 Desafios de aprendizagem ............................................................................................... 104 2.3.3 Aprendizagem centrada na resolução de problemas ................................................... 105 3 ESTRUTURAS DIGITAIS E RECURSOS PARA APRENDIZAGEM ................................... 105 3.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .................................................................................................... 105 3.1.1 Definição ............................................................................................................................. 105 3.1.2 Evolução do ensino a distância ........................................................................................ 107 3.1.3 Ensino a distância e autoaprendizagem ......................................................................... 108 3.2 AMBIENTES DE APRENDIZAGEM ....................................................................................... 110 3.3 OBJETOS DE APRENDIZAGEM.............................................................................................. 112 3.3.1 Definição de OA ................................................................................................................. 112 3.3.2 Características ................................................................................................................... 113 3.3.3 Metodologia ....................................................................................................................... 115 3.3.4 Repertórios de OAs ........................................................................................................... 117 3.4 REPOSITÓRIO DE CONHECIMENTOS: RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS (REA).......................................................................................................................... 117 3.4.1 Definição ............................................................................................................................. 118 3.4.2 Classificação dos REAs ..................................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 124 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125 TÓPICO 2 — O ALUNO DIGITAL ................................................................................................. 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127 2 GERAÇÕES DIGITAIS E APRENDIZAGEM ............................................................................ 127 2.1 PANORAMA EVOLUTIVO DAS GERAÇÕES ...................................................................... 129 2.2 GERAÇÕES DIGITAIS E APRENDIZAGEM ......................................................................... 130 3 LEGISLAÇÃO, TDICS E ALUNO DO AMANHÃ.................................................................... 132 3.1 A EDUCAÇÃO DO FUTURO: PARA ONDE VAI A EDUCAÇÃO? ................................. 133 3.2 BASES TEÓRICAS PARA UMA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA – BNCC ........................ 136 3.2.1 Ensino Fundamental ......................................................................................................... 137 3.2.2 Ensino Médio ..................................................................................................................... 148 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 153 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 154 TÓPICO 3 — INCLUSÃO DIGITAL .............................................................................................. 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155 2 A INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL ......................................................................................... 155 2.1 PANORAMA DA INCLUSÃO DIGITAL: CONTEXTO HISTÓRICO ................................ 156 2.2 CONSCIENTIZAÇÃO DAS DIVERSIDADES ....................................................................... 157 3 A INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA ........................................................................................ 158 3.1 GLOBALIZAÇÃO, ENSINO E IDEOLOGIAS ....................................................................... 160 3.2 POLÍTICAS DE IMPLEMENTAÇÃO: GOOGLE FOR EDUCATION ................................ 163 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 167 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 165 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 168 UNIDADE 3 — APRENDIZAGEM E CIBERMÍDIA ................................................................... 171 TÓPICO 1 — A TECNOLOGIA COMO MEDIADORA DA LEITURA E REESCRITA ...... 173 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 173 2 A MÍDIA, A INTERNET E A RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO ........................................... 173 3 PRODUÇÃO ESCRITA EM MEIO DIGITAL: FOCO NO PROCESSO ............................... 178 3.1 RECURSOS E APLICATIVOS PARA USO NA REALIZAÇÃO DE TAREFAS EDUCATIVAS NO COTIDIANO .............................................................................................. 178 3.2 A NARRATIVA – STORYTELLING – COMO DINAMIZADORA DOS PROCESSOS DE ESCRITA NA INTERNET.................................................................................................... 182 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 186 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 187 TÓPICO 2 — OS GÊNEROS DIGITAIS NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA ........ 189 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 189 2 REPENSANDO METODOLOGIAS PARA UM PÚBLICO DIGITAL .................................. 190 3 GÊNEROS EMERGENTES NO CONTEXTO DIGITAL ........................................................ 193 3.1 BLOG ........................................................................................................................................... 194 3.2 GÊNEROS TRADICIONAIS: E-MAIL, CHAT, LISTA DE DISCUSSÃO ............................ 195 3.3 GÊNEROS EMERGENTES NA ERA DIGITAL ...................................................................... 197 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 205 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 206 TÓPICO 3 — O CIBERESPAÇO COM MEDIADOR DE LEITURAS ...................................... 207 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 207 2 A LEITURA NA CIBERCULTURA – O DESAFIO DA SEMIOSE NAS POSSIBLIDADES DE LEITURA DIGITAL ............................................................................... 207 2.1 LEITORES E LEITURAS NO CIBERESPAÇO ........................................................................ 208 2.2 UBIQUIDADE E APRENDIZAGEM ....................................................................................... 211 2.3 OS GÊNEROS DIGITAIS E O ENSINO DA LEITURA ......................................................... 213 3 DESAFIOS DE LEITURA NO CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS .................................... 215 3.1 A IMAGEM COMO SUPORTE PARA A LEITURA .............................................................. 215 3.2 O YOUTUBE COMO MEDIAÇÃO ......................................................................................... 219 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 225 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 229 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 230 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 233 1 UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • apreender as implicações do ciberespaço e das TDICs sobre os leitores nos processos de leitura e escrita; • compreender os gêneros digitais e a noção de hipergênero no que tange aos processos de leituras e escritas digitais; • aprofundar conhecimentos sobre os conceitos de cultura, suas relações com o ciberespaço e o papel deste sobre as diversidades culturais; • conscientizar-se sobre a banalização da liberdade de expressão em meios digitais, bem como sobre o discurso informativoe a formação de opinião no escopo da atualidade digital. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS TÓPICO 2 – GÊNEROS DIGITAIS E HIPERGÊNERO TÓPICO 3 – DIVERSIDADE CULTURAL E DE LINGUAGEM NO MEIO DIGITAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 1 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar no que acontece quando lê? De que maneira o material codificado que seus olhos percorrem se transforma em significados, sensações, respostas que seu corpo oferece? Como se processa a leitura de textos escritos? E na leitura nas telas, você já parou para pensar no que acontece? Neste primeiro tópico, examinaremos a leitura como processo percorrido para chegar à compreensão, num primeiro momento, de forma global, em seguida, no âmbito das TDICs. Vamos lá! 2 A LEITURA COMO PROCESSO O tema da leitura, na maior parte das vezes, conduz-nos a noções como: sentido, compreensão, decodificação de signos, textos portadores de formas e conteúdos que transmitem algo. Leitura: ação de ler, ato de decifrar o conteúdo escrito de algo; ação de compreender um texto escrito: “sua leitura foi perfeita”. FONTE: <https://www.dicio.com.br/leitura/>. Acesso em: 19 out. 2019. NOTA Você pôde ver na definição que a leitura é concebida como produto de uma ação. Não pensamos na leitura como um processo necessário para chegar a esse resultado, também relacionamos a noção de texto escrito, como mostra a definição. No entanto, o que acontece ao focarmos na leitura como processo? É o que veremos neste tópico: a leitura vista como processo cognitivo consciente e inconsciente e as pistas fornecidas pelo material durante esse processo de leitura. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 4 2.1 PROCESSOS COGNITIVOS CONSCIENTES E INCONSCIENTES O ato de ler envolve funções e processos cognitivos conscientes e inconscientes (GABRIEL, 2016). No entanto, encontra-se a tal ponto enraizado em nosso fazer cotidiano que, na maior parte do tempo, não percebemos os esforços envolvidos e as capacidades mobilizadas para a compreensão do ato realizado. Isso se dá em razão da automatização, estágio alcançado na aquisição da leitura. Isso também ocorre com a escrita, já que ambas se encontram em relação. Sobre esse aspecto, Fischer (2006) opõe a escrita à leitura: a primeira é uma habilidade desenvolvida pela humanidade, a segunda, uma aptidão, já que se desenvolveu a partir da compreensão daquela. FONTE: FISCHER, S. R. História da leitura. São Paulo: UNESP, 2006. IMPORTANT E Com a aquisição da aptidão à leitura, os processos conscientes passam a representar dificuldades menores, enquanto ao nível inconsciente ocorrem fenômenos que vão além da visualização e decodificação dos signos de um texto. Martins (1994) aponta três níveis de leitura: • Leitura sensorial: envolve os sentidos – a visão, o tato, a audição, o olfato e a gustação. A leitura de imagens e cores, a compreensão de sons e cheiros passam primeiro pelos sentidos e a leitura sensorial. • Leitura emocional: envolve sentimentos e sensações despertadas no sujeito. Assim, as cores, ao provocarem alegria ou tristeza, um poema pode elevar, enternecer, ou um som pode amedrontar, pois ocorre leitura emocional. • Leitura racional: estabelece um elo entre as leituras sensorial e emocional e os conhecimentos existentes, provocando reflexão, mudança no modo de pensar, questionamentos, enfim, a leitura é processada pelo intelecto. Começamos pelas etapas realizadas durante a leitura. Gabriel (2016) ilustra com a metáfora do iceberg a abrangência de processos cognitivos de que não nos apercebemos: • A visão: ao capturar as imagens através dos órgãos da visão, o cérebro restitui – ou procura restituir – um todo coerente dotado de sentido. • O cérebro: ao identificar signos oriundos de códigos diversos efetua correções e reinterpretações dotadas de sentido. TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 5 • A memória de trabalho: ao decodificar unidades isoladas, agrupa-as em unidades significativas. • A memória: ao reconhecer novas unidades por compará-las estatisticamente à bagagem de informações e conhecimentos disponíveis. • O córtex pré-frontal: ao habituar-se a reconhecer, ao longo da vida, sequências familiares e interpretá-las. • A mente – consciente e inconsciente: ao deparar-se com unidades sintáticas, grafemas, e restituir sentidos, ora apelando à consciência, ora processando- as inconscientemente. Esses processos resumem as complexidades envolvidas na leitura e a necessidade de levá-los em consideração no ensino e aprendizagem da língua portuguesa. A leitura de um texto pressupõe uma capacidade de diferenciação visual para compreensão de códigos: visual, verbal, sonoro (BARBOSA, 1991). IMPORTANT E Agora pare para pensar em como se processa a compreensão a partir do exposto. Anote suas constatações. Nesse sentido, veremos a seguir como acontece o processo de leitura a partir do texto. 2.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA Durante muito tempo, saber ler correspondia a saber decodificar significados, por uma prática de leitura centrada na gramática e regulada pela decodificação dos códigos linguísticos (MARÍN, 2008, p. 19). Cinco processos realizados durante a leitura: • Processo fisiológico: a leitura é realizada no corpo. Os olhos captam os signos, o cérebro os reconhece, relaciona, decodifica. • Processo cognitivo: o cérebro reconhece os signos e os interpreta. Para que o sentido se forme, recorre a comparações, agrupamentos em frases, parágrafos. IMPORTANT E UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 6 • Processo afetivo: os signos interpretados pelo cérebro desencadeiam emoções, sensações, sentimentos. Piadas farão rir, mensagens de afeto, sorrir, suspense ou terror, sentir medo. • Processo argumentativo: todo texto possui uma intenção em sua gênese. Ao ler, reagimos a essa intenção: concordamos, discordamos, dialogamos com o texto, pois isso já foi previsto pelo autor. • Processo simbólico: durante a leitura nossa vivência está envolvida, as crenças, a época e a sociedade, que molda nosso modo de ser e pensar. O texto traz mais que signos, veicula modos de ver o mundo, épocas, enfim, um conjunto de elementos simbólicos que se acrescem ao conteúdo. Assim, textos muito lidos tendem a impactar a sociedade em seu modo de pensar. FONTE: <http://blog.arvoredelivros.com.br/leitura/os-cinco-processos-da-leitura/>. Acesso em: 13 nov. 2019. Nesse sentido, podemos observar uma concepção do processo de leitura centrado no leitor, e não no texto. Isso porque a leitura é um processo cognitivo e interativo (KLEIMAN, 2008) que não envolve apenas leitor e material textual, mas uma relação entre leitor e texto, leitor e seu mundo individual. Para que a interação ocorra, o leitor apoia-se em uma bagagem de conhecimentos e formula hipóteses que levam à compreensão. São níveis de conhecimento necessários segundo Kleiman (2008): • Conhecimento prévio: é o conhecimento linguístico sem o qual não há decodificação dos signos. Engloba pronúncia, vocabulário e regras gramaticais levando à compreensão global de um texto a partir da bagagem adquirida pelo leitor desde a infância. • Conhecimento de mundo: acúmulo de experiências sociais adquiridas de maneira informal. • Conhecimento textual: adquirido pelo contato com os gêneros e as estruturas textuais. A compreensão efetiva dos conteúdos expressos no texto ocorre dentro de um processo em que são necessários (KLEIMAN, 2008): • O estabelecimento de objetivos específicos de leitura para orientar e facilitar a compreensão. • A formulação de hipóteses comoestratégia metacognitiva baseada no conhecimento prévio, de mundo e textual, para a compreensão. • A confrontação das hipóteses para validá-las ou não, segundo os conhecimentos citados. Logo, é preciso saber para que ler, o que buscar na leitura. A partir de pistas fornecidas, formular hipóteses de compreensão que serão verificadas a fim de confirmar ou reorientar o processo. Dessa forma, o leitor exerce controle consciente sobre o processo da leitura. As verificações e reelaborações das hipóteses fazem o leitor chegar aos sentidos do texto. Este, nessa ótica, não é um objeto TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 7 pronto e acabado, mas um processo que se completa na interação entre o leitor e o material textual. Nesta abordagem interacionista, o leitor extrai do material textual significados que façam sentido. Ao buscar em sua própria memória os conhecimentos prévios sobre tudo que se refere ao assunto abordado, estabelecer diálogos entre seus conhecimentos prévios e o texto, o leitor-coautor, que chegará à compreensão. Trata-se de um processo ativo, segundo Cordeiro (2005, p. 6), “porque inclui predição, elaboração das hipóteses e previsões a respeito do texto; o leitor [ao ler] observa os recursos visuais, gráficos e sonoros [...], e levanta uma série de hipóteses”. Dessa concepção resulta maior liberdade do leitor diante dos conteúdos processados na leitura, tendo em vista a natureza individual dos conhecimentos (prévios e de mundo), bem como os esquemas mentais de cada indivíduo. Leffa (1996) salienta que a leitura é uma extração de significados dos textos ao mesmo tempo que significados são atribuídos aos textos, numa relação interativa – e integrativa − entre autor e leitor através do texto. Essa noção é fundamental no contexto das tecnologias digitais e da Internet, pois, do ponto de vista dos mecanismos cognitivos envolvidos, a leitura é um processo dinâmico, assim como são os discursos e/ou textos do universo virtual. Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs): integram o conjunto das mídias clássicas, as Tecnologias da Informação e da Comunicação, como televisão, rádio, jornais, e a tecnologia digital, através do computador e da internet. Com a popularização da internet, as TDICs passaram a ocupar o centro da vida cotidiana, em aspectos relacionais e comunicacionais: pessoa-pessoa, pessoa-máquina, máquina-pessoa e máquina-máquina. Aprofunde seus conhecimentos sobre as TDICs lendo a seguinte obra: KENSKI, V. M. Educação e tecnologia: o novo ritmo da informação. São Paulo: Papirus, 2012. IMPORTANT E No subtópico a seguir, abordaremos as habilidades de leitura como atividade social na atualidade digital, em que a educação e o seu papel de professor de língua portuguesa se encontram inseridos. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 8 Que tal aprofundar estes conhecimentos sobre o assunto “leitura”? Na obra de Fischer (2006) você obterá uma visão histórica e descritiva do ato de ler, praticantes e diferentes ambientes sociais em que se encontram, além de curiosidades sobre leituras em suportes originais – pedras, ossos, cascas de árvores – muros e monumentos, tabuletas e rolos de papiros, códices, livros e panfletos, até chegar ao suporte eletrônico e à leitura na tela. Leia esta obra: FISCHER, S. R. História da leitura. São Paulo: UNESP, 2006. DICAS 3 LETRAMENTO PARA PÚBLICOS MULTILETRADOS Vimos que ler é apropriar-se de ferramentas e competências que permitem interagir com os textos. Neste subtópico, refletiremos sobre o letramento a partir dos canais pelos quais os textos chegam a nós, sobretudo no contexto globalizado e em rede na qual espaço e tempo – e podemos dizer papel e letras – se liquefazem no que foi denominado “ciberespaço” (LEVY, 1999). O termo “liquefazem” vai ao encontro do conceito de modernidade líquida de Zigmund Bauman. Trata-se de um conceito que pode ampliar sua visão do mundo atual. Conheça mais através da obra: BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1999. O termo ciberespaço corresponde a um “dispositivo de comunicação interativo e comunitário [...]” (LEVY, 1999, p. 26). Essa noção será aprofundada no Tópico 2, Subtópico 3: Gêneros textuais no contexto digital. NOTA Vamos, então, abordar o acesso à leitura na sociedade contemporânea, marcada pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TDICs). TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 9 3.1 LEITURA NA CONTEMPORANEIDADE Vários autores têm-se dedicado à elucidação dos aspectos da leitura e à evolução das tecnologias que lhe dão suporte. Fischer (2006) aponta a evolução da leitura ao longo do tempo, até chegar à atualidade: da percepção visual e decodificação de imagens codificadas, no início, ler passou a significar a compreensão de sinais escritos, formando textos em superfícies gravadas – depois impressas – e, finalmente, a extração de informações codificadas de uma tela luminosa em aparelho – o computador –, incluindo tablets e smartphones, que funcionam a partir dos primeiros. Para Santaella (2012, p. 11): “o ato de ler passou a não se limitar apenas à decifração de letras, mas veio também incorporando [...] as relações entre palavra e imagem, entre o texto, a foto e a legenda, [...] entre o texto e a diagramação”. Nesse sentido, no contexto digital, há processos simultâneos decorrentes das multimodalidades características desses textos. Multimodalidade: formas e modos de representação distintos usados na construção linguística de uma mensagem: texto, imagem, som, cor, disposição dos elementos, sua articulação e, na fala, padrões de entonação, articulação, gestos (DIONÍSIO, 2005). Acesse o vídeo da música: A canção lógica − The local song, Supertramp − e vivencie a multimodalidade: https://www.youtube.com/watch?v=efdMiIc0N60. DICAS Nossa maneira de ler mudou: não lemos mais apenas em suporte físico − livros, revistas de papel −, lemos em telas. O público também mudou: comunica- se por dispositivos tecnológicos capazes de alterar a maneira de perceber, codificar e decodificar os signos, estabelecendo relações antes pouco plausíveis. A tela proporciona múltiplas possibilidades, da coexistência de linguagens – verbal, não verbal – a inter-relações multimodais – som, imagem, códigos múltiplos −, e discursivas – várias pessoas leem o mesmo material e interagem −, ou ainda finalidades e modos de ação dos usuários da internet. Para Martins (2002, p. 104): [...] as mudanças impostas pela informatização impõem a necessidade de quebra de paradigmas e de revisão de padrões e posturas, que acabam resultando num novo aprendizado, pelo qual o ser humano é levado a realizar de uma maneira nova as velhas funções já impostas pelo tempo. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 10 Assim, falar de leitura na sociedade digital como ato social impõe o abandono de conceitos antes vigentes como linearidade e não linearidade, linguagem oral e escrita, estrutura textual com início, meio e fim; e a integração de conceitos, como ciberespaço, hipertexto, hipermídia, rede. Acesse o portal do professor na plataforma de Recursos Educacionais Abertos do Ministério da Educação e Cultura para elucidação desses e outros conceitos: http:// eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod83378/cont1/hq2_intro.html. DICAS Nas tecnologias, o leitor “afasta-se do objeto pela conformação da materialidade, aproxima-se de um universo navegável em ‘entretextos’ e imagens disponíveis a sua escolha, que lhe permitem novas reconfigurações, novas representações para o ato de ler” (PIMENTA; MOMESSO; ASSOLINI, 2016, p. 387). Isso amplia o conceito de leitura: a interatividade chama o leitor à participação ativa, à transcendência dos conteúdos, à navegação virtual sempre em busca de mais e sendo levado a descobertas de sentidos que podem não ter sido previstos, como o fato do leitor tornar-se também coautor. Desenvolveremos esse aspectono Tópico 3, Subtópico 3. Agora que você já sabe que a leitura em suporte digital implica múltiplas habilidades e competências, veremos como se desenvolvem essas habilidades. 3.2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Durante muito tempo, o termo “alfabetizado” designava alguém capaz de ler, ou seja, de decodificar os códigos linguísticos permitindo a compreensão de textos escritos e a dimensão social da linguagem. A sociedade, porém, desenvolveu mecanismos que lhe permitiram acessar ao conhecimento que faz a leitura possível. Ela alfabetizou-se e, na medida em que se tornou majoritariamente capaz de decodificar os signos, as mudanças foram se tornando mais velozes, e a relação com o material escrito, diversificada. As tecnologias da informação e da comunicação contribuíram a transformar nossa relação com a escrita e a leitura, bem como os usos dos textos. Para Snyder (2010), as noções relacionadas ao acesso à informação e à comunicação não são estáticas e sofrem remodelamentos a cada avanço das tecnologias. Daí resultam distinções nos conceitos: alfabetização diferencia-se do conceito de letramento. TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 11 As abordagens de letramento são numerosas e abrangem diversas áreas. Para a sua formação no ensino da língua portuguesa adotamos, aqui, os conceitos voltados à educação, de Magda Soares (2002, 2007, 2009, 2011). Soares (2007) distingue alfabetização de letramento: • Alfabetização: processo de aprendizado do sistema de representação dos sons da fala, ou, como, a partir de sons da linguagem falada reconhecemos palavras, decodificamos significados para o agrupamento dos sons. Alfabetizar corresponde a decodificar significados atribuídos aos conjuntos de sons ordenados segundo determinados arranjos. É a aquisição de uma tecnologia, os sistemas alfabético e ortográfico, envolvendo aspectos cognitivos e linguísticos, no que se refere à codificação e à decodificação dos signos – atribuição dos significados – à maneira de produção, formar as letras, por exemplo. • Letramento: processo de aprendizado das funções sociais da língua escrita (SOARES, 2007) ou da linguagem verbal em sua forma escrita. São as unidades decodificadas em seus variados usos na sociedade, ou seja, o desenvolvimento de habilidades de uso da tecnologia escrita. Integram ao letramento habilidades envolvendo noções linguísticas, como saber construir um texto, ler e compreender a leitura, adaptar corretamente leituras e escritos ao contexto, segundo as situações e finalidades propostas. A partir desses dois conceitos – alfabetizar e letrar – e integrando os aspectos sociais da língua, com a qual os sujeitos estão intimamente ligados na vida em sociedade, a autora propõe a noção de “alfaletrar”: • Alfaletramento: conceito proposto com base nos estudos em Psicogênese, nos anos 1990. Para Soares (2007), é a aprendizagem da escrita e da leitura como codificação e decodificação dos signos juntamente ao aprendizado das funções e usos. Consiste em aprender a ler e a escrever lendo e escrevendo. Durante o processo de aprendizagem da leitura e da escrita (alfabetização) também ocorre o aprendizado dos usos em sociedade dessas tecnologias (letramento). Visite o endereço do projeto Alfaletrar para conhecer as propostas das equipes de Magda Soares e inspire-se com soluções para aplicação em sua atividade docente na área de língua portuguesa: http://alfaletrar.org.br/. DICAS UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 12 Agora que você já se familiarizou com os conceitos de alfabetização e letramento, assim como o de “alfaletramento”, abordaremos estas noções nas mídias digitais e no contexto virtual. A noção de alfaletramento aplica-se ao nosso estudo: os processos de leitura e escrita em suporte digital e o ensino da língua portuguesa mediada pelas TDICs, pois as mudanças velozes que ocorrem nesse âmbito implicam um aprendizado constante de novas formas de leitura e escrita. Veja, a seguir, as implicações sobre o letramento, com o letramento digital e os multiletramentos. 3.3 LETRAMENTO DIGITAL E MULTILETRAMENTOS Se você acessou o portal do MEC indicado no Subtópico 3.1 e consultou as possibilidades de utilização das tecnologias em sala de aula, percebeu que já não é possível dissociar a sociedade dos recursos proporcionados e disponibilizados pela Internet, bem como a comunicação mediada pelas tecnologias. O acesso e uso dos tipos e meios de comunicação digital impõem um novo aprendizado de linguagens e usos, já que o contexto tecnológico gerou novas formas de comunicação e linguagem, e ampliou as possibilidades de comunicação, ao mesmo tempo em que eliminou as noções de tempo e espaço das comunicações (LEVY, 1999). Por isso, falamos em letramento digital e multiletramentos quando se consideram o acesso às tecnologias e o seu uso efetivo na vida e, como docentes em língua portuguesa, em sala de aula. Kleiman (2014) atenta-se para a necessidade de aprendizagem − além do aprendizado do uso das tecnologias, seu funcionamento e possibilidades − também dos gêneros e formas discursivas que circulam nas TDICs. Vejamos, então, em que consistem o letramento digital e os multiletramentos: • Letramento Digital: para Soares (2002, p. 151), “um certo estado ou condição que adquirem [aqueles] que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela, diferente do estado ou condição – do letramento – dos que exercem práticas de leitura e de escrita no papel”. O letramento digital é uma necessidade, pois não são as tecnologias que se adaptam às necessidades e fazeres das sociedades, mas estas que precisam se adaptar para existir nos novos modelos de comunicação e mediação através do universo digital. Almeida (2005, p. 174) indica o “uso da tecnologia de informação e comunicação para propiciar ao cidadão a produção crítica de conhecimento, com competência para o exercício da cidadania e para inserir- se criticamente no mundo digital como leitor ativo, produtor e emissor de informações”. Dessa forma, o letramento digital favorece a inclusão crítico- social e o desenvolvimento de uma fluência tecnológica que permite conectar a educação às demandas do mundo do trabalho. TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 13 • Multiletramentos: a noção de multiletramentos surgiu com pesquisas realizadas pelo Grupo de Nova Londres (GNL), em 1996 (BEZ et al., 2018), e implica as diversidades sociais da contemporaneidade. Enquanto o letramento digital diz respeito à multiplicidade e variedade de práticas, os multiletramentos abarcam as novas práticas sociais e suas múltiplas linguagens, as mídias da atualidade globalizada e o conhecimento em rede. Nessa atualidade globalizada, não basta mais saber ler e escrever, com o domínio das linguagens verbal e não verbal; impõe-se a aquisição de novas habilidades e competências no âmbito social, político, cultural, global. Abre-se, desse modo, espaço a uma mestiçagem cultural na produção de leituras, escritas e funcionalidades que ultrapassam a esfera educacional. A sociedade multicultural demanda o desenvolvimento de habilidades múltiplas e essa necessidade é que deu origem ao termo “multiletramentos” (BUZATO, 2007). Para o GNL, os multiletramentos se tornaram necessários porque o uso das mídias digitais pedia uma forma mais ampla de letramento que englobasse “todas as formas de representar significados dos diferentes sistemas semióticos – linguístico, visual, sonoro ou auditivo, espacial ou gestual – inter-relacionados no texto multimodal contemporâneo” (KLEIMAN, 2014, p. 81). Logo, não se trata do letramento de acesso à leitura e à escrita, nem do letramento digital de acesso às ferramentas das TDICs. Trata-se de múltiplos letramentos em códigos, sistemas e representações de significados nas diversas culturas aproximadas pelas TDICs. IMPORTANT E Além disso, por se tratar das TDICs, vale lembrar que osgêneros e domínios discursivos dos meios digitais alteraram-se com relação às estruturas e aos mecanismos das tecnologias e mídias clássicas. No entanto, as necessidades de habilidades em letramento visual e letramento crítico persistem para que informação e comunicação produzam sentidos plenos. • Letramento visual: entendimento das informações visuais como elemento significativo na comunicação. A imagem significa do mesmo modo que a linguagem verbal, oral ou escrita. Para Kress (1998), imagem e texto coexistem e sua integração depende de um processo de elementos sociais, culturais, políticos, bem como de desenvolvimentos de representação, comunicação e tecnológicos. Letramento visual é a habilidade de compreender o funcionamento das imagens tanto quanto o funcionamento dos textos escritos e/ou orais, na produção de sentido. Na educação pelas TDICs, letramento visual é “a área de estudo que lida com o que pode ser visto e como se pode interpretar o que é visto” (OLIVEIRA, 2006, p. 18). UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 14 • Letramento crítico: as imagens divulgadas pelas mídias digitais estão imbuídas de ideologias diversas (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006). O letramento crítico integra as relações de poder existentes nas mais variadas produções textuais. Assim, um leitor criticamente letrado será capaz de perceber intenções, modalidades discursivas – o que o autor afirma? Como se posiciona com relação ao que afirma? Qual o seu distanciamento do que afirma −, integrando implícitos, pressupostos, subentendidos veiculados pelas TDICs. Almeida (2011) propõe uma pedagogia de letramento crítico visual de modo a conscientizar o aluno sobre valores e crenças presentes nos textos multimodais – tais como os textos da esfera digital. Logo, o letramento crítico impõe-se numa educação mediada pelas TDICs. Nesse aspecto, ao abordarem as práticas de formação docente, Kersch e Marques (2018) argumentam por um letramento midiático crítico baseado em seis dimensões: • Multiletramentos e novas tecnologias. • Equidade e acesso à tecnologia. • Análise de múltiplos pontos de vista na perspectiva de grupos não dominantes. • Ensino centrado no aluno. • Testemunho e restauração (contar a própria história é parte da pedagogia). • Promoção/divulgação do produto e transformação social. Ainda com relação ao aprendizado da cultura digital, Buzato (2007, p. 168) propõe uma definição global para os multiletramentos como: “redes complexas de letramentos (práticas sociais) que se apoiam, se entrelaçam, se contestam e se modificam mútua e continuamente por meio, em virtude e/ou por influências das TIC”. A partir dessa abordagem, no próximo subtópico, trataremos as linguagens características do texto impresso e do texto digital. Antes, porém, assista ao vídeo a seguir que, de maneira didática e clara, apresenta noções semióticas relacionadas à leitura, importantes para o seu trabalho mediado pelas TDICs. Vídeo de Simone Bueno Borges, Leitura e Multimodalidade: https://www.youtube.com/watch?v=06bOrtJXI6M. DICAS TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 15 No vídeo, você pôde ver conceitos chave para a nossa reflexão que são as modalidades e multimodalidades nas paisagens semióticas. Como você já sabe, as modalidades referem-se ao conjunto dos recursos criados social e culturalmente para produzir significados: fala, gestos, sons, escrita, gráficos, imagem. Logo, as multimodalidades compreendem os múltiplos recursos concomitantes na produção dos significados nos gêneros que circulam na sociedade. Já as paisagens semióticas englobam os objetos comunicativos presentes no espaço público e criados para produzir significado. Nas TDICs, há múltiplas paisagens semióticas nas quais os gêneros circulam. À medida que as sociedades evoluem e que novas formas de fazer transitar conteúdos vão se desenvolvendo, operam-se alterações também nas modalidades e nas paisagens semióticas. Por isso, nas TDICs, as modalidades existentes apresentam outros modos de funcionamento. Vamos ver a seguir desafios e oportunidades do texto digital com relação ao texto impresso. 4 TEXTO IMPRESSO E TEXTO DIGITAL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES Imagine que você acorda no Século XV e vive os anos que seguem a invenção da imprensa móvel por Johannes Gutemberg. Qual seria o cenário ao seu redor? A linguagem escrita, impressa, torna-se rapidamente um instrumento de informação, comunicação e circulação de conhecimentos em textos longos e pouco ilustrados. Você se sentiria perdido, não é? Isso porque o texto impresso transformou a maneira como as pessoas interagiam, comunicavam-se e até a maneira de pensar. Basta lembrar o desenvolvimento do pensamento científico cartesiano – de René Descartes − e os ensaios e tratados científicos. Do sistema de educação à circulação dos conhecimentos na forma de livros, jornais, revistas, as mudanças são imensas. Veja na imagem uma ilustração da imprensa de Gutemberg, fundamental na alteração do pensamento e do modo de estruturação dos discursos. FIGURA 1 − A IMPRENSA DE GUTEMBERG FONTE: <https://www.soliteratura.com.br/curiosidades/invencao_imprensa/>. Acesso em: 30 jun. 2020 UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 16 A partir de René Descartes e o pensamento “cartesiano”, o conhecimento passou a ser analisado metodicamente pelas partes que o compõem. Aprenda sobre o tema, assistindo ao vídeo de Soares Dicson, Filosofia: Método Cartesiano: https://www. youtube.com/watch?v=iMZ8_FtLn-Y. IMPORTANT E Quando falamos em “texto”, com frequência temos uma ideia de unidade física, com fronteiras, início, meio e fim, escrita, gramática, regras, impressão em papel; ou seja, embora todo texto seja multimodal, pensamos no texto em sua forma escrita e acabada. No entanto, você já sabe que a noção de texto vai muito além: “texto compreende toda unidade de produção de linguagem que veicula uma mensagem linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito coerente sobre o destinatário” (BRONCKART, 1999, p. 71). Você já estudou textos da oralidade, como diálogos, charges etc. Isso quer dizer que o texto não se caracteriza pela sua forma, mas pela ocorrência numa determinada situação. Lembra da paisagem semiótica do vídeo sobre multimodalidades e o exemplo do outdoor? NOTA As mídias digitais e a internet mudam o modo de produção, circulação e processamento dos conhecimentos e dos textos, pela introdução e banalização da noção de “hiper”: hipertexto, hipermídia, hipergêneros, hiperleitor (LEVY, 1999). Você está lembrado que o texto impresso obedece a fatores e critérios como os critérios de textualidade, construção do sentido, funcionamentos discursivos? Revise seus conhecimentos sobre os textos na obra: KOCH, I. V. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Editora Contexto, 2015. DICAS TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 17 No texto digital, as relações intermodais – entre texto, imagem, condições de produção e recepção − produzem sentidos concomitantes, pois a leitura se processa ao mesmo tempo, e até em outras dimensões ao convidarem o leitor a evadir-se através de ligações, os links para outros espaços. Esse aspecto refere-se à noção de hipertexto, sobre a qual falaremos no subtópico a seguir. No entanto, antes, convidamos você, acadêmico, a assistir à reportagem com a pesquisadora Lúcia Santaella, Do texto impresso à hipermídia, para introduzir aspectos teóricos ligados a esses dois funcionamentos textuais. Aproveite para compreender – ou relembrar – o conceito de “linguagem híbrida”, de que voltaremos a falar nesta obra. Acadêmico, indicamos o vídeo Do texto impresso à hipermídia, de Lúcia Santaella, no link: https://www.youtube.com/watch?v=3dLQ923Xi9M. DICAS 4.1 O HIPERTEXTO O princípio do hipertexto surgiu nos anos de 1940 quando o cientista americano Vannevar Bush criou o Memex, um instrumento de armazenamento dedados que permitia a leitura não linear – que implica o não sequenciamento no desenrolar da leitura. A linearidade refere-se ao que segue em linha, obedece a uma lógica e/ou sequência de estruturas possíveis: a escrita é linear; letras, palavras, frases seguem uma ordem. IMPORTANT E O termo, porém, foi cunhado mais tarde pelo filósofo e sociólogo Ted Nelson, inspirado na noção matemática do hiperespaço – o espaço com quatro ou mais dimensões (SILVA NETO, 2010). No ramo das TDICs, Levy (1999) concebe o hipertexto como hiperdocumentos aos quais se atribui a noção de texto, associados por conexão em rede. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 18 Rede é o espaço livre de comunicação interativa e comunitário, instrumento mundial de inteligência coletiva (LEVY, 1999). NOTA Diferentemente do que ocorre na leitura linear dos textos escritos, o hipertexto permite navegação a partir de pontos específicos, segundo o desejo dos usuários, em conexões, ou links, que funcionam como “janelas” através das quais é possível transitar entre documentos. Essa noção não se restringe apenas ao universo digital: uma Biblioteca e seu sistema de envios, como textos em rede, é uma forma de hipertexto (LEVY, 1999). A diferença para o hipertexto virtual é a velocidade e a forma intuitiva com que se fazem as interações entre documentos – como você pôde ver no vídeo de Santaella − e entre as linguagens híbridas ou não. Link [do inglês elo, vínculo, ligação]. Na informática, a palavra link pode significar hiperligação, ou seja, palavra, texto ou imagem que quando clicada encaminha o usuário para outra página na internet, que pode conter outros textos ou imagens. Na análise discursiva e o estudo dos textos nas TDICs, o link ou “ligação” opera uma função pseudogramatical, na medida em que provoca um movimento no discurso. FONTE: <https://www.significados.com.br/link/>. Acesso em: 18 nov. 2019. NOTA Através dos links que segue, o leitor torna-se “consumidor e autor no hipertexto” (LEVY, 1999, p. 58). Koch (2006, p. 61) afirma que “todo texto é hipertexto”, pois o leitor pode sempre realizar interrupções no sequenciamento linear para a construção dos sentidos presentes no texto. TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 19 Esse aspecto pode ser facilmente observado nas obras de Júlio Cortázar, O Jogo da Amarelinha, Jorge L. Borges, La Biblioteca de Babel, Gerard Genete, Palimpsesto. Não deixe de consultá-las para imbuir-se das noções de hipertexto, intertexto, releituras e reescritas múltiplas. A obra de Neitzel (2009) também fornece exemplos úteis de hipertextos na escrita. Procure consultá-la para enriquecer seus estudos e sua atuação como professor de língua portuguesa: NEITZEL, A. de A. Hipertexto: o jogo das construções hipertextuais. Florianópolis: EDUFSC, 2009. IMPORTANT E Marcuschi (2007, p. 186-189) também confere ao hipertexto uma abrangência múltipla, mas vai além ao estendê-lo à esfera social: [...] o hipertexto não é um fenômeno do meio estritamente eletrônico ou exclusivamente do mundo digital. Na verdade, você não precisa entrar na internet para defrontar com um hipertexto. O hipertexto já se encontra no seu caminho diário de casa para o trabalho, a escola, a igreja, o dentista e o mercado, desde há muito tempo. Na verdade, poderíamos afirmar que nós pensamos em hipertexto, não é? Veja, por exemplo, como os pensamentos se encadeiam em sua mente e, muitas vezes, nas conversas, de repente, surgem falas totalmente descontextualizada, sendo comuns explicações como: é que isso me fez pensar em determinado aspecto, assunto ou tema. Nesse sentido, a conversa partiu em hipertexto a partir de um link para isso. No discurso virtual, o hipertexto possui três características (SNYDER, 2010, p. 256): • Múltiplos caminhos de leitura. • Texto que inclui imagens e/ou sons, dividido em blocos ou fragmentos. • Algum mecanismo eletrônico que possibilite conectar os blocos ou fragmentos. Veja, na Figura 2, uma ilustração de hipertexto no discurso virtual: UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 20 FIGURA 2 − EXEMPLOS DE LINKS HIPERTEXTUAIS FONTE: <https://www.slideshare.net/JorgeFontenele1/seminrio-hipertexto>. Acesso em: 20 jan. 2020. Evidentemente, a possibilidade de realizar incursões ou buscar em outros textos informações complementares, sequenciais, comparativas às encontradas em um texto lido abre caminho a infinitas possibilidades de leitura, que não são mais lineares – na sequência −, mas concomitantes − ou ao mesmo tempo −, em um sistema aberto em possibilidades. Snyder (2010) considera hipertextuais também as múltiplas possibilidades argumentativas, linguísticas e pragmáticas – de uso − que o processo permite e ainda acarreta no futuro. Esse aspecto pode ser observado através de transformações operadas nos gêneros de discurso, como no caso da publicidade: nas mídias clássicas, escritas ou audiovisuais, as propagandas são narrativas, frequentemente, sob a forma de spots lúdicos, contêm contradições, linguagens apelativas. Nas TDICs, passam a brevíssimas aparições recheadas de links hipertextuais, enviando o discurso para outras possibilidades. Essa abertura a incursões nos conduz a abarcar a noção dos “nós” de um rizoma. Você já ouviu falar dessa teoria? TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 21 Para uma explicação didática e clara do conceito de rizoma, assista ao vídeo de Um pouco de filosofia: o estranho conceito de um rizoma, no link: https://www.youtube. com/watch?v=fOYnCY7myDM&t=18s. DICAS FIGURA 3 − IMAGEM DE RIZOMA VEGETAL E DIGITAL FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/parts-equisetum-arvense-horse- tail-sporophyte-fertile-1006681093>; <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/rhizo- mes-240170212>. Acesso em: 20 jun. 2020 A noção de rizoma tem muito a ver com multiplicidade: de direções, possibilidades, conexões etc. Veja, na Figura 3, como as conexões se efetuam através de nós – os links −, levando a múltiplas direções. O hipertexto e a interatividade estão estreitamente ligados à noção do rizoma, que permite a cada nó novos caminhos aleatórios para leitura e construção de significados. Esse funcionamento aproxima-se do mapa mental, gênero que você já conhece, não é mesmo? Para o estudo do discurso digital, trata-se de um aspecto fundamental. Rojo e Moura (2012) veem na interatividade das mídias digitais a característica propulsora do hipertexto. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 22 As mídias de massa tradicionais (televisão, rádio, jornais) emitem para um interlocutor tomado em sua totalidade, uniformizado. Nas mídias digitais, a possibilidade de interação direta entre emissor e destinatário, a relação autor-leitor dos textos, individualizou- se (ROJO; MOURA, 2012). NOTA A facilidade acarretada nos modos de construção e recepção dos textos multimodais transforma a maneira com que significados e sentidos são elaborados. Dionísio (2011) observa um declínio na preferência pela palavra em consequência dessa transformação. A dinamicidade da ferramenta digital faz com que o texto digital também seja dinâmico, multiforme, impregnado dos novos modos de pensar e conviver da sociedade digitalizada. 4.2 LINEARIDADE X NÃO LINEARIDADE A noção linearidade é fundamental para o estudo dos textos nas TDICs. Vamos, então, lembrar o que vem a ser linearidade e não linearidade, dois conceitos amplamente empregados em diversas áreas do conhecimento: • Em Lógica e Matemática tem a ver com previsibilidade, determinação. • Em Linguística, com sucessão e sequência, ordem. • Em Comunicação, orientação, direção. Todos esses sentidos, na verdade, aplicam-se à temática da leitura e dos textos mediados pelas TDICs. Veja: costuma-se atribuir a linearidade como característica da sociedade da escrita, em oposição às sociedades orais, marcadas pela circularidade. As primeiras civilizações, nômades e tribais, impregnavam-sedos seus discursos através da repetição. A linguagem falada nessas sociedades orais demarcava identidades circulares na medida em que indivíduos da mesma tribo compartilhavam as mesmas falas, formando, assim, círculos de familiaridade e compartilhamento de conhecimentos. O sequenciamento das falas não era regido por uma ordem predeterminada: a oralidade para a comunicação pedia a presença do outro e a repetição dos conteúdos. Daí a noção de circularidade atribuída a essas culturas orais, em que histórias se repetem, acontecimentos, sazonalidades, presenças dos interlocutores, músicas, rimas, cantigas, contos, mitos, tudo isso remete à memória num eterno retorno de informações carregadas de conteúdos e afetos (KENSKI, 2007). TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 23 A linguagem escrita, porém, é fruto de outro momento histórico em que a sociedade, já sedentária, vivencia situações estruturadas, da ordem do previsível − a terra cultivada produzirá os frutos esperados, a ação começada implica em sua continuação e conclusão etc. Essa sociedade caracteriza-se pela linearidade. A própria escrita, como você sabe, obedece a uma sucessão, sequência de estruturas possíveis. A palavra “página” viria de pagus, o campo arado em linhas retas para o plantio (LEVY, 1999). Assim, não escrevermos em círculos, mas linhas em sequência ordenada e codificada. NOTA Desse modo, estabelecemos relações sobre os dois eixos: o sintagmático – relacionado às sequências umas após as outras – e o paradigmático – numa relação de exclusão das unidades –, a ocorrência de uma exclui a outra, embora, numa esfera virtual, como você já sabe, elas coexistam. Para Ferdinand Saussure, o pai da linguística estruturalista, as unidades da língua estabelecem entre si relações associativas e de contraste ou oposição de dois tipos: sintagmáticas – lineares e inseridas na cadeia da fala e da escrita – e paradigmáticas – de exclusão, já que a ocorrência de um signo inviabiliza automaticamente outras (SAUSSURE, 1976). Consulte o texto apresentado por Ceia (2009), disponível em: https://edtl.fcsh.unl. pt/encyclopedia/eixo-sintagmaticoeixo-paradigmatico/. DICAS Logo, linearidade tem a ver com sequência e ordens de sucessão, como na leitura dos textos escritos tradicionais. Lembra dos fatores de textualidade? Coesão e coerência interligam as partes e formam o todo. Na verdade, o pensamento ocidental cartesiano ordena-se a partir de uma perspectiva linear: causa e efeito, antes e depois, o todo e as partes. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 24 A era virtual que estamos vivendo transforma esses conceitos e impõe novas formas de pensamento, comportamentos, aprendizagem e comunicação. Morin (2000) definiu o pensamento complexo que se traduz por uma incapacidade de compreender a verdade através da segmentação dos conhecimentos, mas antes por uma abordagem sistêmica, ou interligando dimensões da realidade. Em síntese: uma abordagem transdisciplinar ou não segmentada. Esta teoria aponta a necessidade de mudanças na educação em razão da complexidade de temas, sujeitos e comportamentos da atualidade, que demandam abordagens intersubjetivas, e habilidades e competências para a tomada de decisões. Para entender, que tal ler esta obra do autor? Leia o livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, de Morin. FONTE: MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. IMPORTANT E A linearidade como código é aprendida desde a mais tenra idade, a fim de tornar possíveis a (de)codificação e a estruturação dos elementos da língua em textos segundo contextos e situações específicas. Escrever, como você sabe, não é o mesmo que falar, em que a presença do interlocutor permite incursões, idas e voltas – os círculos da era oral −, recuperações em mal-entendidos. Escrever exige pensar, uma complexidade que impõe os letramentos (KATO, 2009). Na área da Comunicação, logo, nos contextos que englobam as TDICs, a linearidade compreende a orientação dada a uma informação (MCLUHAN, 1977). Na obra A galáxia de Gutemberg, o autor anuncia que a forma de percepção produzida pelas imagens de televisão e outros dispositivos de comunicação substitui a forma linear de pensar da sociedade marcada pela escrita. Isso porque a percepção não se dá na ordem do sequenciamento, mas é simultânea ou até inversa, com uma tendência à preferência pela imagem. Você está lembrado do que disse Santaella em seu vídeo? As novas formas reorganizam as formas existentes. Nas mídias digitais, o discurso inteiro reorganiza-se, abrindo possibilidades múltiplas e flexíveis. Aquelas figurinhas usadas nas mensagens de WhatsApp − os emojis, emoticons, memes − nada mais são do que o reflexo disso. NOTA TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 25 Nas mídias do tipo clássico são lineares os modos de difusão orientados da fonte a um público passivo. Não lineares, dentro dessa perspectiva, são os modos de difusão interativos, tais como um telefone – emissor e receptor − e a internet, pelas múltiplas conexões que permite estabelecer. No que lhe diz respeito, em seus estudos, são não lineares os modos de ensino e aprendizagem mediados pelas TDICs, em que docentes e aprendizes interagem de maneiras e através de canais e ferramentas múltiplas. Gonçalves e Barbosa (2015, p. 710) criticam as dicotomias apoiadas no termo “linha” e propõem uma abordagem menos estanque entre culturas oral e digital não lineares x cultura escrita linear, até porque o hipertexto digital apoia- se na escrita linear para se concretizar: Em lugar de opor a Linearidade (iniciada com maiúscula) da escrita e dos textos ao não linear do oral e do digital, seria interessante pensar processos localizados e contingentes: haveria, por exemplo, práticas de linearização no âmbito da oralidade (a escuta sequencial de um texto declamado), ou processos não lineares em textos manuscritos e impressos (navegação irregular e não sequencial dentro do texto), ou usos lineares de hipertextos (como quando se lê sequencialmente na Internet) e assim sucessivamente. Ilustram esta proposta os escritos de Gérard Genette, Jorge Luiz Borges, Júlio Cortázar e até Machado de Assis, nas Memórias Póstumas de Brás Cubas, repletos de incursões e inter e hipertextuais, aproximando a leitura de um imenso hipertexto não linear. NOTA Essas múltiplas possibilidades – e pautado na proposta de Gonçalves e Barbosa (2015) sobre usos lineares de hipertextos − conduzem a reflexão aos agentes desses processos lineares e não lineares. Por isso, a seguir, abordaremos o papel do leitor coautor e os diálogos possíveis nos textos digitais. UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 26 4.3 LEITOR X LEITOR COAUTOR – DIÁLOGOS A grande diferença surgida no âmbito da leitura em contexto digital é, sem dúvida, a possibilidade dialógica interativa entre autor e leitor, e não apenas leitor, mas leitores, que dialogam entre si. Essa dinamicidade era desconhecida ao texto em suporte físico em sua trajetória típica entre emissão, leituras possíveis, efeitos de sentido e questionamentos possíveis. Todo texto é dialógico em sua essência (BAKHTIN, 1997b): a orientação dialógica do texto pressupõe a existência de um elo entre autor e leitor destinatário que, como já vimos, nunca estão sós, mas inter-relacionam-se continuamente. O texto é reflexo desse dialogismo (BAKHTIN, 1997b, p. 383): Vivo no universo das palavras do outro. E toda a minha vida consiste em conduzir-me nesse universo, em reagir às palavras do outro (as reações podem variar infinitamente), a começar pela minha assimilação delas (durante o andamento do processo do domínio original da língua), para terminar pela assimilação das riquezas da cultura humana (verbal ou outra) [...]. Essa redistribuição de tudo o que está expresso na palavra, e que dota o ser humano de um pequeno mundo constituído de suas palavraspessoais (percebidas como pessoais), representa o fato primário da consciência humana e da vida humana. Na leitura, a relação autor-texto-leitura-leitor não se faz em uma só direção, mas é sempre conjunta. Para Fanini (2015, p. 21-22): A leitura não é ação isolada do leitor; tão pouco é direcionada unicamente pelo autor ou por um código literário dado. O autor não se submete ao leitor e vice-versa. Ambos resistem em suas particularidades. Ambos se utilizam de um código partilhado, dado cultural e socialmente, mas cada um o mobiliza de acordo com sua posição. O sentido constrói-se na relação dialógica que se estabelece entre estas duas instâncias a partir do material linguístico-discursivo compartilhado, os textos. Com o surgimento de novos suportes e recursos para a comunicação, tais como as TDICs, a relação entre autor-texto-leitor relativizou-se, bem como os respectivos conceitos. As TDICs possibilitam novas formas de produção e recepção − e de códigos e textos – compartilhados por autores e leitores que se distinguem nitidamente desses aspectos, notadamente os da era da escrita. Textos multimodais, produzidos em ambiente virtual, mobilizam bem mais que codificação e decodificação de signos e aspectos situacionais. Englobam comportamentos, atitudes, aspectos cognitivos ligados à interação mediada por dispositivo digital (CARVALHO; PAGANI; GOMES, 2015). Há implicações: TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 27 • A leitura realizada em meio digital confronta materiais e atores de um novo tipo. • Continuamos a ler como antes – na era escrita –, mas com papéis diversos. • A significação das diversas modalidades – linguagem verbal, visual, agenciamento gráfico, interativo etc. – impõem competências leitoras e atitudinais mais amplas. • Aos modelos de leitura bottom up e top down impõe-se o modelo interativo. • Os recursos do universo digital mobilizam novos comportamentos por parte dos atores: o leitor é convidado a evadir-se por meio dos links, deambular entre escritos, encantar-se e descobrir possibilidades previstas na criação hipertextual. • A leitura mobiliza capacidades visuais, sonoras, táteis, que interagem com a linguagem verbal a ser decodificada por este novo leitor ativo e interativo. • O hipertexto é uma forma ativa de texto que se desloca à medida que a leitura é efetuada – e não mais o leitor, como ocorre na linearidade. • Entre o virtual e o que se realiza no plano real “[tudo] se dá como se o autor de um hipertexto constituísse uma matriz de textos potenciais, o papel dos navegadores é o de realizar alguns desses textos” (LEVY, 1999, p. 57). É sobretudo nesse último aspecto que ocorre um diálogo vivo entre um autor-leitor do texto virtual – o hipertexto − e um leitor-coautor, na medida em que o primeiro estabelece caminhos possíveis de leitura enquanto o segundo os percorre, efetivamente. O que nos conduz a concluir com Levy (1999, p. 61) que “toda leitura é uma escrita potencial” através do hipertexto digital. Modelos bottom up e top down propostos por Kato (1986): • O modelo bottom up consiste na decodificação de sons e letras pelo leitor, que assume um papel passivo. • No modelo top down, o leitor, ativo, participa na construção dos sentidos. Para o modelo interacionista o sentido da leitura é produto da interação entre leitor e texto (DURAN, 2009). IMPORTANT E UNIDADE 1 — LETRAMENTO E LEITORES DO SÉCULO XXI 28 UMA LEITURA INTERATIVA A interatividade é, segundo Clément (1997), uma das propriedades que mais distingue o texto digitalizado do impresso. A verdadeira novidade do livro eletrônico é a utilização das novas técnicas que atendem pelos nomes: hipertexto, interatividade, rede e multimídia. Nesse momento, iremos nos deter em discutir algumas questões acerca da interatividade, as quais nos remetem a visões sobre fechamento e abertura da obra, e essas duas acepções interferirão diretamente no processo de escrileitura. Para que escrita e leitura sejam abordadas como atividades geminadas numa modalidade em que uma gera a outra, necessita-se que a escrita esteja aberta às escolhas do escrileitor. A escrita eletrônica é comumente tratada como um aparato textual aberto por várias razões, entre elas, a posição dialogante interativa em que o escritor é colocado em face do écran, com relação a seu próprio texto. Assim, a flexibilidade do texto no meio digital é considerada maior do que a apresentada pelo texto impresso, uma vez que aquele não possui versão final, uma versão nunca é definitiva porque pode ser atualizada, substituída ou completada. A escrita impressa, apresentando uma estrutura fixa, com suas páginas imutáveis, não possibilitando uma substituição de edições revisadas, mas apenas uma suplementação, segundo esta concepção, manter-se-ia numa posição menos dinâmica do que a escrita eletrônica. Entretanto, a dinamicidade do texto impresso, se não pode ser sustentada pelos mesmos fatores que contribuem para o movimento do texto digital, pode se efetivar por outros aspectos peculiares do hipertexto impresso. Como conceber o Jogo da Amarelinha como o término da narrativa se o leitor é remetido do capítulo final, o 145, para o capítulo 125, e deste para o 145, num processo circular e contínuo, sem que em nenhum momento se depare com uma estrutura conclusiva? Também Ítalo Calvino, em As cidades invisíveis, resolve “abandonar” sua obra, evitando qualquer capítulo que encerre a discussão ou aponte para um final redentor. As páginas finais indicam aquela que seria a última discussão, travada entre o Grande Khan e Marco Polo, no entanto, ela aponta para questões metafísicas que tornam incerto o dito, um discurso que visa, num processo contínuo, alimentar as polêmicas anteriores ao remetê- las para outras questões, criando uma ilusão de contínuo. Assim, é possível entrever, na porosidade da obra, aberturas que nos exigem relativizar nosso entendimento sobre a escrita impressa supostamente controlada pelo autor. É preciso também discutir o que se entende por interatividade. Para Levy (2000, p. 79), “[...] interatividade, em geral, ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação”. Snyder (1997), quando fala de interatividade, também o faz pensando no empenho e na participação que o leitor manifesta no ato de leitura, relacionando-a com o engajamento verbal que um sujeito tem com o outros num diálogo, e com a sua liberdade de percorrer o texto de forma transversal. FONTE: NEITZEL, A. A. Uma leitura interativa. In: NEITZEL, A. de A. Hipertexto: o jogo das construções hipertextuais. Florianópolis: EDUFSC, 2009. p. 193-5. TÓPICO 1 — LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 29 Com esse raciocínio completamos este primeiro tópico de estudos em que focamos na leitura, nos letramentos e nos leitores digitais. Veja, a seguir, o resumo do tópico e, após, realize as autoatividades propostas. 30 Neste tópico, você aprendeu que: • A leitura como processo envolve aspectos cognitivos e metacognitivos conscientes e inconscientes que permitem acessar os sentidos. • Os sentidos, a emoção e o raciocínio constituem os três níveis básicos de leitura. • São conhecimentos necessários para a efetivação do processo de leitura e a resolução de hipóteses formuladas antes de ler: conhecimento prévio, conhecimento de mundo e conhecimento textual. • O processo de leitura efetiva-se mediante estabelecimento de hipóteses, confrontação e resolução das hipóteses formuladas. • A multimodalidade que caracteriza os textos digitais demanda capacidades sensoriais, visuais e leitoras do leitor em contexto digital. • Os leitores da atualidade tecnológica ocupam um papel central na concepção dos sentidos de um texto, na medida em que o texto digital se caracteriza pelo hipertexto. • O hipertexto, como múltiplos textos, oferecendo leituras virtualmente possíveis, derruba o conceito de linearidade atribuído à leitura dos textos escritos.
Compartilhar