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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 7 – Telefone mudo 1) COMPREENDER A FORMAÇÃO DAS PLACAS DE ATEROMA E A FISIOPATOLOGIA DA ATEROSCLEROSE → A aterosclerose é caracterizada pela presença das placas ateroscleróticas/ateroma, que são lesões intimais com redução do lúmen vascular e risco de ruptura. → A aterosclerose é a base da patogenia das doenças vasculares periféricas, cerebral e coronariana, causando mais morbidade e mortalidade no mundo ocidental que qualquer outra doença. → A doença coronariana é uma importante manifestação da aterosclerose, os dados epidemiológicos relacionados com a mortalidade por aterosclerose tipicamente refletem os óbitos causados pela doença cardíaca isquêmica. → A probabilidade de desenvolver a aterosclerose é determinada pela combinação de fatores de riscos: ✓ NÃO MODIFICÁVEIS (CONSTITUCIONAIS): ▪ GENÉTICA: é o fator de risco independente mais importante para a aterosclerose. A pré-disposição familiar bem estabelecida para aterosclerose e doenças cardíacas isquêmicas é, geralmente, poligênica, e é relacionada a grupamentos familiares de outros fatores de risco também estabelecidos, como a hipertensão ou diabetes, ou a variantes hereditárias, que influenciam outros processos fisiopatológicos, como as inflamações. ▪ IDADE: o desenvolvimento da placa de ateroma é um processo tipicamente progressivo, geralmente ele não se manifesta clinicamente até que as lesões alcancem o limite da meia idade ou mais avançada. A incidência de infarto do miocárdio aumenta cinco vezes entre as idades de 40 e 60 anos. ▪ GÊNERO: as mulheres em pré-menopausa são relativamente protegidas contra aterosclerose e suas consequências, em comparação aos homens de idade correspondente, a menos que elas tenham pré-disposição para diabetes, hiperlipidemia ou hipertensão grave. Depois da menopausa a incidência aumenta e, em idades mais altas, realmente excede a dos homens. ✓ MODIFICÁVEIS: ▪ HIPERLIPIDEMIA: é um dos principais fatores de risco da aterosclerose, mesmo na ausência de outros fatores de risco. Ela é suficiente para iniciar o desenvolvimento de uma lesão. O principal componente do colesterol sérico associado com um fator de risco é a lipoproteína de baixa densidade do colesterol (LDL), que é o complexo que entrega colesterol do fígado para os tecidos periféricos. ▪ HIPERTENSÃO: é mais um fator de risco importante, ela pode aumentar o risco de doença cardíaca isquêmica em aproximadamente 60% em comparação aos normotensos. ▪ TABAGISMO: fator de risco bem estabelecido em homens. O tabagismo prolongado (anos) de um maço de cigarros ou mais por dia duplica a taxa de mortes por doença cardíaca isquêmica. O abandono do tabagismo reduz substancialmente o risco. ▪ DIABETES: induz a hiperlidemia e aumenta acentuamente o fator de risco para aterosclerose. Os outros fatores permanecendo iguais, a incidência de infarto do miocárdio é duas vezes mais alta em pacientes diabéticos do que em não diabéticos. ▪ INFLAMAÇÃO: está presente durante todos os estágios da aterogênese e está intimamente relacionada com formação da placa aterosclerótica e sua ruptura. → Agindo em conjunto, eles causam lesões da camada íntima chamadas de ateromas que fazem protrusão na luz dos vasos. → Além da obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, as placas ateroscleróticas podem se romper, levando à catastrófica trombose vascular obstrutiva. → As placas ateroscleróticas também podem aumentar a distância de difusão da luz para a média, levando a lesões isquêmicas e ao enfraquecimento das paredes dos vasos, alterações que podem resultar na formação de aneurismas. ❖ PATOGENIA → Denominada hipótese da resposta à lesão, o modelo considera a aterosclerose como uma resposta inflamatória crônica da parede arterial à lesão endotelial. → A progressão da lesão envolve a interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos derivados de monócitos e linfócitos T, com células endoteliais e células musculares lisas da parede arterial. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 → A aterosclerose é produzida pelos seguintes eventos patogênicos: 1) Lesão endotelial e consequentemente disfunção endotelial causando aumento da permeabilidade, adesão leucocitária e trombose; 2) Acúmulo endotelial (principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol na parede dos vasos); 3) Adesão plaquetária; 4) Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a intima e diferenciação em macrófagos e células espumosas; 5) Acúmulo de lipídios no interior dos macrófagos, com liberação de citocinas inflamatórias; 6) Recrutamento de células musculares lisas devido aos fatores liberados pela ativação de plaquetas, macrófagos e células da parede vascular 7) Proliferação de células musculares lisas e produção de MEC (matriz extracelular). ❖ FORMAÇÃO DA PLACA DE ATEROMA → Primeiramente, deve existir algum irritante no sangue, que vai predispor a aterosclerose acontecer. O irritante poder ser o excesso de lipídios = LDL, toxinas do cigarro ou a hipertensão, dessa forma terá a danificação ao endotélio por esses irritantes; → Independentemente de quem causou danos ao endotélio, o colesterol vai começar a subir e acumular embaixo do endotélio danificado, vão se juntando = CAMADA DE GORDURA. → O colesterol quando penetra a parede do vaso sanguíneo, ele começa a oxidar (modifica) resultando em uma resposta inflamatória e vai mandar um sinal para o sistema imunológico que vai trazer células = monócitos, que vão tentar “destruir” o colesterol acumulado. → Quando o monócito chega no endotélio, ele se converte em macrófago e vai fagocitar o colesterol. Em processo fagocitário esses macrófagos começam a ser chamados de células espumosas que iniciará a deposição da placa de aterosclerose. → Esse ciclo vai se repetindo, e crescendo a quantidade de colesterol e essas células espumosas aumentam o recrutamento de monócitos e promovem a chegada de linfócitos T que irão se combinar com os macrófagos → As células do músculo liso (camada muscular) começam a migrar para dentro da placa de gordura, elas fazem isso para evitar que o trombogênico = coagulante (exposto na danificação do endotélio) entre em contato com sangue, formando uma CASCA FIBROSA de proteína feita de colágeno e elastina, isolando da corrente sanguínea. → Após a morte das células espumosas, elas liberam sinais que induzem o músculo liso a depositar CÁLCIO (rígido) dentro da placa de gordura. ATEROSCLEROSE = ENDURECIMENTO DAS ARTÉRIAS. → A placa de gordura pode romper e todo o material fica exposto no sangue, formando um coágulo de sangue no meio de uma das artérias coronárias, o que impede o fluxo sanguíneo. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 ❖ MORFOLOGIA → A aterosclerose possui um espectro de alterações, mais e menos graves. ➢ ESTRIAS GORDUROSAS = inicio precoce, identificadas em crianças com <1 ano e com frequência <10 anos → As estrias gordurosas surgem como múltiplas máculas amareladas e planas que coalescem em lesões maiores, com 1 cm ou mais de comprimento. Elas são compostas por macrófagos espumosos repletos de lipídios, com discreta elevação, mas sem causar desequilíbrio significativo do fluxo sanguíneo. → A relação das estrias gordurosas com as placas ateroscleróticas é incerta, embora estas possam evoluir para placas, nem todas evoluem para esse processo. Todavia, é notável que as estrias gordurosas coronárias se formem durante a adolescência e são propensas a formar placasnos mesmos locais anatômicos em uma etapa posterior da vida. ➢ PLACAS ATEROSCLERÓTICAS = revisando → As principais características dessas lesões são espessamento da íntima e acúmulo de lipídios. São lesões elevadas, branco- amareladas, com diâmetro variando de 0,3-1,5 cm, que podem coalescer e formar massas maiores. → As placas ateroscleróticas apresentam três componentes principais: 1) células, incluindo as células musculares lisas, macrófagos e células T; 2) matriz extracelular, incluindo colágeno, fibras elásticas, proteoglicanos; 3) lipídios intra e extracelulares → Mais comumente, as placas possuem cápsula fibrosa superficial composta por células musculares lisas (CML) e colágeno relativamente denso. → Profundamente à cápsula fibrosa, há um centro necrótico contendo lipídios (principalmente colesterol e ésteres de colesterol), restos necróticos, macrófagos repletos de lipídios (células espumosas) e células musculares lisas, fibrina, trombo com formação variável e outras proteínas do plasma → Os ateromas típicos contêm lipídios em abundância, mas algumas placas são compostas quase exclusivamente por células musculares lisas e tecido conjuntivo fibroso. → As placas, em geral, continuam a mudar e aumentar de volume progressivamente através da degeneração e morte celular, síntese e degradação da MEC (remodelação), e organização de trombo. Acrescido a isso, os ateromas costumam sofrer calcificação. → As placas ateroscleróticas podem ser vulneráveis ou estáveis, o que determina seu risco maior ou menor de ruptura. ✓ A placa vulnerável possui uma capa fibrosa fina e um core lipídico espesso, além de bastante inflamação associada. ✓ A capa estável apresenta uma capa fibrosa espessa e um core lipídico menor proeminente, além de menos inflamação associada. ❖ CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS → As grandes artérias elásticas (aorta, carótida e artérias ilíacas) e as médias e grandes artérias musculares (coronárias, artérias renais e poplíteas) são os vasos mais comumente afetados por aterosclerose (sinais e sintomas relacionados com a isquemia do coração, cérebro, rins e MMII), assim, as principais consequências clínicas são: Infarto do miocárdio (ataque cardíaco), acidente vascular cerebral (AVC), aneurismas da aorta e doença vascular periférica (gangrena das extremidades). → Os resultados dos principais aspectos fisiopatológicos dependem do tamanho dos vasos acometidos, do tamanho e estabilidade das placas e do grau de oclusão na parede dos vasos: APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 ✓ A oclusão dos pequenos vasos pode comprometer a perfusão dos tecidos; ✓ A ruptura da placa aterosclerótica libera restos celulares, que podem evoluir para um quadro de trombose vascular aguda (muitas vezes catastrófico) ou de embolização distal (por destaque do trombo). ✓ A destruição da parede vascular subjacente pode levar à formação de aneurismas, com ruptura secundária e/ou trombose. 2) DIFERENCIAR ANGINA ESTÁVEL DE ANGINA INSTÁVEL (CLÍNICA E EXAMES) → Angina pectoris representa o quadro de crises de dor precordial com características de opressão, cortante, causada por isquemia miocárdica transitória (de curta duração 15 segundos a 15 minutos), que é insuficiente para provocar necrose de miócitos. → A dor em si é provavelmente uma consequência da liberação induzida pela isquemia de adenosina, bradicinina, e de outras moléculas que estimulam os nervos aferentes vagais e simpáticos. ➢ ANGINA ESTÁVEL (típica) → É a forma mais comum de angina. → O quadro aparece por aumento súbito do trabalho cardíaco, como acontece em exercícios físicos, estados de estresse, emoções ou outras condições que causam sobrecarga cardíaca. → Resulta de aumentos na demanda miocárdica por oxigênio que ultrapassam a capacidade das artérias coronárias estenosadas de elevar a passagem de oxigênio (fluxo sanguíneo em nível crítico por obstrução coronariana). → Ela geralmente NÃO está associada à ruptura de placas. → Ao ECG, encontra-se infradesnivelamento do segmento ST por a isquemia ser mais intensa na região subendocárdica. → É variavelmente descrita como uma sensação de pressão profunda mal localizada, de aperto, ou de queimação (como na indigestão), mas raramente é descrita como dor. → Geralmente é aliviada pelo repouso (que diminui a demanda) ou pela administração de vasodilatadores, como nitroglicerina ou BCC (que aumentam a perfusão). ➢ ANGINA INSTÁVEL → Os episódios são desencadeados por pequenos esforços, ou até em repouso, refere-se a um padrão de angina ou desconforto torácico grave, com frequência crescente ou duração prolongada (menos de 20 minutos), que é descrita por uma dor evidente. → Na maioria dos pacientes, é causada pela ruptura de placas que resulta em trombose e vasoconstrição e leva a reduções graves, mas transitórias, do fluxo sanguíneo coronário. → Em alguns casos, microinfartos podem ocorrer distais às placas rompidas devido à tromboembolia. → É o tipo de angina que geralmente precede o infarto do miocárdio. Aproximadamente metade dos pacientes com angina instável apresenta evidência de necrose do miocárdio; em outros, o infarto agudo do miocárdio pode ser iminente. REFERÊNCIAS • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. • FILHO, Geraldo B. Bogliolo – Patologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.