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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira Fundamentos da Prática Médica II Semiologia Cardiovascular Durante a sístole, contração ventricular, as válvulas atrioventriculares devem ser encontradas fechadas, impedindo a regurgitação (sopro). Já na diástole, as válvulas atrioventriculares estão abertas, enquanto as válvulas semilunares estão fechadas (valva do tronco pulmonar e aórtica). O som que se escuta durante a ausculta chama-se bulhas (TUM-TÁ) e é divido em B1 e B2. Pode escutar B3 que pode ser fisiológico ou patológico e, ainda, uma B4, que é sempre patológica. B1 (TUM): som das válvulas atrioventriculares se fechando durante a sístole (mitral e tricúspide); B2 (TÁ): som das válvulas semilunares se fechando durante a diástole (aórtica e pulmonar). O ventrículo direito ocupa a maior parte da superfície anterior do coração e o esquerdo fica localizado atrás dele. A queixa do paciente vai orientar a entrevista para alguns dos sintomas cardinais da doença cardíaca, que seguem: Precordialgia: dor torácica; Dispneio: cansaço, falta de ar, ortopneia e DPN (dispneia paroxística nortuna); Síncope ou pré-síncope: desmaio, lipotimia, ausência e distúrbios visuais; Palpitação: sensação de taquicardia, falhas nos batimentos; Hemoptise; Edema: inchaço dos membros e ou face; Cianose: coloração azulada na pele. Para dor precordialgia, deve-se caracterizar os seguintes aspectos: Duração; Intensidade; Localização; Relação com esforço; Fatores de agravo ou alivio; Característica da dor. Por exemplo, uma dor de infarto, é uma dor em aperto, que irradia geralmente para o braço esquerdo, com piora durante esforços físicos. Em pessoas mais velhas, essa dor é anginosa, causada por isquemia (obstrução dos vasos que irrigam o próprio coração). Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira Fundamentos da Prática Médica II Fatores de risco: Dislipidemia; Diabetes; Tabagismo; Obesidade; Hipertensão arterial; Fatores de risco familiares; Stress e sedentarismo; Uso de medicações. Para fins de treino, pode-se perguntar: Existência de dor torácica; Cansaço ou falta de ar; Edemas; Presença de palpitações; Passados de sincope, lipotimia ou desmaios; Episódios de cianose; Se sabe se é portador de sopro. Existem sintomas comuns para problemas cardíacos e respiratórios, como dispneia e edema. Para diferenciar cardiopatias de pneumopatias, deve-se observar: Fatores de risco; Sintomas associados: tipos de tosse (seca, produtiva, padrão); Dispneia/edema: quanto a ordem de aparecimento. Durante o ciclo cardíaco, o fluxo sanguíneo é sempre unidirecional. Quando ocorre um regurgitamento, pode acontecer um turbilhonamento. Esse turbilhão leva a formação de trombos, tornando o batimento irregular. Contato da porção anterior do VE com a parede torácica, durante a fase de contração isovolumétrica, do ciclo cardíaco. Pode ser observado com o paciente em decúbito dorsal ou lateral esquerdo. Localizado entre o 4º e 5º espaço intercostal. Pode ser identificado através da apalpação durante o exame físico. É a sensação tátil das vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Correspondem aos sopros (frêmito). Localização (foco); Situação no ciclo cardíaco (S/D); Intensidade (+ a 6+); Estado da parede arterial; Frequência Ritmo; Amplitude; Tensão ou dureza. Pulso capilar: também chamado de sinal de Quincke, trata-se da visualização de pulsação em certos locais (ex: leito ungueal, unha) devido à transmissão do pulso arterial nos pequenos vasos capilares. Pulso carotídeo; Pulso braquial; Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira Fundamentos da Prática Médica II Pulso radial; Pulso femoral; Pulso poplíteo; Pulso tibial posterior; Pulso pedioso. “Pulsos periféricos, presentes, palpáveis, rítmicos, firmes e simétricos”. São sons produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo; Conjuntos de vibrações de maior duração que as bulhas; Originam dentro do próprio coração e/ou em um de seus grandes vasos. A maioria dos sopros são patológicos, no entanto, existem sopros inofensivos, como no caso de recém-nascidos. Além disso, o sopro deve ser acompanhado da história do paciente, nunca de forma isolada. Os mecanismos do sopro, são: 1. Fluxo de sangue através de uma obstrução parcial; 2. Fluxo de sangue através de uma irregularidade valvar ou intravascular; 3. Aumento do fluxo de sangue através de estruturas normais; 4. Fluxo de sangue dentro de uma câmara dilatada; 5. Fluxo regurgitante através de uma valva incompetente. Durante o sopro, é necessário a análise dos seguintes aspectos: Situação no ciclo; Intensidade; Frequência; Timbre; Configuração; Localização; Irradiação; Manobras especiais. A situação no ciclo cardíaco pode ser: Protodiastólico; Mesodiastílico; Telediastólico; Holodiastólico. Intensidade Significado 1+ Sopro audível apenas com manobras específicas 2+ Sopro audível, sem irradiação ou frêmitos 3+ Sopro audível que irradia para as carótidas (sopros aórticos) e para a axila (sopros mitrais) 4+ Sopro audível que acompanha um frêmito à palpação 5+ Sopro que necessita apenas da borda da membrana do estetoscópio para ser ouvido 6+ Sopro audível sem a necessidade de um estetoscópio Com relação a frequência (tonalidade) está associado diretamente com a velocidade do sangue nolocal onde o ruído é gerado. 20 e 100 Hz – baixa frequência 100 e 200 Hz – frequência média 200 e 500 Hz – alta frequência Sopros graves ou agudos ... O timbre (qualidade) do sopro depende do espectro de frequência (harmônicas) que o compõe. Pode ser rude, áspero, suave, musical, aspirativo, em ruflar, etc. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira Fundamentos da Prática Médica II A configuração dos sopros podem ser: Em crescendo: intensidade aumenta progressivamente Em decrescendo: intensidade aumenta progressivamente Crescendo-decrescendo: intensidade aumenta no início, atinge um pico e depois se reduz progressivamente Em plateau: mantém uma intensidade constante ao longo de toda a ocorrência Quanto maior o sopro, maior a irradiação. Podendo irradiar para axila (insuficiência mitral) e também para as carótidas (sopros aórticos). Estenose: estreitamento da abertura da válvula, reduzindo a passagem de sangue, causando turbilhonamento do fluxo. Sopro de ejeção; Insuficiência: válvulas incompetentes, que permitem o refluxo sanguíneo. Sopros de regurgitação. Insuficiência mitral* Estenose mitral* Insuficiência tricúspide Estenose tricúspide Estenose aórtica* Insuficiência aórtica* Estenose pulmonar Insuficiência pulmonar OBS: em adultos, as alterações aórticas e mitrais são as mais comuns. Situação no ciclo cardíaco: Sopro sistólico de regurgitação, resultantes da regurgitação de sangue dos ventrículos para os átrios. Audível desde o início da sístole, por isso aparece com a 1° bulha, recobrindo-a e mascarando-a e termina imediatamente antes da 2° bulha ou pode recobri-la (sopro holossistólico). Localização: Focos mitral Irradiação: Axila Intensidade: Variável Qualidade: Indeterminada Modificação: Não muda de intensidade Situação no ciclo cardíaco: Sopro protodiastólico. Ocorrem imediatamente após a 2° bulha. Localização: Borda esquerda do esterno Irradiação: Indeterminada Intensidade: Variável Qualidade: Sopro aspirativo e decrescente Modificação: Mais intenso com o paciente sentado e tórax fletido para frente Situação no ciclo cardíaco: Sopro mesodiastólico. Ocorrem após a 2° bulha. Localização: Focos mitral e tricúspiderespectivamente. Irradiação: Indeterminada Intensidade: Variável Qualidade: Sopro em ruflar Modificação: Aumenta de intensidade quando em decúbito lateral esquerdo. Situação no ciclo cardíaco: Sopro sistólico de ejeção, resultantes da ejeção de sangue para os grandes vasos. É audível logo após a 1° bulha, termina antes da 2° bulha. Localização: Foco aórtico Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira Fundamentos da Prática Médica II Irradiação: Vasos do pescoço Intensidade: Variável Qualidade: Acompanham as fases da sístole (contração isovolumétrica, ejeção rápida, ejeção lento, protodiástole de Wiggers). Isso explica ser um sopro crescente-decrescente. Modificação: Mais intensos quando fazem expiração forçada. No prontuário, é necessário caracterizar as bulhas com números, se são rítmicas ou não, qual o som e se possui sopros. Bulhas: “normorítmicas, normofonéticas, em dois tempos, sem sopros” (BNRNF2TSS) ou ainda, “ritmo cardíaco regular em 2 tempos sem sopro” (RCR2TSS). Estenose aórtica: sopro mesossistólico em crescendo-decrescendo nos focos da base; Insuficiência aórtica: sopro protodistólico em decrescendo, nos focos da base; Insuficiência mitral: sopro holossistólico, nos focos do ápice; Estenose mitral: sopro mesodiastólico decrescendo e crescendo, em focos apicais. SÍSTOLE DIÁSTOLE
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