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Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 7° fase Medicina | 2022.2 Farmacologia UCXX Epilepsia A epilepsia é uma doença muito comum, ocorrendo entre 0,5% a 1% da população mundial- 150.000 novos casos por ano. Dados brasileiros indicam prevalência de 1,8%. Não há distinção de raça, gênero, ou condição social. Existe distribuição bimodal da incidência, estando mais alta nas duas primeiras décadas e no final da vida. Uma crise epiléptica é a ocorrência transitória de sinais ou sintomas clínicos secundários a uma atividade neuronal anormal excessiva ou sincrônica. A definição de epilepsia requer a ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica Após o diagnóstico do tipo de crise, deve-se definir o tipo de epilepsia, que inclui epilepsia focal, epilepsia generalizada, epilepsia focal e generalizada em conjunto, e também um grupo de epilepsias de tipo desconhecido. Essa classificação tem como objetivos principais: Identificar os tipos de crises que são mais prováveis de ocorrer num determinado paciente, Fatores desencadeadores das crises, O prognóstico, pp em crianças (dificuldades de aprendizagem, déficit cognitivo, distúrbios psiquiátricos, risco de mortalidade) Definição do tratamento Tratamento A escolha adequada dos fármacos antiepiléticos é baseado nas informações colhidas sobre o tipo de crise e ou síndrome epilética, idade, tolerabilidade, segurança e eficácia. O controle completo das crises é o principal objetivo da terapia farmacológica, no entanto, existe uma parcela de pacientes que não consegue controle total, em torno de 20% a 30%. Esses pacientes podem até apresentar um controle parcial, mas não obtêm remissão completa das crises O objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises, com um mínimo de efeitos adversos, buscando, idealmente, uma remissão total das crises. Deve‐se buscar um fármaco antiepiléptico com um mecanismo de ação eficaz sobre os mecanismos de geração e propagação. Os principais mecanismos de ação dos fármacos antiepilépticos são: bloqueio dos canais de sódio, aumento da inibição GABAérgica, bloqueio dos canais de cálcio e ligação à proteína SV2A da vesícula sináptica (inibe degradação/receptação do GABA). Bloqueio de canais de Na ou potencializar respostas GABérgica: mais indicado para convulsões generalizadas Bloqueio de canais de Ca: mais indicado para convulsões focais ou parciais Os fármacos antiepilépticos de 1ª linha/geração (ditos tradicionais), 2ª linha (ditos recentes) e 3ª linha (ditos novos) têm eficácia equivalente, porém o perfil de efeitos adversos e de interações medicamentosas é mais favorável aos fármacos antiepilépticos mais recentes. Por outro lado, por serem recentes, não se conhecem os eventuais efeitos adversos do uso destes fármacos a longo prazo. A seleção do fármaco deverá levar em consideração outros fatores além da eficácia, tais como efeitos adversos, especialmente para alguns grupos de pacientes (crianças, gestantes e idosos), tolerabilidade individual e facilidade de administração. Especificamente para crises de ausência: eficácia semelhante para o ácido valproico e a etossuximida, e inferior para a lamotrigina. Tradicionalmente, se utiliza: Adultos com epilepsia focal – carbamazepina, fenitoína e ácido valproico; Crianças com epilepsia focal – carbamazepina; Idosos com epilepsia focal – lamotrigina e gabapentina; Associação de medicamentos De forma geral, as associações devem utilizar um fármaco de espectro amplo – que atue em mais de um alvo biológico (ácido valproico, topiramato, levetiracetam) com um de espectro restrito – que seja efetivo apenas em um alvo biológico (fenobarbital). Outro aspecto a ser observado é evitar usar dois fármacos com o mesmo mecanismo de ação (carbamazepina + fenitoína – ambos bloqueadores de canais de Na). O tempo de tratamento da epilepsia, em geral, não pode ser pré‐ determinado. Porém, há duas situações em que ele pode ser interrompido: por falha do tratamento ou por remissão completa das crises Critérios: A primeira indicação de tratamento para a epilepsia em geral é o uso de monoterapia, se não apresentar resposta satisfatória, realizar mais duas tentativas de monoterapia seguida de combinação. Há evidências de sinergismo entre o ácido valproico e a lamotrigina, quando utilizados em combinação, no tratamento de crises focais e generalizadas. Há, também, evidências de que o uso de carbamazepina em combinação com lamotrigina pode favorecer o aparecimento de efeitos adversos neurotóxicos devido a interações farmacodinâmicas adversas Troca de medicamentos Critérios para troca de fármaco (manutenção de monoterapia). Asseguradas a adesão ou nível sérico recomenda‐se a troca de fármacos nas seguintes situações: Intolerância à primeira monoterapia ou Falha no controle ou exacerbação de crises. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina A troca de fármacos deve ser feita numa sequência racional, procedendo‐se primeiro à introdução gradual do segundo fármaco, com dose gradativa até que as crises sejam controladas, ou que o paciente demonstre intolerância. Se ocorrer o controle de crises, o primeiro fármaco passa a ser retirado gradativamente. Refratariedade Epilepsia refratária: quando não houver controle apropriado das crises com o uso de no mínimo duas ou três drogas antiepiléticas associadas, estando na dose máxima tolerada pelo período de 18 a 24 meses, ou, se apresentar controle das crises epiléticas com efeito colateral inaceitável. A primeira indicação de tratamento para a epilepsia em geral é o uso de monoterapia, se não apresentar resposta satisfatória, realizar mais duas tentativas de monoterapia seguida de combinação. Se ainda sim persistir as crises e novas combinações falharem, avaliar intervenção cirúrgica. Principais mecanismos dos antiepilépticos (FAE) 1. Diminuição da descarga repetida e mantida de um neurônio, efeito mediado pela inativação dos canais de Na+. (VIA EXCITATÓRIA) o Fenitoína (SUS), carbamazepina (SUS), ácido valproico* (SUS), topiramato e lamotrigina 2. Potencialização da inibição sináptica mediada pelo ácido - aminobutírico (GABA). (VIA INIBITÓRIA) 3. Diminuição da atividade de canais de cálcio especiais, conhecidos como corrente T (eficazes em forma menos comum de convulsão epilética – crise de ausência) (VIA EXCITATÓRIA) o Gabapentina, pregabalina Hidantoínas - Fenitoína 1° GERAÇÃO, geralmente usada em IDOSOS INIBE a condutância de Na+ (principalmente), K+ e Ca++, os potenciais de membrana e as concentrações de aminoácidos bem como os neurotransmissores norepinefrina (noradrenalina), acetilcolina e ácido γ-aminobutírico (GABA). Estudos mostram que a fenitoína bloqueia o disparo repetitivo de alta frequência sustentado dos potenciais de ação. Trata-se de um efeito dependente do uso na condutância do Na+, que surge da ligação preferencial ao estado inativado do canal de Na+ e de seu prolongamento. Efeitos Adversos: incoordenação, sonolência, aumento do volume (hiperplasia) e sangramento das gengivas, crescimento de pelos no corpo e na face (Hirsutismo), alteração do paladar, náuseas, vômitos. Potente indutor P450. A absorção da fenitoína depende muito da formulação e da dosagem. O tamanho da partícula e os aditivos farmacêuticos afetam tanto a velocidade quanto a extensão de sua absorção. Há boa absorção da fenitoína sódica pelo TGI – Tmax= 3 a 12h. Injeção intramuscular: fosfenitoina (mais segura não precipita no músculo). A fenitoína liga-se altamente às proteínas plasmáticas, acumula-se no cérebro, no fígado, nos músculos e no tecido adiposo. É metabolizada no fígado e excretada na urina. A meia-vida da fenitoína varia de 12 a 36 horas, com média de 24h, mas meia-vida muito mais longas na presença de concentrações mais elevadas (5- 7 dias). Fenitoína: comprimidos de 100 mg, suspensão oral 20 mg/mL. Dose inicial: 100 mg/dia. Escalonamento: 100 mg/dia/semana. MÉDIA 200-300mg Dose máxima: 500 mg/dia. Intervalo de dose: 1‐2 administrações/dia. Indicações: Tratamento de crises tônico‐clônicas generalizadas -TCG, focais complexas, ou combinação de ambas, em crianças, adolescentes e adultos; Prevenção e tratamento de crises epilépticas durante ou após procedimento neurocirúrgico; Tratamento das crises tônicas - da síndrome de Lennox‐ Gastaut (encefalopatia epilética severa da infância). Dibenzazepinas – carbamazepina, oxcarbazepina Carbamazepina é biotransformada no metabólito ativo = oxcarbazepina; GRÁVIDAS* Mecanismo de Ação: bloqueia os canais de Na+ em concentrações terapêuticas e inibe o disparo repetitivo de alta frequência. Também é descrito a potencialização de uma corrente de K + regulada por voltagem. Farmacocinética: Administrar com alimentos – aumento da absorção e diminui efeitos sobre o TGI. Efeitos adversos: diplopia, ataxia, sonolência, alterações de humor, náuseas, vômitos (TGI), vermelhidão na pele, impotência. Reações idiossincrásicas incluem leucopenia, anemia aplásica, rash e síndrome de Stevens Johnson. Potente indutor P450. Pode causar perda de apetite (bem aceito por adolescentes). Indicações: Monoterapia ou terapia adjuvante de crises focais, com ou sem generalização secundária; Crises TCG em pacientes com mais de um ano de idade. Dores neuropáticas Carbamazepina: comprimidos de 200 e 400 mg, suspensão oral de 20 mg/mL. Dose inicial: Adultos: 200 mg/dia. Escalonamento: Adultos: 200 mg/dia/semana. Dose máxima: Adultos: 1.800 mg/dia. Intervalo de dose: formulações de liberação imediata deve ser utilizada 3 a 4 vezes ao dia (geralmente em crianças), após alimentação. Etossuximida Exerce um efeito inibitório importante nas correntes de Ca++, reduzindo a corrente de baixo limiar (tipo T). Esse efeito é observado nos neurônios talâmicos, os quais são responsáveis pela geração da descarga cortical rítmica (comum nas crise de ausência). Por conseguinte, a inibição dessa corrente poderia explicar a ação terapêutica específica da etossuximida. Um efeito recentemente descrito sobre os canais de K+ retificadores de influxo também pode ser significativo. Efeitos adversos: náuseas, vômitos, diarreia. Outros efeitos colaterais relacionados com o aumento da dose consistem em letargia transitória ou fadiga e, com muito menos frequência, cefaleia, tontura, soluços e euforia. Usos: A etossuximida é útil no tratamento em monoterapia das crises de ausência típicas e como terapia adjuvante nas mioclonias negativas, crises atônicas e mioclonias. (CRISES FOCAIS/PARCIAIS) Etossuximida: xarope de 50 mg/mL. Dose inicial: 250 mg/dia. Escalonamento: 250 mg/dia/semana. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Dose máxima: 1.500 mg/dia. Intervalo de dose: 2‐3 administrações/dia. Barbitúricos – Fenobarbital*, barbexaclona, primidona NÃO pode utilizar em grávidas Barbexaclona: É um produto de adição equimolar de fenobarbital a substância adrenérgica propilexedrina, o que confere ao anticonvulsivante menor atividade hipnótica- sedativa (ou seja, diminuir a sonolência) Primidona: Substância congênere do fenobarbital, cujo oxigênio carbonílico da ureia foi substituído por dois átomos de hidrogênio. Usado comumente com a fenitoína. Mecanismo de Ação: promovem o prolongamento da abertura dos canais de cloro, por atuar como agonista alostéricos de receptores GABA‐A, promovem a hiperpolarização da membrana pós‐ sináptica. Também pode bloquear os canais de sódio e potássio, reduzir o influxo de cálcio pré‐sináptico. Apresenta rápida absorção por via oral, 1/2‐vida de eliminação longa (2 a 7 dias). As principais desvantagens são seus efeitos colaterais, principalmente na área cognitiva, o que limita seu uso tanto em crianças quanto em idosos. Farmacocinética: Administrar em jejum. Alimentos retardam e reduzem sua absorção, entretanto ↓ sintomas gastrintestinais. Efeitos adversos: TGI, tontura, sonolência, ataxia, depressão, mudança no comportamento, transtornos de memória e de concentração, hiperatividade em crianças. Interfere na absorção de vitaminas do complexo B. Potente indutor CYP450. Tanto o fenobarbital quanto a fenitoína possuem como efeito idiossincrásico o rash cutâneo. Fenobarbital interfere na absorção de B1, B6. B12, magnésio, cálcio, etc Indicação: Tratamento de crises focais e generalizadas de pacientes de qualquer idade, inclusive recém-nascidos. MONOTERAPIA *Ácido valproico, valproato de sódio, divalproato AMPLO ESPECTRO, mais usado que o fenobarbital, GRÁVIDAS Bloqueia o disparo repetitivo de alta frequência - bloqueio canais de Na+ Bloqueia a excitação mediada pelo receptor de NMDA → ↓glutamato. Vários estudos mostraram níveis elevados de GABA no cérebro o Facilita a ácido glutâmico-descarboxilase (GAD), a enzima responsável pela síntese de GABA. o Inibe o transportador de receptação do GABA, o GAT-1. Em concentrações muito altas, o valproato inibe a GABAtransaminase no cérebro, bloqueando, assim, a degradação do GABA. O ácido valproico é um dos principais antiepilépticos utilizados, com eficácia estabelecida para múltiplos tipos de crises, a partir de 10 anos de idade. O valproato é bem absorvido via oral, níveis sanguíneos máximos dentro de 2 horas (refeições reduzem distúrbios GI). É altamente ligado às proteínas plasmáticas (90%), e a meia‐vida de eliminação é de cerca de 15 horas (tomar 1-2x/dia). As doses de 25 a 30 mg/kg/dia podem ser adequadas em alguns pacientes; todavia, outros podem necessitar de 60 mg/kg/dia ou até mesmo uma quantidade maior. Os níveis terapêuticos de valproato variam de 50 a 100 mcg/mL. Ácido valproico (valproato de sódio): comprimidos ou cápsulas de 250 mg, comprimidos de 500 mg e solução e xarope de 50 mg/mL. Dose inicial: 250 mg/dia. Escalonamento: 250 mg/dia a cada 3 dias. Dose máxima: 3.000 mg/dia. Usual: 1g/dia Intervalo de dose: 2 administrações/dia. Intolerância gástrica significativa (menor com o uso de valproato de sódio). Tomar após alimentação. O ácido valpróico apresenta bom controle em crises generalizadas tônico clônicas, ausência, mioclonias, crises primárias generalizadas e com menor efeito, em focais. É efetivo contra crises de ausência e, com frequência, é preferido à etossuximida quando o paciente apresenta crises tônico-clônicas generalizadas concomitantes. Outros usos do valproato incluem o tratamento do transtorno bipolar e a profilaxia da enxaqueca. Efeitos Adversos: TGI, tremor, ganho de peso, dispepsias, náuseas, vômitos, anorexia, alopecia, sonolência, edema periférico, encefalopatia, teratogenicidade, agranulocitose, dermatite alérgica, síndrome de Stevens-Jhonson, hepatotoxicidade e alterações plaquetárias. Interação: Inibe metabolismo de vários fármacos (CYP 2C9). Além das interações de ligação, o valproato inibe o metabolismo de vários fármacos, incluindo o fenobarbital, a fenitoína e a carbamazepina, resultando em concentrações mais altas desses agentes no estado de equilíbrio dinâmico. Por exemplo, a inibição do metabolismo do fenobarbital pode causar uma acentuada elevação dos níveis do barbitúrico, resultando em estupor ou coma. O valproato pode reduzir drasticamente a depuração da lamotrigina. Topiramato 3° GERAÇÃO - AMPLO ESPECTRO, não pode pra GRÁVIDAS (teratogênico) Bloqueia o disparo repetitivo de neurônios por meio da inibição de canais de Na+ regulados por voltagem. O topiramato também inibe canais de Ca++ ativados por alta voltagem (tipo L). O fármaco potencializa o efeito inibitório do GABA, atuando em um local diferente dos sítios dos BDZ ou dos barbitúricos. O topiramato também deprime a ação excitatória do glutamato em receptorestipo cainato (menos importante). Os múltiplos efeitos do fármaco podem surgir por uma ação principal sobre as cinases, alterando a fosforilação dos canais iônicos regulados por voltagem e por ligantes Este fármaco é bem absorvido (biodisponibilidade 80%) e minimamente ligado às proteínas plasmáticas. É parcialmente metabolizado no fígado, e cerca de 60% da dose são excretados de forma inalterada na urina. A meia-vida é de 20 a 30 horas. Seu metabolismo sofre a influência de fármacos indutores de enzimas hepáticas, tendo a meia‐vida diminuída com o uso concomitante destes fármacos. Podem reduzir ação do estrogênio (ACO) – risco gravidez. Topiramato: comprimidos 25, 50 e 100 mg. Adultos: Dose inicial: 25 mg/dia. Escalonamento: 25‐50 mg/semana. Dose máxima: 400 mg/dia. Intervalo de dose: 2 administrações/dia. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Indicações: Monoterapia de crises focais ou primariamente do tipo TCG em pacientes mais de 10 anos de idade com intolerância ou refratariedade a outros medicamentos de primeira linha; Terapia adjuvante de crises focais, primariamente generalizadas ou crises associadas com a síndrome de Lennox‐ Gastaut em pacientes mais de dois anos de idade. Usado no tratamento da enxaqueca. Efeitos Adversos: sonolência, fadiga, tontura, “anormalidades pensamento – lentidão cognitiva”, parestesias, nervosismo e confusão. A miopia aguda e o glaucoma (interrupção de uso). Foi também relatada a ocorrência de urolitíase. O topiramato é teratogênico. Lamotrigina GRÁVIDAS Suprime o disparo rápido sustentado dos neurônios e produz bloqueio dos canais de Na+ dependente da voltagem. Inibição dos canais de Ca++ regulados por voltagem, particularmente os canais do tipo N e P/Q, o que explicaria sua eficácia nas convulsões generalizadas primárias na infância, incluindo crises de ausência. A lamotrigina também diminui a liberação sináptica do glutamato. Efeitos Adversos: cefaleia, náusea, vômitos, diplopia, tonturas, incoordenação e tremor; sonolência. Rash cutâneo – pode progredir para síndrome de Stevens-Johnson. Usada no transtorno bipolar. Tem um amplo espectro de atividade em vários tipos de crises epilépticas, tanto como adjuvante quanto em monoterapia. É ativa contra as crises de ausência e as crises mioclônicas em crianças. Lamotrigina: comprimidos 25, 50 e 100 mg. Monoterapia: Dose inicial: 25 mg/dia por 2 semanas; 50 mg/dia por mais 2 semanas. Escalonamento: 50‐100 mg a cada 1‐2 semanas. Dose máxima: 500 mg/dia (1‐5 mg/kg/dia). Geralmente com 250mg/dia, se ainda não obtiver resposta, provavelmente a monoterapia será inviável. Intervalo de dose: 2 a 3 tomadas reduzem efeitos adversos de pico de dose Indicações: Monoterapia de crises focais com ou sem generalização secundária em pacientes com mais de 12 anos de idade com intolerância ou refratariedade a FAE de primeira linha; Monoterapia de crises primariamente generalizadas em pacientes com mais de 12 anos de idade com intolerância ou refratariedade a FAE de primeira linha; Terapia adjuvante de crises focais em pacientes mais de 2 anos de idade; Terapia adjuvante de crises generalizadas da síndrome de Lennox‐Gastaut em pacientes com mais de 2 anos de idade Vigabatrina A vigabatrina é um inibidor irreversível da GABAaminotransferase (GABA-T), a enzima responsável pela degradação do GABA. Também inibe o transportador de GABA vesicular. A vigabatrina produz um aumento sustentado na concentração extracelular de GABA no cérebro. As duas maiores indicações deste fármaco são o tratamento de crises de espasmos epilépticos e de crises focais refratárias. Seu uso em adultos restringe‐se a pacientes com epilepsia grave que não respondem a outros antiepiléticos. POUCO UTILIZADO Efeitos Adversos: sonolência, tontura, ganho de peso, alterações visuais mais comuns. Toxicidade: irritabilidade, insônia e distúrbios psiquiátricos. Gabapentina e Pregabalina A gabapentina e a pregabalina ligam-se intensamente à subunidade α2δ dos canais de Ca++ regulados por voltagem. Isso parece constituir a base do principal mecanismo de ação, que consiste em diminuir a entrada de Ca++. A diminuição da liberação sináptica de glutamato proporciona um efeito antiepiléptico. MUITO CARAS PENSANDO NO TRATAMENTO PARA EPILEPSIA Gabapentina: Terapia adjuvante de crises focais com ou sem generalização secundária em pacientes com mais de 3 anos de idade. Também tem sido indicada para o tratamento da dor neuropática. Doses: eficaz para epilepsia - 900 mg/dia a 3600 mg/dia. O tratamento pode ser iniciado com a administração de 300 mg, três vezes ao dia no 1º dia com ajustes das doses. Efeitos Adversos: aumento do apetite, ganho de peso, tontura, incoordenação, dor de cabeça, tremor, cansaço, náusea, comportamento agressivo (em crianças). Pregabalina: Tratamento adjuvante de crises parciais, com ou sem generalização secundária. Aprovado para tratamento da dor neuropática (neuropatia periférica diabética dolorosa e a neuralgia pós-herpética). Medicamento de primeira linha para o tratamento da fibromialgia (PADRÃO OURO) A pregabalina, à semelhança da gabapentina, não é metabolizada e é quase totalmente excretada de modo inalterado na urina. 1/2vida varia de cerca de 4,5 a 7,0 horas. Dose: 150 a 600 mg/dia, em geral em duas ou três doses fracionadas. Usual: 300mg Efeitos Adversos: cefaleia, tontura, sonolência, edema periférico. Tiagabina A tiagabina é um inibidor da recaptação de GABA tanto nos neurônios quanto na glia. Inibe preferencialmente a isoforma do transportador 1 (GAT-1), e aumenta as concentrações extracelulares de GABA no prosencéfalo e no hipocampo, onde o GAT-1 está preferencialmente expresso. A tiagabina prolonga a ação inibitória do GABA sinapticamente liberado. POUCO UTILIZADO Está indicada para o tratamento adjuvante das crises focais. Efeitos adversos: nervosismo, tontura, tremor, dificuldade de concentração e depressão. A confusão excessiva, a sonolência ou a ataxia podem exigir a suspensão do fármaco. Raramente, ocorre psicose. *BENZODIAZEPÍNICOS sempre utilizados na CRISE CONVULSIVA, nunca no tratamento de seguimento dos pacientes.
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