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T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 1 🦴 T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) Problema 1 – MUITO A SE PROCURAR Graciete, 62 anos, é encaminhada para avaliação de densitometria óssea, solicitada pelo clínico geral. Refere antecedente de “enfisema pulmonar”, sem acompanhamento regular, e em uso frequente de prednisona, prescrito por um amigo farmacêutico, para alívio dos sintomas. Relata também quadros frequentes de dor e distensão abdominal, associados à diarreia e flatulência, principalmente ao consumir pão francês no café da manhã e pizza aos finais de semana. Nega tabagismo, mas refere ingerir ao menos três taças de vinho, por dia, desde a morte de sua mãe, há cinco anos, por fratura de fêmur. Menopausada aos 39 anos e sem investigação, por se considerar naturalista, e achar ser apenas consequência da idade. A densitometria óssea mostra o seguinte resultado: coluna L1-L4 (T-score = -3,1; Z- score = -2,1); colo do fêmur (T-score = -2,7; Z-score = -2,5); fêmur total (T-score = -1,8; Z-score = -2,3). OBJETIVOS: 1. Identificar as funções do sistema esquelético (TORTORA, 12ª ED) 2. Descrever a homeostase do cálcio e do fósforo (ACL 2016, CAP. 296, P. 2579; GUYTON; TORTORA) 3. Descrever o controle hormonal destes elementos (ACL 2016, P. 2580-2581; GUYTON) 4. Descrever o processo de remodelação óssea (metabolismo ósseo da infância à senectude) 5. Identificar as principais causas de osteoporose secundária (MANUAL REUMATOLOGIA 2018, P. 215) T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 2 6. Descrever os exames complementares a serem solicitados na investigação de osteoporose secundária (MANUAL REUMATOLOGIA 2018, P. 216) 7. Reconhecer os principais tipos de fraturas (TORTORA, 12ª ED) 8. Caracterizar as fases de reparo de uma fratura (TORTORA, 12ª ED) 1. Identificar as funções do sistema esquelético O sistema esquelético é constituído de ossos e cartilagens, além dos ligamentos e tendões. Suas principais funções são: 1. Suporte/sustentação: o esqueleto sustenta os tecidos moles e fixa os tendões dos MEE ⇒ Arcabouço estrutural do corpo. 2. Proteção: proteção dos órgãos internos, como os pulmões e o coração, que são protegidos pelo esterno, costelas e coluna vertebral (caixa torácica). 3. Base mecânica para o movimento/Assistência ao movimento: a maioria dos MEE se fixam nos ossos, e ao se contraírem, tracionam os ossos. 4. Homeostasia mineral (armazenamento e liberação): o osso armazena minerais (Ca e P), que conferem resistência. Conforme a necessidade, esse minerais podem ser liberados pelos ossos p/ corrente sanguínea e distribuídos às outras partes do corpo. 5. Hematopoese: a MO vermelha localiza-se no interior de certos ossos (nos adultos: quadril, costelas, esterno, vértebras, crânio, úmero e fêmur) e tem como função a produção de hemácias, leucócitos e plaquetas. Com o avanço da idade, parte dessa medula óssea torna-se amarela. 6. Armazenamento de triglicerídeos: a MO amarela contém adipócitos que armazenam TGs ⇒ Reserva potencial de energia. 2. Descrever a homeostase do cálcio e do fósforo HOMEOSTASE DO CÁLCIO CÁLCIO NO PLASMA E NO LÍQUIDO INTERSTICIAL: 99% Ca localiza-se nos ossos sob a forma de hidroxiapatita (reservatório de Ca) + 1% nas céls e suas organelas + 0,1% líquido extracelular (LEC). Cálcio no plasma/LEC (0,1%): presente de 3 formas: 1) Cerca 41% (1mmol/L): combinados às pts plasmáticas e NÃO difusíveis através da memb. dos capilares = Ca ligado a proteínas!! 2) Cerca 9% (0,2mmol/L): SÃO difusíveis através da memb. dos capilares, mas estão combinados às substâncias aniônicas do plasma e líquidos intersticiais (p. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 3 ex., citrato e fosfato) e, desse modo, NÃO SÃO ionizados = Ca unido a ânions!! 3) 50% (1,2mmol/L): difusíveis e ionizados = Ca iônico/livre!!! Ca sérico total: Ca livre + Ca ligado a albumina. Sua dosagem é mais estável e menos sujeita a interferências⇒ VR: 8,5-10,5mg/dL Quando não der para determinar o cálcio iônico, determinar a albumina sérica e corrigir o cálcio total pela fórmula: Cálcio total corrigido = Cálcio total + 0,8 x (4 - albumina) ⇒ Cálcio em mg/dL; Albumina em g/dL. Ca iônico: apesar ser o mais importante fisiologicamente, sua dosagem sofre muitas ⇒ VR: 4,6-5,3mg/dL Sofre interferências de pH sérico, temperatura, [ ] de outros íons. P. ex.: acidose e hipoalbuminemia= ↑ Ca iônico; alcalose= ↓ Ca iônico. Receptor Sensor de Cálcio (CASR): controla homeostase de Ca, percebendo alterações nas [ ] plasmáticas de Ca iônico, ajustando a [ ] de volta para os limites da normalidade por meio do PTH Hipercalcemia (↑ Ca iônico no sangue): ↓ PTH pelos CASRs paratireoidianos e ↓ reabsorção de Ca pelos CASRs presentes nos túbulos renais A ↓ PTH ↓ mobilização de Ca a partir osso e ↓ síntese vit. D ativa (calcitriol), que ↓ absorção de Ca pelo intestino. Hipocalcemia: ↑ PTH pelos CASRs paratireoidianos e ↑ reabsorção Ca nos rins. 💡 O controle do Ca é fundamental, pois ele controla contração MEE, cardíaco e liso, coagulação sanguínea e impulsos nervosos Se hipercalcemia (LEC): depressão sistemas nervoso e muscular ⇒ lentificação atividades reflexas SNC, ↓ intervalo QT do coração, hipercalciúria (↑ risco cálculos renais), falta apetite e constipação. Além disso, quando o nível cálcio ultrapassa 17 mg/dL no sangue ⇒ Precipitação dos cristais de fosfato de cálcio por todo o corpo. Se hipocalcemia (LEC): excitação SN ⇒ tetania (sinais Chvostek e Trousseau) e crises epilépticas T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 4 Absorção Intestinal e Excreção Fecal de Cálcio e Fosfato: 💡 Dieta adequada em cálcio e fósforo: 1000-1200mg/dia, separadamente. Cátions divalentes, como o Ca2+, são mal absorvidos pelos intestinos. MAAAS, a vit. D promove absorção de cálcio pelos intestinos, e cerca de 35% (350 mg/dia) do cálcio ingerido costuma ser absorvido; o cálcio, remanescente no intestino, é excretado nas fezes. A absorção de Ca pelo intestino pode ser passiva (paracelular - absorve 5% Ca ingerido) e ativa (transcelular - dependente de calcitriol, que expressa canais iônicos e proteínas intracelulares, como a calbindina). Quantidade adicional de 250 mg/dia de cálcio chega aos intestinos por meio dos sucos gastrointestinais secretados e pelas células descamadas da mucosa. Dessa forma, aproximadamente 90% (900 mg/dia) da ingestão diária de cálcio é excretada nas fezes. Tetania hipocalcêmica na mão = Espasmo carpopédico (Guyton). T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 5 Excreção Renal de Cálcio: Cerca 10% (100 mg/dia) do cálcio ingerido são excretados na urina. Cerca de 41% do cálcio plasmático estão ligados às proteínas plasmáticas e, portanto, não é filtrado pelos capilares glomerulares. O restante é combinado aos ânions como fosfato (9%) ou ionizado (50%), sendo filtrado pelos glomérulos para os túbulos renais. Os túbulos renais reabsorvem 99% do cálcio filtrado: Aproximadamente 90% do cálcio no FG são reabsorvidos nos túbulos proximais, nas alças de Henle e nos túbulos distais iniciais. Túbulos proximais (65% Ca filtrado): reabsorção passiva, por via paracelular acoplada à reabsorção de sódio. Visão geral da troca de cálcio entre os diferentes compartimentos teciduais, em pessoa submetida à ingestão de 1.000 mg de cálcio por dia. Note que grande parte do cálcio ingerido é, normalmente, eliminada nas fezes, embora os rins tenham a capacidade de excretar quantidades abundantes de cálcio, por meio de redução na reabsorção tubular de cálcio. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 6 Porção ascendente da alça Henle (20% Ca filtrado): por via paracelular na presença de paracelina-1, que é inibida em concentrações elevadas de cálcio e magnésio via CASR (independente de PTH ou vitamina D). Túbulos distais (10% Cafiltrado): por via transcelular, por intermédio de canais iônicos específicos (TRPV5) e proteínas intracelulares como a calbindina, além de um gradiente de cálcio mantido por transportadores de cálcio ATPase-dependente e bombas de Na+/Ca2+, sob controle do PTH. Nos túbulos distais finais e nos ductos coletores iniciais, a reabsorção dos 10% remanescentes é seletiva, dependendo da concentração do cálcio iônico no sangue. PTH = controla reabsorção de cálcio nas porções distais do néfron e controla tb a intensidade de sua excreção. INTERCÂMBIO DE CÁLCIO ENTRE O OSSO E O LEC: A maior parte do Ca intercambiável está no osso, na forma de sal prontamente mobilizável, como o CaHPO4. A importância do cálcio intercambiável está na provisão de um mecanismo rápido de tamponamento para manter a [ ] cálcio iônico nos LECs, evitando ↑ excessivos, ou sua queda a níveis baixos. HOMEOSTASE DO FÓSFORO FOSFATO INORGÂNICO NOS LÍQUIDOS EXTRACELULARES: O "P" possui alta afinidade pelo Ca e forma sais de fosfato de cálcio ⇒ Principal matéria prima dos cristais de hidroxiapatita depositados na matriz óssea (85% do fosfato total). 85% fosfato estão armazenados ossos + 14-15% nas céls + 1% líquido extracelular. As formas de fosfato sérico: 45% iônico; 45% complexado a Na, Ca e Mg; 10% ligado a proteínas. O fosfato inorgânico no plasma se encontra, em grande parte, sob duas formas: HPO4= e H2PO4−. Qdo o pH MEC fica + ácido: ↑ H2PO4− e ↓ HPO4= Qdo o PH MEC fica + básico: ↓ H2PO4− e ↑ HPO4= T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 7 💡 A variação dos níveis de fosfato, no LEC, p/ valores bem abaixo do normal até 2-3x a mais, não provoca efeitos imediatos importantes no organismo. Em contraste, até leves aumentos ou quedas do íon cálcio no LEC podem causar efeitos fisiológicos extremos e imediatos. ⚠ A hipocalcemia ou a hipofosfatemia crônicas ↓ intensamente a mineralização óssea. Absorção intestinal: 65% fosfato ingerido passa por absorção passiva, na presença de calcitriol. Podendo chegar a 90% de absorção c/ a participação de cotransportadores de Na+/PO42. Excreção Renal de Fosfato: A excreção renal do fosfato é controlada por um mecanismo de transbordamento. Ou seja, quando [ ] fosfato no plasma está abaixo do valor crítico de aproximadamente 1 mmol/L, todo o fosfato no FG é reabsorvido, não ocorrendo qualquer perda pela urina No entanto, acima dessa concentração crítica, a perda de fosfato é diretamente proporcional ao aumento adicional. 4 a 6 g/dia de fosfato são filtrados, 85 a 90% são reabsorvidos. Túbulo proximal: cotransportadores de Na/PO42 podem ser internalizados e destruídos na presença de concentrações elevadas de PTH ou de FGF23 (fator de crescimento de fibrolblastos 23), o que leva ao ↑ fosfatúria. Hiperfosfatemia: estimula secreção de FGF23 pelos ossos Hipofosfatemia: estimula a produção renal de calcitriol e ↓ FGF23. 3. Descrever o controle hormonal do Ca e do P O controle hormonal do cálcio e do fósforo é feito por: PTH, vitamina D, FGF23 (fator de crescimento de fibroblastos 23) e calcitonina. PARATORMÔNIO (PTH) O PTH é produzido nas céls principais da paratireoide e é secretado muito rápido quando é preciso. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 8 FUNÇÃO: controlar a [ ] sanguínea de cálcio (HIPERCALCEMIA) e de fósforo (HIPOFOSFATEMIA), alterando a reabsorção intestinal, secreção renal e a troca desses íons entre o líquido extracelular e o osso. O estímulo de forma crônica pode levar a proliferação das céls principais. No caso do raquitismo, quando o nível de Ca está baixo, as paratireoides ficam bem aumentadas. Esse ↑ glândula também ocorre durante a gestação (mesmo variando pouco o nível de Ca) e durante a lactação (Ca é usado pra produzir o leite). METABOLISMO: acontece 70% no fígado, 20% nos rins e em outros tecidos, como ossos, resultando em t1/2 de cerca de 4 minutos na circulação periférica. FATORES ESTIMULAM OU INIBEM: Hipocalcemia: estimula secreção PTH (pega Ca osso e joga no sangue), mediada pelos CASRs paratireoidianos (receptor sensor de Ca = CASRs). Calcitriol (vit. D): inibe a síntese e secreção PTH (?) e inibe proliferação das céls da paratireoide. Hiperfosfatemia: estimula secreção PTH (sobretudo na DRC) Hipomagnesemia discreta: estimula secreção PTH, pois o Mg se liga aos CASRs atuando como agonista Hipomagnesemia intensa: inibe a secreção de PTH Absorção óssea causada por outros fatores, que não o PTH: estimula o PTH. Exemplo: desuso dos ossos. AÇÃO PTH NOS OSSOS: Fase rápida (osteólise): começa em minutos e ↑ gradativamente em horas. Ativa céls que já existem, como os osteócitos, promovendo liberação de Ca e fosfato. O PTH ativa bomba de Ca dos osteócitos e dos osteoblastos causando remoção de sais de fosfato de Ca dos cristais ósseos amorfos da matriz óssea. Fase mais lenta: que leva dias ou semanas, o PTH induz a proliferação dos osteoclastos e reabsorção óssea (tirar Ca do osso e jogar no sangue) ⇒ Essa ativação dos OCs é de forma indireta ⇒ O PTH ativa OBs e osteócitos, que mandam "sinais" p/ os OCs. Um desses sinais é o RANKL (ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa B) que amadurece os OCS p/ começar a sua atividade reabsortiva (fase 1), assim como a formação de novos OCs (osteoclastogênese=fase 2). T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 9 🦴 [ ] fisiológica PTH ⇒ efeito ósseo ANABÓLICO (↑ massa óssea trabecular); ↑ [ ] PTH ⇒ efeito ósseo CATABÓLICO (ação OCs no osso cortical). AÇÃO PTH NOS RINS: os efeitos abaixo são resultado de um ↑ AMPc (monofosfato de adenosina cíclico) causado pelo PTH nos órgãos-alvo. O PTH nos rins ↓ reabsorção de fosfato nos túbulos proximais ↑ reabsorção de Ca nos túbulos distais finais, nos túbulos coletores e nos ductos coletores iniciais (em menor escala na alça ascendente de Henle). Se não fosse essa função do PTH de reabsorver o Ca ia acontecer uma depleção muito forte extracelular e nos ossos. ↑ reabsorção de íons Mg e H ↓ reabsorção de íons Na, K e aminoácidos. ↑ síntese 1-alfa-hidroxilase (1a-OH), que converte (nos túbulos proximais) a 25 hidroxivitamina D em 1,25 dihidroxivitamina D (calcitriol= ativa). No intestino, o PTH realiza uma ação indireta: calcitriol produzido nos rins ↑ absorção intestinal de Ca e Fósforo. RECEPTOR SENSÍVEL AO CÁLCIO: é acoplado à proteína G e quando estimulado por Ca, ativa a fosfolipase C e ↑ inositol intracelular e a formação de diacilglicerol (DAG). Isso estimula a liberação de Ca dos estoques, que por sua vez ↓ secreção de PTH. Em baixa de Ca esse efeito é inibido e ↑ liberação de PTH. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 10 CALCITONINA A calcitonina, hormônio peptídico secretado pela glândula tireoide, tende a ↓ [ ] plasmática do cálcio e tem efeitos opostos aos do PTH. Seu papel quantitativo na regulação Ca é bem menor que o do PTH. A síntese e a secreção da calcitonina ocorrem nas céls parafoliculares (céls C), situadas no líquido intersticial entre os folículos da glândula tireoide. O ↑ [ ] plasmática (LEC) Ca estimula sua secreção. Resultado: hipocalcemia (calcitonina é "amiga" do osso, pois pega Ca do sangue, em situação de hipercalcemia, p. ex., e leva para o osso). Resumo dos efeitos do PTH no osso, nos rins e no intestino, em resposta à ↓ [ ] íons cálcio no meio extracelular. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 11 O efeito da calcitonina em crianças é muito maior, já que a remodelagem óssea ocorre mais rapidamente nessa faixa etária. Além disso, na doença de Paget (lê-se doença de pagê) (atividade osteoclástica está muito acelerada), a calcitonina apresenta efeito muito mais potente. ⚠ Lembrar do seu significado clínico na endocrinologia/ oncologia: marcador tumoral nos carcinomas medulares de tireoide. VITAMINA D A vitamina D tem potente efeito de ↑ absorção de cálcio no intestino; apresentandoefeitos significativos na deposição e absorção ósseas. MAAAS, p/ isso a vit. D deve passar por uma série de reações no fígado e nos rins, convertendo-se no produto final ativo (1,25-di-hidroxicolecalciferol = calcitriol). FORMAÇÃO VITAMINA D ATIVA: T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 12 O colecalciferol (vit D3) é formado na pele: através dos raios UV do sol. O colecalciferol é convertido em 25-Hidroxicolecalciferol (calcidiol) no fígado: esse processo é restrito, pois o 25-hidroxicolecalciferol apresenta efeito inibidor por feedback nas reações de conversão, sendo importante por 2 razões: 1) Impedir a ação excessiva da vit. D 2) Conservar a vit. D armazenada no fígado p/ uso futuro, pois, uma vez convertida a vit. D3, o 25 hidroxicolecalciferol persiste no corpo por apenas algumas semanas. O 25-Hidroxicolecalciferol é convertido em 1,25-Di-hidroxicolecalciferol nos rins sob controle do PTH: ocorre nos túbulos proximais, sendo a FORMA ATIVA. Portanto, na ausência dos rins e de PTH, a vit. D perde quase toda a sua eficácia!!! AÇÕES CALCITRIOL: efeitos são mediados pelo receptor de vitamina D (VDR) T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 13 INTESTINO: ↑ expressão de transportadores intestinais de cálcio e calbindina nas céls do epitélio intestinal (borda em escova) ⇒ ↑ absorção intestinal Ca, por difusão facilitada. Há ↑ formação ATPase ⇒ ↑ absorção intestinal Ca. Há ↑ fosfatase alcalina nas céls epiteliais intestinais ⇒ ↑ absorção intestinal Ca; Há ↑ aborsão intestinal fosfato. OSSO: ↑ expressão proteínas matriz óssea no OB (osteocalcina e osteopontina) ⇒ ↑ absorção óssea Ca. Há ↓ transcrição colágeno tipo 1. Há ↑ produção de RANK-L, aumentando atividade dos OCs. Promove calcificação óssea em menor qtde. FATOR DE CRESCIMENTO DE FIBROBLASTOS 23 (FGF23) É produzido e secretado pelos OCs e osteócitos p/ interagir com outros órgãos envolvidos na homeostase mineral (função endócrina do osso). FUNÇÕES: contrarregulador do calcitriol (inibe forma ativa da vit. D); ↑ excreção fósforo pelos rins. FATORES QUE ESTIMULAM: Hiperfosfatemia (↑ FGF23 pra excretar P); excesso de calcitriol (pra inibir a vit. D ativa). O ↑ Ca inibe o PTH para ↓ produção de calcitriol, mas isso acaba impedindo o efeito fosfatúrico do PTH. Para prevenir a hiperfosfatemia, o organismo libera FGF23, que induz a fosfatúria. Atua nos rins, nos TCP, internalizando e destruindo os transportadores sódio/fosfato, levando a fosfatúria. 4. Descrever o processo de remodelação óssea 📚 SZEJNFELD, V.L. Metabolismo ósseo da infância à senectude As 4 tapas da remodelação óssea: ATIVAÇÃO Sinais físicos/ hormonais atuam sobre céls precursoras na medula ⇒ Céls aglomeram no local do osso que será reabsorvido ⇒ Fundem-se ⇒ Viram OCs multinucleados. REABSORÇÃO OCs multinucleados abrem um buraco na superfície do osso (dura 7-15 dias): 1) Parecendo um "túnel" dentro do canal de Havers do osso cortical; 2) Já no osso esponjoso, esse buraco é escalonado e chamado de lacuna de Howship. REVERSÃO T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 14 Após a reabsorção, os OCs desaparecem do local. Durante 7-14 dias, há deposição de uma linha grossa de “cimento”, formado por fibras colágenas organizadas ao acaso (diferente do osso normal, que a deposição de colágeno é lamelar) ⇒ A linha de cimento marca o limite do buraco de reabsorção e liga o novo osso ao velho. FORMAÇÃO Começa quando os pré-OBs são atraídos para o buraco da reabsorção pelos OCs Os pré-OBs viram OBs (gatilho: CBFA1), que produzem novo colágeno e outras proteínas, enchendo o buraco da reabsorção com osteóide lamelar novo ⇒ Segue em direção à superfície do osso, podendo preencher todo o buraco e calcificar completamente Tempo mineralização (tempo osteóide gasta para ser calcificado) = 21 dias Durante a formação do osso, alguns OBs ficam presos dentro da matriz óssea e viram osteócitos, enquanto outros viram células achatadas que ficam na superfície na fase quiescente do osso (lining cells). T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 15 Detalhes do processo de remodelação óssea: Começa com a atração dos OCs (fagócitos multinucleados ricos em enzima fosfatase ácida resistente ao tartarato/TRAP) p/ local de reabsorção. Vários fatores influenciam a osteoclastogênese: fator de transcrição PU-1, fator estimulante de colônia de macrófagos (M-CSF), proteína celular c-fos, fator nuclear Kappa B, RANK e RANKL. A osteoprotegerina/OPG (expressa pelos OBs e por céls estromais da MO) tem a função de "proteger" o osso ⇒ Inibe formação e atividade de OCs, ligando-se ao RANKL no lugar no RANK. Durante a reabsorção, os OCs maduros secretam HCl (dissolve hidroxiapatita) e enzimas proteolíticas (degradam colágeno e outras proteínas) na superfície do osso. O HCl é gerado a partir da anidrase carbônica II Há atuação da subunidade da bomba de próton do OC (codificada pelo gene TCIRG1) e da catepsina K (enzima proteolítica degradadora de Fases de remodelação óssea. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 16 matriz). Qdo a reabsorção se completa, os OCs entram em apoptose na fase reversa, iniciando a formação óssea a partir desse ponto. Observações importantes sobre a remodelação óssea: Jovens: osso reabsorvido = osso formado. Com o envelhecimento: OBs perdem eficiência, tendo mais reabsorção do que formação (osteopenia). Hormônios e fármacos que ↓ reabsorção, ↓ formação. Nas doenças inflamatórias, a remodelação pode ser iniciada pela liberação de ILs e fator necrose tumoral. Estimuladores remodelação óssea: SISTÊMICOS: PTH, calcitriol, T3 e T4, GH LOCAIS: IL-1, TNF, IGF (fator crescimento semelhante à insulina), ligante do receptor ativado do NFkB, prostaglandinas, fator estimulante da colônia de macrófagos Inibidores remodelação óssea: SISTÊMICOS: estrogênios, progesterona, androgênios e calcitonina LOCAIS: OPG, força mecânica, interferon gama, IL-4, IL-10, IL-13, IL-18, fator de crescimento de transformação beta. Regulação da diferenciação e da função das céls ósseas. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 17 A qtde massa óssea adquirida na adolescência determina o risco de osteoporose após a menopausa. Qdo houver deficiência massa óssea + Lacunas incompletamente preenchidas ⇒ Terapia com anti-reabsortivos = ↑ massa óssea e ↓ risco de perfuração trabecular ao ↓ remodelação (bisfosfonatos, raloxifeno, TRH, denosumabe). METABOLISMO ÓSSEO DA INFÂNCIA À SENECTUDE 1) Metabolismo ósseo na infância e na adolescência: Crescimento dos ossos é longitudinal, com rápido crescimento da massa óssea O pico máximo da mineralização óssea é até os 20 anos Qual hormônio sexual é responsável por fechar a placa de crescimento e na maturação esquelética (em ambos os sexos)? ESTROGÊNIO!!! Fatores que influenciam pico de massa óssea: genética, sexo, etnia (negros > brancos), hormônios, ingestão de cálcio, atividade física (teoria do mecanostato=diz que 24 massa óssea depende de forças mecânicas geradas no osso em consequência das forças musculares), comorbidades (osteoporose juvenil idiopática, osteogênese imperfeita, intolerância à lactose, doença celíaca, DM, hipertireoidismo, desnutrição etc..) e uso de medicamentos (corticoesteroides e anticonvulsivantes). 2) Metabolismo ósseo no adulto e idoso: Conforme envelhecemos, é normal perdermos 1% massa óssea/ano Fatores que influenciam na massa óssea: nutricionais (deficiência Ca e vit D → ↑ reabsorção óssea; deficiência vit K → ↑ fraturas), hormonais (OBs possuem receptor de estrogênio → inibição reabsorção óssea através da apoptose dos OCs; homem que usam antagnostas de androgênio para tto de CA próstato → ↑ fraturas), hereditariedade e ambientais. 5. Identificar as principais causas de osteoporose secundária T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 18 ...Complementando algumas coisas importantes sobre osteoporose ... QUANDO INVESTIGAR OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA. PRINCIPAIS CAUSAS DE OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 19 T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 20 6. Descrever os exames complementares a serem solicitados na investigação de osteoporose secundária T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 21 T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 22 7. Reconhecer os principais tipos de fraturas ⁉🦴 O que é fratura? É a perda da continuidade óssea. Na maioria das vezes é de causa traumática de alta energia sobre um osso previamente hígido, mas também pode ocorrer por traumas de baixa energia em ossos doentes (poróticos), ou por pequenos traumas repetitivos (fratura por estresse → melhor observada na cintilografia óssea). Existem alguns mecanismos físicos que o osso não suporta, como: forças de angulação, tração, torção e compressão. ⁉🦴 Quais são os tipos de fraturas? Quanto ao traço/linha fratura: Simples: traço único, com apenas 2 fragmentos Em cunha: fratura segmentar que apresenta pelo menos um terceiro fragmento, com formato de "V" Complexa: não há contato entre os fragmentos ⇒ Diferenciar a complexa da cominutiva (que é multifragmentada). Quanto ao acometimento articular: Intra: o traço da fratura acomete a articulação – precisa de ↓ perfeita, pois a consolidação da fratura com degrau vai desgastar a articulação Extra-articular: o traço da fratura não acomete a articulação. Quanto à lesão de partes moles associada: COMO INVESTIGAR CAUSA SECUNDÁRIA DE OSTEOPOROSE. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 23 Aberta: fratura exposta – NÃO obrigatoriamente rompe a pele) Fechada: fratura não exposta – não rompe a pele. Quanto à orientação da força: Transversas/oblíquas: angulação Espirais: torção Por avulsão: tração Por compressão. Quanto à extensão: Completa: separação segmentos ósseos (chega até o outro lado do osso) Incompleta: não há separação segmentos ósseos. Ex: fratura em galho verde (muito comum em crianças). T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 24 8. Caracterizar as fases de reparo de uma fratura FORMAÇÃO DO HEMATOMA DE FRATURA (pode durar semanas) Com a fratura óssea, rompe-se os vasos sanguíneos locais ⇒ Extravasa sangue ⇒ Forma uma massa de sangue coagulado ao redor da fratura (hematoma de fratura = forma entre 6-8h depois da fratura) Como rompe os vasos, a circulação local cessa e as células ósseas próximas morrem, gerando tumefação e inflamação, produzindo fragmentos celulares adicionais Neutrófilos, macrófagos e OCs começam a tirar o tecido lesado ou necrosado dentro do hematoma e ao redor. FORMAÇÃO DO CALO FIBROCARTILAGÍNEO (dura 3 semanas) Os fibroblastos do periósteo invadem o local da fratura e sintetizam fibras colágenas. Outras células do periósteo viram condroblastos e ajudam a produzir fibrocartilagem no local ⇒ Geram o calo fibrocartilagíneo Calo fibrocartilagíneo = massa de tecido de reparação formado por fibras colágenas e cartilagem que une as extremidades da fratura. FORMAÇÃO CALO ÓSSEO Nos locais mais pertos do osso saudável e com vascularização efetiva, os OBs começam a fazer trabéculas de osso esponjoso Essas trabéculas se juntam às partes mortas e vivas dos fragmentos gerados pela fratura Com o passar do tempo, o calo fibrocartilagíneo é convertido no osso esponjoso e depois, no calo ósseo ⇒ O calo ósseo dura cerca de 3-4 meses De Pott = fratura da extremidade distal da fíbula, causando lesão grave da articulação distal da tíbia. De Colles = fratura da extremidade distal do rádio na qual o fragmento distal se desloca para trás. T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 25 REMODELAGEM ÓSSEA As partes mortas dos fragmentos gerados pela fratura são reabsorvidas pelos OCs O osso esponjoso é substituído por osso compacto ao redor da fratura Em alguns casos, o reparo é tão completo que a linha de fratura fica imperceptível, mesmo olhando ao RX. Mas, fica um local grosso na superfície do osso (cicatriz). T6M2P1 - SISTEMA ESQUELÉTICO, OSTEOPOROSE E FRATURAS (Thaís Garcia) 26
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