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HK B Traum� Pediátric� Profª L�z Marin� O trauma é a principal causa de morte em criança, sendo maior que todas as outras causas de morte somadas (diarréia, má formação congênita, pneumonia, raramente câncer) Mecanism� d� traum� ➺Associado a veículos motorizados ➺ Quedas ➺ Afogamento ➺ Incêndio ➺ Homicídios / maus tratos ❤ Trauma neonatal ➺ Lesões cranianas e neurológicas ➺ Fraturas ➺ Lesões neurológicas ➺ Lesões de partes moles Especificidade� Anatômica� ❤ Tamanho e forma O impacto da energia em menor massa corporal resulta em maior força aplicada, causando lesões múltiplas. Além disso, possuem crânio proporcionalmente maior, tendo altas taxas de lesões cerebrais. HK B ❤ Esqueleto Crianças possuem múltiplos centros de crescimento ósseo com calcificação incompleta, tendo cartilagem, sendo mais difíceis de fraturar, entretanto, acarreta em maior lesões de órgãos internos. ➺ Leões nas epífises de crescimento ➺ Lesões na coluna cervical: • ligamentos espinhais flexíveis • encurtamento anterior das vértebras • facetas articulares planas • pseudo-subluxação fisiológica • LMSAR (lesão medular sem alteração radiológica) ❤ Vias aéreas A criança apresenta a língua e as tonsilas maiores, mandíbula menor e via aérea mais curta e estreita (forma de funil). HK B ➺ A laringe e as cordas vocais são mais cefálicas e anterior no pescoço • A epiglote da criança é mais rígida e em forma de “U” ou “V” • A angulação da epiglote com a parede anterior da faringe é diferente (45° no bebê e mais próxima da base da língua no adulto) • Na criança, cerca de 50% da corda vocal é inferior e medial, além de côncava. No adulto, essa concavidade não é significativa ou está ausente. ➺ Em relação à posição da laringe, na criança essa está mais cefálica do que a do adulto; porém, com o avanço da idade, a estrutura se move de maneira mais caudal (em neonatos, está na posição C3-4 e no adulto no nível C4-5). ➺ Atendimento: Como o occipício é proeminente na criança menor, coloca-se um coxim (um colchonete fino) abaixo do tronco, para manter a postura neutra. ❤ Tórax ➺ A parede torácica é mole, flexível, e junto com o alinhamento horizontal das costelas os músculos intercostais fracos, aumentam o risco de contusão pulmonar. ➺ Fraturas de costelas indicam força significativa ➺ Pneumotórax hipertensivo é provável, devido à mobilidade do mediastino ❤ Abdome Parede muscular mais mole e mais fina e fígado e baço mais baixos. ➺ Na criança menor a bexiga é um órgão intra- abdominal. HK B Especificidade� �siológica� ❤ Sinais vitais ➺ Menor volume de sangue (75mL/Kg) ➺ Menor capacidade funcional residual ➺ Resposta compensatória vigorosa ➺ Piora abrupta ➺ Tônus vagal aumentado Equipament� pediátric� A: Via� aérea� ❤ Crianças Respirando Espontaneamente ➺ Manter o plano da face paralelo ao plano da prancha ➺ Alinhamento neutro da coluna cervical HK B ➺ Manobra de impulso da mandíbula (elevação do mento) combinada com restrição de movimento espinhal em linha bimanual para abrir a via aérea. ➺ Limpar a boca e a orofaringe de secreções e detritos ➺ Administrar oxigênio suplementar. ❤ Tubo de Guedel Cânula de guedel: a introdução da cânula na criança deve ser feita com sua concavidade voltada para baixo (para a língua), pois a ponta da cânula pode lesar o palato (o palato duro na criança ainda é mole) ❤ Intubação orotraqueal ➺ Indicações • criança portadora de trauma craniencefálico grave e que precisa de ventilação controlada • criança que não pode manter a via aérea permeável • criança que apresenta sinais de insuficiência ventilatória • criança que apresenta hipovolemia significativa, com rebaixamento do nível de consciência e que necessita ser submetida a uma intervenção cirúrgica ➺ Protocolo ➺ Importante • IOT - precedida por ventilação com bolsa-máscara e oxigenação • A via aérea deve ser mantida totalmente permeável HK B • Coluna cervical - imobilizada em posição neutra. • Tração e movimento do pescoço - devem ser evitados após manutenção da via aérea e estabilização da coluna cervical – manter colar cervical ❤ Cricotireoidostomia “Quando não se pode manter a ventilação por dispositivo de máscara com válvula e balão ou por intubaçãoorotraqueal, uma via aérea de resgate com máscara laríngea (ML), máscara laríngea de intubação (MLI) ou cricotireoidostomia por punção podem ser necessárias” ➺ Crianças abaixo de 10 anos não podem receber vias aéreas cirŕgicas (cricotireoidostomia). B: Respiraçã� � ventilaçã� ❤ Frequência respiratória ➺ Crianças pequenas: 30 a 40 vezes por minuto ➺ Criança mais velha: 15 a 20 vezes por minuto ❤ Hipóxia A hipóxia é a causa mais comum de parada cardíaca em crianças. ➺ Antes da parada cardíaca: acidose respiratória, ➺ Obs: “com ventilação e perfusão adequadas, a criança é capaz de manter um pH relativamente normal. Na ausência de ventilação e perfusão adequadas, corrigir a acidose com bicarbonato de sódio pode piorar a hipercarbia e a acidose.” ❤ Tórax Para fraturar as costelas de uma criança a força deve ser significativamente maior, que a lesão proporcional no adulto, de forma que, as crianças podem apresentar contusões pulmonares graves, mesmo na ausência de fratura de costelas. ❤ Pneumotórax hipertensivo: toracocentese e drenagem pleural ➺ Toracocentese: acima do 3º arco costal – linha hemiclavicular – jelco 14 ou 18 ➺ Drenagem torácica: o local da inserção do dreno torácico é o mesmo em crianças e adultos: quinto espaço intercostal, anterior à linha axilar média HK B C: Circulaçã� ❤ Alterações hemodinâmicas As crianças demoram mais que os adultos para apresentar sinais de choque hipovolêmico, como taquicardia e hipotensão. Uma redução de 30% no volume de sangue circulante pode ser necessária para manifestar uma diminuição na pressão sistólica da criança (volemia lactente–80 mL/kg; criança–70 mL/kg) Obs: Para estimar o peso em quilogramas de uma criança, pode-se usar a fórmula ([2 × idade em anos] + 10) ❤ Reposição Volêmica ➺ Acesso venoso: “preferencialmente em veias antecubitais; após 2 tentativas sem sucesso: punção intraóssea ou acesso pela veia femoral; em último caso: acesso venoso central guiado por ultrassom” • Percutâneo: Veia(s) femoral(is) HK B • Percutâneo: Veia(s) jugular(es) externa(s) • Dissecção venosa: Veia(s) safena(s) no tornozelo ➺ Volemia: Solução isotônica → ringer lactato → 20mL /kg • Se ainda for necessária reposição volêmica após dois bolus de cristalóide, indicar concentrado de hemácias 10 mL/kg • Se nas primeiras quatro horas o sangramento for maior que metade da volemia da criança, a reposição deve ser feita com concentrado de hemácias e com a utilização precoce de plasma e de plaquetas ➺ Normalidade hemodinâmica HK B • Diminuição da frequência cardíaca ( < 130 bpm, com melhora de outros sinais fisiológicos; essa resposta varia com a idade) • Melhora do nível de consciência • Retorno dos pulsos periféricos • Normalização da coloração da pele • Reaquecimento das extremidades • Aumento da pressão arterial sistólica (a normal é aproximadamente 90 mm Hg mais duas vezes a idade em anos) • Aumento da pressão de pulso ( > 20 mm Hg) • Débito urinário de 1 a 2 mL/kg/h (varia com a idade) ❤ Trauma abdominal ➺ As crianças possuem a parede muscular mole e mais finas, e o fígado e o baço são mais baixos e não protegidos pelo arcabouço costal. ➺ Os ferimentos contusos são mais comuns do que lesões penetrantes na infância. ➺ Manejo seletivo e não operatório de órgãos parenquimatosos abdominais em crianças que são hemodinamicamente normais é realizado na maioria dos centros de trauma, especialmente aqueles com equipes de cirurgia pediátrica ➺ A presença de sangue intraperitoneal na TC ou FAST, que define o grau de lesão não necessariamente exige uma laparotomia • TC: “A criança traumatizada que necessita de TC como um estudo auxiliar frequentemente precisa de sedação de tal forma que ela não se movimente durante a realizaçãodo exame. Assim, a criança traumatizada que necessita reanimação ou sedação e que será submetida à TC deve ser acompanhada por um médico habilitado no tratamento da via área e no acesso vascular pediátrico. A TC do abdome pode ser realizada com contraste, conforme a necessidade” • FAST: “ O FAST não pode identificar lesões intraparenquimatosas isoladas, que são responsáveis por um terço das lesões de órgãos parenquimatosos em crianças. Em resumo, não se deve confiar no FAST para excluir a presença de lesões intra abdominais." • Lavagem Peritoneal Diagnóstica: “A lavagem peritoneal diagnóstica (LPD) é utilizada para detectar sangramento intra-abdominal na criança com instabilidade hemodinâmica que não pode ser transportada para a realização de TC ou quando a TC e o FAST não estiverem imediatamente disponíveis e a presença de sangue levará a intervenção cirúrgica imediata. (...) só deve ser realizada pelo cirurgião que fará o tratamento definitivo da criança, pois pode HK B interferir nas avaliações abdominais subsequentes ao exame físico ou nos exames de imagem, que são a base para a decisão sobre a necessidade de cirurgia.” D: Disabilit� (Neurológic�) ❤ Trauma cranioencefálico ➺ Causas • Colisão com veículo automotor • Abuso/maus tratos • Colisão com bicicleta • Quedas ➺ Especificidades • Lactentes: grandes perdas de sangue no espaço subgaleal, subdural ou intraventricular • Cérebro – dobra de tamanho nos 6 meses/ 80% do seu tamanho com 2 anos • Espaço subaracnoídeo menor: maior chance de lesão do parênquima • Melhor prognóstico em crianças maiores que 3 anos em relação aos adultos. • Crianças são susceptíveis à lesão cerebral secundária (hipovolemia/hipóxia/hipotemia) • Lactente – fontanela aberta – tolera melhor lesão craniana de efeito de massa ➺ Sintomas: • Fontanela abaulada = lesão grave • Vômitos e amnésia são comuns após lesão cerebral; quando persistentes, indicam tomografia. • Convulsão pós TCE – Tomografia • Hipertensão craniana causada por edema = recuperar a volemia – TC de emergência • Doses de medicamentos devem ser ajustados conforme o tamanho da criança HK B ➺ Avaliação do neurocirurgião • Glasgow menor que 8 ou escore motor de 1 ou 2 • Lesões múltiplas • TC de crânio com hemorragia, edema ou herniação E: �p�içã� “A natureza imatura e flexível dos ossos em crianças pode levar a fraturas em galho verde, que são incompletas com angulação mantida por lascas corticais numa superfície côncava” ❤ Hipotermia As crianças possuem maior superfície corpórea em relação ao peso, tendo a pele mais fina e menor isolamento pelo tecido subcutâneo ❤ Imobilização ➺ Imobilização de extremidades fraturada até que a avaliação ortopédica seja realizada. ➺ Fraturas com evidências de lesões vasculares requerem avaliação de emergência para evitar sequelas da isquemia. ➺ Redução da fratura para restaurar o fluxo sanguíneo deve ser feita, seguida da imobilização ou tração da extremidade. HK B Sinai� d� Mau� Trat� ➺ Existe discrepância entre a história e o grau de lesões físicas ➺ Intervalo de tempo prolongado entre o trauma e a procura por atendimento médico ➺ Traumatismos de repetição e de atendimentos em diferentes hospitais ➺ A história do trauma muda ou é diferente entre os pais ou cuidadores ➺ História de visitas frequentes a hospitais ou ao médico ➺ Os pais não respondem de forma adequada, ou são evasivos, ou não obedecem as ordens médicas-por exemplo, abandonam a criança na sala de emergência ➺ O mecanismo de trauma não é plausível com o estágio de desenvolvimento da criança: ➺ Equimoses múltiplas (em diferentes estágios de cicatrização) ➺ Evidência de lesões traumáticas prévias repetidas, como cicatrizes antigas ou fraturas consolidadas à radiografia ➺ Lesões periorais HK B ➺ Lesões perineais ou perianais ➺ Fraturas de ossos longos em crianças menores de 3 anos de idade ➺ Ruptura de vísceras sem antecedente de trauma fechado de grande intensidade ➺ Hematomas subdurais múltiplos, especialmente sem fratura de crânio recente ➺ Hemorragia retiniana ➺ Lesões bizarras, como mordidas, marcas de queimadura por cigarro ou marcas de cordas ➺ Queimaduras de segundo e terceiro graus nitidamente demarcadas ➺ Fraturas de crânio ou de arcos costais em crianças menores de 24 meses de idade Prevençã� d� Traum� Referência� bibliográfica� ➺ ATLS 9ª Ed.
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