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Ant ibiót icos CAPITULO 6 Matheus Santos de Sá O que você irá ver nesse cap ít u lo : © Introdução © Classificação dos antibióticos Bases moleculares da ação dos antibióticos Fármacos que interferem na síntese ou na ação do folato Fármacos que inibem a síntese da parede celular bacteriana Agentes que atuam diretamente sobre a membra- na celular do microrganismo Fármacos inibidores da síntese proteica bacteriana Fármacos que afetam o metabolismo bacteriano dos ácidos nucleicos Resistência bacteriana aos antibióticos Efeitos colaterais dos antibióticos Quadro Resumo Quadro Esquemático Questões Comentadas Ob j et i vos d e ap r en d i zag em • Entender os conceitos básicos da ant ib iot icoterapia • Conhecer as classes de ant ib iót icos e suas principais indicações • Entender as bases moleculares da ant ib iot icoterapia • Aprender como as bactérias podem desenvolver resistência aos an- t ib iót icos • Compreender os principais efeitos colaterais relacionados aos ant i- biót icos 2 07 CAPÍTULO 6 1 - I N TRO D U ÇÃ O O t ermo ant ibiot icoterapia descreve o uso de substâncias químicas sin- tét icas capazes de eliminar agentes infecciosos como as bactérias. O adven- to da ant ibiot icoterapia revolucionou a medicina e disponibil izou o cont role de doenças que acomet iam a humanidade de forma devastadora como a tuberculose e a hanseníase. O advento do uso de ant ibiót icos foi um passo ext remament e relevante na d iminuição da morbidade e mortal idade hu- manas. Os ant ibiót icos devem apresentar toxicidade selet iva, dest ruindo preferencialmente o organismo invasor, poupando o hospedeiro. Os ant ibi- ót icos podem ser classif icados como bact er iost át i cos, que inibem reversi- velment e a mult ipl icação da bactéria ou como bact er i cidas, que exercem efeito letal e irreversível sobre as bactérias sensíveis. Com signif icado seme- lhante, usam-se os termos fungicida, fungistát ico, virucida e virustát ico. Agent e ant imicrob iano Bactericida Bacteriostát ico Com o objet ivo de demonst rar as propriedades farmacológicas dos an- t ib iót icos, bacteriostát ica ou bactericida, deve-se det erminar as concen- t rações mínima inibitória (MIC) e mínima bactericida (MBC). Esses valores são de ext rema relevância para nortear o regime posológico a ser ut i l iza- do na ant ib iot icoterapia, embora sejam det erminadas in vitro. Deve-se chamar a at enção t amb ém para out ro conceit o import ant e em ant ib iot icoterapia, que é o espect ro de ação das drogas dessa classe. Esse t ermo (espect ro de ação) expressa a ampl i t ude da ação dos ant ib i- ót icos. Um fármaco de pequeno espect ro é capaz de at ingir um número pequeno de bactérias, como por exemplo , um ant ib iót ico que só cobre cocos Gram- posit ivos. Uma droga de amp lo espect ro pode at ingir um nú- mero maior de espécies bacterianas como, por exemplo , uma substância que possa inibir bactérias Gram- posit ivas, Gram- negat ivas e até out ros microrganismos patogênicos. Na seleção do ant ib iót ico correto, o médico clínico deve levar em con- sideração alguns aspectos import ant es para o sucesso da ant ib iot icotera- pia. O sucesso da ant ib iot icoterapia depende t amb ém da concent ração 2 08 ANATOM IA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA do ant ib iót ico no local de infecção, a qual deve ser suf iciente para inibir o cresciment o da bactéria. No caso de uma pessoa imunocompet ent e, o efeito inibitório mínimo pode ser suf iciente, como é o caso dos ant ib ió- t icos bacteriostát icos. No caso dos ind ivíduos imunocompromet idos, a erradicação da infecção pode demandar a dest ruição do microrganismo mediada pelo ant ib iót ico, como no caso dos ant ib iót icos bactericidas. O ant ib iót ico deve ter uma concent ração no local de infecção que seja t ó- xica apenas para a bactéria. Se esses eventos ocorrerem, pode-se af irmar que o microrganismo é sensível ao ant ib iót ico. Caso a concent ração bac- teriostát ica ou bactericida exceda a concent ração segura, o microrganis- mo é ent ão considerado resistente. Nesse cont ext o , pode-se af irmar que a suscept ib i l idade do microrga- nismo a um fármaco em part icular, os aspectos fisiopatológicos da doença em questão, bem como os aspect os farmacocinét icos da droga escolhida. Na escolha do ant ib iót ico, se alguma dessas característ icas for negl igen- ciada, cert ament e o paciente receberá um med icament o fadado à falha t erapêut ica. Além disso, out ro aspect o import ant e a ser considerado na ant ib iot icoterapia é, segundo dados nacionais e mundiais, o grande nú- mero de prescrições desnecessárias ou inadequadas desses med icamen- tos, bem como a aut omedicação que t amb ém representa um grande pro- b lema na farmacot erapia brasileira. 2 - CLA SSI FI CA ÇÃ O D OS A N TI B I ÓT I COS Os ant ib iót icos podem ser classif icados de acordo com diversos crit é- rios, dent re eles quant o a est rutura química, como as quinolonas que t em como representante a ciprof ioxacina. Há t amb ém a classif icação quant o ao mecanismo de ação, como as penici l inas que são drogas inibidoras da síntese da p ar ed e celu l ar bact er iana. Out ros critérios de classif icação po- dem ser cit ados a seguir: espect ro de ação, t ipos de ação, ou até as fontes de or igem do ant ib iót ico. O quadro 1 a seguir most ra as classif icações dos principais ant ib iót icos. Os ant ib iót icos podem ser ut i l izados de forma isolada ou em associa- ções a depender do t ipo de infecção e da espécie do microrganismo infec- t ant e. O uso combinado de ant ib iót icos pode ser just i f icado para terapias empír icas de infecções sem causa conhecida, t rat ament o de infecções pol imicrobianas, aument o da at ividade ant imicrob iana, por sinerg ismo, além de prevenir o apareciment o de resistência. 2 09 CAPÍTULO 6 No caso da terapia empír ica, pode-se dizer que é a demanda mais co- m um para o uso de ant ib iót icos. Uma ampla cobert ura pode ser exig ida devido à presença de uma doença grave, da infecção ou até da incerteza quant o ao agent e et iológico. É preciso, em muitos casos, ut il izar mais de um fármaco, para se assegurar que o esquema de um ant ib iót ico at ivo esteja cont ra os possíveis microrganismos presentes na referida infecção. É import ant e ressaltar que o t empo de t rat ament o deve ser o mais ade- quado possível para evitar t oxicidade do fármaco, superinfecção e o apa- recimento de cepas resistentes. Sempre se deve considerar a mudança na t erapêut ica, quando for percebida a ausência de ef icácia, mesmo se esta ocorrer t emporar iament e no início do t rat ament o. Em casos onde há infecções mistas, como em abscessos hepát icos, há uma grande demanda pelo uso de uma combinação de ant ib iót icos, pois a sensib i l idade dos microrganismos na infecção mista pode ser bastante d iversif icada. Out ro aspect o import ant e que deve ser levado em conside- ração é o fato de que a associação de ant ib iót icos gera, em alguns casos, sinerg ismo o qual supera a ef icácia de alguns casos de monot erap ia. Evitar o apareciment o de cepas resistentes é um grande desaf io atual- ment e e uma das ferrament as ut i l izadas para esse fim é a associação de ant ib iót icos. O quadro 1 resume algumas das principais indicações de as- sociações de ant ib iót icos e seus objet ivos. Quadro 1. Pr incipais indicações de associações de ant ib iót icos. Co n d i ção Cl ín i ca A sso ci ação Ob j et i vo Endocardite por Sfr. faecalis Penicilina G e estreptomicina Ampicilina e estreptomicina Penicilina G, gentamicina e erit ro- micina Efeito sinérgico Endocardite por Str. Viridans Penicilina G e estreptomicina Cefalot ina e estreptomicina Lincomicina e estreptomicina Efeito sinérgico Sept icemia por Pseudomas Carbenicilina e gentamicina Carbenicilina e colist ina Sinergismoe retardo da resistência Infecções por Klebsiella Cefalot ina e canamicina Amplicina e cloranfenicol Sinergismo e retardo da resistência Febre t ifóide Ampicilina e cloranfenicol Combate ao portador e pre- venção das recaídas Brucelose Estreptomicina e tetraciclina Combate ao portador e pre- venção das recaídas 210 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA Os ant ibiót icos t ambém podem ser ut il izados de forma prof i lát ica, como na profilaxia da das endocardit es, da t uberculose, da febre reumát i- ca, dent re out ras infecções que poderiam ocorrer caso o uso do ant ibiót ico não fosse feito precocemente. No caso das infecções de feridas, por exem- plo, as bactérias gram-negat ivas provocam infecções após alguns t ipos de cirurgias, como as de cólon. Nesses casos, os ant ibiót icos devem ser admi- nist rados de forma que haja níveis t issulares adequados no moment o da cirurgia e durante as primeiras 4 horas após a cirurgia. Desse modo, po- de-se evitar uma infecção pós-cirúrgica de forma ef iciente, embora esses métodos sejam mot ivo de muita discussão e pesquisa no moment o atual. Out ro aspect o import ant e relacionado ao uso de ant ib iót icos é a du- ração do t rat ament o que pode variar a depender dos aspectos farmaco- lógicos da droga, bem como do t ipo de infecção. Além disso, o local de infecção t amb ém pode inf luenciar na duração do t rat ament o. Nesse sen- t ido, a experiência clínica do prof issional prescritor é bastante relevante na escolha da duração do t rat ament o. Sendo assim, pode-se citar alguns exemplos, como o t rat ament o da osteomiel i t e que pode durar até 42 dias. Out ro exemplo são os t rat ament os de pneumonia estaf i locócica e menin- gite, que podem durar 14 dias. 3 - BA SES M O LECU LA RES D A A ÇÃ O D OS A N TI B I ÓTI COS Nesse capít ulo, os ant ib iót icos serão abordados sob o ponto de vista farmacod inâmico, com uma discussão relacionada ao mecanismo de ação das drogas, de forma bastante didát ica e objet iva, abordando os pontos que são realmente interessantes para cont emplar os objet ivos desse livro. 3.1 - Fár m aco s q ue i n t er f er em na sín t ese ou na ação do f o lat o Dent re os fármacos pert encent es a essa cat egoria, pode-se citar as sul fonamidas, como sulfadiazina, sul fad imid ina, sul famet oxazol, sul fame- t op irazina, sulfassalazina, além do sulfametoxazol administ rado com t ri- met opr ima, cuja denominação passa a ser co- t r imoxazol. 3.1.1 - M ecan i sm o de ação A sulfani lamida é um fármaco análogo do áci d o p - am i nob enzó i co (PABA) que é essencial para a síntese do ácido fólico nas bactérias. É im- portante lembrar que o ácido fólico é necessário para a síntese dos precur- 211 CAPÍTULO 6 sores do DNA e RNA desses microrganismos. A figura 1 most ra a compara- ção ent re a est rutura da sul fonamida e do PABA. Figura 1. Est rut ura quím ica a sul f onamida e do PABA. A. ácido f ól ico. B. PABA. C. Sul f ani lam ida. Fonte: Araújo , 2015 As sulfonamidas inibem a síntese do ácido fólico bacteriano por compe- t ição com o PABA pela enzima diidropteroato-sintetase e o efeito da sulfo- namida pode ser superado pela adição de PABA em excesso, como o ocorre em casos de interação ent re procaína e sulfonamidas, onde a procaína (és- ter do PABA) pode inibir os efeitos ant ibacterianos desses agentes. As sul fonamidas são ant ib iót icos bacteriostát icos e sua ação farmaco- lógica pode sofrer interferências de fontes de t imina e purinas, como pus e produtos da degradação t ecidual . Essas fontes d isponib i l izam essas bases para que a bactéria possa sintet izar o ácido fól ico, mesmo na presença do ant ib iót ico. No caso das sul fonamidas, a resistência das bactérias ocorre por sín- tese de enzima insensível ao fármaco, como será d iscut ido ad iant e. Nes- se cont ext o, surge a t r imet opr ima que se assemelha, est rut uralment e, ao component e pterid ina do folato. Esse aspect o est rutural é suf iciente para interferir no reconheciment o do folato pela enzima bact er iana, a qual é inib ida. Como as sul fonamidas e a t r imet opr ima inibem estágios d iferen- tes da mesma via met aból ica, esses dois fármacos podem ser associados para o t rat ament o de infeções por bactérias resistentes a sul fonamida. A figura 2 most ra o mecanismo de ação das sul fonamidas e da t r ime- t opr ima. 212 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA Figura 2. M ecanismo de ação das sul f onamidas e t r imet opr ima. Dildropteroato-sintetase Dildropteroato-sintetase Fo lat o Sulfonamidas I Trimetopri rima Tet raid ro f o lat o Sín t ese de t im id i l at o Fonte: própri o autor 3.2 - Fár m aco s q ue i n i b em a sín t ese da p ar ed e cel u l ar b act er i ana Em 1875, o f ísico John Tyndal l observou ações ant ibacterianas da pe- nici l ina. Mais t arde, em 1897 publ icações surgiram sugerindo at ividade ant ibacteriana do fungo Penicillium glaucum. Mas a p en i ci l i na foi def init i- vament e elucidada por um pesquisador chamado Alexander Fleming , em 1928. Foi o primeiro de um grande número de out ros ant ib iót icos inibi- dores da síntese da parede celular bact er iana, est rutura a qual é alvo de out ros ant ib iót icos mais recentes e, em alguns casos, com maior espect ro de ação (Grumach A.S. e Natasha R.F., 2006). As p en i ci l i nas podem ser classif icadas de acordo com seu espect ro de ação. A penil icina G e t amb ém a penici l ina V, são al t ament e at ivas con- t ra as cepas sensíveis de cocos gram-posit ivos, mas são inat ivadas pela bet alact amase bacteriana com grande faci l idade, sendo inef icazes cont ra cepas d eS. aureus. As penici l inas resistentes e as penici l inases, como met i- ci l ina, oxaci l ina e d icloxaci l ina são menos at ivas cont ra bactérias sensíveis à penici l ina G, mas são de primeira escolha para o t rat ament o de infecções causadas por S. aureus e S. epidermidis produtoras de bet alact amase e que sejam sensíveis a met ici l ina. A ampici l ina e amoxici l ina são considerados 2 13 CAPÍTULO 6 ant ib iót icos de amplo espect ro, incluindo bactérias gram- negat ivas, como H. influenzae, E. co\ \ , P. mirabilis. É co mum o uso desses fármacos associa- dos a inibidores de bet alact amase como o clavulanato ou o sulbact am, permit indo o seu uso em t rat ament os de infecções por microrganismos produtores dessa enzima. A carbenici l ina é out ro ant ib iót ico betalactâ- mico at ivo cont ra Pseudomonas, Enterobacter e Proteus. A piperalici l ina t amb ém t em at ividade considerável cont ra cepas de Pseudomonas, bem como alguns out ros microrganismos Gram- negat ivos. A parede celular bacteriana é const i t uída de uma est rutura por pept íde- os e açucares, mureína, t amb ém chamada de p ep t i d o g l i cano . Este, forma a parede celular das bactérias, envo lvendo t oda a est rutura da bactéria. A parede celular proporciona à bactéria resistência suf iciente para manter a pressão osmót ica int racelular em ambient es d iversos, cont r ibuindo assim para a manut enção da integridade celular do microrganismo. Essa resis- t ência, cit ada ant er iorment e, é consequência da t ensão ent re as l igações cruzadas pept íd icas que compõem a parede celular. Essas l igações cruza- das são alvos dos ant ib iót icos inibidores da síntese da parede celular. As característ icas est ruturais da parede celular ent re as bactérias Gram nega- t ivas e Gram posit ivas é d iferente, onde se observa que a parede celular das bactérias Gram posit ivas é formada por uma única camada de mureí- na, mais espessa. Já nas Gram negat ivas, a parede celular é menos espessa e há t ambém a presença de uma segunda est rut ura, uma camada dupla de lipídios denominada membrana ext erna (Figura 3). Figura 3. Esquema i lust rat ivo demonst rando as est rut uras da parede celular das bact ér iasGram posi t ivas e Gram negat ivas. (A) Bact ér ias Gram posi t ivas. (B) Bact ér ias Gram negat ivas A Mureína Membrana citoplasmática Bactérias Gram positivas 214 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA B Lipoproteí i (Membrana externa Mureína imbran a citoplasmátic a Bact ér ias Gram negat ivas Fonte:própri o autor A síntese da parede celular bacteriana é realizada em 3 etapas. São elas, a síntese dos monômeros, a pol imerização dos monômeros e a l igação cruzada dos polímeros. Sendo a l igação cruzada dos polímeros a etapa que é considerada alvo dos ant ib iót icos inibidores desse processo. Nessa et apa, há a at ividade relevante das enzimas t r ansp ep t i d ases que realizam as l igações cruzadas dos polímeros. Pelo fato de t erem sido ident if icadas pela primeira vez como moléculas alvo da penici l ina, elas são geralment e denominadas de Proteína Ligadoras de Penici l ina (PLP). 3.2.1 - M ecan i sm o de ação Diversos fármacos podem inibir a síntese da parede celular bacteriana em diversas. No ent ant o, a etapa de l igação cruzada dos polímeros (t rans- pept idação) é considerada o alvo farmacológ ico mais import ant e. Há fármacos inibidores da síntese dos monômeros de mureína como a fosfomicina e a fosfomidomicina, além de ciclosserina e bacit racina. Os inibidores da síntese dos polímeros de mureína são vancomicina e t eoco- p lamina. Dent re os ant ib iót icos inibidores da l igação cruzada de pol íme- ros t êm- se os ant ib iót icos betalactâmicos que const i t uem a classe maior e mais amp lament e prescrita de ant ib iót icos que inibem a síntese da pare- de celular das bactérias. Sob o ponto de vista químico, o element o crucial para o mecanismo de ação dessa classe de med icament os é a presença de um anel (3- lactâmico de quat ro membros (f igura 4). 2 15 CAPÍTULO 6 Figura 4. Est rut ura do anel p- lactâmico, em diversas subst âncias d i f erent es. M I y y Anel B-lactâmico Penici l ina • 'Yj}SL vSm. -^pAL o V t t A Benzilpenicilina Amoxicillna Ampicilina Cef alospor ina ^ m Cefaclor Cefuroxima Cef tazidima Fonte: Rosário . 2006 O anel bet alact âmico é um "subst rato"da t ranspept idase bacteriana ao ligar-se de modo covalente à enzima, fo rmando um intermediário que tor- na a ext remidade carboxi t erminal do bet alact âmico incapaz de ser cl iva- da do restante da molécula. Assim, a t ranspept idação é interrompida com consequent e mort e da bactéria. Há quat ro subgrupos de betalactâmicos que foram desenvolvidos com melhora do espect ro de ação. São elas as penici l inas, as cefalosporinas, os monobact âmicos e os carbapenêmicos. É import ant e ressaltar que as cefalosporinas são ant ib iót icos classif icados por gerações as quais t êm relação com as característ icas gerais de at ivida- de ant imicrob iana desses ant ib iót icos (Quadro 2). 216 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA Quadro 2. Gerações das cefalosporinas Exemplos Espect ro út i l Primeira geração Cefazolina Cefalexina monocid ratada Cefadroxila Cefradina < l Segunda geração Cefuroxima \ xet il-cefuroxima Cefprozila Cefmetazol Loracarbef Escherichia coli, Klebsiella, Proteus, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis. Não são tão at ivas quanto os agentes de primeira geração contra microrganismos Gram-posit ivos. At ividade inferior contra S. aureus, em compa- ração com a cefuroxima, porém com at ividade adicional contra Bacteroides fragilis e outras espécies de Bacteroides. Terceira geração Cefotaxima Ceftriaxona Cefdinir Pivoxil-cefditoreno Ceft ibuteno Cefpodoxina-proxet il Ceft izoxima Enterbacteriaceae; Pseudomonas aerugino- sa; Serratia, Neisseria gonorrhoeae; at ividade contra J . aureus, ji repioLULLUb pi icuri iui i iuc c Streptococcus pyogenes é comparável com a dos agentes de primeira geração. A at ividade contra espécies de Bacteriodes é inferior à da cefoxit ina e da cefotetana. Cefoperazona Ceftazidima At ivas contra Pseudomonas Quarta geração Cefepina Comparável aos agentes de terceira geração, porém mais resistentes a algumas betalacta- mases. At ualment e se conhece alguns med icament os import ant es que foram desenvolvidos e apresent am est rutura bet alact âmica, que não são nem penici l inas e nem cefalosporinas. Estes são os carbapenêmicos, que dife- rem das penici l inas na sua est rutura química. Eles possuem espect ro de ação mais amplo do que a maioria dos out ros ant ib iót icos betalactâmicos. O imipeném é ut i l izado em associação com a ci lastat ina, fármaco inibi- dor de uma d ipept idase t ubular renal, que degradaria o im ipeném. Este fármaco apresenta mecanismo de ação semelhant e à penici l ina e é mui- t o resistente a ação da bet alact amase. O meropeném é um derivado da t ienamicina. Nesse caso, não é preciso o uso concomit ant e da ci lastat ina, como ocorre com o im ipeném, pois o meropeném não é sensível à d i- pept idase renal. Sabe-se que o meropeném apresenta cl inicament e uma 217 CAPÍTULO 6 equivalência t erapêut ica com o im ipeném. Tem-se t ambém o er t apeném, que se most ra convenient e para o t rat ament o de infecções int ra- abdom- nais e pélvicas, e o azt reonam que apresenta resistência a bet alact amases elaboradas pela maioria das bactérias gram- negat ivas. 3.3 - Ag en t es q ue at u am d i r et am en t e sob r e a m em b r an a cel u l ar do m i cr o r g an i sm o Aument am a permeabi l idade da membrana e resulta no ext ravasa- ment o de compost os int racelulares. Detergentes como a pol imixina e o l ipopept ideo dapt omicina são exemplos de fármacos dessa categoria. As pol imixinas são caracterizadas por sua ação ant imicrobiana cont ra baci- los Gram- negat ivos. Sua at uação cont ra microrganismos Gram-posit ivos, anaeróbios e fungos é desprezível . A dapt omicina é o primeiro membro de uma famíl ia de drogas classi- f icada como l ipopept ideos cícl icos. Sua est rutura química consiste numa molécula cíclica de 13 aminoácidos com cent ro hidrofíl ico e ext remidade l ipofíl ica. 3.3.1 - M ecan i sm o de ação São ant ib iót icos ant ipát icos os quais são capazes de interagir com as membranas ext erna e ci t op lasmát ica, com ação semelhant e a deter- gentes cat iônicos simples. Ligam-se a component es do envelope celular como fosfol ipídeos e l ipopolisacárides (LPS), deslocando compet i t iva- ment e os íons cálcio e magnésio, os quais agem estabi l izando a membra- na. Esta ação das pol imixinas provoca ruptura da membrana, levando à perda do cont eúdo celular e ocasionando mort e bact er iana. No caso da dapt omicina (Figura 5) esta se insere na membrana plasmát ica da bacté- ria se pol imerizando e cont r ibuindo para a formação de canais iónicos os quais permit em o ef luxo de potássio al t erando o potencial de membrana, que é fatal para o microrganismo, o qual depende desse potencial para a geração de energ ia. 2 18 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA Figura 5. M ecanismo de ação da dapt omicina e pol im ix ina. Fonte:www.antibiotics-info.org/daptomycin.htm l 3.4 - Fár m aco s i n ib idores d a sín t ese p r o t éi ca b act er i ana A esse grupo pode-se incluir a tet racicl inas, ant ib iót icos de amplo espect ro, cujo grupo inclui a t et racicl ina, a oxit et racicl ina, a doxicicl ina e a minocicl ina. O espect ro de at ividade ant imicrob iana desse grupo de fármacos inclui bactét fas Gram posit ivas e Gram negat ivas, Mycoplasma, Rickettsia, Chlamydia sp, espiroquetas e alguns protozoários. Dent re os fármacos ci t ados, a minocicl ina é at iva cont ra N. meninditidis e pode ser ut i l izada com o objet ivo de el iminar o microrganismo da nasofaringe dos portadores. Mas, como acont ece com out ros ant ib iót icos, o apareciment o de cepas resistentes t em se t ornado um grande prob lema para os órgãos de saúde,prejudicando o sucesso da ant ib iot icoterapia em alguns casos. Out ro fármaco t amb ém pert encent e a essa categoria é o cloranfenicol, orig inado de culturas de Streptomyces. É um fármaco de espect ro de ação amplo , mas bacteriostát ico para a maioria dos microrganismos, podendo ser bactericida para H. influenzae. Ent retanto, estudos t êm demonst rado o apareciment o de cepas resistentes t anto ao cloranfenicol, quant o a out ros fármacos, como tet racicl ina e ampici l ina. 2 19 CAPÍTULO 6 Os aminogl icosídeos são um grupo de ant ib iót icos de complexa est ru- t ura química, que se assemelham ent re si na sua at ividade ant imicrob iana, característ icas farmacocinét icas e t oxicidade. Estes fármacos são impor- t antes para a ant ib iot icoterapia desde a década de 40. São fármacos de natureza polar, os quais são muit o pouco absorvidos por via oral. Por esse mot ivo a sua principal via de administ ração é a parenteral. Os macrolídeos são fármacos bastante ut i l izados em diversas infecções bacterianas, como alguns t ipos de infecções respiratórias ou até infeções por H. pylori. At ualment e, os ant ib iót icos mais import ant es são a clarit ro- micina, azit romicina e eri t romicina. Além dos fármacos já relacionados, pode-se t ambém levar em conta as est reptograminas, como a quinoprist ina e a dalfaoprist ina. As l incosa- midas t êm como representante a cl indamicina, que se most ra at iva con- t ra cocos Gram posit ivos, incluindo estaf i lococos resistentes à penici l ina. É t amb ém relevante ressaltar as oxazol id inonas, com a l inezolida como representante. Além desses, tem-se t amb ém o ácido fusíd ico, um ant ib ió- t ico esteroide de pequeno espect ro, at ivo cont ra bactérias Gram posit ivas. 3.4.2 - M ecan i sm o de ação A sín t ese p r o t ei ca b act er i ana ocorre nos r ibossomos, os quais são d i- ferentes ent re eucariotas e procariotas, fato que norteia a ação ant imicro- biana selet iva de alguns ant ib iót icos. O ribossoma bacteriano possui uma subunidade 50S e out ra 30S, sendo diferente da organela corresponden- te nos mamíferos, a qual possui subunidades de 60S e 40S. O ribossoma bacteriano (subunidade 30S) possui 3 sít ios de l igação ao RNA t ranspor- t ador (RNAt ), que é t ranscri t o a part ir do DNA. Após a l igação do RNAt a subunidade 30S, a subunidade 50S se une ao complexo, fo rmando uma subunidade"70S"dando início à síntese do novo pept ídeo, o qual codif ica- do no RNA mensageiro (RNAm) lido pelo RNAt . Os ant ib iót icos irão inibir d iversas etapas desse processo, como demonst rado na figura 6. 220 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA Figura 6. Os di f erent es mecanismos de ação dos f ármacos inib idores da sínt ese prot eica bact er iana. Fonte: Clark, 2013. 3.5 - Fár m aco s af et am o m et ab o l i sm o b act er i ano dos ácidos nuclei cos A essa classe de ant ib iót icos pert encem a ri fampicina e r i fambut ina, fármacos inibidores da RNA pol imerase bact er iana. A ri fampicina atua b loqueando a síntese de RNA mensageiro que produz proteínas essen- ciais para a informação genét ica da bactéria. Por ser um forte indutor enzimát ico, esse fármaco é capaz de apresentar numerosas interações medicament osas com out ros fármacos, como cet oconazol , midazo lam, g l icocort icoides, ciclosporina, dapsona, dent re out ros. A r i fambut ina é um análogo da r i fampicina, que foi a primeira droga dessa classe aprovada para o t rat ament o de infecções por Mycobacterium avium, que ocorre em pacientes portadores do vírus HIV. Além desses fármacos já mencionados, têm-se t amb ém ri fampent ina e rifalazil. 221 CAPÍTULO 6 Out ros fármacos dessa classe são as quinolonas e f luoroquinolonas, as quais surgiram no início dos anos 60, com a int rodução do ácido nalidíxico na prát ica cl ínica. Após 20 anos, os estudos permit i ram a adição de um át omo de f lúor na posição 6 do anel quinolônico, dando or igem as f luoro- quino lonas, como a ciprof loxacina, com aument o do espect ro, para os ba- cilos gram- negat ivos e boa at ividade cont ra alguns cocos gram-posit ivos, porém, pouca ou nenhuma ação sobre Streptococcus spp., Enterococus spp. e anaeróbios. A part ir daí, foram surg indo novos fármacos dessa classe como levof loxacina, gat i f loxacina, moxif loxacina e gemif loxacina. As quinolonas podem ser ut i l izadas para o t rat ament o de infeções do t rato genito-urinário, t rato gast r intest inal, t rato respiratório, além de os- t eomiel i t es, infecções de t ecidos moles, dent re out ras. São indicadas para o t rat ament o de infecções urinárias não compl icadas, como cist ites em mulheres jovens. As f luoroquinolonas podem ser ut i l izadas em pielone- frites compl icada, pela alta concent ração que at ingem a próstata e pela sua at ividade cont ra os microrganismos mais f requent ement e causadores de prostat ites. Elas são uma excelent e indicação para estas infecções. As quino lonas são at ivas cont ra bactérias do t rato genital como Chlamydea trachomatis e Mycoplasma hominis, que podem causar uret rite inespecí- fica. Por out ro lado, não apresent am boa at ividade cont ra o Treponema pallidum. Do ponto de vista clínico, as f luoroquinolonas são indicadas para infecções por bastonetes e cocos Gram- negat ivos. 3.5.1 - M ecan i sm o de ação Os fármacos dessa classe inibem a at ividade da DNA girase ou t op o i - so m er ase II, enzima essencial à sobrevivência bact eriana. As t opoiso- merases permit em as alterações no grau de superenro lament o do DNA, p romovendo a quebra t ransitória de l igações fosfodiéster, gerando uma forma int ermediária, na qual a proteína cont inua l igada ao DNA, covalen- t ement e, permit indo assim, que as fitas do DNA passem umas sobre as out ras, al t erando o superenro lament o da molécula. Após a inib ição dessa enzima, a molécula de DNA passa a ocupar grande espaço no interior da bactéria e suas ext remidades livres det erminam síntese descont ro lada de RNA mensageiro e de proteínas, det erminando a mort e das bactérias. A figura 7 apresenta um resumo do espect ro ant imicrob iano das f luoroqui- nolonas. 222 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA Figura 7. Resumo do espect ro ant im icrobiano das f luoroquinolonas e suas gerações. WÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ Primeira Geração s nam(+) Bacilos Gram <+) Cocos Gram ( áleforganlemoe anaeróbios Espi raquetas na» Clamfctta» Quiros- Segunda geração da 1* geração, usadas com menos frequência atualmente, tem atividade cont ra gram-negativos moderads. Alcançam concentração • át ica mínima a sâo rest ritas ao tratamento da intocçoaa do trato urinário náo complicadas. Co co s Gram (+ Aa fluoroquinolonas de 2* gersçio tom oapoctro ampNadc contra microrga- nismos gmn negat lvoi e adguma athrtdada contra gram-poettivoa e e GMamMHi pnecffironfae. Terceira Geração Co co s Gram (+) Bacilos Gram ( -) Mterorganlemos anaeróbios Esptroquetaa M ícop lasm as 0 unos Quarta Geração At f luoroquinolonaa d» 3* geração mantém o aapoctro cont ra gram* -negativos expandido e maior at ividade cont ra ndcrorgant imoa at ípicos a beotárias gram-postt lvas especff lci As f luorcquinoloruw da 4a geração têm maior cobartura contra giam-poatttvos, Esp* raquetas Mooplesross Clamídlas Quiros Fonte: Clark, 2013. 2 23 CAPÍTULO 6 A tabela 1 relaciona os principais ant ib iót icos e seus respect ivos meca- nismos de ação. Tabela 1. Pr incipais mecanismos de ação dos ant ib iót icos Ant ib iót icos Alvo M ecanismo de ação P- lactâmios (penicilinas, cefalosporinas, carbapeninas, monobactamas) Enzima t ranspept idase Inibição da formação de ligação cruzada entre cadeias de papt ideo- glicano, impedindo a formação cor- reia da parede celular bacteriana P- lactâmicos (oxapeninas, sulfoxapeninas) Enzima p-lactamase Inibição da enzimade resistência bacteriana, que degrada ant ibiót i- cos p- lactâmicos. Macrolídeos, lincosamidas, es- t reptograminas (dalfoprist ina e quinuprist ina), cloranfenicol, oxazolidinosas (linezolida) Subunidade 50S ribos- sômica Inibição da síntese proteica bac- teriana Aminoglicosídeos, tetraciclinas Subunidade 30S ribos- sômica Inibição da síntese proteica bac- teriana Glicopeptídeos (vancomicina, teicoplanina) Dinp t íHpn t er m i nal D-Ala-D-Ala do pept íde- oglicano Complexação com as cadeias npnt ír l i r aç não l i naHsç p h l on i i p i o da t ranspept idação, impedindo a formação correta da parede celular bacteriana Peptídeos não ribossomais (bacit racina, gramicidina C, polimixina B) Membrana plasmát ica Afetam permeabilidade da mem- brana bacteriana por facilitarem o movimento descontrolado de íons através da membrana. Lipodepsipept ídeos (dapto- micina) Membrana plasmát ica Afeta permeabilidade da membra- na bacteriana e bloqueia síntese do ácido pipoteicoico, componente da membrana externa de bactérias Gram posit ivo. Rifampicina RNA polimerase depen- dente de DNA Inibição da síntese de RNA Fluoroquinolonas Enzima DNA girase Bloqueio da replicação e do reparo do DNA. Sulfonamidas Enzima di-hidropteroato sintetase Bloqueio da formação de cofatores do ácido fólico, importantes para síntese de ácidos nucleicos. Fonte: Silva, 2010 2 24 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA 4 - RESI STÊN CI A BA CTERI A N A A O S A N TI B I ÓTI COS r?f^boq yys\òSt,y < A "s í iO^Iorr: pP.,̂ wh-:rAo-}Usi í?G^>eTf r 5 ii-hVG ;:í>v-:.k«: No decorrer dos últ imos anos, como most rado na figura 8, houve um grande avanço na elucidação de novas drogas de amplo espect ro capa- zes de cobrir um número cada vez maior de bactérias resistentes a vários ant ib iót icos, as chamadas b act ér i as m u l t i r r esi st en t es. No ent ant o, em paralelo, t amb ém cresceu no Brasil o uso ind iscriminado de ant ib iót icos, t anto por aut omedicação, fato que d iminuiu com o advent o RDC 44/ 2010, na qual está est abelecido que a d ispensação de med icament os cont endo as substâncias com at ividade ant imicrob iana, isoladas ou em associação, fica sujeita à retenção de receita e escri t uração em farmácias e drogarias. Figura 8. Dat as de descober t a de di f erent es classes de drogas ant ibact er ianas. 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Âdaptedfrom SSver 2Qi 1 ff J with permssíon oftheÂmerkmSoáietydMíarobidQgyjQwnaSs Qepartmmt. Fonte: Organizaçã o Mundia l de Saúde, 2016. Dent re os diferentes mecanismos de resistência das bactérias aos an- t ib iót icos, (PODEM-SE ou pode-se ver port uguês) relacionar os principais, que serão d iscut idos a seguir. Para as bactérias Gram- posit ivas, pode-se citar a produção de enzimas inat ivadoras, as quais apresent am resistência a, por exemplo , dalfoprist ina e penici l inas. Essas enzimas catal isam a de- gradação do ant ib iót ico ou modif icam grupos funcionais farmacolog ica- 2 25 CAPÍTULO 6 ment e import antes presentes em sua est rutura química, cr iando funções inat ivas para a interação e reconheciment o molecular. As bactérias podem t ambém dispor de genes mut ant es que expressam proteínas t ransport a- doras de membrana responsáveis pela ent rada e saída de substâncias no meio ci t oplasmát ico bacteriano, fazendo com que o ef luxo do ant ib iót ico seja mais rápido que a sua difusão pela membrana bact er iana, mant endo uma concent ração ci t oplasmát ica insuf iciente exercendo o efeito ant ib i- ót ico necessário para a cura da infecção. Esse é um dos mecanismos de resistência às quino lonas. Out ro mecanismo import ant e de resistência é a alt eração do alvo molecular, onde r ibossomos, proteínas e const i t uin- tes da parede celular são est rut uralment e modif icados, afetando o reco- nheciment o do ant ib iót ico pelo alvo e d iminuindo sua efet ividade. Esses mecanismos, em conjunto oú iso ladament e, t êm cont r ibuído para o apa- recimento das bactérias mult irresistentes, as quais representam um gran- de prob lema para a ant ib iot icoterapia at ual , pr incipalment e no ambient e hospitalar. Em se t ratando de patógenos específ icos, segundo a Organização M undial de Saúde (OMS), há um cenário preocupant e para infecções cau- sadas por alguns pat ógenos, alguns dos quais serão discut idos a seguir. A Escherichia coli é uma das mais f requentes causas de infecção do t ra- t o urinário, incluindo infecções renais, causador de infecções na corrente sanguínea, mening i t e em neonat os. Essa bactéria é resistente a cefalospo- rinas de terceira geração, bem como a f luoroquinolonas. A resistência as cefalosporinas ocorre devido às bet alact amases, d iscut idas ant er iormen- te. Essas enzimas são capazes de dest ruir o anel betalacâmico do ant ib i- ót ico, com consequent e perda da at ividade ant imicrob iana. Uma out ra espécie bacteriana bastante import ant e no cont ext o da saúde públ ica no Brasil é a Klebsiella pneumoniae, uma bactéria que pode causar infecções hospitalares, em indivíduos vulneráveis como recém-nascidos pré- termo, pacientes imunossuprimidos, dent re out ros com riscos semelhant es. As infecções mais comuns são aquelas do t rato urinário e respiratório. A t axa de mortal idade pode ult rapassar 50%. Essa bactéria apresenta resistên- cia às cefalosporinas de terceira geração, bem como aos carbapenemicos. Staphylococcus aureus é uma bactéria Gram posit iva que pode fazer parte da flora normal na pele e nariz, mas é out ro dos mais import ant es patóge- nos humanos. Pode causar uma grande variedade de infecções no ser hu- mano. Os primeiros relatos de bactérias resistentes às penici l inas fizeram 2 26 ANATOMIA APLICADA À CLÍNICA E À CIRURGIA referência à produção de bet alact amases. Essa resistência foi superada com o surg iment o de novas drogas resistentes as bet alact amases. M esmo assim, surgiram posteriormente cepas de S. aureus resistentes a esses ant i- biót icos. Essas cepas apresent am um novo gene (mecA) que codif ica uma nova PLP (proteína l igadora de penici l ina), com consequent e ausência de efeito dos ant ib iót icos betalactâmicos convencionais. Esses são os chama- dos Staphylococcus aureus met ici l ina- resistentes (MRSA). Uma das est ratégias ut i l izadas para superar a resistência dos microrga- nismos é o aument o nas pesquisas na busca de novos ant ib iót icos, fato que preocupa as indúst rias devido a demora na elucidação e aprovação de um novo fármaco, além do custo desse desenvo lviment o. Assim, novos fármacos ou novas associações de fármacos t êm sido úteis no t rat ament o de infeções por cepas resistentes. Os novos ant ib iót icos inseridos no mercado nacional t êm sido ut i l iza- dos para o t rat ament o de infecções por bactérias mult irresistentes com bastante sucesso. As pol imixinas, embora sejam ant igas, recent ement e foram int roduzidas no t rat ament o de infecções graves por bacilos g ram- -negat ivos resistentes a diversos ant imicrob ianos, como P. aeruginosa e Acinetobacter baumannii. Dent re as pol imixinas, pode-se citar a colist ina (pol imixina E) e pol imixina B. No grupo das glici lcicl inas, t em-se a t igeci- cl ina. Pode-se citar t amb ém a gemif loxacina (f luoroquinolonas), mais po- t ente cont ra bactérias gram-posit ivas quando comparada com as f luoro- quinolonas mais comuns. É mais potente que levof loxacina e gat i f loxacina cont ra pneumococos. 5 - EFEI TOS COLA TERA I S D OS A N TI B I ÓTI COS Os ant ib iót icos, como qualquer classe farmacológ ica, apresent am ris- cos e benef ícios. Desse modo, o uso racional dessas drogas irá propor- cionar uma boa relação risco benef ício, de modo que seja o mais seguro possível, com maior ef i cácia possível, ou seja, o mais efet ivo possível. A ef et i v i d ade do ant ib iót ico ref lete um perf i l farmat erapêut ico que minimi- ze os efeitos colaterais como os apresentados a seguir. Em relação aos bet alact âmicos, pode-se citar reações de hipersensi- bi l idade, nefrotoxicidade, hemat ot oxicidade e neurotoxicidade, além de manifestações cut âneas, as quais alguns pacientes podem apresentar. As quinolonas são consideradas drogas seguras, apresent ando como efeitos 2 27 CAPÍTULO 6 colaterais mais comuns, os efeitos gast rintest inais, os quais podem repre- sentar até 17% das reações a essa classe de ant ib iót icos, como anorexia, náuseas, vómit os e desconfort o abdominal . No caso dos aminogl icosídeos a nefrotoxicidade é o efeito colateral mais d iscut ido porque t odos os ant ib iót icos dessa classe apresent am potencial nefrotóxico, embora seja um efeito colateral reversível após a suspensão do fármaco. Out ros efeitos colaterais apresent ados por essa classe de fármacos podem ser ototoxicidade e paralisia muscular. Os ma- crolídeos são fármacos cujos efeitos colaterais mais comuns são cólicas abdominais, náuseas, vómit os e diarréia. Há relatos de hepat i t e colestát ica acompanhada por febre, dor abdominal , eosinof i l ia, hiperb i l i rrubinemia e elevação de t ransaminases com o uso de eri t romicina. Out ros ant ib iót icos mais recentes t amb ém podem apresentar efeitos colaterais signif icat ivos, como náuseas e vómit os (glici lcicl inas), nefrotoxicidade (pol imixinas), dent re out ros. A nefrotoxicidade da pol imixina está associada a uma in- suf iciência renal aguda, que inclusive l imita o uso cont inuado do referido med icament o . No caso da dapt omicina, a principal t oxicidade associada a essa droga é muscular, podendo gerar alterações discretas nos níveis de creat ina fosfoquinase, bem como miopat ia cl inicament e relevante. Q U A D RO RESU M O Pal av r as Ch av es Descr i ção Ant ib iót ico bact er icida Ant ibiót ico capaz de gerar a morte da bactéria exposta ao fármaco Ant ib iót ico Bact er iost át ico Ant ibiót ico que apenas inibe o crescimento bacteriano Parede celular bact er iana Estrutura responsável por proporcionar forma, rigidez bacteriana, facilitar a divisão celular, bem como manu- tenção osmót ica ácido p-aminobenzóico (PABA) Substância que faz parte do processo de síntese de ácido fólico da bactéria Penici l ina Ant ibiót ico betalactâmicos at ivo contra uma série de espécies bacterianas Pept idogl icano. Estrutura resultante da polimerização de monômeros de mureína e que compõe a parede celular bacteriana Transpept idases Enzima que catalisa a etapa final de biossíntese da parede celular, com ligação cruzada dos polímeros glicopeptídicos adjacentes Topoisomerase II Enzima que part icipa da estabilização da fita de DNA durante a replicação Resist ência bact er iana Capacidade da bactéria sobreviver na presença do ant ibiót ico ut ilizado Bact ér ias mul t i r resist ent es Cepas bacterianas resistentes a diversos ant ibiót icos Ef icácia Capacidade do fármaco em gerar o efeito terapêut ico, em condições ideais como num ensaio clínico Ef et ividade Capacidade do fármaco em gerar o efeito terapêut ico na população real, em condições diversas 2 29 o r - h O O O Q U A D RO ESQU EM Á TI CO Inibidores da síntese de folato sulfadiazina, sul fad imid ina, sul famet oxazol , sul fame- t op irazina, sulfassalazina Inibidores da síntese da parede celular Penici l inas, cefalosporinas e carbapenêmicos Agent es que interferem na membrana celular bacteriana Polimixina e dapt omicina Inibidores da síntese protéica Tet racicl inas, cloranfenicol, aminogl icosídeos e macro- lideos Fármacos que afetam o met abol ismo bacteriano Fármacos que afet am o met abol ismo bacteriano 2 30 Q U ESTÕ ES CO M EN T A D A S O l (PREF OSASCO - SP- 2014) Um dos problemas graves em alguns ant ib iót icos são os efeitos colaterais, que são part icularment e perigosos em crianças. Assinale a opção que in- dica o ant ib iót ico que t em , como efeito colateral, a def iciência de folato, com consequent e desenvo lviment o de anemia megaloblást ica. ® Tet racicl ina © Tr im et o p r im a © Benzi lpenici l ina © Amicacina © Zidovud ina GRAU PE DIFICULDADE I I O A l t er n at i v a A: IN CORRETA. As tet racicl inas são ant ib iót icos que apre- sent am como efeitos colaterais náuseas, vómit os e d iarréia. Em grávidas, a droga at ravessa a barreira placentária e é capaz de se acumular nos ossos e dentes durante a calcif icação, o que pode levar a uma inibição do cresci- ment o ósseo, bem como uma coloração alterada dos dentes nas crianças expost as. A l t er n at i v a B: CORRETA. O mecanismo de ação das drogas pode cont ri- buir para o ent end iment o dos efeitos colaterais que elas podem causar. A t r imet opr ima é inib idora da síntese da diidrofolato redutase, interferindo na síntese do ácido tet raidrofól ico nas bactérias. Um dos efeitos colaterais apresentados por esta droga é a interferência na síntese do ácido fól ico, pr incipalment e em pacientes com def iciência de folato. Anemia mega- loblást ica, neut ropenia e t romboci t openia já foram descritas com o uso pro longado. A l t er n at i v a C: IN CORRETA. As reações mais comuns a essa droga são as reações de hipersensib i l idade e estas independem da dose. Podem t ambém ocorrer reações adversas envo lvendo o sistema linfát ico e hema- topoiét ico, incluindo as alterações na coagulação sanguínea, nefropat ias, neuropat ias, eosinof i l ia, t romboci t openia e anemia hemolít ica em conse- quência de altas doses por via int ravenosa. A l t er n at i v a D: IN CORRETA. A amicacina pert ence à classe dos amino- gl icosídeos, os quais apresent am como efeitos tóxicos mais comuns a ne- f rotoxicidade e ototoxicidade. Esta últ ima é f requent ement e irreversível. 2 31 e QU ESTÕES CO M EN TA D A S A l t er n at i v a E: IN CORRETA. A azidot imid ina ou zidovud ina (AZT ou ZDV) foi ut i l izada a part ir de 1987 para o t rat ament o de portadores do HIV. Portanto é um agent e ant i- ret roviral, não um ant ib iót ico. • 0 2 (COM ANDO DA AERONÁUTICA - 2014) Os aminogl icosídeos são ant ib iót icos usados, pr incipalment e, no t rata- ment o de pacientes com infecções graves, causadas por bactérias g ram- -negat ivas aeróbias. Com base no t recho anterior, é correto af irmar que: ® O efeito nefrotóxico cost uma ser irreversível e o t empo de recuperação pode ser de dias ou semanas. © To d o s os aminogl icosídeos podem induzir ot otoxidade, por lesão vest i- bular ou coclear, às vezes, reversível. © Cl inicament e, os aminogl icosídeos apresent am uma d iminuição da função renal acelerada e uma d iminuição dos níveis de ureia e creat inina p lasmát ica. © A dosagem de creat inina sérica nos casos de nefrotoxidade por amino- gl icosídeos, apesar de não conf iável de forma abso lut a, é indicadora de t oxicidade e serve como cont role de recuperação da função renal. GRAU DE DIFICULDADE • • O A l t er n at i v a A: IN CORRETA. Primeiro, o efeito nefrotóxico é reversível com a suspensão do med icament o . Segundo, a quest ão t em uma "pegadi- nha", já que se o efeito é irreversível, como ele demoraria dias ou semanas para desaparecer? A l t er n at i v a B: CORRETA. Todos os aminogl icosídeos podem gerar oto- t oxicidade. Este efeito colateral é, f requent ement e, irreversível. Isso sig- nif ica que pode ser reversível. Pode ocorrer lesão coclear, vest ibular ou, rarament e, ambas. A l t er n at i v a C: IN CORRETA. Sim, os aminogl icosídeos afet am a função renal normal . Mas os níveis séricos de uréia e creat inina estão aument a- dos, just ament e devido à nefrotoxicidade da droga. A l t er n at i v a D: IN CORRTA. Em pacientes que recebem aminogl icosíde- os, os níveis séricos de creat inina devem serobt idos a cada 2 a 4 dias. Ou seja, a dosagem sérica de creat inina é conf iável para o moni t orament o da função renal. 2 32 Q U ESTÕ ES CO M EN T A D A S 0 3 (PREFEITURA DE FORTALEZA - 2014) A ut i l ização de ant imicrobianos requer uma série de cuidados, dent re eles, o mais import ant e, sob o ponto de vista de uso racional e sucesso t erapêu- t ico em t ermos de resistência, relaciona-se a: ® Invest igação da função renal do paciente, para garant ir a el iminação correta do fármaco apl icado, propiciando a manut enção da dose adequa- da e o sucesso do t rat ament o. ® Aval iação da função hepát ica, garant indo a metabol ização adequada em que o fármaco alcançará concent rações efet ivas para debelar a infec- ção. © Dosagem da carga de microrganismos para ajustar a dose correta do fármaco a ser empregado no cont role da infecção. ® Realização do Teste de Sensib i l idade a Ant imicrob ianos, propiciando a melhor escolha e a que permita maior probabi l idade de el iminar cepas resistentes. GRAU PE DIFICULDADE > Q Q A l t er n at i v a A: IN CORRETA. A invest igação da função renal do paciente é relevante no uso de ant ib iót icos reconhecidament e capazes de gerar nefrotoxicidade, como no caso dos aminogl icosídeos. Então, se o ant ib ió- t ico não for nefrotóxico, não há razão que favoreça o custo desse t ipo de moni t orament o. A l t er n at i v a B: IN CORRETA. A aval iação da função hepát ica é realizada muit o mais para monit orar os efeitos hepatotóxicos dos med icament os com esse pot encial , do que avaliar os efeitos t erapêut icos do fármaco, como af irma a alt ernat iva B. A l t er n at i v a C: IN CORRETA. A dose do ant ib iót ico é calculada em fun- ção do paciente, aval iando aspect os import ant es como peso, idade, pre- sença de co- morb idades, etc. A l t er n at i v a D: CORRETA. Embora muit as prescrições sejam empír icas, sempre que possível, é relevante a realização de testes de suscept ib i l idade do microrganismo ao ant ib iót ico, para nortear a melhor escolha a ser fei t a. 0 4 (PREFEITURA DE FORTALEZA - 2014) Os fármacos ant ib iót icos pert encent es ao grupo dos carbapenêmicos são 2 33 QU ESTÕES CO M EN TA D A S est rut uralment e relacionados aos betalactâmicos. Um dos compost os mais ut i l izados é o im ipeném, por possuir amplo espect ro. Esse fármaco é associado a uma substância conhecida como ci lastat ina. Essa associação é feita pela: ® Cilastat ina favorecer a absorção do im ipeném pelas células do orga- nismo. ® Cilastat ina inibe uma pept idase renal, evi t ando a degradação do imipe- ném, proporcionando uma meia vida maior a esse últ imo. © Cilastat ina favorece a associação do imipeném às proteínas p lasmát i- cas, favorecendo a d ist r ibuição desse úl t imo. © Cilastat ina ter efeito sinérgico com o imipeném por ag irem no mesmo sít io de ação GRAU DE DIFICULDADE • • O A l t er n at i v a A: IN CORRETA. A absorção do imipeném por via oral é mui- to ruim, o que demanda um uso por via endovenosa ou int ramuscular, o qual não depende de out ra substância para ocorrer. A l t er n at i v a B: CORRETA. A ci lastat ina é associada ao im ipeném para impedir a degradação do ant ib iót ico nos rins, inat ivando as enzimas nas células com borda em escova, assegurando boas concent rações urinárias. A ci lastat ina parece t amb ém ter um efeito nefroprotetor. A l t er n at i v a C: IN CORRETA. A ci lastat ina não interfere na l igação do imi- peném as proteínas p lasmát icas. A l t er n at i v a D: IN CORRETA. Como dito na alt ernat iva B, a ci lastat ina é um inibidor enzimát ico, não apresent ando ação ant ibact er iana. • 8 0 5 (SES-ACRE - 2014) Antes de aviar a prescrição de um ant imicrob iano, o farmacêut ico ident i- f icou que o med icament o foi prescrito para uma criança de 1 ano e dois meses de idade. Ent re os med icament os ant imicrobianos apresentados a seguir assinale aquele que NÃO deve ser administ rado em crianças nessa faixa etária. ® Amoxici l ina ® Cl indamicina 2 34 Q U ESTÕ ES CO M EN T A D A S © Penici l ina © Tet racicl ina © Cef u r o xi m a GRAU PE DIFICULDADE l i O A l t er n at i v a A: IN CORRETA. A amoxici l ina está indicada para o t rata- ment o de ot ite méd ia, ou infecções respiratórias. Inclusive, há uma grande quant idade de prescrições de amoxici l ina associada ao clavulanato, um inibidor da beta- lacatamase bact eriana. A l t er n at i v a B: IN CORRETA. Embora a cl indamicina seja det ect ada no leite mat erno e t amb ém possa gerar efeitos colaterais no neonato, a re- comendação é que seu uso seja int errompido sempre considerando a im- portância do med icament o para a mãe. No caso de crianças mais velhas, como o caso cit ado na quest ão, a droga pode ser ut i l izada. A l t er n at i v a C: IN CORRETA. A penici l ina pode ser ut i l izada em crianças, mas sempre levando em consideração o cálculo da dose específ ico para a idade e peso da cr iança. A l t er n at i v a D: CORRETA. Não exist em indicações para o uso de tet ra- cicl ina em crianças menores de 8 anos. Esse med icament o pode causar depressão do cresciment o ósseo, descoloração permanent e cinza acasta- nhada dos dentes e hipoplasia do esmalt e, quando administ rada durante a fase de desenvo lviment o do dent e. A l t er n at i v a E: IN CORRETA. As cefalosporinas de segunda geração são segunda opção na terapia de ot ite média aguda em crianças. 1 1 (EBSERH-HUCAM .UFES - 2013) Paciente do sexo mascul ino, 26 anos, com quadro infeccioso no t rato res- piratório, relata ao médico ser alérgico à penici l ina, por sua vez, o médico consult ou o setor de farmácia para saber qual dos ant imicrobianos pa- dronizados no serviço poderia ser ut i l izado com segurança e ef icácia pelo paciente. Com base no expost o, assinale a alt ernat iva que aponta o ant i- microbiano indicado para este caso. ® Im ipeném. ® Cef t r iaxona. © Azi t romicina. 2 35 QU ESTÕES CO M EN TA D A S © Amoxici l ina + clavulanato. © Cefalexina. GRAU DE DIFICULDADE # # # A l t er n at i v a A: IN CORRETA. Pode-se af irmar que pacientes com reação a penici l ina e\ ou amoxici l ina apresent am teste cut âneo de leitura imedia- ta com imipeném e meropeném posit ivos em 0,9% dos casos. Ou seja, deve-se evitar o uso desse fármaco em pacientes alérgicos à penici l ina. A l t er n at i v a B: IN CORRETA. A cef t r iaxona é uma cefalosporina. Sabe-se que penici l inas e cefalosporinas compart i lham a mesma est rutura cent ral , o anel beta- lactâmico. Alguns estudos t êm demonst rado que alguns pa- cientes com teste cut âneo posit ivo com penici l ina reagem a cefalospori- nas e estas reações podem ser graves ou do t ipo analát icas. A l t er n at i v a C: CORRETA. A azi t romicina, por ser um aminogl icosídeo, não apresenta semelhança est rutural com a penici l ina. Nesse caso não há risco de alerg ia, o que favorece a escolha desse fármaco como opção se- gura para o paciente. A l t er n at i v a D: IN CORRETA. Como já d iscut ido na alt ernat iva A, a amo- xici l ina apresenta t amb ém o anel beta- lactâmico, favorecendo o risco de reação a esse fármaco, caso o paciente t enha alergia a penici l ina. A l t er n at i v a E: IN CORRETA. No caso da cefalexina, que t amb ém per- t ence à classe das cefalosporinas, pode-se usar os mesmo argument os da alt ernat iva B para just i f icar a resposta af i rmando que essa droga t amb ém induzirá uma reação alérgica no paciente em quest ão. 2 36
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