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ENSINO DE HISTÓRIA O CELULAR COMO FERRAMENTA DE APRENDIZADO E AUTONOMIA. Artigo apresentado à UNIFEI

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ 
Universidade Aberta do Brasil 
Programa de Pós-Graduação em Especialização em 
Tecnologias, Formação de Professores e Sociedade 
 
 
ENSINO DE HISTÓRIA: O CELULAR COMO 
FERRAMENTA DE APRENDIZADO E AUTONOMIA 
 
Benedito Marcos Bigoto 
Universidade Federal de Itajubá 
marcos.11@hotmail.com 
 
 
Resumo: Este trabalho de pesquisa, fundamentado nas partes teórica e experimental, partiu do 
questionamento de como e de que forma o aparelho celular, aliado às tecnologias, pode 
contribuir para a aprendizagem do aluno, promovendo sua autonomia, seu protagonismo e sua 
emancipação. O estudo foi baseado em obras de renomados educadores, e complementado com 
uma experiência de campo, onde se concluiu que o uso do celular, para fins pedagógicos, 
contribuiu de forma positiva na melhoria do rendimento escolar dos alunos envolvidos. 
Palavras-chave: Celular na sala de aula, celular ferramenta de aprendizagem, celular para fins 
pedagógicos. 
 
 
Abstract: This research, based on the theoretical and experimental parts, started from the 
questioning of how and in what way the cellular apparatus, together with the technologies, can 
contribute to the student's learning, promoting their autonomy, their protagonism and their 
emancipation. The study was based on works by renowned educators, and complemented with 
field experience, where it was concluded that the use of the cell phone for pedagogical purposes 
contributed positively to improving the school performance of the students involved. 
Keywords: Cellular in the classroom, cellular learning tool, cellular for pedagogical purposes.
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1. Introdução 
 O presente trabalho busca estudar o uso do aparelho celular na sala de aula, e fora dela, 
como um importante suporte pedagógico para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, 
e com isso, garantir a autonomia e a emancipação do cidadão, além de funcionar como uma 
extensão da sala de aula. 
O tema em destaque é polêmico e gera muitas discussões, pois, muitas escolas não 
possuem um regimento que regulamente o uso do aparelho em sala de aula. Além disso, a 
maioria das escolas públicas não possuem recursos ou suportes para atender essa demanda, e 
com o avanço tecnológico em constante crescimento, fica evidente que o celular, com internet, 
não pode mais ficar fora do ambiente escolar, ou seja, ele faz parte da vida escolar, 
principalmente do estudante. 
No final do século XX e nas primeiras décadas do século XXI, o acesso à comunicação 
e à tecnologia digital evoluiu de maneira astronômica provocando profundas mudanças e 
transformações de uma geração para outra, principalmente em relação ao uso do aparelho de 
comunicação móvel, o celular. A tecnologia trouxe como uma de suas consequências a 
intensificação das relações sociais em níveis mundiais jamais imaginados anteriormente 
(GUIDDENS, 1991). Segundo Lemos (2013) o uso das TICs (Tecnologias da Informação e 
Comunicação) na sociedade, amplia o potencial de comunicação, além de possibilitar a troca 
de informações de múltiplas vertentes. Silva (2010) conceitua a TIC como, todas as tecnologias 
que interferem e medeiam os processos informacionais e comunicativos dos seres. 
Esse processo deslocou as barreiras espaciais de acesso à informação e à comunicação, 
tendo como resultado a redução do espaço/tempo e a ampliação da velocidade de sua circulação 
de tal ordem que esse fenômeno ficou conhecido como “encolhimento do mundo” (HARVEY, 
1992). O conceito de Aldeia Global se enquadra neste contexto, pelo fato de estar associado 
com o desenvolvimento de uma rede de conexões, que diminuíram cada vez mais as distâncias 
entre os povos, facilitando assim as relações econômicas e culturais de forma eficaz e rápida. 
“O uso da tecnologia está além do ‘fazer melhor’, ‘fazer mais rápido’, trata-se de um ‘fazer 
diferente’” (ROLKOUSKI, 2011, p. 102). 
Porém, a tese de que o mundo está ficando cada vez menor, devido às transformações 
causadas pelas tecnologias, não é recente, foi defendido por Eric Hobsbawm (1917-2012), 
historiador inglês, em “A Era das Revoluções”, em sua primeira publicação em 1962, em 
Londres. 
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Conforme HOBSBAWM (1996), já no século XIX, o mundo havia ficado menor por 
conta das transformações causadas pelas inovações tecnológicas que surgiram em decorrência 
da Revolução Industrial. Máquinas eficientes faziam o trabalho de vários trabalhadores, meios 
de transporte e meios de comunicações mais rápidos, diminuíram as distâncias e modificaram 
o modo de vida das pessoas. 
Nessa época, de grandes descobertas e invenções, talvez a mais importante de todas foi 
o controle da eletricidade pelo homem, que no seu uso prático, revolucionou toda a sociedade. 
Graças à eletricidade foi possível a invenção do telégrafo elétrico e consequentemente 
o invento do telefone, que apesar de geralmente, sua invenção ter sido atribuída ao escocês 
Alexander Graham Bell, o aparelho foi inventado por volta de 1860 pelo italiano Antonio 
Meucci, que o chamou de "telégrafo falante". 
Ainda no século XIX, o físico escocês James Maxwell descobriu as ondas, que foram 
apresentadas em 1886 por Heinrich Hertz, que apresentou a variação rápida da corrente elétrica 
para o espaço em forma de ondas de rádio. 
No século XX o italiano Guglielmo Marconi estabeleceu, em linha telefônica, os sinais 
de rádio, dando-lhe o nome de “telégrafo sem fio”. Em 1923, o russo Wladmir Zworykin 
desenvolveu o tubo de imagem chamado de iconoscópio, dando origem à televisão. E 
finalmente, nos anos 60, no ambiente da Guerra Fria, onde norte-americanos e soviéticos 
disputavam a política global, surgiu a internet. Em 1969 foi estabelecida a primeira conexão 
entre a Universidade da Califórnia e o Instituto de Pesquisa de Stanford, quando o primeiro e-
mail foi enviado. Já na década de 90, o cientista, físico e professor britânico Tim Berners-Lee 
desenvolveu um navegador, a World Wide Web (WWW), a Rede Mundial de Computadores, 
tornando possível à conexão das regiões mais distantes do mundo: a globalização através da 
comunicação. 
A globalização que exprime uma ideia de unificação e de rompimento de barreiras e 
fronteiras do estado nacional como pode ser enfatizado por Beck (1999, p. 49): “Globalidade 
significa o desmanche da unidade do Estado e da sociedade nacional, novas relações de poder 
e de concorrência, novos conflitos e incompatibilidade entre atores e unidades do Estado 
nacional por um lado e, pelo outro, atores, identidades, espaços sociais e processos sociais 
transnacionais”. 
Segundo Lopes (2016), o século XXI destaca-se pelo crescente número de avanços no 
campo das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) com desdobramentos 
em todas as esferas da vida humana, inclusive no âmbito educacional, na medida em que a 
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informação, após sua seleção, interpretação e entendimento, tende a se transformar em 
conhecimento. 
Nos últimos cinco anos, a tecnologia dos celulares evoluiu muito, surgindo o primeiro 
assistente pessoal de voz, marcando a evolução do relacionamento entre as pessoas e a 
tecnologia. De início, criado para controlar o smartphone apenas com a fala, esse serviço 
ganhou uma função extra: a de amiga virtual do usuário. 
Essas transformações afetaram diretamente a escola, onde fica evidenciado que somente 
o uso da lousa, do giz, do caderno e demais recursos primitivos estão ficando obsoletos e não 
são mais atrativos para manter os alunos interessados na aula. O uso pedagógico desse aparelho 
pode contribuir, e muito, no aprendizado através da motivação dos estudantes. Para Lévy 
(1993), a tecnologia promoveu novas formas de construção e de apropriação do conhecimento, 
surgindo daí outra (uma nova variação do) forma de organizar o conhecimento, a qual reivindica 
uma adequação do processo de ensino-aprendizagem. Vieira (2011) ressalta duas possibilidades 
para se fazer uso das TICs:a primeira é de que o professor deve fazer uso deste para instruir os 
alunos e a segunda possibilidade é que o professor deve criar condições para que os alunos 
descrevam seus pensamentos, reconstrua-os e materialize-os por meio de novas linguagens, 
nesse processo o educando é desafiado a transformar as informações em conhecimentos práticos 
para a vida. 
A implantação da informática como auxiliar do processo de construção do 
conhecimento implica mudanças na escola que vão além da formação do professor. É 
necessário que todos os segmentos da escola – alunos, professores, administradores e 
comunidades de pais – estejam preparados e suportem as mudanças educacionais 
necessárias para a formação de um novo profissional. Nesse sentido, a informática é 
um dos elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais 
profunda do que simplesmente montar laboratórios de computadores na escola e 
formar professores para utilização dos mesmos. (VIEIRA, 2011, p. 4) 
 
Lévy (1993) declara a existência de três categorias de conhecimento, a saber: a oral, a 
escrita e a digital; demonstra que, na sociedade atual, a ausência de uma dessas categorias 
restringe a inserção social do indivíduo e o seu acesso à cidadania. 
Moran (2007) complementa em afirmar que os meios de comunicação exercem 
poderosa influência em nossa cultura, desempenhando um importante papel educativo, 
transformando-se, na prática, numa segunda escola, paralela à convencional. 
Apesar do uso do celular em sala de aula ainda enfrentar forte resistência por parte da 
gestão e de muitos professores, é inegável a sua importância como ferramenta pedagógica no 
processo de ensino-aprendizagem. Nunes (2010) sugere que os professores devem atualizar e 
se adaptar ao contexto estudantil, e não o contrário, o que evidencia a necessidade de uma 
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formação contínua para fortalecer o comprometimento do professor com sua prática de ensino. 
Lopes (2016), com base nessa discussão, instiga a comparar que, onde uns tacham as redes 
sociais como vilãs, outros a enxergam como uma gama de possibilidades para a utilização como 
ferramentas de ensino e como ambientes propícios para a construção de conhecimento 
embasado na onipresença, colaboração e mobilidade. 
A facilidade de acesso à comunicação faz do celular um objeto indispensável nas mãos 
do estudante, transformando-o numa das mais importantes TICs (Tecnologias de Informação e 
Comunicação). Conforme Kenski (2012, p. 34), as TICs provocaram mudanças radicais ao 
convergir para uma nova tecnologia, a digital, e apresenta as redes, citando a internet como 
sendo o “espaço possível de integração e articulação de todas as pessoas conectadas com tudo 
que existe no espaço digital, o ciberespaço”. Kenski ainda completa: 
O avanço das tecnologias digitais define poderes baseados na velocidade de acesso às 
informações disponíveis nas redes. Além disso, apresenta exemplos concretos de 
inovações tecnológicas destacando as mudanças que ocorrem socialmente, nas 
relações econômicas, políticas, financeiras, educacionais e culturais, resultantes do 
uso intensivo das tecnologias digitais. (KENSKI, 2012, p.34). 
 
Analisando a citação de Kenski (2012), onde o uso intensivo das tecnologias causa 
transformações, podemos concluir que na escola também ocorrem essas transformações, dessa 
forma, o celular já está enraizado no dia-a-dia dos alunos e resistir a seu uso no ambiente escolar 
é inútil, ou seja, a escola estaria na contramão do avanço tecnológico. Pois, quanto mais o 
ciberespaço se amplia, mais ele se torna universal, e menos o mundo informacional se torna 
totalizável (LÉVY, 2014, p. 113). 
Para Rossato (2014), conhecer significa acessar a internet, pois é por esse meio que se 
aprende a fazer pesquisas, com seleção de fontes confiáveis e utilização de base de dados. Para 
tanto, é preciso ter o domínio dos instrumentos do conhecimento, ou seja, saber utilizar as 
tecnologias digitais, pois esse meio é uma forma importante e bastante presente para se ter 
acesso ao amplo conhecimento acumulado ao longo da história da humanidade disponível na 
web. 
Além disso, o uso do celular em sala de aula é importante também para a inclusão, 
possibilitando a redução da distância entre o ensino e a aprendizagem dos alunos com déficit 
de aprendizagem. Segundo Matta e Ferraz (2015), a inclusão de pessoas com deficiência é uma 
questão recente e de extrema importância para a sociedade e essa pode se dar por meio da 
educação à distância, via web. 
Freire (1996) ressalta a importância do profissional da educação ser capacitado para se 
adequar às novas tecnologias para exercer o cargo de educador do futuro, e aquele que se opuser 
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será engolido pelo mercado. Nessa perspectiva fica clara a colocação de Paulo Freire, onde o 
professor tem que se capacitar para poder acompanhar o avanço tecnológico e só assim ele terá 
a capacidade de filtrar as informações com que nossos alunos são bombardeados a todo o 
momento, e separar as informações que realmente vão ajudá-los a tornar o protagonista do seu 
processo de ensino-aprendizagem possibilitando a construção de sua autonomia. “A tecnologia 
é usada para fazer o tratamento da informação, auxiliando o utilizador a alcançar um 
determinado objetivo.” (VIEIRA, 2011, p, 16). 
 A invenção do aparelho de telefonia móvel, ou mais popularmente, o celular, tornou-se 
um importante instrumento de comunicação mundial, tornando possível o surgimento de 
diversas redes sociais com múltiplos objetivos, entre eles, contribuir no aumento do 
relacionamento social. 
Em 2009, surgiu o WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas, criado pelo norte-
americano Brian Acton e pelo ucraniano Jan Koum, que se expandiu em proporções gigantescas 
em todo o mundo, tornando-se uma ferramenta essencial para facilitar a comunicação e a vida 
das pessoas. O WhatsApp caiu rapidamente no gosto popular, despertando o interesse de seus 
concorrentes e de investidores do mundo capitalista, tanto que a ferramenta foi vendida para o 
Facebook por cerca de 21 bilhões de dólares em fevereiro de 2014. Sua funcionalidade 
popularizou-se por diversas áreas da sociedade, principalmente entre os estudantes de todos os 
níveis escolares. 
No Brasil, conforme os dados da pesquisa Tecnologias de Informação e Comunicação 
(TIC) Domicílios 2016, fornecidos pelo site da UNINTER, cerca 117,2 milhões de brasileiros 
acessam a internet pelo telefone celular, 94% dos jovens de 16 a 24 anos usam a internet para 
o envio de mensagens instantâneas (WhatsApp) e 91% para acessar redes sociais. E ainda, 46% 
das pessoas acessam a internet enquanto estão fazendo algum deslocamento. Baseados nesses 
números e observando o acesso prático e fácil no celular, onde as pessoas estão o tempo todo 
on-line e os professores vêm encontrando dificuldade para fazer com que os alunos participem 
da aula, fica evidente que a Educação tem que caminhar junto com a tecnologia. 
O experimento realizado nesse trabalho identificou a possibilidade de utilizar 
pedagogicamente o celular, através do aplicativo WhatsApp, com o intuito de melhorar as aulas 
de História, através do projeto realizado entre estudantes do ensino médio. Para Lopes (2016) 
o uso pedagógico dos grupos formados dentro da plataforma do aplicativo WhatsApp, busca 
fazer desse ambiente virtual uma extensão da sala de aula. 
Toda essa tecnologia que dá acesso a sites de pesquisa, redes sociais e aplicativos de 
comunicação, torna o celular, pedagogicamente trabalhado, em uma importante ferramenta no 
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processo de ensino-aprendizagem, contribuindo com a autonomia do aluno, dando um retorno 
positivo aos professores. Porém a escola não está preparada: 
Enquanto o mundo se apresenta cada vez mais aberto e com máquinas que lidam com 
o saber e com o imaginário, a escola ainda se estrutura em tempos e espaços pré-
determinados, fechada ignorandoas inovações. Em decorrência da velocidade dos 
avanços tecnológicos e sua interferência no trabalho e na vida de todos, a escola se 
encontra em crise. A escola que tem como ideal preparar as pessoas para vida, para 
cidadania e para o trabalho, deve-se então questionar, sobre qual contexto social se 
reportar já que este está em permanente modificação. (DORIGONI; SILVA, 2013, s/p) 
 
Para Arruda (2011), o caminho da inovação, em particular por meio das novas TICs, é 
promissor: 
Ao contrário do modelo tradicional – baseado em uma perspectiva linear -, no qual os 
bens culturais ficam encerrados em espaços físicos fechados a qualquer público, na 
perspectiva da aprendizagem mediada por tecnologias digitais, o conhecimento está 
vinculado aos sujeitos de diversas formas e meios de sua disponibilização em espaços 
públicos digitais, ainda que estes espaços estejam em processo de ampliação do seu 
acesso (ARRUDA, 2011, p. 4). 
 
1.1. Objetivos 
Entender como a utilização do celular, através do aplicativo WhatsApp, pode colaborar 
com o aprendizado e com a autonomia do estudante, na disciplina de História. 
1.1.1. Objetivos Específicos 
Analisar e mostrar os resultados do projeto experimental desenvolvido com o celular 
em sala de aula durante as aulas de História, através do aplicativo WhatsApp. Mostrar a 
importância do celular como ferramenta de apoio no processo de ensino-aprendizagem e como 
a sua utilização de maneira correta pode contribuir para o protagonismo, a emancipação e a 
autonomia do cidadão. 
 
1.2. Percurso Metodológico 
 O trabalho foi baseado na abordagem qualitativa, com base em bibliografias e no 
estudo experimental conforme proposto por Kerlinger (1980) que, traz como finalidade testar 
hipóteses derivadas de teorias possibilitando testes de vários aspectos desta teoria e, investigar 
relações de causa e efeito. 
A parte experimental do trabalho foi desenvolvida com alunos do 2º ano, turma 3, do 
período noturno, do Ensino Médio, da E.E. “Antônio Alves Cavalheiro”, escola pública 
estadual, localizada na cidade de Engenheiro Coelho, interior de São Paulo. Comparou-se o 
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rendimento escolar entre alunos de uma mesma classe, onde parte não utilizou o celular nas 
aulas de História e outra parte utilizou o celular durante as aulas e fora do período de aulas. 
Aliado à teoria, o experimento foi desenvolvimento, no primeiro semestre de 2018, 
onde os alunos foram informados do projeto e convidados a participar, sendo que 15 estudantes 
aceitaram. 
O projeto foi desenvolvido seguindo o seguinte cronograma: No 2º ano 3, assim como 
em todas as séries do Ensino Médio, a quantidade semanal de aulas de História se restringe a 
duas aulas de 45 minutos. Durante o período normal de aulas os alunos, que não faziam parte 
do projeto, estudavam a disciplina da maneira convencional, utilizando-se do livro didático, 
lousa, caneta e giz e os alunos que optaram em fazer parte do projeto experimental utilizavam-
se do celular como ferramenta auxiliadora. 
Num primeiro momento o celular era utilizado apenas para pesquisas em sites 
relacionados com a matéria trabalhada, num segundo momento foi criado um grupo de 
WhatsApp que reunia o professor e os alunos envolvidos no projeto. Dessa forma, as aulas, os 
debates, as discussões e os questionamentos continuavam entre os membros do grupo fora da 
escola e num, terceiro momento, envolveu pais de alunos que se interessavam pelo conteúdo 
debatido. 
O período da pesquisa se estendeu por dois bimestres letivos, nos quais se discutiram 
assuntos delimitados e inerentes aos conteúdos da disciplina História correspondente ao 2º ano 
do Ensino Médio, abordando primeiramente temas relacionados ao Renascimento, Reforma e 
Contrarreforma, Formação dos Estados Absolutistas Europeus e o encontro entre os europeus e 
as civilizações da África, Ásia e América (1º bimestre) e Sistemas coloniais europeus, 
Revolução Inglesa, Iluminismo e Independência dos Estados Unidos (2º bimestre). 
 
1.2.1 Experiências semelhantes 
Uma experiência semelhante foi registrada no III CONEDU (Congresso Nacional de 
Educação), realizado entre 05 a 07 de Outubro de 2016, em Natal, Rio Grande do Norte, onde 
Jocenilton Cesário da Costa, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Letras – 
PPGL/UERN, apresentou seu trabalho, intitulado de “O WhatsApp chegou na sala de aula, e 
agora? Uma experiência com o PIBID no Ensino de Língua Portuguesa”. Costa (2016) explica 
que a experiência realizada, em aulas de Língua Portuguesa, constatou que as conversas no 
WhatsApp conseguem construir uma identidade de um leitor/usuário proficiente tanto no uso 
9 
 
do aplicativo quanto na prática de leitura de diversos gêneros textuais, fazendo com que o olhar 
às novas mídias se aguce em novas práticas didático-pedagógicas. 
Conforme Costa (2016), a oficina foi planejada de forma estratégica. Num primeiro 
momento, foi realizada uma pesquisa para saber se realmente todos os alunos da escola 
possuíam algum aparelho que dava acesso à internet; logo depois, foi constatado que quase 
todos possuíam, portanto, foi concebida pelos proponentes a proposta de realizar uma oficina 
dinâmica e educativa que pudesse utilizar as novas tecnologias como mais um recurso de 
aprendizagem no processo educativo, criando assim dois grupos com o nome Diário de Leitura, 
um numa rede social (no caso, o Facebook) e outro num aplicativo de smartphone (no caso, o 
WhatsApp). Assim, o tema escolhido da oficina foi Práticas de Leitura e Escrita nas redes 
sociais: Uma Tarefa Possível, tendo como objetivo compreender as redes sociais como 
recursos/estratégias possíveis às práticas de leitura e escrita dentro e fora da sala de aula, com 
uma carga horária 04 horas, sendo dividido em quatro momentos: dramatização, sondagens, 
exposição de slides e proposta de produção de texto. 
Segundo Costa (2016), partindo da noção de que a inserção das novas mídias nas 
práticas de ensino molda uma nova forma de ser e de agir por parte de todos os envolvidos, é 
preciso, pois, fazer com que os alunos se sintam motivados a usarem os diversos macetes 
midiáticos como uma forma de se sentirem sujeitos ágeis e práticos de seus recursos. 
Outro experimento semelhante, utilizando esse aplicativo, foi desenvolvido na 
disciplina de Química. Em seu trabalho intitulado: “O uso do WhatsApp como ferramenta 
pedagógica no ensino de química”, onde (MOREIRA;SIMÕES,2017) estudaram a eficácia do 
aplicativo WhatsApp no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes, porém os autores 
ressaltam que nem sempre as tecnologias solucionam os problemas da sala de aula, e para que 
haja uma aprendizagem significativa, é fundamental que ocorra entre professor e estudantes, 
um compromisso com a aprendizagem. Ou seja, para que a tecnologia se torne eficaz em sala 
de aula é necessário um pacto entre alunos e professores. 
O uso do aplicativo WhatsApp em sala de aula tem que atender rigorosamente a um 
planejamento pedagógico, caso contrário, sua eficácia não surgirá efeito: 
O uso do WhatsApp na escola é um grande desafio para o professor. Assim, antes de 
aderir às ferramentas tecnológicas, é preciso obedecer “[...] a um planejamento 
criterioso [...], refletindo assim uma ação pedagógica coerente e significativa [...]” 
(NETO; VERSUTI; VAZ, 2016). 
 
Porém, Gomez (2010) propõe que, usar pedagogicamente as redes sociais on-line e os 
aplicativos para dispositivos móveis requer certo cuidado, uma vez que os aplicativos não foram 
desenvolvidos para o meio educativo: 
10 
 
O mundo das redes sociais é relativamente novo. Os programas de redes sociais sejam 
pessoais, temáticas ou profissionais, na realidade não foram criados para atividades 
educativas, embora nas escolas se estejam usando alguns deles... A rede é mais um 
espaço da escola contemporânea que necessita orientação e cuidado para se 
transformar em um dispositivo pedagógico. (GOMEZ,2010, p.88-99). 
 
Na Espanha, Plana (2015) desenvolveu um projeto que teve como objetivo a exploração 
das vantagens e desvantagens da utilização do WhatsApp na melhoria das habilidades de leitura 
dos alunos durante a aprendizagem da língua inglesa. O WhatsApp foi utilizado para 
proporcionar o envio das atividades aos alunos, que deveriam acessar o endereço enviado e 
responder as questões da atividade. Uma informação relevante deste projeto se refere à 
motivação dos participantes, que, após o encerramento do estudo, responderam a uma pesquisa 
que apontou que mais de 90% dos entrevistados reconheceram que a sua participação no projeto 
tinha aumentado a sua motivação para a leitura em inglês. Esse resultado mostra que o emprego 
de tecnologias mais aderentes ao cotidiano dos discentes fortalece o seu engajamento nas 
atividades. 
 
2. Revisão Bibliográfica 
De acordo com Freire (1996) para exercer o cargo de educador é necessário adequar-
se às novas tecnologias. Torna-se evidente a importância da capacitação dos professores frente 
às novas tecnologias que surgem, pois segundo Kenski (2012), as Tecnologias da informação e 
comunicação (TICs) provocaram mudanças radicais na sociedade, onde a internet passa a ser o 
“espaço possível de integração e articulação de todas as pessoas conectadas com tudo que existe 
no espaço digital, o ciberespaço”. Dessa forma a escola que é formada de pessoas também 
sofreu o impacto dessas mudanças causadas pelo avanço tecnológico. 
Para Moran (2000) com as mudanças na sociedade, as formas de ensinar também 
sofreram alterações, tantos os professores como os alunos perceberam que muitas aulas 
convencionais estão ficando ultrapassadas. Moran (2000) complementa ao afirmar que: 
As mudanças na educação são importantes para mudar a sociedade e as tecnologias 
estão cada vez mais em evidência e os investimentos visam ter cada classe conectada 
à Internet e cada aluno com um notebook; investe se também em educação a distância, 
educação contínua, cursos de curta duração. Mas só tecnologia não basta. “Ensinar é 
um desafio constante”. (MORAN, 2000, P. 11). 
 
Porém, muitas das colocações de Moran não estão sendo colocadas em prática, como 
por exemplo, cada classe conectada com internet ou cada aluno com seu próprio notebook, ou 
tablet. O que se observa hoje nas salas de aula são alunos, que mesmo com baixas condições 
financeiras, exibem seus celulares de última geração, e o que é pior, utilizam-no de forma 
incorreta. É nesse momento, que o professor capacitado, independente do apoio da gestão ou 
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das secretarias de educação, ou qualquer outro poder público, deve agir e rever seus métodos 
de ensino, reconstruir sua prática pedagógica e reformular suas teorias. Para Vieira (2011) 
mesmo com toda implantação tecnológica, o professor continuará sendo responsável pela 
transmissão de conhecimento no processo de ensino aprendizagem. 
Para Almeida (2003), a reconstrução da prática pedagógica e a reformulação das 
teorias, pelos professores, é resultado da educação continuada on-line que possibilitou a escolha 
de materiais didáticos digitais e sistematizou seu conhecimento. Porém, Moran (2013, p.12) 
nos lembra que: “Não são os recursos que definem a aprendizagem, são as pessoas, o projeto 
pedagógico, as interações, a gestão’, e diz ainda que “não há dúvida de que o mundo digital 
afeta todos os setores, as formas de produzir, de vender, de comunicar-se e aprender.” 
Perrenoud (2000) coloca que a escola não pode ignorar o que se passa no mundo, pois 
as novas tecnologias da informação e da comunicação transformam não só as maneiras de 
comunicar, mas de trabalhar, decidir e pensar. 
Na escola de ensino fundamental, a informática geralmente não é proposta como uma 
disciplina a ser ensinada por si mesma – a exemplo da Geografia ou da Matemática – 
um conjunto de saberes e habilidades constituída aos quais se atribuiria uma parte da 
carga horária (PERRENOUD, 2000, p. 127). 
 
Tomando, como um norte, o pensamento de Perrenoud, fica evidente que a tecnologia 
adentrando a escola não muda apenas a comunicação, mas mexe com todo um sistema 
laborativo do docente. O professor tem que se adequar às mudanças, uma vez que a informática 
não é tratada nas escolas públicas como disciplina curricular. Pois, “as tecnologias digitais, 
principalmente as redes sociais, podem nos ajudar ou nos atrapalhar.” (MORAN, 2013. p.57). 
Perrenoud (2000) ainda coloca que os professores sabem o que as novidades 
tecnológicas trazem, bem como seus perigos e limites, porém podem decidir, com 
conhecimento, dar-lhes mais espaço em suas aulas, utilizando-as de maneira paralela. 
Com essa ideia, Perrenoud deixa clara a importância da autonomia do professor em 
sala de aula para exercer ou não uma atividade na internet, por exemplo. Baseado em seus 
conhecimentos o professor pode propor atividades, relacionadas à disciplina, utilizando-se de 
recursos tecnológicos. “A tecnologia é uma ferramenta privilegiada, jamais o objetivo em si. O 
computador funciona como alavanca: move melhor a pedra pesada, mas o objetivo continua 
sendo mover a pedra” (KARNAL, 2012. p. 94). Para Lopes (2016) não se pode pensar que essas 
novas tecnologias irão substituir os professores, pelo contrário, “o protagonista das novas 
habilidades do século XXI não é propriamente o avanço tecnológico, por mais que isto seja 
decisivo, é o professor”. 
12 
 
No Estado de São Paulo, por exemplo, o uso do celular em sala de aula, para fins 
pedagógicos, está liberado desde 2017, porém, o Estado não amparou a utilização do mesmo: 
A grande maioria das escolas públicas não possui sistema de wi-fi, o que acaba sendo um 
obstáculo para a utilização dessa importante ferramenta tecnológica no ambiente educacional. 
Perante os inúmeros desafios, o professor precisa utilizar da criatividade para poder 
trabalhar com o celular em sala de aula, ora compartilhando seu próprio wi-fi com os alunos, 
ora dividindo a classe em grupos para que os alunos que tem internet encabecem os grupos de 
estudos. Conforme (SOUZA; FREITAS; SANTOS, 2016) para a inserção do WhatsApp em 
espaços educacionais, ainda é preciso enfrentar obstáculos de ordem tecnológica, econômica e 
social. 
Ao se deparar com essa problemática e numa tentativa de trazer as tecnologias para 
dentro da sala de aula de forma orientada, é que pretendemos olhar para as Novas Tecnologias 
da Informação e Comunicação (TICs) de forma a torna-las instrumentos de aprendizagem, 
afinal caminhamos para um momento em que “tudo o que for previsível será cada vez mais 
realizado por aplicativos, programas, robôs” (MORAN, 2013, p. 12). 
Para que o uso das TIC signifique uma transformação educativa que se transforme em 
melhoria, muitas coisas terão que mudar. Muitas estão nas mãos dos próprios professores, que 
terão que redesenhar seu papel e sua responsabilidade na escola atual, mas outras tantas 
escapam de seu controle e se inscrevem na esfera da direção da escola, da administração e da 
própria sociedade (IMBERNÓM, 2010, p.36). 
Na disciplina de História, o uso de recursos tecnológicos e de multimídias é 
fundamental para o trabalho do professor. Esses recursos possibilitam ao professor mostrar para 
os alunos importantes eventos históricos, como por exemplo, cenas de guerras, filmes, mapas, 
monumentos históricos, culturas multiétnicas, artes etc. 
A aula de História é o momento em que, ciente do conhecimento que possui, o 
professor pode oferecer a seu aluno a apropriação do conhecimento histórico 
existente, através de um esforço e de uma atividade com a qual ele edificou esse 
conhecimento (SCHMIDT, 2002, p.57). 
 
 
Costa e Gabriel (2014) no artigo intitulado Sentidos de "digital" em disputa no 
currículo de história: que implicações para o ensino desta disciplina? traz referências sobre a 
utilização dos meios digitais na disciplina de História. O artigo defende umahomogeneização 
de um ensino de História inovador contra o método tradicional explicitando a importância das 
TICs. Diante dos desafios a que a educação digital expõe historiadores e professores de História 
do século XXI e buscando estabelecer práticas articulatórias possíveis em torno dos 
13 
 
significantes ‘ensino’, ‘pesquisa’ e ‘tecnologia’, coloca-se o desafio da construção do que pode 
ser designado por web currículo de história. 
 A Internet configura-se como uma nova categoria de fontes documentais para 
pesquisas históricas. Em especial os pesquisadores do Tempo Presente, após o 
advento da Internet, passaram a contar com um aporte quase inesgotável de novas 
fontes. Contudo, já na segunda década do século XXI, ainda são poucas as pesquisas 
históricas que utilizam a Internet como fonte primária (ALMEIDA, 2011, p. 9). 
 
Dentre os recursos possíveis para o professor de História melhorar suas aulas estão: 
sites específicos da disciplina, sites de museus, sites culturais etc., além das redes sociais, onde 
se podem encontrar diversos grupos voltados para adeptos da disciplina de História. Como 
aponta Arruda (2011, p. 10), “o ensino de História pode ser potencializado significativamente, 
por permitir, por meio da informática, a materialização, ainda que virtual, do passado”. Para 
Recuero (2011, p. 12), “as tecnologias digitais ocupam um papel central nas profundas 
mudanças experimentadas em todos os aspectos da vida social”, o sujeito, na patente de aluno, 
no momento em que posta/escreve qualquer comentário acerca de um dado assunto, traz traços 
possíveis de construir sua identidade enquanto aluno-aprendiz. Se História é toda intervenção 
ou feito humano, o que o aluno escreve e posta numa rede social, não deixa de ser uma 
contribuição para a História. 
Porém, um aplicativo de comunicação pode tornar-se um grande aliado à educação, o 
WhatsApp. Muito utilizado pelos estudantes de todas as escolas, sejam públicas ou particulares 
e de qualquer faixa etária, o aplicativo tem grande aceitação entre eles. Lopes (2016) ao 
considerar o número de usuários do WhatsApp no Brasil e no mundo, afirma que esse aplicativo 
ainda está sendo pouquíssimo explorado no contexto educacional, dada a sua rica variedade de 
possibilidades de usos pedagógicos. 
Como hipótese, Lopes (2016) afirma que o uso, com intencionalidade pedagógica, do 
WhatsApp, serve como ambiente de ensino e aprendizagem histórica, tornando a plataforma 
virtual desse aplicativo uma extensão da sala de aula, potencializando o ensino de História, 
embasado na aprendizagem ubíqua, móvel e colaborativa. 
Através desse aplicativo, o professor pode criar um ou mais grupos das classes e 
manter uma comunicação mútua com seus alunos. Por meio dessa ferramenta, é possível tirar 
dúvidas sobre uma matéria estudada, passar todo um conteúdo, aplicar atividades avaliativas e 
colaborar com o processo de inclusão. 
Dessa maneira é possível trabalhar o aluno inclusivo num grupo de estudo virtual, sem 
utilizar práticas que podem excluí-los. O grupo virtual, em uma rede social, em si já se torna 
um meio de inclusão. Raquel Recuero afirma que: 
14 
 
Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendido 
através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam 
cada indivíduo; suas conexões são os laços sociais que compõem os grupos. Esses 
laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que 
conhecemos e com quem interagimos. (Recuero, 2011, p.29) 
 
Ainda sobre a inclusão, para Kirchner e Razmerita (2015) o principal foco da utilização 
do WhatsApp em projetos pedagógicos é a exploração das possibilidades da interatividade, da 
colaboração e do engajamento que o aplicativo possibilita. A literatura relacionada à motivação 
e à aprendizagem colaborativa mostra que o desempenho e a aprendizagem dos alunos 
dependem não só do interesse no assunto, mas também do relacionamento deles, do 
gerenciamento das diferenças individuais, dos traços de personalidade, das origens culturais, 
das diferenças de gênero e da sala de aula como um ambiente de aprendizagem. 
Apesar de tantas vantagens, a utilização do aplicativo em sala de aula pode trazer 
algumas desvantagens. Bouhnik e Deshen (2014), por exemplo, apontam como desvantagens o 
fato de que nem todos os estudantes possuem dispositivos móveis, a possibilidade, em alguns 
casos, de os docentes acabarem enviando mensagens em demasia para os estudantes e a irreal 
expectativa dos alunos quanto à disponibilidade integral dos professores para tirar dúvidas a 
qualquer momento do dia e da noite. 
Enquanto se debate sobre as vantagens e desvantagens do uso da tecnologia na 
educação Tori (2010) explica: 
As novas gerações de estudantes estão chegando às escolas sem quaisquer dúvidas ou 
receios quanto ao uso das tecnologias de informação e comunicação em atividades do 
dia a dia. Não vai ser fácil para eles se adaptarem às escolas que não tiverem integrado 
as novas tecnologias à sua rotina (Tori, 2010, p. 218). 
 
3. Resultados da Pesquisa 
A atuação dos alunos e do professor, no ambiente virtual do WhatsApp, foi objeto de 
análise e avaliação, servindo de parâmetro para se saber se houve mudanças de comportamento 
e aquisição de competências que possibilitaram a evolução ou não no aprendizado no ensino da 
disciplina História: À medida que o projeto era desenvolvido e o professor estimulava o grupo, 
foi possível observar um aumento no fluxo de mensagens, onde os alunos passaram a interagir 
com mais frequência e naturalidade, bem como a desenvolver as atividades propostas. 
A análise dos dados foi obtida levando-se em consideração se houve melhoria ou não 
e aumento no nível de participação nas aulas presenciais, mudanças de atitude e de 
comprometimento nos estudos, mudanças na relação professor-aluno e aumento no 
desempenho escolar de um bimestre para outro, tomando-se como parâmetro de comparação o 
bimestre anterior à realização da pesquisa. 
15 
 
No final do primeiro semestre foi possível constatar, através das notas atribuídas no 1º 
e 2º bimestre, uma melhora considerável em comparação entre os alunos que participaram do 
projeto com o celular, com aqueles que estudaram de maneira convencional. Os alunos que 
participaram do projeto obtiveram um rendimento de 64% em suas notas e o grupo que estudou 
de maneira convencional melhorou o rendimento em 32,5 %. 
 
 
 
 Bigoto, B.M. – Gráfico comparativo do rendimento entre os dois grupos de alunos. 
 
Foi possível observar também que os alunos que não participaram do projeto possuíam 
notas razoáveis a boas, acima de 7, e os que participaram do projeto tinham notas de média 5. 
Nesse contexto, pode-se observar que houve um processo de inclusão, pois resgatou 
os alunos que tinham dificuldade de assimilar o conteúdo de maneira convencional, 
necessitando de outras formas para acompanhar os demais. 
Um fator favorável que colaborou diretamente na realização do experimento foi a 
popularidade e praticidade do WhatsApp, onde os alunos tiveram liberdade para utilizar o 
aplicativo para fins pedagógicos e de forma planejada com a orientação do professor, que pode 
realizar sua intervenção direta no decorrer da pesquisa. Antes do início do experimento, 
professor e alunos definiram regras de utilização do aplicativo para que este não saísse de seu 
principal objetivo. Para Lopes (2016) a criação conjunta das regras de participação nos grupos 
é fundamental para que possa funcionar com finalidade pedagógica, pois seria muito difícil 
16 
 
manter a ordem e o foco, e consequentemente atingir os objetivos da pesquisa, caso a maioria 
dos alunos descumprisse tais regras. 
Foi possível analisar também as vantagens e desvantagens de trabalhar com o 
aplicativo WhatsApp, como ferramenta de suporte de ensino, na disciplina de História:As vantagens foram evidentes no momento em que as aulas tornaram-se mais 
interessantes e menos monótonas, aumentando a interação e discussão entre alunos e professor, 
viabilizando o enriquecimento dos debates entre dos assuntos propostos, e dessa forma, 
facilitando a aprendizagem. Foi possível observar também que houve maior esforço e interesse 
pela matéria, por parte dos alunos, expandindo um jeito coletivo de trabalhar. E o mais 
observado: o esclarecimento de dúvidas tornou-se rápido (praticamente em tempo real). 
Em relação à desvantagem, foi observado, por exemplo, a falta de wi-fi ou redes 
móveis para alguns alunos, devido à falta de créditos para acessar a internet, que foi suprida de 
maneira solidária pelos colegas e/ou próprio professor que compartilhou seus dados móveis. 
Dessa forma foi possível analisar também os resultados do trabalho em equipe, ou seja, quando 
o grupo resolveu criar esforços coletivos para resolver o problema. 
Ao final do experimento, os alunos deixaram suas sugestões, como: A escola deveria 
liberar o sinal de wi-fi para os alunos e, cada professor, de cada disciplina, deveria criar um 
grupo de WhatsApp, a gestão poderia fazer parte desses grupos para interagir diretamente com 
os pais de alunos ou realizar os conselhos de classe, dentre outras. 
Segundo Públio Júnior (2018) o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias 
significa que o modelo de ensino que os professores têm não é o mais apropriado e atualizado. 
Os alunos não devem aprender com a educação tradicional, mas, sim, com a implementação de 
novas ferramentas tecnológicas, que visam abandonar o conhecimento monopolizado e 
centralizador, e geram novos conhecimentos fora da sala de aula. 
Para Lopes (2016), a construção do conhecimento histórico dentro do ambiente virtual 
dos grupos do WhatsApp se materializa como extensão da sala de aula, ao passo que conteúdos 
da disciplina de História, que são trabalhados em sala (ambiente formal de aprendizagem), 
podem ser explorados mais efetivamente por muitas outras formas e meios, na interação 
contínua entre alunos e professor. 
 
4. Conclusão 
Analisando os números do projeto experimental desenvolvido nesse trabalho, na 
disciplina de História, é possível evidenciar que o uso do celular contribuiu, no primeiro 
17 
 
semestre, de maneira positiva no rendimento escolar dos alunos envolvidos. Assim pode-se 
concluir que o celular é uma importante ferramenta para o processo de ensino aprendizagem e 
para a autonomia do aluno, além de permitir a inclusão de alunos com dificuldades de 
aprendizado da forma convencional. 
O WhatsApp pode ser utilizado como uma extensão da sala de aula e dessa forma, a 
necessidade de professores e gestores se adaptarem às novas tecnologias, dentre elas o uso do 
celular em sala de aula para fins pedagógicos, além de usufruir de seus aplicativos de 
comunicação, como por exemplo, o WhatsApp, que embora seja uma ferramenta de 
comunicação amplamente conhecida em todo o mundo, ainda tem sido pouco explorada em 
projetos educacionais. 
 
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