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Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão Curso de Engenharia Ambiental RELATÓRIO SOBRE A PRODUÇÃO DE COALHADA FRESCA NATHALIA BORDON PIRONATO SIA CAMPO MOURÃO 2021 RELATÓRIO DE PRODUÇÃO DE COALHADA SECA 1. Introdução Os produtos derivados do leite se caracterizam pelo manejo de um produto altamente perecível, que deve ser mantido sob vigilância e analisado corretamente durante todos os passos da ordenha até sua chegada ao consumidor (ELLNER e SCHLUTER, 2000). Uma das propriedades do leite permite sua conservação: o próprio leite têm cultivos lácticos que permitem converter seus açúcares em ácidos, permitindo desta forma que o leite possa preservar-se durante períodos de tempo maiores. Este processo faz com que as propriedades do leite mudem substancialmente dando lugar a uma nova gama de produtos: produtos fermentados do leite graças à ação das bactérias da família Lactobacillales que são as bactérias do ácido láctico (LEPORANTA, 2001). Os principais produtos fermentados são: a bebida láctea fermentada, iogurte, leites fermentados, kefir, kumys e os queijos. A fermentação láctica é a ação dos germes no leite e consequente transformação de seus elementos (BEHMER, 1999). As principais funções das culturas lácticas na fabricação de leites fermentados são: produção de ácido láctico a partir da lactose do leite e a produção de compostos aromáticos como, diacetil, acetaldeído, acetona, etanol e em alguns casos como no kefir a produção de gás carbônico (RITTER, 2008). A coalhada é um tipo de leite fermentado de elevado valor nutritivo, pois como ocorre nos demais leites fermentados, os elementos do leite são parcialmente pré digeridos durante o processo de fermentação. Segundo Silva et al. (2010), a fermentação láctea consiste na conservação anaeróbica parcial de carboidratos, com a produção final de ácido láctico, entre outras substâncias orgânicas. A coalhada é a parte sólida resultante da coagulação do leite. A parte líquida, por sua vez, é chamada de soro do leite. A preparação de leites fermentados é uma forma natural de conservação do leite, já que a acidificação funciona como um conservante natural contra o desenvolvimento de muitas bactérias nocivas aos seres humanos. A coalhada é o leite fermentado e neste processo de fermentação são mantidos os minerais, as vitaminas e a gordura. Porém, o açúcar do leite é reduzido, o que evita distúrbios digestivos. O alimento é classificado no grupo de alimentos construtores, aqueles que nos fornecem substâncias para a construção e reparação constantes do nosso corpo como ossos e músculos. A coalhada é obtida predominantemente por abaixamento do pH até o ponto isoelétrico da caseína (pH 4,6 – 4,7), devido à produção de ácido lático metabólito principal da fermentação. Esta fermentação ocorre durante o crescimento de bactérias lácticas no leite, veiculadas pelo iogurte adicionado. A composição centesimal da coalhada em relação ao leite diferencia-se, pois na dessoragem há perda de minerais e de proteínas solúveis (soro). A textura do produto é fria e quebradiça, de pH baixo, com maior tendência a dessoragem espontânea e requer cerca de 18-24 horas para ficar pronta (MONTINGELLI, 2005). 2. METODOLOGIA Para a realização deste experimento foram utilizados os seguintes materiais: - 1L de leite (R$ 3,45) - 40g de iogurte natural (R$ 2,98) - termômetro culinário - pano de algodão - refratário - panela de inox Figura 1 - Ingredientes utilizados O procedimento foi iniciado com a fervura do leite até 98°C (Figura 2), onde posteriormente foi colocado em um refratário e aguardado até a temperatura do mesmo chegar em 45°C, e essa temperatura precisa estar certa pois muito acima disso as bactérias não sobrevivem. A etapa de espera durou em torno de 20 minutos, onde após estar com a temperatura adequada foi adicionado 40 g de iogurte natural integral junto ao leite (Figura 3). Para o melhor desenvolvimento da receita, o refratário com a mistura foi envolvido por toalhas e levado até um local seco e reservado, permanecendo por 22 horas. Figura 2 - Fervura do Leite Figura 3 - Adição de iogurte ao leite O tempo de permanência é pessoal, pois quanto mais horas, mais haverá fermentação, obtendo uma coalhada mais seca, e menos horas se obtém uma coalhada mais fresca. Após o tempo estabelecido para a fermentação, a mistura que já estava com a consistência um pouco sólida foi colocada em um pano de algodão a fim de drenar o soro e fazer a ‘’secagem’’ da coalhada (Figura 4). Esse processo demorou em torno de duas horas e meia, resultando em uma massa firme e consistente, denominada coalhada. Figura 4 - Etapa de drenagem da coalhada A coalhada foi separada em dois potes, um que foi utilizado para fazer a temperagem, com azeite, sal, salsa desidratada e páprica defumada, podendo servir de acompanhamento para bolachas, torradas e até mesmo molho para salada ou carnes, e o outro reservado para outro momento. Uma característica importante da coalhada é que, com o ‘’resto’’ que sobra, pode se fazer uma nova, pois é como se ficassem uma comunidade de bactérias, que em contato novamente com o leite irá fermentar e fazer todo o processo novamente, não precisando mais utilizar um novo iogurte. Figura 5 - Coalhada pronta e temperada 3. Conclusão A coalhada seca foi obtida como produto final do experimento, fruto da fermentação láctea, um processo prático e natural, mas que demanda de muita atenção e cuidado, além de exigências como a temperatura adequada para que se consiga finalizar com êxito e com uma qualidade excelente, muito saborosa e pronta para ser consumida. Podemos também concluir que além da fermentação, outro processo utilizado foi o de filtração, no momento em que drenou-se a água da mistura com o auxílio de um pano, onde as partículas da água passaram pelos buracos minúsculo do algodão, e a mistura, por ter partículas maiores e mais densas, permaneceram dentro do pano. REFERÊNCIAS ELLNER, R.; SCHLÜTER, C. Preguntas y respuestas sobre la microbiología del leite y los produtos lácteos. Díaz de Santos, 2000. MONTINGELLI, N. M. M, Predisposição do leite de cabra para a fabricação de queijos, Monografia apresentada ao departamento de ciência dos alimentos da Universidade Federal de Lavras. Minas Gerais, 2005. LEPORANTA, K. Developing fermented milks into functional foods. Innov. Food Technol, v.10, p. 46–47, 2001. RITTER. Manual para fabricação de leites fermentados: iogurtes e bebidas lácteas. Disponível em: http://www.ritter.com.br/foodservice/dir_arquivos/manual.pdf. Acesso em 29 de ago. de 2021
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