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PROCESSO PENAL - RESUMO - CONCURSOS - CURSO DE DIREITO - INCIDENTES PROCESSUAIS - DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS - MEDIDAS CAUTELARES

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Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
INCIDENTES PROCESSUAIS 
Os incidentes processuais se tratam do conjunto de questões e procedimentos incidentais ou paralelos à solução do 
mérito do caso penal principal. Um incidente será todo fato que recai no curso de um processo. Quando surgem, 
exigem decisão no curso do procedimento, seja no processo principal ou seja em paralelo, quando teremos um 
processo incidente, 
Antes que a causa da decisão possa ser proferida, os incidentes devem ser resolvidos. 
Os incidentes processuais se dividem em questões prejudiciais e processos incidentes. 
 
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 
Tratam-se de um conjunto de medidas cautelares reais, na medida em que buscam a tutela do processo e, ainda, 
desempenham uma importante função de tutela do interesse econômico da vítima ou do Estado. São, portanto, 
medidas tomadas com o fim de garantir uma futura indenização ou reparação à vítima da infração penal, o pagamento 
das despesas processuais ou das penas pecuniárias ao Estado ou mesmo para evitar que o acusado obtenha lucro 
com a prática criminosa. 
 
As medidas cautelares reais pretendem, através da limitação da disponibilidade de 
bens. Assegurar a execução dos pronunciamentos patrimoniais de qualquer classe 
que possa incluir a sentença, não só a rest ituição de coisas, à reparação do dano e 
à indenização dos prejuízos, mas também o pagamento da multa e custas 
processuais. 
- Aury Lopes Jr. (2022) 
 
Tem caráter cautelar. Assim, para sua decretação, devem ser demonstrados o fumus commissi delicti e do periculim 
libertatis. 
O CPP prevê as seguintes medidas assecuratórias: 
❖ Sequestro de bens móveis; 
❖ Sequestro de bens imóveis; 
❖ Hipoteca legal de bens imóveis; 
❖ Arresto prévio de bens imóveis; 
❖ Arresto de bens móveis. 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Além disso, estão previstas algumas medidas assecuratórias por leis especiais, a exemplo da Lei 9.613/1998 e Lei 
11.343/2006. 
 
DO SEQUESTRO -> É a medida consistente em reter os bens do indiciado ou acusado quando adquiridos com o 
proveito da infração penal, a fim de se viabilizar a indenização da vítima ou impossibilitar ao agente que tenha lucro 
com a atividade criminosa. 
Previsto pelos arts. 125 e 132 do CPP. 
 
Art. 125, CPP: Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos 
da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro32. 
 
 
 
Art. 132, CPP: Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas 
no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo XI do Título VII deste Livro33 34. 
 
PROVENTOS DA INFRAÇÃO -> Lucro auferido pelo produto do crime. 
 
Um delito de estelionato e com o dinheiro obtido com a prática do crime adquire bens móveis ou imóveis, poderão 
eles ser objeto de sequestro, ficando indisponíveis até que a sentença transite em julgado e, se condenatória, serão 
leiloados. 
 
O sequestro pode ser efetivado a partir de requerimento do Ministério Público, do ofendido ou até mesmo decretado 
de ofício (art. 127, CPP) (legitimidade35 36), tanto na fase pré-processual37 quanto no processo de conhecimento. 
Contudo, caso decretada antes da denúncia, gera prevenção. 
 
32 Quando decretado o sequestro de bens imóveis, deverá ser averbado registro na matrícula do bem no Registro de Imóveis competente 
(art. 167, I, 5, Lei n. 6.015/73). 
33 Caso o bem móvel se tratar de veículo, deverá ser feita a comunicação ao órgão de trânsito respectivo, para que conste a restrição no 
documento do veículo, evitando assim que terceiros de boa-fé venham a adquirir o bem gravado. 
34 O sequestro de bens móveis apenas ocorrerá quando não for possível sua APREENSÃO. 
35 Aury Lopes Jr. aponta ser inconstitucional a decretação de sequestro de ofício, vez que incompatível com o sistema acusatório-
constitucional, bem como viola a parcialidade. 
REQUISITO PARA O SEQUESTRO DE BENS 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Trata-se de um pedido a ser processado no juízo criminal, em autos apartados apensos ao processo penal principal. 
O requisito para o sequestro de bens, tanto móveis quanto imóveis, é que tenham sido obtidos através dos proventos 
da infração38. Inclusive, esse requisito se aplica também aos bens de família (art. 3º, VI, da Lei n. 8.009). 
Assim, para que se decrete o sequestro, deve ser observar o art. 126 do CPP. 
 
 
Art. 126, CPP: Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da 
proveniência ilícita dos bens. 
 
 
 
 
 
Aury Lopes Jr. ainda defende que seja demonstrado o periculum in mora pelo requerente. 
O levantamento do sequestro, ocorrerá nas hipóteses do art. 131 do CPP. 
 
Art. 131, CPP: O sequestro será levantado: 
I – se ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, cotado da data em que ficar concluída 
a diligência; 
II – se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a 
aplicação do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal. 
III – se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado. 
 
São outras informações importantes: 
❖ Da decisão que decreta o sequestro, caberá embargos, a qualquer tempo caso a inconformidade for a origem 
lícita dos bens (art. 130, I, CPP); 
 
 
36 Aury Lopes Jr. aponta ser admissível o sequestro requerido pela autoridade policial, caso haja concordância do Ministério Público. 
37 Quando decretado nessa fase, o sequestro ficará sem efeito caso não obedecido o prazo para oferecimento da ação peal, contado da 
data em que a medida se efetivar (art. 131, I, do CPP). 
38 SE O RÉU JÁ POSSUÍA O BEM ANTES DA PRÁTICA DO DELITO, É DESCABIDO O SEQUESTRO. 
Incumbe ao acusador 
demonstrar o nexo causal. Art. 239, CPP: Considera-se indício a 
circunstância conhecida e provada, que, tendo 
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-
se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
Quase certeza da proveniência ilícita do bem sequestrável. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
EMBARGOS DE TERCEIRO SENHOR E POSSUIDOR 
Aquele que foi prejudicado pelo sequestro do bem e 
que pretende demonstrar que os bens sequestrados 
não têm relação com o acusado ou com o crime 
cometido. Terceiro estranho ao delito. 
EMBARGOS DO IMPUTADO 
Opostos sob o fundamento de não terem os bens sido 
adquiridos com os proventos da infração, ou qualquer 
fundamento que possa atacar a legalidade do 
sequestro. 
EMBARGOS DO TERCEIRO DE BOA-FÉ 
Argumentação vinculada à demonstração de que os 
bens foram adquiridos a título oneroso, pagando-se o 
preço de mercado e que, portanto, agiu de boa-fé, 
nos termos do art. 130, II, do CPP. 
Nesse caso, o sequestro poderá ser levantado frente 
a prestação de caução (art. 91, II, b, CP). 
 
❖ A decisão que decreta o sequestro deve ser fundamentada e dela caberá recurso de apelação, nos termos do 
art. 593, II, do CPP. Também se defende a impetração de mandado de segurança, nesses casos39. 
 
❖ O levantamento do sequestro por absolvição do réu somente ocorrerá após a sentença absolutória ter 
transitado em julgado (art. 131, III, CPP)40. 
 
❖ Com o trânsito em julgado da sentença condenatória, os bens sequestrados serão leiloados para 
ressarcimento da vítima, bem como pagamento das custas processuais e eventual pena pecuniária. 
 
❖ O sequestro atinge apenas o poder de disposição, não impedindo o uso do bem sequestrado. 
 
❖ Trata-se de medida deferida independentemente da oitiva prévia da pessoa cujo patrimônio será cancelado. 
 
 
39 Incabível o uso do habeas corpus, vez que este tutela a liberdade de locomoção do condenado. 
40 Segundo Nelson Nery Jr., “A absolvição do réu impõe a sua imediata soltura, no sentido de que devem cessar todos os 
constrangimentos processuais até então impostos da prisão ao sequestro. Não é lógico que o réu, ao ser absolvido, sejaimediatamente 
solto, mas permaneça com todos os seus bens indisponíveis. Ora, se foi absolvido, não existe sustentabilidade jurídica para manutenção 
da medida assecuratória.” 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
DA HIPOTECA LEGAL -> A hipoteca legal conduz à constrição legal dos bens de origem lícita, diversa do crime. O que 
se tutela, portanto, é o interesse patrimonial da vítima que pretende, já no curso do processo criminal, garantir os 
efeitos patrimoniais da eventual sentença penal condenatória. 
 
Considera-se que a vítima de uma infração penal, que se encontra aguardando o trânsito em julgado de sentença 
condenatória criminal em relação ao réu, descubra que este se encontra praticando atos de disposição de seu 
patrimônio, a fim de tornar-se insolvente. Diante desta realidade, alternativa não lhe restará a não ser proceder ao 
pedido imediato de hipoteca legal de bens imóveis pertencentes ao acusado para garantir a existência de patrimônio 
capaz de responder, na ocasião do ajuizamento da ação de execução ex delicto, pelo prejuízo causado em razão da 
prática criminosa. 
 
Registra-se que a hipoteca não pode atingir bens em nome de terceiros. 
Alerta-se que existe entendimento no sentido de que é possível a especialização do 
patrimônio do terceiro, se este for corresponsável civil, caso em que o 
procedimento servirá como preparatório ou incidental para o processo de 
conhecimento condenatório, uma vez que o terceiro responsável não é parte no 
processo penal. 
- Avena (2022) 
 
Art. 134, CPP: A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em 
qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da autoria. 
 
Art. 1.489, CC: A lei confere hipoteca: 
III – ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano 
causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais. 
 
São requisitos para a hipoteca legal: 
❖ Prova da materialidade do fato imputado; 
❖ Indícios de autoria. 
❖ Periculum in mora (Avena, 2022)41. 
 
41 Segundo o autor, esse perigo seria consubstanciado pelo receio de que, diante da demora do processo criminal, o réu possa se tornar 
insolvente, desfazendo-se de seu patrimônio antes do trânsito em julgado da condenação. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Com relação ao procedimento, caberá à parte interessada indicar os bens que pretende hipotecar. Isso porque não 
se pode bloquear todos os bens do acusado, sob pena de constrição de valor superior ao suficiente para o pagamento 
da indenização devida. 
Com relação à legitimidade, infere-se que a regra é que o ofendido pleiteie a hipoteca. A legitimidade do Ministério 
Público, contudo, poderá ocorrer nas hipóteses do art. 142 do CPP. 
 
Art. 142, CPP: Caberá o Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos arts. 134 e 137, se 
houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e o requerer. 
 
 
 
Segundo Avena (2022), trata-se de uma medida a ser imposta apenas quando já instaurado o processo penal, tendo 
em vista que incide sobre os bens que não são suspeitos de aquisição ilícita. 
Além disso, deverá ser seguido o disposto no art. 135 do CPP: 
 
Art. 135, CPP: Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte estimará o valor da 
responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmente 
hipotecados, o juiz mandará logo proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à 
avaliação do imóvel ou imóveis. 
§1º A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se fundar a estimação da 
responsabilidade, com a relação dos imóveis que o responsável possuir, se outros tiver, além dos 
indicados no requerimento, e com os documentos comprobatórios do domínio. 
§2º O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos imóveis designados far-se-ão por 
perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta doa autos 
do processo respectivo. 
§3º O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, que correrá em cartório, poderá corrigir o 
arbitramento do valor da responsabilidade, se lhe parecer excessivo ou deficiente. 
4º O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis necessários à garantia da 
responsabilidade. 
§5º O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após a condenação, podendo ser 
requerido novo arbitramento se qualquer das partes não se conformar com o arbitramento anterior 
à sentença condenatória. 
§6º Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida pública, pelo valor de 
sua cotação em Bolsa, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscrição da hipoteca legal. 
A jurisprudência condiciona a segunda 
hipótese à inexistência de Defensoria Pública 
organizada na Comarca. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
 
Com relação ao levantamento da hipoteca: 
 
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
Art. 141, CPP: O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença irrecorrível, o réu 
for absolvido ou julgada extinta a punibilidade. 
 
SENTENÇA CONDENATÓRIA 
Art. 143, CPP: Passando em julgado a sentença condenatória, serão os autos de hipoteca ou arresto 
remetidos ao juiz do cível (art. 63). 
 
 
 
 
 
 
São algumas informações importantes: 
 
❖ O pedido de hipoteca legal deverá ser autuado em apartado. 
 
❖ Trata-se de medida que se inicia no juízo criminal, mas que se encerra no juízo cível. 
 
❖ A hipoteca, mesmo inscrita no registro imobiliário, não torna o bem inalienável. Portanto, nada impede ao réu 
transferir-lhe o domínio. No entanto, ficará ciente o adquirente de que está comprando bem que constitui 
garantia de uma dívida a ser satisfeita pelo réu. 
 
❖ Segundo Nucci (2022) o valor da hipoteca deve considerar apenas os danos materiais percebidos pela vítima. 
Isso porque a fixação de danos morais é extremamente variável, além de se tratar de matéria a ser analisada 
em juízo cível. 
 
Art. 63, CPP: Transitada em julgado a sentença condenatória, 
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da 
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou os 
herdeiros 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
❖ Até que o procedimento de hipoteca seja concluído, poderá ser decretado o arresto do imóvel (art. 136, CPP). 
Nesse caso, o arresto seria a medida adequada caso o imóvel não tenha sido fruto de crime. 
 
❖ Não pode ser decretada de ofício; 
 
❖ Não há previsão legal de uma defesa contra o mérito da hipoteca legal. Contudo, há de se observar o 
necessário contraditório e o direito de defesa, especialmente para impugnar valores, avaliações e outros 
fatos impeditivos da pretensão indenizatória. 
 
❖ O CPP não prevê por quanto tempo devem os bens do réu permanecer hipotecados a fim de aguardar a 
iniciativa da vítima em liquidar e executar seu prejuízo. 
 
A doutrina majoritária, por analogia ao art. 123 do CPP, tem entendido que os bens 
hipotecados devam permanecer constritos pelo prazo máximo de noventa dias, a 
contar do trânsito em julgado da condenação. Se, decorrido ess e prazo, nada for 
providenciado pela vítima no sentido de buscar o ressarcimento do prejuízo sofrido 
com a prática do crime, caberá ao juiz da vara cível, ao qual foi distribuída a 
hipoteca, determinar-lhe o cancelamento. 
- Avena (2022) 
 
DO ARRESTO -> O arresto de bens móveis de origem lícita é previsto pelo art. 137 do CPP. 
 
Art. 137, CPP: Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, 
poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a 
hipoteca legal dos imóveis. 
 
Na ausência de bens imóveis para assegurar o pagamento de indenização ao ofendido ou custeio das despesas do 
processo, aplica-se o arresto de bens móveis suscetíveis depenhora42. 
 
42 A penhora é o ato de constrição judicial, pelo qual se inicia a expropriação de bens do devedor executado, na execução por quantia 
certa, para satisfação do direito do credor exequente. Bens, portanto, são apartados do patrimônio do executado e seguros. Logo, por 
meio da penhora, há a perda do poder de dispor dos mesmos, com a eficácia para o exequente. Contudo, permanece a propriedade. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
Logo, possui caráter residual com relação à hipoteca, aplicável na hipótese de o réu não possuir bens imóveis 
passíveis de hipoteca ou se o patrimônio imobiliário já hipotecado mostrar-se insuficiente para cobrir a integralidade 
da responsabilidade civil estimada. 
 
Em suma, os requisitos de legitimidade, fases e procedimento, são os mesmos que os aplicados à hipoteca 
legal. 
Avena (2022) aponta que o uso do arresto também pode ser dado ante à demora e ineficácia da instauração do 
procedimento de hipoteca legal. Assim, o arresto teria como objetivo tornar os bens do réu inalienáveis durante o 
tempo em que tramitar o pedido de hipoteca. Trata-se do arresto preventivo. 
O arresto preventivo, uma vez deferido, será revogado se no prazo de 15 dias não for promovido o processo de 
hipoteca legal (art. 136, CPP). 
 
Art. 136, CPP: O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo 
de 15 dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal. 
 
O arresto será finalizado quando o réu for absolvido ou julgada extinta sua punibilidade, por sentença transitada em 
julgado. 
 
Art. 141, CPP: O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença irrecorrível, o réu 
for absolvido ou julgada extinta a punibilidade. 
 
São algumas informações importantes a respeito do arresto: 
❖ Os bens móveis arrestados ficarão em regime de depósito, podendo permanecer em poder do próprio réu ou 
serem encaminhados à guarda de terceiros nomeados pela autoridade judiciária. Evidentemente, assim como 
no sequestro de bens móveis, havendo um órgão registral ou cadastral próprio em relação ao bem arrestado, 
o juízo determinará a devida comunicação a respeito do ônus imposto sobre o bem. 
 
❖ Se os bens arrestados forem fungíveis e passíveis de deterioração, é possível que com o deferimento do 
arresto sejam eles vendidos em leilão, depositando-se o quantum em conta judicial. Tal possibilidade também 
alcança ao sequestro de bens móveis tratado no art. 132 do CPP. 
 
❖ Findo o processo criminal, transitando em julgado a sentença condenatória, forma-se o título executivo 
judicial. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES - 2022.1 
IMPORTANTE -> DA ALIENAÇÃO ANTECIPADA DOS BENS 
A alienação antecipada dos bens tem como objetivo a preservação do valor dos bens constritos pelas medidas 
assecuratórias e tem previsão no art. 144-A do CPP: 
 
Art. 144-A, CPP: O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens 
sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver 
dificuldade para sua manutenção. 
 
❖ Os bens serão vendidos em leilão; 
❖ Deverá ser feita avaliação judicial, a fim de garantir o valor mínimo dos lances; 
❖ O montante obtido no leilão deverá ser depositado em conta vinculada ao juízo, até a decisão final do 
processo. 
 
IMPORTANTE -> DA UTILIZAÇÃO DOS BENS POR ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA 
O CPP prevê que, uma vez constatado o interesse público, seja autorizada a utilização dos bens constritos por órgãos 
de segurança pública. 
 
Art. 133 -A, CPP: O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem 
sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança 
pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, 
da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas 
atividades. 
 
Ao permitir a utilização de bens objeto de constrição judicial por órgãos do Poder 
Público, especialmente aqueles voltados a combater o crime cuja persecução 
criminal motivou a apreensão, o dispositivo não apenas atende ao interesse social 
como, também, confere destinação lícita a bens que, pela inatividade ou 
desocupação, ficariam sujeitos à depreciação. 
- Avena (2022)

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