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PROCESSO PENAL - RESUMO - CONCURSOS - CURSO DE DIREITO - INCIDENTES PROCESSUAIS- DOS PROCEDIMENTOS INCIDENTES

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Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
INCIDENTES PROCESSUAIS 
Os incidentes processuais se tratam do conjunto de questões e procedimentos incidentais ou paralelos à solução do 
mérito do caso penal principal. Um incidente será todo fato que recai no curso de um processo. Quando surgem, 
exigem decisão no curso do procedimento, seja no processo principal ou seja em paralelo, quando teremos um 
processo incidente, 
Antes que a causa da decisão possa ser proferida, os incidentes devem ser resolvidos. 
Os incidentes processuais se dividem em questões prejudiciais e processos incidentes. 
 
DOS PROCEDIMENTOS INCIDENTES 
 
Um incidente será todo fato que recai no curso de um processo. Quando surgem, exigem decisão no curso do 
procedimento, seja no processo principal ou seja em paralelo, quando teremos um processo incidente, 
Dessa forma, um processo incidente será um procedimento independente, ajuizado no mesmo juízo perante o qual 
tramita a ação penal condenatória principal. Os procedimentos incidentes são os interpostos ao longo da causa 
principal, que demandam solução pelo próprio juiz criminal, antes que o mérito seja conhecido e decidido. 
São processos que têm tramitação em separado, o que caracteriza a autonomia ritual. Contudo, são questões de 
competência do próprio juízo penal23. 
A regra é que esses incidentes sejam examinados pelo juízo penal previamente à demanda criminal principal, que, 
geralmente, não é suspensa. 
Com o intuito de não criar tumulto na lide, os incidentes processuais serão apreciados em autos apartados, 
normalmente apensos ao principal, quando não for possível solução sem que haja desvio da temática processual do 
caso penal principal ou modificação do procedimento. 
 
DAS EXCEÇÕES PROCESSUAIS 
As exceções processuais são as defesas indiretas24 apresentadas por qualquer das partes, com o intuito de prolongar 
o trâmite processual, até que uma questão processual relevante seja resolvida, bem como com a finalidade de 
estancar o seu curso, porque processualmente incabível o prosseguimento da ação, uma vez que versam sobre a 
ausência de condições da ação ou de pressupostos processuais. 
 
23 Não são processos incidentes as questões prejudiciais pois estas são jugadas pelo juízo cível. Tratam-se de questões extrapenais. 
24 As defesas indiretas não tem como fim o ataque ao mérito da lide processual principal, mas, sim, obstaculizar o transferir o seu 
julgamento. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Devido a esta característica, as exceções assumem um caráter de prejudicialidade em relação ao julgamento do 
mérito. 
São cinco as exceções apresentadas pelo Código de Processo Penal: 
❖ SUSPEIÇÃO; 
❖ INCOMPETÊNCIA; 
❖ LITISPENDÊNCIA; 
❖ ILEGITIMIDADE DA PARTE; 
❖ COISA JULGADA. 
 
As matérias que constituem objeto das exceções podem implicar, caso não 
enfrentadas e solucionadas incidentalmente à ação penal, em posterior invalidade 
dos atos processuais, em franco prejuízo à efetividade que se espera do processo 
criminal ou, no mínimo, à sua celeridade. Logo, ressalvando-se a discussão 
existente quando à incompetência existente quando à incompetência ratione loci, 
todas as demais questões podem ser afirmada ou reconhecidas pelo juiz ex officio. 
- Avena (2022) 
 
Art. 95, CPP: Poderão ser opostas as exceções de: 
I - suspeição; 
II – incompetência de juízo; 
III – litispendência; 
IV – ilegitimidade de parte; 
V – coisa julgada;. 
 
As exceções devem ser autuadas em apartado. 
 
Art. 396-A, CPP: Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à 
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar 
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. 
§1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. 
 
Com exceção das exceções de suspeição, as exceções serão opostas com a observância das seguintes regras: 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
❖ Podem ser opostas verbalmente ou por escrito; 
❖ Devem ser apresentadas no prazo de resposta do acusado (art. 396-A, CPP); 
❖ Serão processadas em autos apartados; 
❖ Não suspenderão, em regra, o andamento do processo; 
❖ Podem ser reconhecidas de ofício em qualquer fase do processo. 
 
EXCEÇÕES DILATÓRIAS EXCEÇÕES PEREMPTÓRIAS 
São as que prorrogam a decisão de mérito da causa, até 
que seja resolvida uma questão processual. 
São as exceções de suspeição, ilegitimidade de parte e 
incompetência do juízo. 
São as que põem fim ao processo, justamente porque 
falta alguma condição à ação ou pressuposto processual. 
São os casos de litispendência e coisa julgada. 
 
Destaca-se que é possível suscitar mais de uma exceção ao mesmo tempo. Contudo, elas devem ser apresentadas em 
uma unia petição e desenvolvidas de forma separada. 
 
Art. 110, §1º, CPP: Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo numa só 
petição ou articulado. 
 
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO E DE IMPEDIMENTO-> Trata-se de exceção que diz respeito à parcialidade do juiz. 
Tem natureza dilatória, uma vez ter como objetivo o afastamento do juiz do processo criminal. 
Há de se fazer a seguinte diferenciação, preliminarmente: 
 
SUSPEIÇÃO 
Ocorre quando existir vínculo subjetivo do julgador com 
qualquer das partes ou com o assunto discutido no 
processo. 
IMPEDIMENTO 
Fundamenta-se em razões de ordem objetiva previstas 
em lei, por exemplo, o fato de estar atuando no feito, 
como advogada, cônjuge do juiz. 
INCOMPATIBILIDADE 
Todas aquelas hipóteses não classificadas como 
impedimento ou suspeição, mas que reflitam na 
imparcialidade do juiz. 
 
 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
 
Art. 252, CPP: O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
I – tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, 
auxiliar da justiça ou perito; 
II – ele próprio houver desemprenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; 
III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão; 
IV – ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
 
Art. 253, CPP: Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem 
entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. 
 
 
Art. 254, CPP: O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das 
partes: 
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato 
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V – se for credor ou devedor, tutor ou curados, de qualquer das partes; 
VI – se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Art. 255, CPP: O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela 
dissolução do casamente que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que o 
dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, 
o genro ou enteado de quem for parte no processo. 
 
 
CAUSAS DE SUSPEIÇÃO 
CAUSAS DE IMPEDIMENTO 
CAUSAS DE IMPEDIMENTO 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Art. 256, CPP: A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz 
ou de propósito der motivo paracria-la. 
 
Com relação ao rol de causas de suspeição e impedimento, existem duas correntes, uma que defende sua 
taxatividade e outra que não crê nesta, em razão do princípio da imparcialidade do julgador, que deve ser 
assegurada. Contudo, a jurisprudência vem se manifestando no sentido de inexistir taxatividade (RE 1180479). 
 
Em regra, quando o juiz constatar alguma das circunstâncias legais acima elencadas, deverá se declarar suspeito ou 
impedido de julgar a causa, remetendo o processo ao seu substituto legal25. 
Caso o juiz não se manifeste e a parte identifique uma das hipóteses, poderá propor a exceção. 
 
A suspeição, em regra, envolve acusação grave, imputando-se ao juiz, quando este 
não a afirmou de ofício, uma conduta parcial qualquer. Por esta razão, vincula o 
autor às alegações formuladas, de caráter pessoal, contra a autoridade judiciária, 
podendo ocorre, inclusive, crime contra a honra. Pensamos ser sempre cauteloso 
que o advogado, em vez de procuração com poderes especiais, colha a assinatura 
do patrocinado na petição de exceção, evitando futura alegação de excessos não 
consentidos. O advogado nomeado pelo Estado para patrocinar interesse de 
qualquer das partes, por não possuir procuração, deve colher a assinatura do 
patrocinado. 
- Nucci (2022) 
Com relação à suspensão dos autos principais, evidencia-se que não ocorre, em regra. 
 
Considerando que a exceção tramita em autos apartados, permitindo, assim, que o 
processo principal siga seu curso na origem, pensamos que o excipiente poderá 
postular no tribunal que seja cautelarmente suspenso o seguimento do processo 
principal até o julgamento da exceção. Isso porque o acolhimento da exceção 
acarretará a nulidade de todos os atos do processo, conforme determina o art. 101 
do CPP, sendo a suspensão uma salutar medida para evitar-se um prejuízo 
processual muito maior depois, com a anulação de todos os atos realizados . 
Por outro lado, caso seja denegada a exceção, os prejuízos de uma eventual 
 
25 O substituto legal é encontrado de acordo com a organização judiciária local. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
suspensão do trâmite do processo principal serão mínimos se comp arados com 
aqueles gerados pela situação inversa. 
- Aury Lopes Jr (2022) 
 
Há previsão legal, contudo, de que ocorra quando a outra parte reconhecer a procedência do alegado. Isso porque 
haverá grandes chances de anulação dos atos praticados pelo magistrado. 
 
Art. 102, CPP: Quando a parte contrária reconhecer a procedência da arguição, poderá ser sustado, 
a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o incidente da suspeição. 
 
Segundo Aury Lopes Jr, a suspensão teria natureza de medida cautelar, condicionada, assim, so fumus boni iuris e ao 
periculum in mora. 
 
Com relação à sua regularidade/formalidade: 
❖ Deve ser proposta por meio de petição fundamentada, acompanhada de prova documental e do rol de 
testemunhas, caso necessário. Devem ser observadas as regras apresentadas pelo art. 98 do CPP; 
❖ Pode ser arguida pelas partes, diretamente ou por meio de advogado - legitimidade26; 
❖ Não se discute suspeição ou impedimento em habeas corpus; 
 
Com relação ao momento de propositura: 
 
❖ CASO CONHECIDO ANTES DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO PENAL -> Poderá ser deduzida no oferecimento da 
denúncia ou no prazo da resposta à acusação, sob pena de preclusão27; 
 
26 Existem discussões a respeito da legitimidade do assistente para propor exceção de suspeição. Alguns apontam que ele possui essa 
faculdade, pois é do seu interesse que o processo criminal seja julgado por juiz imparcial. Contudo, impera entendimento jurisprudencial 
baseado na taxatividade do rol apresentado pelo art. 271 do CPP. 
27 Nucci (2022) aponta ser admissível a alegação de suspeição ou impedimento durante a fase do inquérito policial, já que o juiz e o 
promotor exercem papel fiscalizador fundamental durante a investigação, necessitando agir com imparcialidade. Além disso, destaca-se 
que o agente do Ministério Público poderá ser objeto de suspeição, nos termos do art. 258 do CPP. 
Haverá, ainda, suspeição de peritos, intérpretes e serventuários da Justiça, nos termos dos arts. 105, 274 e 281 do CPP. 
Não há, contudo, oposição de suspeição às autoridades policiais (art. 107, CPP). 
Com relação ao impedimento ou suspeição no Tribunal do Juri, prescreve o art. 106 que deve ser arguida oralmente na ocasião do 
sorteio, em plenário. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO
Apresentada a petição
O juiz poderá acolher a 
alegação (art. 99, CPP)
O juiz poderá não acolher a 
alegação (art. 100, CPP)
O relator poderá indeferir a 
exceção (art. 100, §2º, CPP)
O relator prosseguirá com a 
inquirição das testemunhas 
(art. 100, §1º, CPP)
JULGAMENTO
PROCEDENTE -> Anula os 
atos do processo
IMPROCEDENTE -> O 
processo continua 
normalmente
 
❖ CASO CONHECIDO NA FASE INSTRUTÓRIA -> Poderá ser proposta a qualquer tempo; 
 
❖ CASO CONHECIDO APÓS A SENTENÇA -> Poderá a parte prejudicada buscar anulação de todos os atos 
praticados, por habeas corpus ou revisão criminal, desde que condenatória a sentença. 
 
O procedimento é o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA -> Trata-se de defesa indireta, fundada no princípio constitucional do juiz natural e 
relacionada à delimitação do exercício do magistrado que funciona na causa. 
É uma exceção de natureza dilatória, pressupondo a existência de denúncia ou queixa ajuizadas e em tramitação em 
foro incompetente. 
São algumas informações importantes: 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
❖ Pode ser oposta verbalmente ou por escrito (art. 108, CPP); 
❖ Forma um procedimento em apartado (art. 111, CPP); 
❖ Em regra, não poderá suspender o andamento do processo; 
❖ O momento para argui-la é a primeira oportunidade que a parte possui para manifestar-se nos autos. No caso 
de incompetência relativa, a não manifestação implicará na aceitação do juízo, causando a prorrogação. Já no 
caso de se tratar de incompetência absoluta, não há preclusão. 
Há um entendimento de que a exceção apenas é aplicável aos casos de incompetência relativa. Isso 
porque, nos casos de incompetência absoluta, a arguição de exceção é dispensada, podendo ser alegada por 
meio de petição simples (NUCCI, 2022). 
Destaca-se que o reconhecimento da incompetência, de ofício, pode ocorrer em qualquer momento do 
processo, por força do art. 109, do CPP. A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício (Súmula 
33, STJ). 
❖ Como regra, não cabe ao promotor ou ao querelante oferecer exceção de incompetência – legitimidade28; 
❖ A aceitação da exceção pode ser atacada por recurso em sentido estrito (art. 581, II, CPP)29; 
 
Se reconhecida a incompetência, deverá o juiz remeter os autos ao juízo que entender competente, expondo seus 
motivos. Este, caso não aceite os motivos apresentados pelo remetente, poderá expor sua própria incompetência, 
gerando, portanto, um conflito de competências (art. 113, CPP)30. 
 O conflito pode ser positivo ou negativo. 
 
Art. 114, CPP: Haverá conflito de jurisdição: 
I – quando duas ou mais autoridade judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, 
para conhecer do mesmo fato criminoso; 
II – quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos. 
 
O conflito será de jurisdição quando ocorrer entre órgãos da jurisdição especial; entre órgãos da jurisdição especial 
e comum, bem como entre órgãos da Justiça Comum Federal em relação a outro da Justiça Estadual. 
 
28 Isso ocorre porque a incompetência é causa de nulidade do processo, nos termos do art. 564, I, do CPP. Assim, nos termos do art. 565 
do CPP, a nulidade não pode ser arguida por quem lhe deu causa. 
29 A não aceitação faz com que o juiz seja mantido no processo, embora possa o interessadoimpetrar habeas corpus, pois configura 
constrangimento ilegal ao réu ser julgado por magistrado incompetente. 
30 Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juízes conflitantes – Súmula 59, 
STJ 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
O conflito será de competência quando ocorrer entre órgãos julgadores pertencentes à mesma Justiça e vinculados 
ao mesmo tribunal. 
Conflito entre autoridades vinculadas ao mesmo Tribunal -> resolve o tribunal. 
Conflito entre juiz estadual e juiz federal -> resolve o STJ 
Conflito entre tribunais distintos -> resolve o TJ 
 
EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA -> Ocorre quando há em tramitação dois processos iguais, com acusações ou 
imputações repetidas, ainda pendente de julgamento. 
Logo, a exceção de litispendência é uma defesa indireta, apresentada por qualquer das partes, demonstrando a 
determinado juízo que há causa idêntica em andamento em outro foro, ainda pendente de julgamento, o que enseja a 
extinção do processo (natureza peremptória). 
 
A litispendência, então considerada na dimensão de imputação ou acusação 
repetida e pendente de julgamento, no processo penal, tem importância já na fase 
preliminar. Isso porque não há que se admitir duas investigações preliminares 
tramitando em paralelo, em diferentes órgãos, em relação ao mesmo caso penal. 
Com mais razão, jamais se deve admitir o bis in idem de acusações em relação ao 
mesmo fato aparentemente criminoso, de modo que a exceção de litispendência 
conduzirá inexoravelmente à extinção de um dos feitos. Permanecerá aquele cujo 
juiz tiver competência prevalente, seja pela prevenção ou por qualquer dos 
critérios anteriormente expostos. 
- Aury Lopes Jr. (2022) 
LITISPENDÊNCIA: Pendência de duas acusações em relação ao mesmo fato natural e em relação ao mesmo imputado. 
 
O procedimento a ser utilizado é o mesmo aplicável à exceção de incompetência (art. 110, CPP). 
Com relação à sua regularidade: 
❖ Deve ser oposta contra o segundo processo instaurado; 
Segundo cremos, a litispendência está caracterizada a partir do ajuizamento da 
segunda demanda, sendo prescindível a citação do réu, pois o Código de Processo 
Penal silenciou a esse respeito. É admissível supor que, havendo dois processos 
em trâmite, contra o mesmo réu, um deles deve ser extinto, com ou sem citação 
válida. 
- Nucci (2022) 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
 
STF: Os institutos da litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo 
processo e da segunda sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável 
ao acusado. 
 
❖ Deverá ser oposta pela defesa, pelo Ministério Público, ou reconhecida de ofício a qualquer tempo, desde que 
antes da sentença; 
❖ Será por escrito, ou, se feita oralmente, àquela forma será reduzida; 
❖ A oitiva da outra parte será necessária (art. 110, CPP); 
❖ Será processada em autos apartados e não suspenderá o andamento do processo; 
❖ Não há prazo para essa exceção, pois enquanto não for julgada a pretensão acusatória, surgindo contra 
o mesmo réu, pelo mesmo fato, novo processo, poderá ela ser arguida. Ou seja, a matéria não preclui. 
Caso o problema seja identificado após a prolação da sentença, deverá ser alegada em preliminar de 
recurso. 
Já se for identificado após o trânsito em julgado de uma sentença, caso condenatória, resta a defesa, sob 
o fundamento da ocorrência de nulidade, buscar desconstituí-la por meio de habeas corpus (art. 648, VI, CPP) 
ou revisão criminal (art. 626, CPP). 
Por fim, se for identificada após o trânsito em julgado de duas sentenças, caso uma absolutória e uma 
condenatória, a absolutória deverá prevalecer, ainda que prolatada no processo viciado (STJ HJ 281,101/SP). 
 
Se acolhida a exceção de litispendência, o feito será extinto. Dessa decisão caberá recurso em sentido estrito, nos 
termos do art. 581, III, do CPP e art. 593, II, CPP. Além disso, para a escolha do juízo prevalente, devem ser 
levados em consideração os critérios de prevenção ou da distribuição. 
Em não sendo acolhida a exceção, caberá à parte, na ausência de previsão de recurso, impetrar habeas corpus para 
o trancamento do processo instaurado em duplicidade. 
 
IMPORTANTE: Não há que se falar em litispendência em inquéritos policiais, ainda que sejam idênticos os fatos em 
apuração. Nesse caso, caberá ao imputado impetrar habeas corpus com o objetivo de trancar o andamento de um 
dos inquéritos, em face do constrangimento ilegal decorrente da dupla investigação policial acerca da mesma 
conduta. 
 
EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DA PARTE -> Em sendo oferecida uma queixa-crime por parte da vítima em crime de 
ação penal pública, deve o imputado opor a presente exceção. Nesse caso, por se tratar de manifesta ilegitimidade, 
poderá ainda ser impetrado habeas corpus, mais célere. 
Trata-se de exceção de natureza peremptória (quando ad causam) e dilatória (quando ad processum). 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
 
LEGITIMIDADE AD CAUSAM -> Legitimidade para figurar no polo ativo ou passivo da ação. 
LEGITIMIDADE AD PROCESSUM -> Capacidade para estar em juízo. 
 
Se o Ministério Público move ação contra o pai, por crime cometido por seu filho, é natural que, recebida a denúncia, 
possa o réu propor a exceção de ilegitimidade de parte (ad causam). Caso o menor de 18 anos ingresse, sem 
assistência de seu representante legal, com queixa-crime contra alguém em crime de ação penal privada, falta 
capacidade para estar em juízo, admitindo-se a exceção de ilegitimidade de parte (ad processum). 
 
Outras hipóteses de ilegitimidade ad causam: 
 
Queixa ajuizada pelo ofendido em crime de ação penal pública antes de esgotar o prazo do promotor de justiça para o 
oferecimento de denúncia (ilegitimidade ad causam ativa). 
Denúncia movida contra indivíduo menor de 18 anos de idade à época do fato (ilegitimidade ad causam passiva). 
Processo criminal instaurado contra pessoa inocente, que teve seus documentos furtados e que estão sendo 
utilizados indevidamente por terceiro na prática de crimes. 
 
Outras hipóteses de ilegitimidade ad processum: 
 
Representação oferecida por quem não é o representante legal da vítima de crime de ação penal condicionada. 
Querelante menor que outorga procuração a advogado para intentar queixa-crime. 
 
O procedimento a ser utilizado é o mesmo de exceção de incompetência (art. 110, CPP). 
 
Quando à sua regularidade: 
❖ Pode ser impetrada pela parte passiva ou reconhecida pelo juiz a qualquer tempo. O juiz pode, ainda, 
determinar a exclusão de um dos réus, prosseguindo a ação contra os demais. 
❖ Pode ser oposta verbalmente ou por escrito; 
❖ Não se aplica a preclusão; 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Considerando que a ilegitimidade ativa conduz à nulidade absoluta, não vemos 
qualquer possibilidade de fixação de um prazo preclusivo, podendo assim ser 
aduzida a qualquer tempo. 
- Aury Lopes Jr. (2022) 
 
Quando reconhecida a ilegitimidade ad causam, deverá o juiz rejeitar a denúncia ou queixa, ou, caso já tenha sido 
recebida, extinguir o feito sem julgamento do mérito. Dessa decisão, caberá recurso em sentido estrito (art. 581, III, 
do CP). 
Já quando reconhecida a ilegitimidade ad processum, aplica-se o art. 568 do CPP. Assim, tratar-se-á de exceção 
com natureza dilatória. 
 
Art. 568, CPP: A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo 
sanada, mediante ratificação dos atos processuais. 
 
Destaca-se que o reconhecimento da ilegitimidade implica em nulidade desde o início da ação. 
 
Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nas seguintes hipóteses: 
II – por ilegitimidade de parte. 
 
Em não sendo reconhecida a exceção, o processo continuará normalmente. E contra essa decisão não há qualquer 
recurso, mas poderá ser impetrado habeas corpus. 
 
EXCEÇÃO DE COISA JULGADA -> Terá por objetoa alegação de que o já foi definitivamente julgado por aquele mesmo 
fato natural. Deve haver, portanto, identidade de sujeito passivo e fato entre o processo já encerrado e aquele que 
agora está em tramitação. 
Trata-se de exceção peremptória. 
A coisa julgada se trata da fase processual em que não há mais como recorrer da decisão proferida. Inicialmente, 
surge a irrecorribilidade da decisão (coisa julgada formal) e, após, a imutabilidade da decisão (coisa julgada material). 
No processo penal, a coisa julgada opera de forma peculiar: 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
A coisa julgada no processo penal é peculiar, pois somente produz sua plenitude de 
efeitos (coisa soberanamente julgada) quando a sentença for absolutória ou 
declaratória de extinção da punibilidade, pois nesses casos não se admite revisão 
criminal contra o réu (ou pro societate), ainda que surjam (novas) provas cabais 
da autoria e materialidade. Trata-se de uma opção democrática (fortalecimento do 
indivíduo) de cunho político-processual, de modo que, uma vez transitada em 
julgado a sentença penal absolutória, em nenhuma hipótese aquele réu poderá ser 
novamente acusado por aquele fato natural. 
Já a sentença condenatória, por ser passível de revisão criminal a qualquer tempo, 
inclusive após a morte do réu (art. 623 do CPP), jamais produzirá uma plena 
imutabilidade de seus efeitos. 
- Aury Lopes Jr. (2022) 
 
Art. 502, CPC: Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a 
decisão de mérito não mais sujeita a recurso. 
 
A coisa julgada pode ser reconhecida pelo juiz independentemente da instauração de uma exceção. Contra esse 
reconhecimento, caberá apelação (art. 593, II, CPP). 
O procedimento a ser adotado é o mesmo de exceção de incompetência (art. 110, CPP). 
Com relação à regularidade: 
 
❖ A exceção da coisa julgada pode ser arguida a qualquer tempo; 
❖ Poder ser arguida de forma verbal ou escrita; 
 
Contra a decisão que acolhe a exceção, caberá recurso em sentido estrito. Já contra a decisão que não acolhe, não 
caberá qualquer recurso, mas poderá ser impetrado habeas corpus. 
 
ATENÇÃO: Não se fala em exceção de coisa julgada na fase das investigações policiais, pois ainda não há 
processo. Se for instaurado procedimento investigatório para apuração de fato que já foi objeto de sentença 
transitada em julgado, o caminho para o respectivo trancamento será o habeas corpus.

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