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Os Fenícios, os persas e a Religiosidade no Oriente Próximo

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História Antiga
Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marcelo dos Reis Tavares
Revisão Textual:
Profª. Karina Barbosa
5
• Os Fenícios
• Economia, Sociedade e Cultura Fenícias
• Os Persas
• Estabelecer um panorama das civilizações fenícia e persa em seus aspectos políticos, 
econômicos, sociais e culturais.
• Considerar as contribuições dos fenícios e persas para a cultura contemporânea.
• Considerar a relação entre as civilizações fenícia e persa o meio ambiente, em uma 
perspectiva orgânica, não determinista. 
• Refletir sobre conceitos fundamentais existentes em algumas das principais tradições 
religiosas do Oriente Próximo.
 · Na unidade anterior você estudou os mesopotâmios, egípcios 
e hebreus. Apesar de continuarmos na área do Oriente 
Próximo, vamos tratar dos fenícios, dos persas e dos principais 
aspectos da religiosidade na região.
Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade 
no Oriente Próximo
• Religiosidade no Oriente Próximo
6
Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
Contextualização
Qual é a origem de nossa noção de bem e mal? Qual é a origem de nosso alfabeto? O tempo 
é cíclico ou linear? Será possível uma civilização antiga, que viveu antes de Cristo, continuar 
influenciando as nossas vidas? Essas e outras questões propostas pelos historiadores nos 
impulsionam a aprender cada vez mais, não é? Ao estudarmos esses povos, muitas de nossas 
perguntas existenciais serão respondidas e outras ficarão a nos perseguir para sempre.
Nesta unidade estudaremos os fenícios, os persas e os aspectos gerais da religiosidade dos 
povos do Oriente Próximo. 
O território outrora ocupado pela antiga Fenícia abriga os territórios do Líbano e da Síria, 
país que tristemente nesses últimos tempos tem apresentado uma sangrenta guerra civil que 
permeia os noticiários. Já a Pérsia é agora ocupada pelo Irã, país cujo programa nuclear tem 
preocupado a ONU e, em especial, os Estados Unidos.
A ator brasileiro Rodrigo Santoro no papel do imperador persa Xexes, no filme “300”, de 2006.
Fonte: Warner Bros. Pictures
7
Os Fenícios
Introdução
As várias civilizações do Oriente Próximo, cada qual com seus aspectos culturais específicos, 
deixaram a sua contribuição para o mundo contemporâneo. No caso dos fenícios, considerados 
os maiores navegadores e mercadores da Antiguidade, não foi diferente. Além de estabelecerem 
amplas rotas comerciais e entrepostos por toda a bacia do Mediterrâneo, prenunciando em 
vários milênios a integração econômica típica da globalização, nos legaram o alfabeto e a escrita 
fonética, capaz de descrever com maior precisão nossos sentimentos e desejos. Vejamos agora 
as principais características dessa fascinante civilização.
Condições Naturais
Assim como egípcios, mesopotâmios e hebreus, os fenícios habitavam o Crescente Fértil, 
berço das primeiras civilizações da Antiguidade.
A Fenícia corresponde à região litorânea da Síria, no norte da Palestina, ficando restrita 
à estreita faixa de terra cercada pelas montanhas, os montes Líbano e Carmelo, e pelo rio 
Orontes. Devido à pobreza de seu solo e a inexistência das facilidades agrícolas presentes em 
outras áreas do Oriente Médio, os fenícios desenvolveram a agricultura de maneira incipiente, 
apesar de serem favorecidos pela produção agrícola de seus vastos domínios coloniais.
Figura 1: Fenícia e suas principais cidades.
Fonte: Alvaro qc - Wikimedia Commons
8
Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
O território fenício foi ocupado por volta de 3000 
a.C por tribos semitas, dedicadas à pesca, à reduzida 
agricultura de videiras e oliveiras, além da extração do 
cedro – madeira muito abundante nas florestas 
interiores e considerada o símbolo do atual Líbano, 
figurando até mesmo em sua bandeira.
Desde o início os fenícios foram atraídos pelas 
atividades marítima e artesanal, acabando por 
desenvolver uma intensa atividade comercial 
entre o Oriente e o Ocidente, sendo considerados 
os maiores navegadores e comerciantes da 
Antiguidade Oriental. 
Você Sabia ?
Existe uma teoria, que carece de fontes consistentes, e que defende a presença dos fenícios no 
território brasileiro, tendo por base os sinais da Pedra do Ingá, na Paraíba, inscrições em Santa 
Catarina e até mesmo uma suposta esfinge fenícia esculpida na Pedra da Gávea, Rio de Janeiro. 
Para saber mais sobre essa teoria acesse: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_presença_de_fenícios_no_Brasil
As Cidades-Estado Fenícias
Os fenícios não construíram um grande império como os seus contemporâneos egípcios e 
mesopotâmios, desenvolvendo cidades autônomas e independentes controlada por uma elite 
mercantil, liderada pelo rei, ou por um corpo de anciãos ilustres, os sufetas. No topo da hierarquia 
social estavam os mercadores, os proprietários de navios (os armadores) e dos sacerdotes que 
controlavam os grandes templos. Ao governo baseado no comércio marítimo dá-se o nome de 
talassocracia, ou “governo dos mares”.
 
Figura 3: representação de navio mercante fenício.
Fonte: Thinkstock/Getty Images
Figura 2: bandeira do Líbano, com a árvore de cedro ao centro.
Fonte: Wikimedia Commons
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_presen�a_de_fen�cios_no_Brasil
9
As cidades-estado fenícias, em sua maior parte monárquicas, 
criaram uma situação invejável, a ponto de merecerem dos gregos 
o título de representantes de toda a civilização oriental. Os fenícios 
ficaram conhecidos também como os melhores navegadores de 
sua época, desenvolvendo uma ampla rede comercial que lhes 
permitiu o contato com as mais brilhantes e refinadas civilizações 
da Antiguidade. Esse fato lhes garantiu o aprimoramento de seus 
costumes e valores e o impulso e disseminação de suas próprias 
realizações. Nesse sentido podemos citar o vidro do Egito, a 
literatura mesopotâmica, a disseminação do papiro e a simplificação 
da escrita, base da cultura ocidental.
Os fenícios estabeleceram entrepostos comerciais e colônias em várias regiões para sustentar 
as suas atividades mercantis, em especial nas ilhas do Mar Egeu, na Ásia Menor, na Sicília, na 
Sardenha, na costa do Mar Mediterrâneo, inclusive o norte da África e o sul da Espanha.
Tiveram grande importância Palermo, na Sicília, Cádiz e Málaga, na Espanha, e principalmente 
Cartago, no golfo de Túnis, atual Tunísia, situada no norte da África.
 Figura 5: Fenícios: principais rotas comerciais e colônias
Fonte - Thinkstock/Getty Images e Wikimedia Commons
Dentre as expedições fenícias mais longas e ousadas, são dignas de nota aquelas em 
que atravessaram o Estreito de Gibraltar, as “colunas de Hércules”, dirigindo-se para as 
ilhas britânicas ou seguindo a costa ocidental africana até chegar ao Oceano Índico e ao 
Mar Vermelho. A primeira circunavegação do continente africano teria sido realizada pelo 
Fenício Hamon, sob as ordens do faraó egípcio Necao. Hábeis navegadores adquiriram 
conhecimentos astronômicos dos babilônios e usavam as estrelas, principalmente a estrela 
Polar para orientar as suas viagens noturnas.
Os fenícios ficaram muito conhecidos também pelas suas realizações no campo da engenharia 
e da produção de joias. Entre as obras de engenharia, destacam-se a canalização de água para 
abastecer a população das cidades, como Tiro, e a construção do Templo de Salomão em 
Jerusalém; além disso, os principais técnicos e artesãos eram fenícios.
Figura 4: Moeda fenícia - hipocampo, 
cavalo marinho mitológico.
Fonte: Wikimedia Commons
10
Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
Os produtos comercializados pelos fenícios iam desde 
os artigos produzidos na própria Fenícia, e que iam desde 
navios, tecidos, madeiras, azeite, joias, vidro transparente 
ou colorido, até os mais variados artigos que conseguiam 
com outros povos, como os escravos.
Os tecidos tingidos na Fenícia eram famosos em todo 
o mundo antigo, devido a utilizaçãode um molusco, o 
múrice ou múrex, para a obtenção da famosa “púrpura 
de Tiro”, caracterizada por variados tons de roxo presentes 
no manto de diversos reis e nobres no decorrer da história. 
O próprio termo “fenício” vem da palavra grega phoinix, 
que significa “púrpura”.
A história fenícia foi caracterizada pela alternância da hegemonia política das principais cidades-
estado, Biblos, Ugarit, Sidon e Tiro. Até o século XIII a.C, o predomínio coube às três primeiras 
cidades. Biblos, situada ao norte da atual Beirute, destacou-se no comércio com o Egito, e Ugarit 
com a Mesopotâmia e Ásia Menor. O fim da hegemonia de Biblos e Ugarit deveu-se à dominação 
egípcia e às invasões de hititas e povos do Mar Egeu, os chamados “povos do mar”.
A época de maior desenvolvimento de Sidon, que estabeleceu amplo comércio no 
Mediterrâneo Oriental, terminou frente ao expansionismo assírio. Logo depois se iniciou o 
período de supremacia de Tiro, cujo apogeu situa-se entre os séculos X e IX a.C., submetendo-se 
mais tarde aos domínios babilônico, persa e grego, entremeados por sucessivos ressurgimentos.
Com os persas, a Fenícia transformou-se em uma província do seu império e, com Alexandre 
Magno da Macedônia, Tiro foi totalmente dominada no século IV a.C. Por fim, ao domínio 
macedônico sucedeu-se o domínio romano.
No período de hegemonia de Tiro, o comércio fenício que até então era restrito à parte 
oriental, estendeu-se para o Ocidente. Como consequência, a Fenícia fundou várias colônias e 
entrepostos comerciais, assumindo o controle comercial no Mar Mediterrâneo. Nesse período, 
os fenícios fundaram a sua mais importante colônia ocidental, a cidade de Cartago, que, depois 
da decadência fenícia frente às invasões estrangeiras, se transformou num grande império 
marítimo, chegando mesmo a rivalizar com a crescente expansão romana do século III a.C. O 
choque entre Cartago e Roma ocasionou as famosas Guerras Púnicas (264 a.C.-146 a.C.), que 
culminaram com a derrota e destruição de Cartago. As Guerras Púnicas receberam esse nome 
porque os romanos chamavam os cartagineses de “punicus”, que significa “fenícios”.
Economia, Sociedade e Cultura Fenícias
A economia fenícia era controlada pelos ricos mercadores e donos de embarcações, fazendo 
da Fenícia uma talassocracia. Essa elite controlava as cidades-estado e exerciam seu poder 
sobre a massa popular, composta de trabalhadores livres e escravos.
Os fenícios acreditavam em vários deuses, antropomórficos e identificados com as forças 
da natureza, especialmente os que serviam de orientação aos navegadores e que estavam 
relacionados à fertilidade da terra. Cada cidade-estado cultuava uma divindade principal, outras 
Figura 6: Múrex, molusco do qual se extraía a cor púrpura.
Fonte: Luis Fernández García - Wikimedia Commons
11
comuns a todos os fenícios e algumas até estrangeiras.
A principal divindade de cada cidade era geralmente chamada de Baal, associado ao Sol, 
chuvas e trovões e cujo princípio feminino era Baalath. A deusa Astartéia era responsável pela 
fecundidade, pelos bens terrestres, pela primavera e pelo amor, sendo geralmente representada 
pela Lua, e cujo culto associava-se a Adônis, deus da vegetação cultuado em Biblos. Outros 
deuses, como Dagon, o deus do trigo, representavam as origens agrárias da Fenícia. Em seus 
cultos religiosos era comum a presença de sacrifícios humanos, inclusive de crianças, atiradas 
nas fornalhas em homenagem ao deus Moloch.
Os templos fenícios, comuns durante a Antiguidade Oriental, controlavam vastas propriedades 
e os sacerdotes pertenciam à elite, e consequentemente, à cúpula governamental.
A agricultura e as atividades comerciais tiveram forte impacto no progresso da navegação e no 
desenvolvimento da astronomia e da matemática, fazendo da Fenícia uma potência econômica.
Contudo, foi a elaboração de um sistema de escrita simples e prático, baseado no alfabeto de 
22 letras, que representou a maior contribuição fenícia para as sociedades posteriores. Adotado 
e aprimorado por gregos e romanos, esse alfabeto é a matriz de nosso sistema de escrita atual. 
A palavra “alfabeto” vem da união das duas primeiras letras gregas, a letra Alfa (α) 
e a letra Beta (a). O alfabeto grego era uma adaptação do alfabeto fenício, assim 
como o alfabeto latino usado pelos romanos foi uma adaptação do grego. Foram os 
romanos que criaram a maioria das letras que usamos atualmente.
 
Figura 7: Alfabeto fenício.
Fonte - Phoenician.org
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Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
Os Persas
Introdução
Os persas foram o primeiro povo da Antiguidade a formar um vasto império, que se estendia 
do Egito até as margens do rio Indo, na Índia. Seu considerável expansionismo, em especial 
rumo ao ocidente, só encontrou obstáculo sob as lanças e escudos gregos congregados na 
planície de Maratona.
 
Figura 8: ruínas do palácio de Ciro, em Pasárgada.
Fonte - Wikimedia Commons
Para estabelecer o controle deste amplo império, habitado por diferentes povos, os persas 
adotaram um língua em comum, estabeleceram uma moeda única, criaram uma ampla 
rede de estradas e um eficiente sistema de correios, sem dúvida, o melhor da antiguidade. 
Estabeleceram também uma burocracia permanentemente vigiada por fiscais, apelidados de 
os “olhos e ouvidos do rei”. Essa estrutura complexa assentava-se sobre a religião, que teve um 
impacto considerável sobre o judaísmo e, por consequência, sobre o cristianismo e o islamismo.
Atualmente a região da Pérsia é ocupada pelo Irã, um país que apresenta relações tensas 
com alguns países ocidentais, em especial os Estados Unidos, devido ao seu programa nuclear. 
 Figura 9: o Império Persa em sua máxima extensão.
Fonte - http://www.juntosporai.com/?m=201211
13
 Aspectos Geográficos
A Pérsia localizava-se no atual planalto do Irã, ao sul do Mar Cáspio, caracterizado pelo 
clima semiárido, com oscilações extremas de temperatura, variando de um verão muito quente 
a invernos rigorosos. Situada a leste da Mesopotâmia, esta área caracterizava-se pela baixa 
fertilidade do solo, com quase um terço de seu território formado por desertos ou montanhas. 
A agricultura só era possível graças às técnicas de irrigação artificial.
Aspectos Políticos
Por volta de 6000 a.C., tribos provenientes 
da Ásia Central, pertencentes ao tronco linguístico 
indo-europeu ou ariano, ocuparam a região do 
atual planalto do Irã. Sua população foi ampliando 
consideravelmente após sucessivas ondas migratórias, 
intensificadas a partir de 2000 a.C.
No século VIII a.C. esses grupos estavam organizados 
em pequenos Estados independentes, com destaque 
para o reino dos medos, ao sul do Mar Cáspio e o dos 
persas, a leste do Golfo Pérsico.
Primeiramente ergueu-se o Reino da Média, 
com capital em Ecbátana e que chegou a exercer 
algum controle sobre a Pérsia, destacando-se entre 
os seus primeiros reis Dejoces e Fraortes. Esses dois 
reis edificaram um poderoso império que, com o 
governante seguinte, Ciáxares, se uniu com a Babilônia 
para destruir Nínive, anexando o Império Assírio.
Após uma série de disputas pelo poder, o sucessor de 
Ciáxares foi destronado pelo rei persa Ciro I (559 a.C.-
529 a.C.), que anexou o reino da Média, fundando 
o Reino da Pérsia (ou Medo-Persa) e sua primeira 
dinastia, a Aquemênida. O referido nome deveu-se 
àquele que era considerado um ancestral direto do 
unificador do império, Ciro.
Ciro I conquistou vastos territórios como a Lídia, as colônias gregas da Ásia Menor e, em 
539 a.C., a Babilônia, libertando os judeus de seu cativeiro. Progressivamente o rei submeteu 
a Fenícia, a Palestina e a Síria, compondo um império que se estendia da Ásia Menor até a 
Índia. O domínio de diferentes povos era conseguido por meio do respeito as cultura locais, fato 
que rendeu a Ciro o epíteto de “O Grande”. Além disso, o imperador cooptava as elites locais, 
tornando-as leais súditas de seu governo. Ciro morreu combatendo grupos nômades da região 
do Mar Cáspio.Figura 10: baixo relevo representando Ciro I. Repare na 
influência egípcia (a coroa) e mesopotâmica (as asas). 
Fonte: Wikimedia Commons
14
Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
O sucessor de Ciro foi seu filho Cambises I (529 a.C.-522 a.C.), que continuou a expansão 
territorial persa até submeter o Egito, derrotado na Batalha de Pelusa, em 525 a.C. Após 
destronar o faraó Psamético III, Cambises se impôs como novo governante do Egito, mas sem 
a política de tolerância de seu pai. Morto após sete anos de governo e sem herdeiro direto, 
Cambises foi substituído por Dario I (512 a.C.-484 a.C.), que tornou-se rei graças ao apoio do 
Conselho Real, composto pelos líderes representantes das tribos que formaram o Império Persa.
Dario I foi considerado um governante exemplar levando a civilização persa ao seu apogeu. 
Retomou a política de respeito às tradições locais e dividiu o Império Persa em 20 províncias chamadas 
satrápias, governadas pelos sátrapas, devendo estas pagarem impostos proporcionais às riquezas 
obtidas. Cada satrápia tinha um exército local submetido diretamente às ordens do imperador.
 Figura 11: Ruínas do palácio de Dario, em Persépolis.
Fonte - Wikimedia Commons
Para um maior controle das províncias, Dario I estabeleceu um eficaz sistema de correio, com 
postos de reabastecimento a cada 25 km e uma gigantesca rede de estradas que interligavam 
as capitais Susa, Pasárgada e Persépolis. A mais famosa delas, a Estrada Real, ligava Sardes e 
Susa e tinha mais de 2500 km de extensão. Além disso, enviava anualmente os fiscais reais, 
apelidados de “os olhos e ouvidos do rei” para escutar as queixas de governantes e governados 
das áreas conquistadas.
Para estimular o comércio e facilitar o pagamento de impostos, Dario I criou uma moeda que 
circulasse por todo o Império Persa, o Dárico. Cunhada em ouro, o dárico pode ser considerado 
a primeira unidade monetária internacional do mundo antigo (inevitável pensar no atual Euro, 
moeda única da União Europeia).
Com um exército forte e numeroso, oriundo das mais variadas regiões, Dario I parte para a 
conquista da Grécia, iniciando as Guerras Médicas ou Greco-Pérsicas (494 a.C.-478 a.C.). A 
derrota na Batalha de Maratona (490 a.C.) anunciaria uma série de outros insucessos militares 
que culminariam na própria decadência do Império Persa. A união e organização dos exércitos 
helênicos sob a liderança de Atenas e a heterogeneidade do exército persa foram fatores que 
pesaram à favor dos gregos.
15
No governo de Xerxes I (481 a.C.-465 a.C.) e principalmente no de seus sucessores, a derrota 
nas Guerras Médicas e as revoltas dos povos subjugados contribuíram para o enfraquecimento 
e desintegração do império, fato que permitiu a completa conquista dos persas pelo macedônio 
Alexandre Magno, em 330 a.C., pondo fim à dinastia Aquemênida.
Depois da conquista macedônica, a Pérsia foi dominada pelos partos, habitantes do noroeste. 
Somente no século III d.C., uma nova família persa, a Sassânida, restabeleceu a ordem imperial 
que durou até o século VII, quando ocorreu o domínio dos beduínos islâmicos. No século XI 
foi a vez da conquista dos turcos seldjúcidas e, no século XIII, dos mongóis. No século XVI foi 
criado um Estado persa islâmico sob a dinastia dos Safidas. No século XIX a região foi alvo da 
disputa imperialista entre Rússia e Inglaterra, até que, em 1921, o general Reza Khan derrubou 
o sultão Kajar, tornando-se rei. Em 1935 o nome da Pérsia foi substituído pelo atual Irã. 
Aspectos econômicos
A economia persa baseava-se na agricultura e no amplo comércio estabelecido dentro e fora 
das fronteiras do império. A população dominada estava submetida a uma série de tributos 
pagos em espécie e sob a forma de trabalhos em obras públicas. Essa servidão coletiva era típica 
do Oriente antigo.
Aspectos sociais
A estrutura social era profundamente rígida e hierarquizada e o nascimento determinava 
a posição social do indivíduo. A elite era composta pelo rei e pela família real, pela nobreza e 
pelos sacerdotes (os magos), grandes proprietários e militares de alta patente; depois vinham os 
comerciantes, artesãos, camponeses e, por fim, os escravos.
Aspectos culturais
Os povos conquistados mantinham sua autonomia cultural, especialmente no que concerne à 
língua, à religião e às leis. Entretanto, o sistema jurídico dos persas era famoso por sua coerência 
e busca por imparcialidade, a ponto de ser citado pelos hebreus no Antigo Testamento.
As artes, fruto da múltipla influência dos povos conquistados, apresentaram grande 
desenvolvimento entre os persas. A escultura tinha uma função decorativa e pedagógica, 
sobressaindo-se os baixos-relevos. A arquitetura caracterizou-se por suntuosas construções 
como os palácios de Susa e Persépolis, e foi muito influenciada pela estética de mesopotâmios e 
egípcios. Os jardins murados de Dario, os pairidaeze, eram tão belos que de seu nome derivou 
a palavra paraíso.
Com relação à escrita, os persas usavam vários sistemas, mas o predominante era a escrita 
cuneiforme dos sumérios. Além disso, adotavam a língua aramaica, típica da Palestina e o 
calendário solar egípcio.
16
Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
Os fundamentos da religião persa estavam contidos no livro sagrado Avesta também chamado 
de Zend-Avesta, escrito pelo legendário filósofo Zaratustra ou Zoroastro. Na religião persa havia 
duas divindades, Ahura-Mazda ou Ormuz-Mazda, o deus do bem, da luz e do reino espiritual 
representado pela chama eterna e Arimã, o deus do mal e das trevas, representado por uma 
serpente. O ser humano colocava-se no centro dessa batalha cósmica e eterna, devendo escolher 
um dos lados, revelando a crença dos persas no livre-arbítrio. A religião persa era conhecida por 
mazdeímo, zoroastrismo ou dualismo, por crer em duas forças opostas, ideia que influenciou 
sobremaneira as religiões abraâmicas como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
 
Figura 12. Faravahar ou Ferohar, representação da alma humana antes do nascimento e depois da morte.
Um dos símbolos do Zoroastrismo.
Fonte - Wikimedia Commons
Você Sabia ?
Atualmente o zoroastrismo ainda é praticado por mais de 200 mil pessoas. Seus adeptos 
concentram-se principalmente no Irã (antigo império persa) e Índia.
Os cultos religiosos não necessitavam de templos e eram comandados pelos magos que, 
vestidos de branco, entoavam hinos, faziam rituais e cuidavam para que as piras, contendo o 
fogo sagrado, símbolo de Ahura-Mazda, jamais se apagassem.
Acreditavam na vida após a morte e desenvolveram a noção de paraíso como uma 
recompensa para os justos. Concebiam também uma espécie de purgatório e de inferno, 
destinos das almas daqueles que não levaram uma vida justa, pautada pelo princípio ético 
resumido pelo provérbio persa “Só é bom aquele que não faz a outro o que não for bom 
para si mesmo”. Outra característica interessante na religião persa era a crença na vinda de 
um messias, que um dia surgiria para salvar as pessoas justas, salvando-as das agruras de 
sua existência. O pior dos pecados para os seguidores de Zoroastro era a cobrança de juros 
nos empréstimos, além de outros, como o orgulho, a preguiça, a gula, a avareza, a luxúria, 
a ira, a cobiça, a calúnia e o aborto.
O mazdeísmo concebia quatro elementos fundamentais, considerados o próprio fundamento 
da realidade: ar, terra, água e fogo. Defendia a necessidade de equilíbrio entre eles como forma de 
preservar a vida.
17
O mazdeísmo quase desapareceu no século VII devido ao domínio muçulmano na região. Apenas 
alguns grupos permaneceram fiéis à antiga religião medo-persa, como os parsis da Índia atual. Além 
do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, a religião persa influenciou outras filosofias religiosas 
como o mitraísmo, o gnosticismo e o maniqueísmo.
O mitraísmo desenvolveu-se na Pérsia depois da conquista de Alexandre Magno da Macedônia, 
atingindo o seu ápice na época romana, em especialnos séculos III e II a.C. Acreditava na vida após 
a morte, no paraíso para os justos e na existência de uma rígida lei moral originária dos deuses, 
marcada pelo combate à mentira. Mitra representava a luz solar e a vitória do espírito sobre a 
matéria, sendo conhecido também como “Sol Invicto”. Os seguidores de Mitra já comemoravam o 
seu aniversário no dia 25 de dezembro, muito antes do surgimento do natal cristão. O símbolo do 
mitraísmo era um touro, o que fez deste animal o preferido nos sacrifícios rituais.
O gnosticismo (gnose = “conhecimento”) objetivava o conhecimento total do indivíduo e do 
universo, por meio da “iluminação” que conduziria à vida eterna, baseando-se também no dualismo 
presente no zoroastrismo. A grande expansão do gnosticismo ocorreu durante o advento da civilização 
helenística, com Alexandre Magno.
O maniqueísmo surgiu a partir da religião propagada pelo persa Mani (216-277), com forte 
influência do dualismo, valorizando a luz representando o bem, em sua luta contra as trevas, símbolo 
do mal. O maniqueísmo conquistou muitos adeptos, tanto no Ocidente, quanto no Oriente ao longo 
da Idade Média. 
Religiosidade no Oriente Próximo
Introdução
A humanidade, por mais que tenha veículos velozes, medicina moderna e computadores de 
última geração, ainda padece dos mesmos males que afligiam os seus antepassados: injustiça, 
desigualdade social, violência, fome, doenças, dor, e, principalmente, a morte. É justamente 
nesse espaço que se inserem as religiões, sempre tentando explicar essas questões e nos trazer 
conforto espiritual. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Existe vida após a 
morte? Que forças governam a história? Deus existe? O Bem e o Mal existem enquanto forças 
universais? Essas são as nossas perguntas existenciais, presentes em todas as épocas e em todas 
as religiões, cada qual apresentando um conjunto de respostas específicas.
Tradições Religiosas Do Oriente Próximo: Elementos Fundantes 
É comum, ao analisarmos a religiosidade pré-histórica e antiga, a presença de religiões 
matriarcais, caracterizadas pelo culto à Grande Deusa, cujo ícone é a famosa escultura da Vênus 
de Willendorf. Com o advento da civilização e a imposição do poder masculino, essa tendência 
foi perdendo força gradativamente, dando lugar às religiões patriarcais, fruto de sociedades 
regidas pela aristocracia militar e pelos sacerdotes homens. 
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Unidade: Os Fenícios, Os Persas e a Religiosidade no Oriente Próximo
O culto às divindades femininas, no entanto, jamais desapareceu 
completamente como comprovam o culto babilônico de Inanna, 
correspondente à Ishtar acadiana, à Ceres romana, à Hera e Ártemis 
gregas, aos cultos celtas à Deusa da Fertilidade e, nos dias atuais, à 
figura da virgem Maria no catolicismo romano.
 A maioria dos povos do Oriente Próximo, seguindo as tradições 
das religiões primais, adorava as forças da natureza, como o trovão, 
a chuva, os mares e rios, além de astros como o Sol, a Lua e as 
estrelas. Geralmente as divindades eram associadas aos quatro 
elementos, água, terra, ar e fogo. O que se verifica paulatinamente 
é a personificação dessas forças naturais, aproximando os deuses 
dos homens, humanizando-os. O exemplo clássico de tal afirmação 
está presente nos deuses greco-latinos que eram movidos por 
sentimentos genuinamente humanos como ódio, inveja, paixão e 
ira.
Devido ao intercâmbio entre os vários povos da região, é muito 
comum a presença de narrativas similares, presentes em suas 
respectivas tradições religiosas. 
Teogonias e Cosmogonias
Cada civilização elaborou seus próprios mitos acerca da origem dos deuses (teogonias) e, a partir 
destes, da origem do universo e da própria humanidade (cosmogonias). Nesse sentido é correto 
dizer que, geralmente, as teogonias geraram as cosmogonias, tendo em vista a precedência dos 
deuses com relação à sua criação.
A teogonia mesopotâmica baseia-se no texto babilônico Enuma Elish (“Quando lá no alto”) que 
associa os primeiros deuses à água. Nos primórdios do universo só havia a água doce (Apsu, macho) 
e a água salgada (Tiamat, fêmea), cujos filhos lhes causavam grande incômodo, a ponto de ocorrer 
uma guerra em que Apsu é morto por Enki, seu filho. Enki tem um filho, Marduk, que se tornaria o 
principal deus do panteão mesopotâmico. Tiamat, ao tentar vingar a morte de Apsu, é morta por 
Marduk que corta o seu corpo em duas partes simétricas e cria o céu e a terra. Kingu, marido de 
Tiamat também é morto por Marduk, e de seu sangue é criada a humanidade. Em algumas versões 
do mito temos Marduk criando a humanidade a partir do barro, narrativa que teria influenciado o 
mito da criação de Adão (“homem de barro”) no livro bíblico do Gênesis.
Figura 14. Michelangelo: A Criação de Adão, Capela Sistina. Um ícone do criacionismo ocidental.
Figura 13. Vênus de Willendorf.
Fonte - Matthias Kabel - Wikimedia Commons
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A cosmogonia egípcia também utiliza o barro como elemento metafórico para simbolizar 
a criação do universo e da humanidade. É bastante compreensível esse artifício, pois a argila 
sempre foi um elemento abundante no Crescente Fértil, graças à presença dos rios e dos seus 
regimes de cheias. O deus-caneiro Khnum moldou em sua roda de oleiro o ovo primordial 
de onde surgiu o universo e os principais deuses egípcios, como Rá, além de criar, do barro, 
a humanidade. Nota-se aqui uma interessante similaridade entre a cosmogonia egípcia e a 
moderna teoria do Big Bang.
O mito do dilúvio, presente na tradição religiosa mesopotâmica, também exerceu sua 
influência sobre os autores do Antigo Testamento. Assim como Marduk, Iahweh percebe a 
crescente iniquidade dos homens e decide exterminá-los por meio de um dilúvio. Somente os 
justos escaparam de tal cataclismo por meio da construção de uma arca: Noé na tradição bíblica 
e Utnapishtim, na tradição mesopotâmica.
A teogonia hebraica não cita a maneira pela qual Deus surgiu, assim como a egípcia, 
sendo a divindade eterna, sem início nem fim, inserida fora do tempo, dimensão que pertence 
exclusivamente ao mundo dos mortais. Percebe-se aí uma diferença com os deuses gregos, cuja 
imortalidade só era garantida pelo consumo de uma iguaria divina, a ambrosia. 
A questão da origem do mal também está presente nos mitos e tradições religiosas do 
Oriente Próximo. Entre os persas, bem e mal são forças primordiais e atemporais representadas, 
respectivamente, por Ahura-Mazda e por Arimã, devendo o ser humano optar pelo caminho 
a ser seguido. Na tradição hebraica e em seus desdobramentos, o mal se inicia a partir do 
sentimento de inveja de alguns anjos com relação aos seres humanos. Essa linha interpretativa 
é especialmente forte na tradição judaico-cristã e no islamismo. O combate entre seres divinos, 
presente na mitologia mesopotâmica e grega, também ocorre na tradição hebraica, representada 
por meio da guerra entre os anjos e demais potestades celestiais, representadas pelo Arcanjo 
Miguel e seus opositores angelicais, encabeçados por Lúcifer. 
 
Escatologias e Vida no Além
Escatologias são teorias sobre o fim dos tempos e constituem a base fulcral das mais variadas 
tradições religiosas até hoje.
A mais famosa escatologia do Ocidente está presente na tradição judaico-cristã, a qual, um 
messias salvador retornará e punirá os injustos; salvará os justos, cumprindo assim as promessas 
divinas de aliança com os “eleitos”, a humanidade reencontrará a sua comunhão com Deus. 
Essa comunhão teria sido rompida com o pecado original e a queda de Adão e Eva do paraíso. 
Inicia-se com essa tradição um conceito linear de tempo que é avesso à visão cíclica dos gregos e 
de outros povos da antiguidade, apresentando o tempo um início e um fim, assinalado pelo Juízo 
Final ou Armageddon. Pode-se dizer que o messianismo judaico-cristão insere nessa escatologia 
uma perspectiva soteriológica, que traz em si uma promessa de salvação da humanidade e do 
fim dos tempos. Postura semelhante podemos notar também na filosofia religiosahindu, que 
acredita no retorno das reencarnações deus Vishnu (os avatares), porém, sem conceber o fim 
do mundo ou da temporalidade. Os avatares de Vishnu teriam como objetivo reconduzir a 
humanidade na senda da retidão moral e da justiça.
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Verbete
Avatar: o termo avatar tem origem numa antiga língua indo-europeia, o sânscrito, e significa 
“aquele que descende de Deus”. É usado atualmente para se referir a um alter ego que possuímos 
nos jogos e no mundo virtual. Outra referência notória é o filme homônimo lançado em 2009 e 
dirigido por James Cameron. 
O conceito mesopotâmico e grego do porvir não era tão promissor. Para os mesopotâmicos 
a vida era a única realidade concreta, devendo ser valorizada. A alma dos mortos ficava 
vagando numa espécie de limbo, um lugar lúgubre, uma realidade paralela à do mundo dos 
vivos. Essa ideia é muito similar ao conceito do Hades, o reino dos mortos entre os gregos. Os 
mesopotâmios, no entanto, consideravam que os mortos tinham certa influência no mundo dos 
vivos, podendo praticar o bem ou o mal e devendo, por essa razão, ser agradados, explicando 
a grande popularidade da necromancia entre os povos da região.
A civilização egípcia baseou-se totalmente na ideia de vida após a morte, como comprovam 
as pirâmides, os túmulos, as técnicas de mumificação, a crença no tribunal de Osíris e até 
mesmo a existência de um manual para orientar na transição entre a vida e a morte, O Livro dos 
Mortos. Uma das principais divindades egípcias, Osíris, foi um deus que ressurgiu do reino dos 
mortos, trazendo em sua história a imemorial metáfora da morte e do renascimento, de maneira 
semelhante, aliás, ao próprio ciclo do rio Nilo.
 
Figura 16: Sacerdote, usando máscara de Anubis, durante processo de mumificação..
Fonte -T hinkstock / Getty Images
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Passemos agora para a noção de inferno. A ideia de inferno é 
avessa à religião mesopotâmica, estando ligada ao cristianismo, 
em especial nas suas ramificações como o Catolicismo Romano e 
algumas tradições evangélicas. Estudiosos acreditam que a imagem 
do inferno como um lugar de fogo e sofrimento, estaria relacionada 
à presença da já citada Geena, o lixão nos arredores de Jerusalém, 
onde o metano criado pela decomposição de matéria orgânica 
queimava constantemente. É interessante notar também que, nas 
traduções mais fiéis do Antigo Testamento, não existe a palavra 
inferno, sendo empregados os termos hades (grego) ou sheol 
(hebraico) e cujo significado básico é o mesmo: sepultura.
A busca pela vida eterna, que também é uma obsessão da 
humanidade, não poderia estar de fora das mais antigas tradições 
religiosas. Na Epopeia de Gilgamesh o herói homônimo dedica-se 
a encontrar uma saída para ela, motivado pela morte de seu amigo 
Enkidu. Após consultar o sábio Utnapishtim e enfrentar uma série 
de aventuras, Gilgamesh descobre, desiludido, que não há solução 
para a morte, devendo conformar-se com a finitude humana. Já 
na tradição judaico-cristã há uma esperança, pois a morte aparece 
como algo a ser superado pela prática da virtude e dos mandamentos 
oriundos de Deus e dos seus representantes.
 
 Explore
Que tal ler a Epopeia de Gilgamesh na íntegra? É só seguir o link:
http://www.domusaurea.org/disciplinas/ao/A_Epopeia_de_Gilgamesh.pdf
Figura 17: O herói mesopotâmico Gilgamesh
Fonte: Wikimedia Commons
http://www.domusaurea.org/disciplinas/ao/A_Epopeia_de_Gilgamesh.pdf
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Material Complementar
Neste documentário, o eminente especialista em mitologia, Joseph Campbell, 
traça um panorama dos principais mitos que contribuíram para a formação da 
sociedade ocidental.
Disponível em: http://youtu.be/5OD6vd6lvlc
http://youtu.be/5OD6vd6lvlc
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Referências
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VAINFAS, R. et al.. História: volume único. São Paulo: Saraiva, 2010.
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Anotações
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