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Teoria Literária_Atividade 4

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· Pergunta 1
1 em 1 pontos
	
	
	
	O poema a seguir é de autoria de Fernando Pessoa, poeta português conhecido por sua vasta produção heteronímica. Leia-o e, depois, responda ao que se pede.
 
AUTOPSICOGRAFIA
 
O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente.
 
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.
 
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
PESSOA, Fernando. Autopsicografia. In: PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Lisboa: Ática, 1981.
 
A partir da leitura do poema, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
O poema anuncia o processo de despersonalização do sujeito poeta enquanto um fingidor, capaz de fingir sentimentos que não existiram.
	Resposta Correta:
	 
O poema anuncia o processo de despersonalização do sujeito poeta enquanto um fingidor, capaz de fingir sentimentos que não existiram.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Este poema é um marco para os críticos literários que se ocupam da obra de Fernando Pessoa porque antecipa algumas questões centrais da heteronímia. O sistema heteronímico constrói-se primordialmente a partir da despersonalização do poeta, através do fingimento de emoções, sensações e experiências, em uma espécie de empatia levada ao seu grau mais extremo - culminando em um processo de outrar-se. Nisto, a poética pessoana evidencia bem o trabalho linguístico que se dá no poema para que o leitor seja capaz de experienciar e sentir alguma emoção em uma primeira leitura.
	
	
	
· Pergunta 2
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e, em seguida, leia o trecho do artigo A alma exterior em Machado de Assis: um olhar psicanalítico de Lívia Mesquita de Sousa e Terezinha Camargo Viana.
 
“— Vem cá, Eugênia, disse ela, cumprimenta o Dr. Brás Cubas, filho do Sr. Cubas; veio da Europa.
E voltando-se para mim: — Minha filha Eugênia.
Eugênia, a flor da moita, mal respondeu ao gesto de cortesia que lhe fiz; olhou-me admirada e acanhada, e lentamente se aproximou da cadeira da mãe. A mãe arranjou-lhe uma das tranças do cabelo, cuja ponta se desmanchara. — Ah! travessa! dizia. Não imagina, doutor, o que isto é... E beijou-a com tão expansiva ternura que me comoveu um pouco; lembrou-me minha mãe, e, — direi tudo, — tive umas cócegas de ser pai.
— Travessa? disse eu. Pois já não está em idade própria, ao que parece.
— Quantos lhe dá?
— Dezessete.
— Menos um.
— Dezesseis. Pois então! é uma moça.
Não pôde Eugênia encobrir a satisfação que sentia com esta minha palavra, mas emendou-se logo, e ficou como dantes, ereta, fria e muda. Em verdade, parecia ainda mais mulher do que era; seria criança nos seus folgares de moça; mas assim quieta, impassível, tinha a compostura da mulher casada. Talvez essa circunstância lhe diminuía um pouco da graça virginal. Depressa nos familiarizamos; a mãe fazia-lhe grandes elogios, eu escutava-os de boa sombra, e ela sorria com os olhos fúlgidos, como se lá dentro do cérebro lhe estivesse a voar uma borboletinha de asas de ouro e olhos de diamante…
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
 
Na constituição do eu está presente de modo fundamental o outro. Antes mesmo do nascimento de uma criança, esse outro já fornece elementos para a construção de sua subjetividade. E ao longo da vida, manterão uma constante e permanente relação. É nesse sentido que Freud (1921/1981c, p. 2563) diz que toda psicologia é social, pois ‘na vida anímica individual aparece integrado sempre, efetivamente, ‘o outro’, como modelo, objeto, auxiliar ou adversário’.
(...)
A grande capacidade de observação e crítica é que possibilita uma produção literária capaz de ver que, em se tratando de ser humano, a sociedade e o indivíduo se formam em uma relação permanente e dialética. A noção de alma exterior tem o potencial de trazer à discussão a articulação entre as relações sociais e a subjetividade.
SOUSA, Lívia Mesquita de; VIANA, Terezinha Camargo. A Alma Exterior em Machado de Assis: um olhar psicanalítico. Revista Mal-estar e Subjetividade, Fortaleza, v. 11, n. 3, p.1083-1111, set. 2011.
 
No artigo, elabora-se uma questão central em toda a obra da maturidade de Machado de Assis: o lugar do sujeito na sociedade. Com base em seus conhecimentos e na leitura destes trechos, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
O conhecido episódio da Flor da Moita, exposto no trecho em grifo, pode ser considerado como uma representação da questão do peso dos entraves sociais e da ascensão social para a formação da subjetividade, uma vez que Brás, enquanto personagem e narrador “eu” como testemunha, dá mais valor à deficiência de Eugênia do que às suas qualidades.
	Resposta Correta:
	 
O conhecido episódio da Flor da Moita, exposto no trecho em grifo, pode ser considerado como uma representação da questão do peso dos entraves sociais e da ascensão social para a formação da subjetividade, uma vez que Brás, enquanto personagem e narrador “eu” como testemunha, dá mais valor à deficiência de Eugênia do que às suas qualidades.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Observamos neste episódio uma preocupação narcisista da personagem Brás Cubas com as aparências e o julgamento da esfera social sobre sua pessoa. Optar por deixar a moça por quem se encantara para trás pelo único motivo de esta ser deficiente física marca e critica o pensamento vigente da época, de que estas minorias eram indignas ao casamento. Ao final do episódio, vemos que a ascensão social proporcionada pelo ingresso à carreira política já lhe agradava e preocupava muito mais que os sentimentos de/por Eugênia.
	
	
	
· Pergunta 3
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia os textos a seguir.
 
- Você tem Panadol, Mama?
- Está com cólica, abia?
- Estou. E meu estômago está vazio também.
Mama olhou para o relógio de parede, presente de uma instituição de caridade para a qual Papa fizera uma doação. Era um relógio oval com o nome de Papa escrito com letras douradas.
Eram 7:37. O jejum da Eucaristia exige que os fiéis não comam nada sólido uma hora antes da missa. Nunca quebrávamos o jejum da Eucaristia; a mesa do café já estava posta, com xícaras e tigelas de cereal colocadas lado a lado, mas só comeríamos quando voltássemos para casa.
- Coma alguns flocos de milho, rápido - disse Mama, quase sussurrando. - Vai precisar colocar alguma coisa no estômago para segurar o Panadol.
Jaja pegou a caixa de papelão que havia em cima da mesa, colocou um pouco de cereal numa tigela, juntou leite em pó e açúcar usando uma colher de chá e acrescentou água.
(...) Comecei a engolir o cereal, de pé mesmo. Mama me deu as cápsulas de Panadol, ainda envoltas em papel laminado, que fez ruído ao ser rasgado. Jaja não colocara muito cereal na tigela, e eu já estava quase terminando de comer quando a porta se abriu e Papa entrou na sala.
(...) Quando ele viu a tigela em minha mão, baixei os olhos, observei os poucos flocos moles flutuando em meio às bolhas de leite e me perguntei como Papa conseguira subir a escada tão silenciosamente.
- O que você está fazendo, Kambili?
Engoli em seco.
- Eu... eu...
- Está comendo dez minutos antes da missa? Dez minutos?
- Ela ficou menstruada e está com cólica... - explicou Mama.
Jaja a interrompeu.
- Fui eu que mandei Kambili comer antes de tomar Panadol, Papa. Eu preparei o cereal para ela.
- Será que o demônio pediu para você fazer o trabalho dele? - disse Papa, com as palavras em igbo saindo de sua boca numa torrente. - Será que o demônio armou uma tenda dentro da minha casa? Ele se virou para Mama. - Você ficou aí, vendo Kambili profanar o jejum da Eucaristia, maka nnídi?
Papa tirou o cinto devagar. Era um cinto pesado feito de camadas de couro marrom com uma fivela discreta coberta do mesmo material. Ele bateu em Jaja primeiro, no ombro. Mama ergueu as mãos e recebeu um golpe naparte superior do braço, que estava coberta pela manga bufante de lantejoulas da blusa que ela usava para ir à igreja.
Larguei a tigela sobre a mesa um segundo antes de o cinto me atingir nas costas.
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Hibisco Roxo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. Disponível em: <http://lehaf.paginas.ufsc.br/files/2016/03/Hibisco-Roxo-Chimamanda-Ngozi-Adichie.pdf>. Acesso em 26 ago. 2018.
 
Ambientado entre os anos 70 e 80, o romance retrata uma Nigéria recém emancipada e profundamente marcada pela instabilidade política e pelos conflitos internos advindos da necessidade pós independência de estabelecer um governo destacado da metrópole. No centro de tamanha instabilidade social e política, está a família de Kambili Achike, a jovem narradora do romance. Na narrativa, o lar de Kambili funciona como microcosmos da sociedade em que está inserido, aonde a presença tirânica de Eugene (pai de Kambili), bem como a forma com que este nega os valores da cultura africana e supervaloriza elementos historicamente herdados da metrópole inglesa, contribuem na construção de um ambiente cerceador e hostil que serve como parâmetro de análise, também, a partir da relação entre Eugene e o resto de sua família (a mãe, Beatrice, e o irmão, Jaja), da forma com que o colonizador europeu erradicou valores culturais da Nigéria, substituindo-os por valores que considerava mais corretos: os seus próprios.
LOPES, Melissa Mota. Relações de gênero em Hibisco Roxo: O homem branco como paradigma. 2017. 49 f. Monografia (Especialização) - Curso de Letras, Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/19931/1/2017_MelissaMotaLopes_tcc.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2019.
 
A respeito do que se afirma no trecho em destaque da monografia, bem como as relações entre a obra de Chimamanda Ngozi Adiche e a crítica, do ponto de vista das influências do âmbito social na subjetividade das personagens, assinale a alternativa correta.
 
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
A religião católica circunda todo o trecho destacado de Hibisco roxo, uma vez que a motivação do conflito narrado é a quebra de um jejum que antecede o ato religioso. Toda a argumentação de Eugene, depois, no momento da aplicação da violência doméstica, é fomentada e baseada em preceitos religiosos.
	Resposta Correta:
	 
A religião católica circunda todo o trecho destacado de Hibisco roxo, uma vez que a motivação do conflito narrado é a quebra de um jejum que antecede o ato religioso. Toda a argumentação de Eugene, depois, no momento da aplicação da violência doméstica, é fomentada e baseada em preceitos religiosos.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Observamos, no trecho de Hibisco roxo, questões muito ligadas à tríade proposta por Nascimento Batista em citação na monografia de Mota Lopes, da “religião-raça-língua”. A religião permeia toda a narrativa agindo, no trecho destacado, como motivador de todo o conflito. É interessante notar a palavra “indissociado”, que Nascimento Batista usa ao falar desta tríade. Observamos que a questão racial, no trecho de Hibisco roxo, está completamente inserida na questão religiosa através da questão linguística: no momento de fúria de Eugene, o discurso é feito na língua igbo: “- Será que o demônio pediu para você fazer o trabalho dele? - disse Papa, com as palavras em igbo saindo de sua boca numa torrente”.
	
	
	
· Pergunta 4
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir, de Christophe Dejours e responde ao que se pede.
 
“A sexualidade e as pulsões são amorais e egocêntricas. Em outras palavras, a referência à sexualidade não é neutra axiologicamente. A antropologia freudiana sugere, portanto, que as pulsões não conduzem o ser humano para a vida em sociedade, nem para a vida conjunta e para a solidariedade. As pulsões sexuais engendram, antes, o egoísmo e a rivalidade entre os seres humanos para gozar os prazeres terrestres, levando ao ódio, à violência e à morte na luta pela possessão dos objetos de prazer.
Se, contudo, os seres humanos fazem sociedade, não é por causa de suas pulsões sexuais, mas por causa da necessidade. Não é por desejo, mas por obrigação. A resposta de Freud consiste em reconhecer que a sociedade não seria possível sem alguma modificação, desvio, ou mesmo amputação das metas pulsionais; além de recorrer à inibição quanto à meta sexual, à reversão contra a própria pessoa, à reversão em seu oposto, ao recalque, à sublimação. Ademais, Freud sustenta que a própria cultura é construída sobre a renúncia à satisfação sexual da pulsão, ou seja, sobre o sacrifício da pulsão.
DISSONÂNCIA REVISTA DE TEORIA CRÍTICA. Campinas: Unicamp, v. 1, n. 1, 2017 (adaptado).
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto, de acordo com os seus conhecimentos.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Psicanálise.
	Resposta Correta:
	 
Psicanálise.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Conforme vimos, o nome Freud é o grande marco da teoria psicanalítica, que baseia-se na análise de aspectos vinculados ao inconsciente e às pulsões humanas - sendo as principais delas a pulsão sexual, pulsão de vida e pulsão de morte.
	
	
	
· Pergunta 5
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir.
 
É, entretanto, com a obra do filósofo alemão Wilhelm Dilthey (1833-1911) que a hermenêutica alcança o regulamento de um método de conhecimento especialmente apto para dar conta do facto humano, inflexível em si mesmo aos fenômenos naturais. [...]
Dilthey passou a encarar a compreensão como referência às objetivações da vida, à medida que o sujeito vive em sua dimensão histórica. Seguia-se a Hermenêutica como base para as disciplinas cujo objeto era a compreensão da arte, do comportamento e da escrita humana e seu pressuposto não era a compreensão do discurso em sua reação com a língua, mas em sua relação com a vida.
Portanto, toda manifestação da vida possui um significado que é expresso em forma de signo, ou seja, a própria vida só existe em si mesma. A compreensão é um tipo particular de explicação relativa à acção humana e que não se encontra acima nem independe do nível causal.
CRISTÓFANO, Sirlene. Hermenêutica e literatura: aportes para a interpretação e compreensão do mundo. Revista Diálogo e Interação, Cornélio Procópio, v. 2, dez. 2009. Grifo nosso.
 
No trecho em destaque, a autora faz um apanhado das principais características deste ramo da filosofia chamado Hermenêutica. Com base em seus conhecimentos, assinale a alternativa em que cita-se uma corrente literária que está em consonância com a Hermenêutica aplicada à literatura.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Fenomenologia.
	Resposta Correta:
	 
Fenomenologia.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Observa-se o caráter multidisciplinar da Fenomenologia, enquanto teoria que engloba saberes filosóficos, literários e históricos em si. É possível perceber as relações entre Fenomenologia e Hermenêutica no trecho em destaque principalmente nos momentos em que a autora sintetiza os principais postulados desta metodologia sobre o dialogismo entre leitor e texto, em uma situação de interdependência. A Fenomenologia na literatura, então, é a teoria dentre as apresentadas nas alternativas que, de fato, está em perfeita consonância com estes postulados.
	
	
	
· Pergunta 6
1 em 1 pontos
	
	
	
	Eu havia finalmente chegado, no correr dessa perambulação, às prateleiras que contêm livros de autores vivos — de homens e mulheres, pois há agora quase tantos livros escritos por mulheres quanto por homens. Ou, se isso ainda não é exatamente verdade, se o masculino é ainda o sexo volúvel, é certamente verdade que as mulheres já não escrevem apenas romances. Há os livros de Jane Harrison sobre arqueologia grega; os livros de Vernon Lee sobre estética; os livros de Gertrude Bell sobre a Pérsia. Há livros sobre todo tipo de assuntos, que, há uma geração, nenhuma mulher teria tocado. Há poemas e peças e crítica; há histórias e biografias, livrosde viagens e livros de erudição e pesquisa; há até algumas filosofias e livros sobre ciência e economia. E, embora os romances predominem, é bem possível que os próprios romances tenham mudado a partir da associação com livros de outra natureza. A simplicidade natural, a era épica da produção literária das mulheres, talvez tenha passado. A leitura e a crítica talvez lhe tenham ampliado o alcance, aumentado a sutileza. O impulso para a autobiografia terá se esgotado. Talvez a mulher esteja começando a usar a literatura como uma arte, não como um método de expressão pessoal. Entre esses novos romances se poderia encontrar a resposta para diversas dessas indagações.
Tomei um deles ao acaso. Estava bem no canto da prateleira; chamava-se ‘A aventura da vida’, ou um título semelhante, de Mary Carmichael, e foi publicado neste exato mês de outubro. Parece ser seu primeiro livro, disse a mim mesma, mas é preciso lê-lo como se fosse o último volume de uma série bastante longa, em prosseguimento a todos os outros que andei olhando: os poemas de Lady Winchilsea e as peças de Aphra Behn e os romances das quatro grandes romancistas. Pois os livros vêm sempre numa seqüência, apesar de nosso hábito de julgá-los separadamente. E devo também considerá-la — essa mulher desconhecida — como a descendente de todas aquelas outras mulheres cujas condições de vida estive examinando e ver o que ela herdou de suas características e restrições. Assim, com um suspiro — pois os romances freqüentemente proporcionam um paliativo, e não um antídoto, fazendo-nos deslizar para cochilos letárgicos, em vez de despertar-nos com um ferro em brasa —, acomodei-me com um caderno de anotações e um lápis para extrair o melhor que pudesse do primeiro romance de Mary Carmichael, ‘A aventura da vida’.”
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Círculo do Livro S.a, 1928. 141 p. Disponível em: <https://iedamagri.files.wordpress.com/2014/07/uma-hipotc3a9tica-irmc3a3-de-shakespeare-um-teto-todo-seu.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019. Grifo nosso.
 
 
No trecho em destaque, Virginia Woolf disserta sobre o processo de criação literária das mulheres de seu tempo. A partir dele, analise as afirmações a seguir.
 
1. Virginia Woolf insere o conceito de “bagagem literária” em “E devo também considerá-la — essa mulher desconhecida — como a descendente de todas aquelas outras mulheres cujas condições de vida estive examinando e ver o que ela herdou de suas características e restrições”, trecho em que a autora disserta a respeito da influência das autoras predecessoras da literatura produzida em seu tempo sobre o estilo desta mesma literatura.
2. No trecho, estão elaboradas questões centrais a respeito do contexto sociocultural e o processo de criação literária, uma vez que a autora localiza historicamente e socialmente o caráter das publicações que vieram antes da literatura de sua contemporaneidade.
3. Apesar de dissertar a respeito da produção escrita de mulheres de seu tempo, Virginia Woolf não se detém sobre os aspectos psicológicos que circundam esta produção, focando apenas no argumento sociocultural para embasar sua teoria de opressão sistemática.
 
É correto o que se afirma em:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
I e II, apenas.
	Resposta Correta:
	 
I e II, apenas.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. A percepção do texto literário enquanto fruto de um acúmulo de diversos outros textos literários, produzidos anteriormente e que compõem uma espécie de hereditariedade na literatura - os chamados “clássicos” ou “canônicos” - é própria do momento histórico em que Virginia Woolf escreve Um teto todo seu. Autores como Fernando Pessoa já demonstravam esta percepção e não poderia ser diferente em Virginia Woolf. No trecho em destaque de sua obra, a contextualização da mulher escritora em um local sociocultural ganha destaque, principalmente no contraste que a autora faz entre o que foi produzido anteriormente por mulheres - romances e poesia, primordialmente - e o que estaria sendo produzido no momento de contemporaneidade do ensaio - ciência, predominantemente. Todos estes aspectos estão envoltos no texto pela análise psicológica e psicanalítica da mulher enquanto escritora, ambicionando sua colocação no mundo da arte enquanto sujeito dotado de personalidade, não mais apenas simples representação, mas sim, sujeito atuante.
	
	
	
· Pergunta 7
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede.
 
O movimento deliberou, a partir de sua visão inovadora, que os críticos fizessem uma leitura minuciosa do poema (close reading), ou seja, para entender o poema deve-se apreciá-lo emocionalmente, buscando resolver as tensões entre as diversas unidades semânticas do texto que independem das emoções do autor, ainda que essas emoções possam ter ocorrido durante a produção.
Houve também outras deliberações essenciais para a formação da estrutura teórica da crítica analisada nesse ensaio. A maioria dos críticos adeptos a essa corrente dirigiam seu olhar ao desprezo da intenção do autor e da história social em que o poema estaria inserido.
 
REVISTA ANAGRAMAS: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação. São Paulo: Edusp, v. 5, n. 3, maio 2012. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Neo-crítica.
	Resposta Correta:
	 
Neo-crítica.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Como vimos, um dos marcos do New Criticism, ou Neo-crítica é o antibiografismo e o anti-historicismo que, apesar de muito se assemelharem aos postulados do Formalismo Russo, diferem deste diacronicamente, uma vez que a Neo-crítica foi um movimento muito mais ligado aos Estados Unidos e a década de 40.
	
	
	
· Pergunta 8
0 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do texto O fim do poema, do pós-estruturalista Giorgio Agamben e, em seguida, responda ao que se pede.
 
Se a poesia não vive senão na inexaurível tensão entre a série semiótica e a série semântica, o que acontece no momento do fim, quando a oposição das duas séries não é mais possível? Teríamos aí, finalmente, um ponto de coincidência, no qual o poema, enquanto ‘seio de todo sentido’, ajusta as contas com seu elemento métrico para transitar definitivamente para a prosa? As bodas místicas do som e do sentido poderiam, então, ter lugar.
Ou, pelo contrário, o som e o sentido estariam agora para sempre separados, sem contato possível, cada um perpetuamente em sua parte, como os dois sexos na poesia de Vigny? Neste caso, o poema não deixaria detrás de si um espaço vazio (...).
Tudo se complica com o fato de não haver no poema, a pretexto de exatidão, duas séries ou linhas de fuga em paralelo, mas só uma, percorrida ao mesmo tempo pela corrente semântica e pela corrente semiótica; e, entre os dois fluxos, a brusca parada que a mechané poética se aplica tão obstinadamente a manter. (O som e o sentido não são duas substâncias, mas duas intensidades, duas tenói da única substância linguística). E o poema é como o catéchon da epístola de Paulo aos Tessalonicenses (II, 2, 7-8): algo que freia e retarda o advento do Messias, portanto daquele que, cumprindo o tempo da poesia e unificando os dois éones, destruiria a máquina poética precipitando-a no silêncio.
AGAMBEN, Giorgio. O fim do poema. São Paulo: Cacto, 2002. Trad. Sérgio Alcides.
 
Leia as afirmações a seguir:
 
1. Na visão do teórico, o poema se constitui em uma tensão entre forma e conteúdo, mais especificamente som e sentido.
2. O fim do poema configura-se enquanto ruptura da tensão semântica e semiótica.
3. O último verso do poema é, sobretudo, uma escolha entre forma ou conteúdo, que encerra o sentido da máquina poética.
 
É correto o que se afirma em:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
I, II e III.
 
	Resposta Correta:
	 
I e II, apenas.
	Feedback da resposta:
	Resposta incorreta. Agamben recorre à teorização do formalista Jakobson a respeito da obra poética: o poema, para este autor, constitui-seem uma relação de tensão entre o aspecto semântico (formal) e semiótico (conteúdo). Som e sentido são a base do poema. Agamben, em seu texto, teoriza a respeito do que seria o fim do poema sob estes aspectos, compreendendo-o enquanto uma ruptura, momento de confluência entre som e sentido, momento de choque que precipita a máquina poética no silêncio - sem encerrar o sentido, mas sim, multiplicando as possibilidades justamente neste silêncio.
 
	
	
	
· Pergunta 9
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o excerto apresentado a seguir e, depois, responda ao que se pede.
 
Essa universalidade do teor lírico, contudo, é essencialmente social. Só entende aquilo que o poema diz quem escuta, em sua solidão, a voz da humanidade; mais ainda, a própria solidão da palavra lírica é pré-traçada pela sociedade individualista e, em última análise, atomística, assim como, inversamente, sua capacidade de criar vínculos universais (allgemeine Verbindlichkcit) vive da densidade de sua individuação. Por isso mesmo, o pensar sobre a obra de arte está autorizado e comprometido a perguntar concretamente pelo teor social, a não se satisfazer com o vago sentimento de algo universal e abrangente.
ADORNO, Theodor W.. Notas de Literatura I. São Paulo: Editora 34, 2003. Grifo nosso.
 
Assinale a alternativa que corresponde à corrente crítica que mais se aproxima dos postulados no excerto.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Materialismo.
 
	Resposta Correta:
	 
Materialismo.
 
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. O materialismo é a corrente crítica por excelência a estudar as relações entre a obra literária e o contexto social. Dividido entre materialismo histórico e materialismo dialético, ambas as vertentes apontam para a questão essencial da indissociabilidade entre arte e meio, sendo que tanto a arte pode tomar influências do meio, quanto o meio pode tomar influências da arte. No caso do trecho apresentado, mais especificamente, estamos falando do materialismo dialético, pois o que prevalece é justamente o diálogo intrínseco entre os mecanismos formais (a singularidade de um poema) e o teor social.
	
	
	
· Pergunta 10
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir.
 
Foi decepcionante não ter trazido para casa, à noite, alguma afirmação importante, algum fato autêntico. As mulheres são mais pobres do que os homens por causa. . . disto ou daquilo. (...) Melhor seria cerrar as cortinas, deixar as distrações do lado de fora, acender o abajur, abreviar a pesquisa e pedir ao historiador, que registra não opiniões, mas fatos, para descrever sob que condições viviam as mulheres, não em todas as épocas mas, na Inglaterra, digamos, na época de Elizabeth.
Pois é um enigma perene a razão por que nenhuma mulher escreveu uma só palavra daquela extraordinária literatura, quando um em cada dois homens, parece, era dotado para a canção ou o soneto. Quais eram as condições em que viviam as mulheres? (...)
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Círculo do Livro S.a, 1928. 141 p. Disponível em: <https://iedamagri.files.wordpress.com/2014/07/uma-hipotc3a9tica-irmc3a3-de-shakespeare-um-teto-todo-seu.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019. Grifo nosso.
 
Considerada uma das primeiras autoras feministas de importância, Virginia Woolf, no ensaio Um teto todo seu, palestra a respeito da relação entre “mulher” e “ficção”. Seus procedimentos para tal envolvem a quebra do gênero ensaio neste texto de auto-ficção das experiências - mas que, como todo ensaio, é pautado em dados empíricos e científicos. O livro é um marco na crítica literária feminista e está na ementa de cursos de literatura mundialmente reconhecidos.
 
Pensando a respeito das correntes críticas já estudadas até aqui e no trecho em destaque acima, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
Enquanto corrente teórica que baseia suas observações no comportamento do gênero feminino na literatura - tanto da perspectiva da representação, quanto da perspectiva da autoria - interessa à crítica feminista manter intersecções com o pós-estruturalismo, fenomenologia e materialismo.
	Resposta Correta:
	 
Enquanto corrente teórica que baseia suas observações no comportamento do gênero feminino na literatura - tanto da perspectiva da representação, quanto da perspectiva da autoria - interessa à crítica feminista manter intersecções com o pós-estruturalismo, fenomenologia e materialismo.
	Feedback da resposta:
	Resposta correta. Pós-estruturalismo, fenomenologia e materialismo serão fontes de conhecimento importantes para a Crítica Feminista, que procurará na análise de regularidades e irregularidades das estruturas de discurso da obra literária (propostas pelo Estruturalismo e Pós-estruturalismo), na relação do sujeito com os objetos artísticas e nas correlações entre literatura e sociedade a base de seu argumento.
	
	
	
Segunda-feira, 6 de Abril de 2020 12h32min27s BRT

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