Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ive Maria Emergências cirúrgicas – 8º semestre 1 Sequência rápida de intubação Aula 2: prática de via aérea avançada IOT E INDICAÇÕES Indicações gerais de IOT: 1. Incapacidade de manter as vias aéreas patentes; 2. Incapacidade de proteger a via aérea contra a aspiração; 3. Incapacidade de ventilar; 4. Incapacidade de oxigenar; 5. Antecipação de uma deterioração clínica iminente. Indicações absolutas: → Glasgow ≤ 8; → Queimadura de via aérea; → Dessaturação → Edema agudo de glote; Indicações relativas: → PCR; → Procedimentos anestésicos; → Uso de surfactante; → Realização de EDA em pacientes com rebaixamento do nível de consciência; IOT EM SEQUÊNCIA RÁPIDA Figura 1: sequência rápida de intubação ETAPA 1: PREPARAÇÃO Preparação do material para a IOT e garantir os EPI’s. • Bolsa auto-insuflável (tipo AMBU®) ou bolsa com válvula uni-direcional e adaptador conectados a fonte de O2; • Jogo de máscaras faciais (3 a 5). • Jogo de laringoscópio: cabo e lâminas curvas (3 e 4). Sempre testar laringoscópio antes! • Jogo de tubos endotraqueais (6.5 a 8.5) - geralmente mulheres 7,5-8,0 e homens 8-9 • Cânulas orofaríngeas (Guedel 3-4). • Guia de intubação tipo bougie ou estilete metálico (“fio guia”) • Sistema de aspiração de secreções e sonda para aspiração. • Máscara laríngea (3 a 5). • Seringa de 20ml para insuflar o cuff • Estetoscópio para checar a posição do tubo; • Drogas utilizadas no procedimento; Além da gradação de dificuldade da via aérea via método LEMON L = Look Externally (olhar externamente) E = Evaluate (examine as distâncias com regra do 3-3- 2): distância de pelo menos 3 dedos entre os dentes incisivos; distância de pelo menos 3 dedos entre o hioide e o mento; distância de pelo menos 2 dedos entre a proeminência tireóidea e o assoalho da boca M = Mallampati: Classificação de Mallampati de acordo com a visualização da hipofaringe. O = Obstruction: qualquer condição que leve a obstrução. N = Neck Mobility (Mobilidade Cervical – No peito encoste o queixo): avaliada ao solicitar ao doente (em condições favoráveis) para flexionar o queixo no peito e, em seguida, estender como se fosse olhar para o teto; ETAPA 2: PRÉ-OXIGENAÇÃO O objetivo da pré-oxigenação é aumentar as reservas de oxigênio do paciente de modo a prolongar o tempo até a dessaturação, uma vez que o paciente será submetido a apneia durante o procedimento de intubação. • Deve ser realizada com o paciente em ventilação espontânea; • Se o paciente estiver recebendo oxigênio através de máscara facial não reinalante, cateter nasal de alto fluxo (CNAF) ou VNI, deve-se manter estes dispositivos, ajustando para oxigenação máxima (FIO2=100%). • No caso de estar sendo empregado cateter nasal de baixo fluido, substituir por sistema bolsa-válvula- filtro-máscara alimentada por fonte de oxigênio de até 10L/min. A pré-oxigenação deve ter duração de 3-5 minutos, sempre que a situação clínica permitir. Contudo não se deve postergar a intubação no caso do paciente com instabilidade hemodinâmica. ETAPA 3: PRÉ-TRATAMENTO A ventilação mecânica substitui total ou parcialmente a ventilação espontânea e está indicada na insuficiência respiratória aguda ou crônica. Propicia melhoras das trocas gasosas e diminuição do trabalho respiratório, podendo ser utilizada de forma não invasiva ou de forma invasiva. Ive Maria Emergências cirúrgicas – 8º semestre 2 É utilizada para mitigar os efeitos fisiológicos adversos da laringoscopia e intubação orotraqueal, devendo ser feita dois minutos antes do procedimento. • Lidocaína 2% (sem vasoconstrictor): 1,5mg/kg IV, 2 minutos antes da laringoscopia, ou; • Fentanil: 1-3mcg/kg IV; Expansão volêmica: SF 0,9% 500ml e/ou infusão de nora (caso haja contraindicação da expansão). A lidocaína é contraindicada na presença de bloqueios cardíacos. Na indisponibilidade dos medicamentos acima, não realizar a pré-medicação com outros agentes sedativos. ETAPA 4: PARALISIA COM INDUÇÃO Devem ser injetados através de bolus lento. Substâncias Doses recomendadas SEDATIVOS Cetamina 2 mg/kg IV Contraindicação: PIC elevada ou HAS. Vantagem: estimula a liberação de catecolaminas e faz broncodilatação. Etomidato 0,3 mg/kg IV Contraindicação: suprimir a produção adrenal de cortisol. Vantagem: excelente sedação com pouca hipotensão. Propofol 2 mg/kg IV Não há contraindicação absoluta, porém produz hipotensão dose dependente. Vantagem: broncodilatação. Midazolam 0,2 mg/kg Contraindicação: depressão miocárdica dose dependente resultando em hipotensão. Vantagem: um potente amnésico BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES Succinilcolina 1,5 mg/kg IV Contraindicações absolutas: história pessoal e familiar de hipertermia maligna e pacientes com alto risco de desenvolver hipercalemia. Rocurônio* 1,2 mg/kg IV Em caso de falta dos bloqueadores acima**: Cisatracúrio 0,2 mg/kg IV Atracúrio 0,5 mg/kg IV Pancurônio 0,1 mg/kg IV Vecurônio 0,1 mg/kg IV * Em pacientes com risco de hipercalcemia ou doenças neuromusculares, a opçaõ terapêutica será o rocurônio. ** Em casos de utilização das medicações alternativas, há necessidade de ventilação sob máscara por pelo menos 3 minutos. ETAPA 5: PROTEÇÃO E POSICIONAMENTO Posicionar o paciente em decúbito dorsal com 30º de inclinação no dorso, em posição de “sniff” ou “farejador” (coxim na região occipital + hiperextensão do pescoço, se não houver contraindicação para tal). O objetivo é alinhar os eixos oral, laríngeo e faríngeo do paciente. Para o posicionamento do paciente, deve-se: • Elevar o dorso da cama/maca 45º, sempre que possível; • Uso de coxim* occipital; * O coxim é feito com lençóis ou campos cirúrgicos dobrados e colocados sob a região occipital. Não preparar com lençóis/campos enrolados e não posicionar o coxim na região cervical ou interescapular. Figura 2: Preparo e posicionamento adequado do coxim occipital. Posicionamento em rampa (obesos), consiste em: • Colocação de lençóis ou campos cirúrgicos dobrados sob a região dorsal do paciente além dos colocados sob a região occipital; • Manutenção do dorso da cama ou maca a 0º; Figura 3: posicionamento em rampa para intubação de pacientes obesos. Manobra de Sellick: consiste em uma leve pressão ao nível da cartilagem cricoide, utilizando o polegar e indicador, para ocluir externamente o esôfago e impedir que o tubo passe pelo órgão. ETAPA 6: POSICIONAMENTO DO TUBO A laringoscopia deve ser realizada com a mão não dominante (a mão dominante segura a cabeça), a lâmina deve entrar pelo canto direito da boca de forma a rebater a língua para a esquerda. Ao visualizar a epiglote, a lâmina deve ser inserida na valécula epiglótica e deve-se tracionar o laringoscópio para frente, para cima e para a esquerda. Ter muito cuidado para não bascular a lâmina e acabar quebrando o dente do paciente! Ive Maria Emergências cirúrgicas – 8º semestre 3 Figura 4: Gradação de Cormack Lehane Feito isso, a via aérea deve ser visualizada. Passado o tubo orotraqueal, deve-se inseri-lo até esconder o balonete abaixo das cordas vocais, outra medida utilizada é a de 22 cm na altura dos dentes incisivos. Por fim, infla-se o balonete/cuff e confirma-se o posicionamento do tubo, que pode ser através de: • Ventilação com ambu e observação da expansibilidade torácica bilateral e simétrica; • Ausculta (epigástrio, pulmão esquerdo, pulmão direito); • Radiografia de tórax; • Fog (embaçamento pelo vapor d’água) no tubo; • Capnografia (PaCO2 entre 35 à 45 mmHg); A ventilação mecânica invasiva protetora poderá ser iniciada no modo volume ou pressão controlada (VCV ou PCV) com volume corrente igual 6ml/kg de peso predito e pressão de platô menor que 30cmH2O, com pressão de distensão menor que 15cmH2O.ETAPA 7: PÓS-INTUBAÇÃO Após a intubação, deve ser feita a insuflação do balonete do tubo com volume de ar suficiente para conseguir a ventilação adequada. Auscultar o tórax, checando a simetria, e assegurando que a intubação não foi esofágica. O tubo deve ser fixado. Solicitar Rx, se disponível, para verificar a posição do tubo. Além disso, realizar oxigenação e manter a monitorização; Se mesmo após a IOT o paciente continua dessaturando, ou não apresenta melhora na SatO2, temos como possíveis causas: • Deslizamento do tubo; • Obstrução; • Pneumotórax; • Equipamento defeituoso;
Compartilhar