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Diarreia Aguda

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Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
Diarreia Aguda 
 
 
Diarreia 
 Ocorre quando há um desbalanço entre absorção e 
secreção dos fluidos pelo TGI; 
 Eliminação de fezes amolecidas, de consistência 
líquida; 
 Aumento do número de evacuações diárias ➜ > 3x 
dia; 
 Aumento da massa fecal ➜ > 200 g/dia; 
 Diarreia aguda ➜ < 2 semanas; 
 Diarreia protraída ou persistente ➜ entre 2-4 
semanas; 
 Diarreia crônica ➜ > 4 semanas; 
 Pseudodiarreia: eliminação recorrente, com peso 
<200g/dia; 
 Origem alta ➜ delgado; episódios diarreicos mais 
volumosos (em casos graves, a perda líquida pode 
ultrapassar 10 litros/dia ➜ choque hipovolêmico); 
o Grande volume (4L); menor frequência de 
evacuações (3-5x/dia); 
 Origem baixa ➜ cólon; 
o Baixo volume; maior frequência (8-10x/dia); 
o Cólon saudável ➜ consegue aumentar sua 
absorção de líquidos para um máximo de 4 
litros/dia ➜ se o volume de fluido proveniente 
do delgado estiver acima desse valor, o paciente 
terá diarreia; 
o Evacuações são em pouca quantidade, mas 
frequentes e ainda associadas a tenesmo e 
urgência fecal (sintomas de irritação do reto); 
o Se o problema for exclusivo do cólon ➜ total de 
líquido eliminado < 1,5 litros; 
 Diarreia osmótica: intolerância à lactose; 
enteropatias (lesão da borda em escova dos 
enterócitos); diarreia dos antibióticos; laxativos; 
deficiência de dissacarídeos, alta ingestão de 
carboidratos pouco absorvíveis (sorbitol, manitol, 
lactulose); 
 
o Acúmulo de solutos osmoticamente ativos não 
absorvíveis no lumen intestinal ➜ retenção de 
líquidos intraluminais ➜ conteúdo intraluminal 
hiperosmolar; 
o Absorção de eletrólitos está intacta nas diarreias 
osmóticas ➜ quantidade de sódio e potássio 
tende a ser reduzida nas fezes; 
o Gap osmolar fecal elevado > 125 mOsm/L); 
o Melhora em jejum e com suspensão de 
substâncias osmóticas; 
 Diarreia secretória não invasiva: toxina, droga ou 
substância neuro-hormonal estimulando a secreção 
ou inibindo a absorção hidroeletrolítica pelo 
epitélio intestinal; laxativos estimulantes 
(fenoftaleína, bisacodil), bactérias produtoras de 
toxinas (cólera), VIPoma, síndrome carcinoide, 
diarreia dos ácidos biliares e diarreia dos ácidos 
graxos; 
o Resulta da hipersecreção de água e eletrólitos 
pelo enterócito; 
o Não cessa com o jejum; 
o Gap osmolar fecal baixo ➜ < 50 mOsm/L; 
o Grande volume de fezes aquosas 
o E. coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae, 
Salmonella sp; 
o Pode ser dividida como invasiva e não invasiva; 
 Diarreia invasiva ou inflamatória: liberação de 
citocinas e mediadores inflamatórios por lesão 
direta da mucosa intestinal (enterite, colite ou 
enterocolite) ➜ estimula a secreção intestinal e o 
aumento da motilidade; 
o Sangue, pus e muco nas fezes; 
o Infecciosa ou não infecciosa (doença 
inflamatória intestinal); 
o Elementos Anormais nas Fezes (EAF) ➜ avalia 
a presença de sangue, pus e muco nas fezes; 
 Diarreia + Esteatorreia (Síndrome disabsortiva) 
➜ esteatorreia (aumento da eliminação fecal de 
lipídios) sempre tem origem numa doença do 
intestino delgado; doença celíaca, espru tropical, 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase, 
estrongiloidíase, linfangiectasia, linfoma intestinal; 
 Diarreia funcional ➜ hipermotilidade intestinal; 
síndrome do intestino irritável (pseudodiarreia) e a 
diarreia diabética (neuropatia autonômica); 
Diarreia Aguda 
 Invasiva: presença de muco, pus, sangue nas fezes, 
EAF + e febre 
 Não invasiva: fezes aquosas, EAF; geralmente é 
autolimitada (5 dias); 
 Etiologia: 
o Infecções ➜ 90% dos casos; 
o Medicamentos: Orlistate; metformina; acarbose; 
procinéticos; diuréticos; antibióticos; AINES; 
quimioterápicos; 
o Intolerâncias alimentares; 
o Outras causas: sorbitol, monitol (osmósticos); 
Fisiopatologia 
 Infecção ➜ lesão direta da mucosa pelo 
microorganismo; 
o Produção de toxinas ➜ aumentam a produção da 
mucosa intestinal; 
o Transmissão oral-fecal ou alimentos 
contaminados; 
 Salmonella, vibrião da cólera e E. coli ➜ liberam 
toxinas que ativam a adenilato ciclase ou guanilato 
ciclase ➜ estimulam e aumentam a secreção de 
fluidos pela mucosa intestinal, causando um 
desequilíbrio entre a secreção e absorção da 
mucosa (secreta mais fluido para a luz intestinal ➜ 
diarreia); 
 Shigella; algumas cepas da E. coli ➜ causam 
lesão e inflamação direta da mucosa; 
comprometimento da absorção intestinal ➜ 
exsudação de sangue e material inflamatório (pus); 
 Virais ➜ autolimitadas; ≤ 7 dias; 
 Bacterianas➜ ≤ 7 dias; 
 Protozoários ➜ >7 dias; 
 Não inflamatória ➜ fezes aquosas, sem sangue, 
pus ou muco; ausência de leucócitos e sangue nas 
fezes; autolimitada 
 Inflamatória ➜ sangue, pus, muco, febre e dor 
abdominal; presença de leucócitos nas fezes; 
bactérias enteroinvasivas; 
Etiologia 
 Viral: principal causa de diarreia aguda infecciosa; 
o Rotavírus, norovírus, adenovírus entérico e 
astrovírus; 
o Proteínas virais que atuam como toxinas; 
o Diarreia leve + vômitos; 
o Melhora em 72 horas; 
o Rotavírus ➜ causa importante em crianças e 
idosos; transmissão oral-fecal; mais comum nos 
meses de inverno; diarreia aquosa e 
autolimitada; 
 Bacteriana: 2º principal causa de diarreia 
infecciosa; 
o E. coli; Campylobacter jejuni; Salmonella; 
Shigella; S. aureus; 
o Yersinia; Clostridium difficile; vibrião da 
cólera; 
o S. aureus ➜ se prolifera nos alimentos (ovos, 
maionese e presunto); produz toxina sem causar 
mudança no sabor ou cheiro; diarreia 1 a 24 h 
após a ingestão; diarreia, dor abdominal, 
vômitos, sem febre; melhora em 1 a 2 dias; 
o E. Coli enterotoxigênica ➜ aumento da 
secreção de água e eletrólitos; diarreia aquosa; 
dor abdominal e vômitos; autolimitada; sem 
sangue e pus nas fezes; 
o Shigella ➜ contaminação por via oral-fecal; 
período de incubação de 24 a 48 h; fezes podem 
apresentar sangue, pus e muco; 
 Tratamento: ciprofloxacina, levofloxacina – 
por 3 a 10 dias; 
o Salmonella ➜ alimentos contaminados (ovos e 
carnes); período de incubação de 8 a 48h; febre, 
vômitos, dor abdominal, fezes com sangue, pus 
e muco; 
o Campylobacter jejuni: transmissão por água 
ou alimentos contaminados; período de 
incubação de 2 a 5 dias; geralmente é 
autolimitada (3 a 7 dias); pode ser grave em 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
imunodeprimidos; pode ter sangue; azitromicina 
ou ciprofloxacina; 
o Yersinia ➜ ingestão de alimentos 
contaminados; período de incubação de 1 a 2 
dias; pode mimetizar a apendicite; diarreia 
com sangue, pus e muco; antibiótico nos casos 
graves; ceftriaxone e gentamicina; 
o E. coli enterohemorrágica: período de 
incubação de 4 a 9 dias; contaminação por carne 
mal cozida; produz toxina que causa inflamação 
da mucosa; diarreia com sangue, cólicas e 
vômitos; sem febre; pode evoluir com síndrome 
hemolítico urêmica se usar antibiótico (esperar 
um pouco para introduzir); pode evoluir com 
púrpura trombocitopênica; 
 Parasitárias: pode ter evolução mais prolongada; 
duração > 7 dias; 
o Entamoeba histolytica ➜ tratamento com 
tinidazol ou metronidazol; associado a febre e 
dor abdominal; iodoquinol ou paramonicina; 
o Giardia Lamblia ➜ transmitida por água 
contaminada; geralmente aquosa; pode se tornar 
crônica; 
 
Diarreia dos viajantes 
 10 a 50% dos viajantes; 
 Viajantes para países em desenvolvimento; 
 Transmissão por água ou alimento contaminado; 
 80% dos casos ➜ infecção bacteriana; 
o 25 a 50% dos casos ➜ E. coli enterotoxigênica 
o Shigella, salmonela, campylobacter; 
 Vírus; 
 Parasitas; 
 Manifestações clínicas: diarreia aquosa e leve; 
diarreia com sangue, pus e muco; náuseas vômitos, 
febre, dor abdominal; flatulência, tenesmo, 
distensão abdominal; 
Diagnóstico 
 Causas leves não precisam de avaliação adicional; 
 Avaliação ➜ casos graves que evoluemcom piora; 
crianças, idosos, imunocomprometidos e pacientes 
com comorbidades graves; 
 Indicação para avaliação ➜ febre, diarreia com 
sangue, desidratação, ausência de melhora nas 
primeiras 48 horas; envolvimento sistêmico de 
outros órgãos; 
 Exames ➜ hemograma, ureia, creatinina e 
eletrólitos; leucócitos fecais (indica processo 
inflamatório); coprocultura; parasitológico de 
fezes; hemocultura; sorologias; EAF; toxina C 
difficile (colite pseuomembranosa – pós uso de 
ATB (vancomicina EV, amoxicilina VO, 
clindamicina VO – tratamento Vancomicina VO); 
parasitológico; HIV+; 
Tratamento 
 Hidratação: 
o Na maioria das vezes pode ser feita por via oral; 
o Casos graves (hipotensão, desidratação) ➜ 
reposição EV; 
 Antibioticoterapia: diarreia com sangue, pus, 
muco + febre + sinais de toxemia e desidratação; 
o Ciprofloxacina (500mg 12/12 h) ou 
levofloxacina (500mg 1x/dia) - 1ª escolha; 
Cefaclor, cefuroxima e azitromicina; 
o Ciprofloxacina ➜ para criança 15mg/kg (no 
Brasil não tem formulação para criança) 
 Só se faz cipro em criança com pseudomonas 
e suspeita de fibrose cística; 
 Caso contrário, utilizar azitromicina 
(10mg/kg 1x/dia) ou ceftriaxone (50 a 
100mg/kg 1x ao dia; adulto 2g/dia por 3 dias) 
 Antidiarreicos: somente na diarreia não invasiva 
o Loperamida 4mg – 2mg depois do episódio; 
o Racecadotril 100mg 8/8h; 
o Bismuto 30ml 6/6h 
 Sintomáticos: metoclopramida e ondansetron para 
vômitos; hioscina e dipirona para dor; 
 Zinco: até 20mg/dia – 10 a 14 dias; 
 Rececadotrila: 1,5mg/kg 3x/dia; 
Complementos 
 Diarreia causada pelo sorbitol ➜ osmótica; 
 Diarreia motora ➜ trânsito intestinal acelerado; 
 Sinais de alerta: febre, sangue ou muco nas fezes, 
prostração/comatoso; 
 Tratamento inicial da diarreia aguda comunitária 
por intoxicação alimentar ➜ tratamento 
sintomático e hidratação oral; 
 Salmonelose (diarreia aguda) ➜ tratar com 
ciprofloxacina; 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
 Zinco ➜ reduz o risco de recorrência da diarreia 
aguda e da diarreia persistente; 
 Coprocultura ➜ deve ser solicitada 
preferencialmente para pacientes com suspeita de 
diarreia inflamatória associada a sinais de 
gravidade; 
 Secretória se manifesta mais rápido que a osmótica; 
 Manifestação precoce ( poucas horas depois de 
comer) ➜ intoxicação; 
 Infecção ➜ demora cerca de 2 dias até se 
manifestar; 
 Lactose ou exagero ➜ osmótica 
Caso clínico 
Paciente com quadro de diarreia aguda, com 3 
dias de duração, sem melhora com hidratação oral e 
sintomáticos. Qual das situações citadas abaixo NÃO 
caracteriza indicação clássica para início de 
antibióticoterapia? 
a) Paciente imunocomprometido. 
b) Paciente com leucócitos fecais. 
c) Disenteria e febre. 
d) Paciente diabético. 
e) Paciente acima de 70 anos. 
 
Como saber se o paciente está 
hidratado ou não? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Hidratado Desidratado Grave 
Estado BEG Irritado Comatoso 
Olhos Normais Fundos Muito fundos 
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes 
Mucosas Úmidas Secas Muito secas 
Sede Bebe água normalmente Sedento por água Não é capaz de 
beber 
Sinal da prega Desaparece rápido Desaparece lentamente Desaparece muito 
lentamente 
Pulso Normal Taquicárdico Fino/débil 
Enchimento capilar <3 seg 3 a 5 seg >5seg 
Ana Luiza Spiassi Sampaio 
@anassampaioo 
Quando solicitar exames para 
esclarecer a etiologia de uma 
diarreia aguda? 
 Diarreia > 7-10 dias; 
 Piora progressiva; 
 ≥ 6 episódios/dia; 
 Diarreia aquosa profusa, acompanhada de franca 
desidratação; 
 Paciente "idoso frágil"; 
 Paciente imunodeprimido (AIDS, pós-transplante 
de órgãos); 
 Diarreia adquirida no hospital (internação ≥ 3 dias); 
 Sinais de comprometimento sistêmico (alteração do 
estado mental, disfunção renal); 
 Sinais de diarreia "inflamatória" ou "invasiva"; 
o Febre (Tax > 38,5ºC); 
o Presença de sangue, pus e muco 
(disenteria); 
o Dor abdominal muito intensa.

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