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FABIANO CAXITO / ROBERTA DAM
IÃO ANDRADE
PROCESSO DE TRABALHO EM
 SERVIÇO SOCIAL II
Código Logístico
I000089
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-65-5821-016-0
9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 1 6 0
Processo de Trabalho 
em Serviço Social II 
Fabiano Caxito 
Roberta Damião Andrade
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Syda Production/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C377p
Caxito, Fabiano
Processo de trabalho em serviço social II / Fabiano Caxito, Roberta 
Damião Andrade. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
140 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-016-0
1. Serviço social - Brasil. 2. Assistentes sociais - Brasil. 3. Serviço social -
Prática. I. Andrade, Roberta Damião. II. Título.
21-70068 CDD: 361.320981
CDU: 364-47(81)
Fabiano Caxito 
 
 
Mestre em Administração Estratégica pela Universidade 
Nove de Julho (Uninove). MBA em Recursos Humanos 
pela Fundação Instituto de Administração (FIA). 
Pós-graduado nos seguintes cursos: Business 
Intelligence, Big Data e Analytics, pela Universidade 
Anhanguera; Língua Portuguesa: redação e oratória, 
pela Universidade São Franscisco; e Filosofia pela 
Universidade Estácio de Sá. É pós-graduado, também, 
em Educação Corporativa, Educação Financeira, 
Tecnologias e Educação a Distância, Antropologia, 
Sociologia Política e Urbana e Coaching pela Faculdade 
UniBF. É graduado em Administração Financeira pela 
Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Atuou nas 
áreas comerciais, de logística e de recrutamento e 
seleção, bem como no treinamento e desenvolvimento 
em diversas empresas de distribuição e venda de 
bebidas. Foi coordenador de cursos de pós-graduação 
lato sensu. Atualmente, é professor universitário e 
influenciador digital.
Roberta Damião 
Andrade
Graduada em Serviço Social pela Universidade Paulista 
(UNIP). Atua, atualmente, como assistente social na área 
da saúde.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
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SUMÁRIO
1 O Serviço Social no contexto das ciências humanas 9
1.1 Aspectos antropológicos do Serviço Social profissional 10
1.2 A relação do Serviço Social com a filosofia 15
1.3 Sociologia e Serviço Social 20
1.4 Serviço Social e ciência política 26
1.5 Aspectos psicológicos e o Serviço Social 29
2 Mudanças sociais e demográficas e o Serviço Social 36
2.1 Mudanças na pirâmide etária brasileira 36
2.2 Mudanças na estrutura da sociedade 44
2.3 Mudanças culturais 48
2.4 Mudanças tecnológicas 52
2.5 Os grupos minoritários e o trabalho do Serviço Social 54
3 O Serviço Social no novo contexto das relações de trabalho 64
3.1 Mudanças nas relações de trabalho 65
3.2 Desemprego estrutural e o futuro do trabalho 68
3.3 Reestruturação dos processos produtivos 71
3.4 Impactos sociais das mudanças do trabalho 77
3.5 Espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social na 
 nova organização do trabalho 80
4 Planejamento e gestão de processos em Serviço Social 85
4.1 Planejamento do trabalho no Serviço Social 86
4.2 Aspectos sociais, econômicos e administrativos 90
4.3 Processos de mudança 95
4.4 Etapas do planejamento 98
5 O futuro do trabalho no Serviço Social 107
5.1 A economia do conhecimento 108
5.2 Serviços públicos e sociais na era da informação 111
5.3 Inovação e Serviço Social 116
5.4 Novas competências dos profissionais no Serviço Social 119
5.5 Atuação do assistente social nas diversas áreas sociais 122
 Gabarito 136
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Cada profissão tem seu valor e seu espaço na sociedade, mas, 
em um mundo que passa por grandes transformações sociais 
e estruturais, o papel do profissional de Serviço Social ganha 
especial destaque: é por meio de sua atuação que se enfrentam 
os grandes desafios que se colocam em nossa sociedade, em 
especial, em nosso país, onde uma parcela significativa da 
população não tem acesso pleno a todos os seus direitos.
No primeiro capítulo será discutida a relação do Serviço 
Social com diversas ciências humanas, entre elas: a filosofia e 
antropologia, que fornecem as bases conceituais do Serviço 
Social; a sociologia, ciência que dialoga diretamente com a 
dialética de prática e teoria; e as ciências políticas, presentes no 
cotidiano da atuação do profissional de Serviço Social.
No segundo capítulo, o tema é as mudanças culturais e 
estruturais pelas quais passa a sociedade contemporânea, que 
criam novos parâmetros sociais e modelos de comportamento 
para os indivíduos e grupos em situação de vulnerabilidade e 
risco, e se discute a atuação do assistente social.
O mundo passa não apenas por mudanças sociais, mas 
também por uma rápida alteração do modelo econômico e 
dos processos produtivos e de trabalho causada por fatores 
econômicos globais e, principalmente, por inovações tecnológicas 
O terceiro capítulo discute o grande desafio contemporâneo: 
garantir que as parcelas mais vulneráveis da população não 
sejam cada vez mais excluídas da sociedade
Assim como o mundo evolui, se modifica também a atuação 
do assistente social. De uma atuação antes mais operacional, 
voltada à implementação de ações sociais, agora, o profissional se 
envolve também com os aspectos estratégicos do planejamento 
das políticas e ações sociais. Assim, precisa desenvolver 
competências relacionadas à gestão e ao planejamento, que 
serão abordadas no quarto capítulo desta obra. Dessa forma, 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Processo de Trabalho em Serviço Social II
são discutidos tanto os aspectos técnicos e as diversas etapas de um 
processo de planejamento quanto as dimensões sociais do planejamento 
na área. 
Por fim, no quinto capítulo, o foco é a discussão sobre o impacto do 
desenvolvimento das tecnologias da informação sobre a economia global 
e o papel do profissional de Serviço Social no contexto das transformações 
profundas que ocorrem na estrutura demográfica, na organização do 
trabalho, nos padrões morais, nos comportamentos dos indivíduos e na 
organização da sociedade. 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 9
1
O Serviço Social no contexto 
das ciências humanas
Toda profissão tem um significado maior do que a simples 
execução de uma atividade ou tarefa. Mais que calcular as car-
gas físicas de um prédio, um engenheiro constrói estruturas que 
possibilitam que as pessoas morem, trabalhem, locomovam-se 
e convivam nos espaços urbanos. Mais que vender um produto, 
um vendedor atende a necessidades e desejos de um consumi-
dor. No caso do profissional de Serviço Social, essa realidade é 
ainda mais presente. A atuação desse profissional se dá com 
base em pilares relacionados a importantes aspectos que com-
põem a estrutura da sociedade.
Como profissão, o Serviço Social se enquadra na área das 
ciências sociais aplicadas. Por isso, é importante entender sua 
relação com as demais ciências sociais,que buscam compreen-
der como se dão as relações que se estabelecem nos grupos 
humanos.
A discussão começa pela relação do Serviço Social com a an-
tropologia, por esta ser a ciência social que busca entender tanto 
o desenvolvimento biológico do ser humano quanto a formação 
dos aspectos culturais dos grupos humanos. Essas duas áreas 
de conhecimento estão intrinsecamente ligadas, já que têm o 
ser humano no centro de sua atuação.
A relação do Serviço Social com a filosofia também será 
abordada, já que é por meio das principais correntes filosóficas, 
como o marxismo e o positivismo, que se estabelecem as bases 
do Serviço Social como agente de atuação sobre a sociedade.
Entre as ciências sociais, a sociologia talvez seja aquela que 
apresenta maior relação com os serviços sociais. Enquanto 
a sociologia se volta para o estudo e o entendimento teórico 
10 Processo de Trabalho em Serviço Social II
das estruturas da sociedade, o Serviço Social tem como foco 
a aplicação prática das ações sociais no cotidiano das relações 
humanas.
Contudo, para que se possa entender ainda mais profun-
damente o papel do Serviço Social no cotidiano, é fundamen-
tal discutir sua relação com outra importante área de estudos 
sociais: a ciência política. Este capítulo não pretende discutir as 
correntes políticas ou analisá-las de maneira comparativa, mas, 
sim, apresentar o papel do Serviço Social como instrumento de 
aplicação prática das políticas sociais do Estado.
Após discutir a interação do Serviço Social com as diversas 
ciências sociais, a parte final do capítulo tratará da centralidade 
do ser humano para a prática profissional do assistente social, 
abordando a relação da psicologia com o Serviço Social.
1.1 Aspectos antropológicos do 
Serviço Social profissional Vídeo
Para entender a relevância do estudo da antropologia, é preci-
so compreender o papel dela nos estudos sociais. Para L’Estoile, 
Neiburg e Sigaud (2002), a antropologia muitas vezes é relaciona-
da apenas ao estudo de grupos primitivos, entendidos inicialmente 
como subdesenvolvidos, tais como tribos e grupos sociais isolados. 
Com base nesse ponto de vista, os grupos sociais a serem estuda-
dos pela antropologia são definidos por uma visão externa, pelo 
estudioso, marcada também pela alteridade desses grupos em re-
lação à civilização do antropólogo, vista como baseada na ciência e 
na técnica.
Porém, o campo de atuação da antropologia é mais amplo. Anali-
sando o surgimento e o desenvolvimento da ciência, é possível iden-
tificar que a área surgiu e floresceu em ambientes nos quais essas 
culturas mais primitivas vinham sendo submetidas ao controle e à 
repressão de Estados nacionais ou Estados imperiais. Esse contro-
le compreendia tanto a busca pela preservação e proteção dessas 
culturas quanto a repressão e a planificação social, como o objetivo 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 11
de transformar e adaptar esses grupos sociais à cultura dominante 
(DURAN; DURAN, 2020).
O estudo da antropologia como campo científico pode ser dividido, 
segundo Montero (2003), em duas áreas: o conceito de homem (termo 
aqui entendido como sinônimo de ser humano, independentemente da 
questão de gênero) e o conceito de cultura. A autora observa um papel 
político da ciência, assim como acontece nas demais ciências sociais. 
Destaca também a importância da antropologia no entendimento e es-
tudo dos problemas que se estabelecem no mundo contemporâneo 
e das complexidades das estruturas sociais das civilizações humanas, 
com todas as mudanças pelas quais o mundo passa constantemente.
Ao buscar definir a antropologia, é possível identificar essas duas 
ideias apontadas por Monteiro (2003). Em sua visão mais clássica, 
a antropologia pode ser definida como o estudo do ser humano; mas 
essa definição parece ser muito ampla. Diversas são as ciências que 
têm como objeto o estudo do homem, desde a medicina – que o estuda 
do ponto de vista biológico – até a psicologia – que analisa os aspectos 
relacionados à mente humana –, passando por todas as ciências sociais 
(NOGARO; ECCO, 2014).
Assim, é preciso delimitar melhor o objeto de estudo da antropo-
logia, que pode ser mais bem definido como o estudo do outro, e em 
especial das diversas culturas, sejam elas consideradas mais desenvol-
vidas ou mais primitivas, assim como as relações que se estabelecem 
tanto entre as pessoas quanto entre elas e suas culturas, bem como 
a relação entre as diversas culturas. A antropologia estuda também a 
relação das culturas com o meio ambiente (BOAS, 2014).
A antropologia busca entender como a sociedade se organiza e 
como o ser humano vive nessas sociedades. Ela estuda quais são as 
diferenças que marcam cada uma das culturas e como essas culturas 
se posicionam em relação às demais. Essa ciência tem também um pa-
pel fundamental no entendimento da modernidade e das mudanças 
trazidas pela globalização cultural, a criação de uma cultural global que 
leva a uma homogeneização da cultura; por outro lado, cresce a visão 
da importância da preservação dos valores culturais e das diferenças e 
singularidades culturais (LÉVI-STRAUSS, 2018).
Em seus primórdios, no fim do século XIX, a antropologia tinha 
como principal foco de estudo entender a extrema diversidade e as 
12 Processo de Trabalho em Serviço Social II
diferenças de costumes entre os diversos povos, notadamente entre as 
sociedades ocidentais, tidas como evoluídas, e os povos considerados 
como primitivos.
A visão inicial da antropologia, a chamada corrente evolucionista, 
considerava que a sociedade evoluía de uma forma única. Assim, con-
siderava-se que as diferenças que eram encontradas entre as diversas 
sociedades representavam diferentes estágios de um processo evoluti-
vo comum a todas as sociedades humanas (CLAUDINO, 2019).
Com a evolução dos estudos antropológicos, o foco deixou de ser 
apenas os povos tidos como primitivos e se estendeu aos indivíduos 
das sociedades, que passaram a ser vistos como dotados de diversi-
dade social e cultural. Assim, os agrupamentos humanos, mesmo nas 
sociedades tidas como evoluídas, passaram a ser objeto de estudo e 
pesquisas antropológicas, em especial as cidades e, dentro delas, os 
agrupamentos sociais. A esse novo lócus de pesquisas Agier (2019) dá 
o nome de antropologia urbana.
Essa nova forma de se pensar a antropologia também passou a ga-
nhar destaque no Brasil, a partir dos anos 1970, década fundamental 
para o estudo da antropologia no país, com um alto nível de qualidade 
das pesquisas antropológicas e um novo direcionamento dos objetos 
de pesquisa, com maior foco na antropologia urbana.
Nas décadas anteriores, o estudo antropológico no Brasil tinha 
como principal foco as culturas indígenas, vistas como primitivas, den-
tro do conceito inicial da antropologia (ATHIAS, 2018). Diversos estudos 
também eram realizados tendo como foco os processos de aculturação 
dos grupos étnicos específicos, em especial de imigrantes, como italia-
nos, japoneses e alemães (OLIVEIRA, 2018).
Mesmo que alguns estudos realizados em décadas anteriores já 
abordassem os processos sociais nas cidades, como o fundamental 
trabalho de Gilberto Freyre, Sobrados e mucambos, lançado em 1951 
(FREYRE, 2015), foi somente a partir da década de 1970 que a antro-
pologia urbana passou a ser valorizada, com o surgimento de estudos 
baseados em pesquisa de campo e observação participante.
No ambiente urbano atual, em que as cidades passaram a reu-
nir cada vez mais pessoas, chegando a tamanhos antes impensáveis, 
o estudo das relações sociais entre grupos que compõem a população 
heterogênea e multifacetada é fundamental para que se possa com-
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 13
preender toda a diversidade de culturas que compõem o tecido social. 
(GOSSN, 2020). O grande desafio para as ciências sociais, em especial 
para a antropologia, é entender como essas transformações sociais im-
pactam de maneira cada vez mais aceleradaos indivíduos, as identida-
des pessoais e dos grupos e as relações que se formam nas cidades.
As grandes cidades apresentam uma extrema diversidade, que se 
expressa das mais variadas formas – educacional, financeira, cultural e 
social –, e se modificam, alteram-se e se reinventam cada vez mais rapi-
damente (MARTINS, 2019b). Essas diferenças se expressam não apenas 
na criação de grupo sociais com características diversas que convivem 
no mesmo local, como explica Agier (2019), mas também no próprio es-
paço físico urbano, que acaba por tornar ainda mais aparente e demar-
cada a divisão entre os grupos que compõem a população da cidade.
Com o crescimento do tamanho e da importância das cidades na 
organização da sociedade, a antropologia se voltou cada vez mais para 
o estudo dessas novas realidades. Assim, os conceitos, as teses e as 
ferramentas utilizadas pela antropologia também precisaram evoluir, 
pois estavam antes direcionados ao entendimento das relações entre 
diferentes sociedades relativamente simples (ERIKSEN; NIELSEN, 2019).
Antropólogos e urbanistas tentam, de modo multidisciplinar, en-
contrar padrões de como as cidades, por meio do desenvolvimento de 
sua urbanização, possibilitaram a criação de imensos conglomerados 
humanos, que têm um impacto na cultura de nossa sociedade e nos 
fluxos humanos, atraindo pessoas de outras cidades, estados e países 
(AGIER, 2019). Algumas cidades, por seu tamanho e pela complexidade 
do tecido social, tornaram-se cidades globais, refletindo, em sua po-
pulação, os diversos fluxos de migração que ocorreram no decorrer 
de sua história. Riegel (2019) cita que no Brasil a cidade de São Paulo 
exemplifica esse conceito.
Uma vez que crescem, diversos limites da condição humana e da 
diversidade cultural são alcançados e ultrapassados, e é no entendi-
mento desses limites e dessas alterações sociais que a antropologia 
urbana desenvolve seus mais modernos estudos. Para Riegel (2019), as 
grandes cidades têm um papel fundamental no entendimento de como 
a história da civilização humana se desenvolverá no futuro.
Ao concentrar cada vez mais pessoas, fontes de geração de rique-
zas, fluxos de capital e de mão de obra e a criação e divulgação de co-
14 Processo de Trabalho em Serviço Social II
nhecimentos, as cidades passam por mudanças sociais e culturais, que 
levam a novos arranjos sociais, novas experiências sociais e conflitos 
culturais que acabam por direcionar o desenvolvimento das socieda-
des humanas.
Na atuação do profissional de Serviço Social, a influência da antro-
pologia se dá pelo fato de que ela busca entender a diversidade e a plu-
ralidade dos indivíduos e das culturas que se relacionam no ambiente 
social. Como aponta Viveiros de Castro (2002), a cultura de um grupo 
social é viva e evolui constantemente, e um povo é composto de vários 
grupos culturais que se relacionam no mesmo espaço. Se a antropolo-
gia estuda as relações entre essas diferentes culturas e diversas reali-
dades individuais, o Serviço Social tem o papel de intervir na realidade 
dessas interações por meio de ações práticas.
O trabalho do assistente social se constrói com base em uma refle-
xão que inclui os conceitos básicos da antropologia e as discussões às 
quais a ciência antropológica se propõe, tais como o papel do Estado 
na sociedade, a separação e a integração entre o público e o privado, 
a garantia de que todos os indivíduos da sociedade possam exercer os 
seus direitos, aspectos relacionados às manifestações da cultura local 
e global e impactos de movimentações populacionais nacionais e tran-
sacionais como migrações (SANCHES; PONTES, 2016).
São também temas comuns às duas áreas as questões étnicas e 
raciais e de gênero e sexualidade. Temas centrais da vida social, como 
direito à saúde, investimento em educação, justiça, segurança, traba-
lho, participação política e cidadania, bem como questões geracionais, 
como a proteção à infância e à juventude e o cuidado com a população 
idosa, são também foco do estudo da antropologia e da atuação do 
Serviço Social (OLIVEIRA, 2017).
A reflexão sobre o ser humano e sobre a cultura proporcionada pela 
antropologia contribui para a atividade do Serviço Social e para a prá-
tica dos processos de trabalho do assistente social, pois possibilita a 
compreensão de como se estabelecem as relações e as questões so-
ciais (SOUSA, 2008).
Se por um lado a antropologia fornece bases teóricas importantes 
para o desenvolvimento da atividade do Serviço Social, por outro o 
trabalho de campo realizado pelo assistente é uma importante fonte 
de dados e informações para a pesquisa antropológica, possibilitando 
Passado em um tempo 
futuro, o filme Gattaca: 
a experiência genética 
apresenta uma sociedade 
na qual a profissão de 
cada indivíduo é escolhi-
da por seus padrões e 
características genéticas. 
Ao acompanhar a história 
do personagem Vincent 
Freeman (seu sobrenome 
pode ser traduzido como 
homem livre), uma pessoa 
com código genético 
considerado inadequado, 
mas que busca atingir 
seus objetivos pessoais 
e profissionais, o filme 
possibilita uma reflexão 
antropológica sobre 
como a construção do ser 
humano e os aspectos 
culturais da sociedade 
podem impactar a histó-
ria de cada indivíduo.
Direção: Andrew Niccol. Estados 
Unidos: Sony Pictures, 1997.
Filme
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 15
o desenvolvimento de novos referenciais teóricos para a ciência, com 
base na intervenção prática na realidade social (PONTES, 2018).
Para Sousa (2008), o trabalho do assistente social precisa ser orien-
tado por uma visão estratégica com o objetivo de intervir de maneira 
eficaz sobre a realidade, sob a orientação de políticas sociais públicas 
ou privadas que preservem os direitos das pessoas e busquem atender 
às demandas individuais e do grupo social.
Faz parte desse processo de trabalho o planejamento de propostas 
de trabalho que sejam criativas e inovadoras, a definição de objetivos, 
a organização de recursos, a execução dos planos de ação, a avaliação 
dos resultados quantitativos e qualitativos alcançados e a proposição 
de ações de melhoria de políticas sociais que levem em consideração 
toda a diversidade cultural e humana (MOLJO; CUNHA, 2009). Os co-
nhecimentos e conceitos da antropologia e do Serviço Social são, nesse 
contexto, complementares. Cabe ao assistente social conhecer essas 
contribuições da antropologia e reconhecer sua utilidade no cotidiano 
de sua atuação profissional.
1.2 A relação do Serviço Social com a filosofia 
Vídeo O pensar filosófico está presente em todas as ciências, bem como 
em todas as atividades e ações sociais e profissionais tomadas pelos 
indivíduos (ADORNO; NOBRE; JANUÁRIO, 2014). O objetivo desta parte 
do capítulo não é aprofundar a discussão sobre a filosofia e sua histó-
ria, mas estabelecer a relação dela com as bases conceituais do Serviço 
Social. Assim, para entender o papel da filosofia no desenvolvimento 
da sociedade e, de maneira mais específica, das ciências sociais, é pre-
ciso repassar brevemente sua história.
O desenvolvimento da agricultura possibilitou que os grupos so-
ciais, antes nômades, passassem a estabelecer moradia fixa. A partir 
do estabelecimento das primeiras comunidades, surgiram manifesta-
ções de aspectos culturais e sociais específicos de cada um desses gru-
pos, com a transmissão de informações, conhecimentos e saberes de 
uma geração para a outra. Em sua origem, o conhecimento e a cultura 
eram baseados no saber mítico e mitológico, que buscava explicar os 
fenômenos ambientais e naturais por meio da intervenção superior e 
divina, sobre a qual o ser humano não tinha controle (CHAUÍ, 2018).
16 Processo de Trabalho em Serviço Social II
A evolução econômica e social dessas comunidades levou ao sur-
gimento das cidades, entre as quais se destacam, nesse momento 
histórico, as cidades-Estado gregas, berço da pólis moderna. É nesse 
contexto que surge a filosofia, por meio das discussões entreos cida-
dãos das poleis gregas, como uma forma de substituir as explicações 
mitológicas pelo uso da razão, das reflexões, da lógica e da oratória. 
Segundo Chauí (2018), a discussão filosófica tinha também o papel de 
organizar as relações cotidianas entre os membros da sociedade, ten-
do como temas de discussão as normas, as regras, as leis, a política e o 
papel do Estado na gestão do grupo social.
O primeiro período da história da filosofia, conhecido como filoso-
fia antiga, pode ser dividido em três períodos: pré-socrático, clássico e 
pós-socrático. A proposta de divisão mostra a importância de Sócrates 
para o desenvolvimento da filosofia. De acordo com Bornheim (2005), 
no período pré-socrático o foco da filosofia era a busca por explicações 
lógicas e racionais para os fenômenos naturais, com discussões e es-
tudos sobre aspectos como a cosmologia (a busca pela compreensão 
do universo), tendo como principal ferramenta a matemática (na bus-
ca por explicações sobre o funcionamento da natureza), e a ontologia 
(que estuda a essência e a existência do ser humano).
Apesar de serem incluídos no mesmo rotulo de pré-socráticos, os 
filósofos desse período desenvolveram estudos sobre diversos temas 
e, muitas vezes, defendiam ideias divergentes e até mesmo opostas.
A cidade de Mileto 1 foi o berço de alguns dos mais importantes filó-
sofos do período, como Tales de Mileto, considerado por muitos como 
o primeiro filósofo, Anaximandro de Mileto, discípulo de Tales que de-
senvolveu o conceito do ápeiron, substância da qual todas as coisas 
eram formadas, e Anaxímenes de Mileto, discípulo de Anaximandro 
para quem o ar era o princípio e a fonte de todas as coisas. São tam-
bém desse período os filósofos Heráclito de Éfeso, Parmênides e, talvez 
o mais conhecido deles, Pitágoras de Samos (BORNHEIM, 2005). O que 
une esses pensadores e os distinguem dos demais no mesmo período 
de desenvolvimento do conhecimento é a busca por explicações lógi-
cas e a contraposição às explicações mitológicas.
Mas é a partir de Sócrates, seu discípulo Platão e o discípulo deste, 
Aristóteles, que a filosofia ganha o rigor metodológico e a estrutura 
conceitual sobre a qual todo o desenvolvimento filosófico posterior se 
Mileto era uma cidade-Es-
tado grega na região onde 
atualmente está localizada 
a Turquia. A cidade foi um 
importante polo econômico do 
império grego durante os anos 
de 700 a.C. a 700 d.C. A cidade 
também foi um importante 
polo cultural, reunindo 
diversos filósofos e estudiosos. 
Diversas inovações foram 
desenvolvidas na cidade: foi a 
primeira a cunhar moedas e a 
primeira a desenvolver projetos 
de planejamento urbano.
1
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 17
apoiou. A pólis de Atenas era um grande centro de saber que atraía 
sábios, filósofos e alunos de toda a Grécia. Foi também com Sócrates 
e seus discípulos que a filosofia se aproximou da gestão pública e da 
política, temas fundamentais para se entender a influência da filosofia 
sobre o Serviço Social (GHIRALDELLI JR., 2015).
Duas obras são fundamentais para estabelecer essa relação entre 
filosofia, política e sociedade. A primeira é A República (PLATÃO, 2019), 
escrita por Platão (em torno do ano de 380 a.C.), em que o filósofo 
discute os limites entre a coisa pública e os interesses do grupo social 
e entre os bens privados e os interesses individuais. Tendo Sócrates 
como o personagem que orienta as discussões sobre o tema da cons-
tituição da república, Platão apresenta uma cidade utópica, a qual ele 
chama de Kallipolis (que em tradução livre significa cidade bela), cons-
tituída por uma rígida hierarquia de cidadãos organizados de acordo 
com seu conhecimento e sua experiência.
A segunda obra fundamental é A Política, de Aristóteles (2017), es-
crita entre os anos 335 e 323 a. C., e composta de oito livros em que 
o filósofo desenvolve diversos temas relacionados à organização e ao 
regime político e social de diversas cidades gregas.
No período medieval, a filosofia esteve intrinsecamente ligada à re-
ligião e se afastou das discussões políticas e sociais. Os principais ex-
poentes da filosofia nesse período são religiosos, como Santo Agostinho, 
Santo Anselmo, São Tomás de Aquino e o frade Guilherme de Ockham, 
que estabelecem uma ligação entre a filosofia cristã e a filosofia clássica, 
em especial com os pensamentos de Platão (BONI, 2003).
A política volta à cena na discussão filosófica com o início da 
Idade Moderna, principalmente por meio das publicações de 
Nicolau Maquiavel, em especial o clássico O Príncipe, escrito em 
1513 (MAQUIAVEL, 2010), que ainda influencia a atuação de polí-
ticos de diversas matizes ideológicas. Maquiavel coloca a atuação 
política dos governantes no centro de sua filosofia e defende que 
as decisões do soberano não necessariamente devem ser pautadas 
pela ética ou pela moral, desde que sejam tomadas em benefício da 
maioria da população de uma sociedade (CAXITO, 2020).
A relação entre o entendimento da forma como a sociedade se or-
ganiza e a filosofia assume um papel central no trabalho dos filósofos 
conhecidos como contratualistas, para os quais a vida em sociedade é 
18 Processo de Trabalho em Serviço Social II
baseada em um contrato estabelecido entre os membros do grupo, 
que renunciam à liberdade e aos direitos e aceitam ser governados por 
leis e normas sob a tutela do Estado.
Segundo Caxito (2020), entre os filósofos contratualistas se desta-
cam: Thomas Hobbes, que analisa a organização social e o papel do 
Estado nas suas obras, principalmente em Leviatã, publicada em 1651 
(HOBBES, 2014); John Locke, que defendia a ideia de que o desenvol-
vimento social e organizado só é possível com a definição de um po-
der central que governe o grupo; e Jean-Jacques Rousseau, que em sua 
obra Do contrato social, de 1762, defende que a vontade do governante 
é soberana e deve ser considerada como mais importante em relação 
aos desejos e demandas dos indivíduos (ROUSSEAU, 2013).
Com o advento da Revolução Industrial, tanto os meios de produção 
quanto a própria organização da sociedade passaram por transforma-
ções profundas. Segundo Netto (2011), é nesse contexto que surgem as 
primeiras discussões sobre a questão social na filosofia, tema que será 
aprofundado na próxima parte deste capítulo.
Aqueles que não estão familiarizados com o pensar filosófico podem 
concluir que a filosofia está relacionada apenas à história do desenvolvi-
mento do conhecimento. Porém, a filosofia está presente no cotidiano 
contemporâneo. A observação das relações que se estabelecem nas redes 
sociais é um fascinante experimento filosófico, antropológico e sociológico, 
assim como o consumismo e a centralidade do ego incentivados pela mí-
dia levantam importantes questões sobre a individualidade e a diversidade 
cultural (FIALHO, 2015). A luta pela inclusão e pela igualdade defendida por 
grupos ativistas dos direitos humanos e das questões raciais, de gênero, 
sexualidade, idade e proteção da natureza são exemplos de como a ques-
tão social e o debate filosófico são fundamentais para que se possa enten-
der a sociedade contemporânea e se posicionar nela (FERREIRA, 2014).
De maneira semelhante ao que ocorre com a antropologia, discuti-
da na seção anterior deste capítulo, a relação da filosofia com o Servi-
ço Social também é uma via de duas mãos (WINCH, 2020). A filosofia, 
apesar de estar relacionada às mais diversas áreas do conhecimento 
humano, não tem como objetivo responder às questões de todas as 
ciências, mas sim possibilitar uma visão holística das relações humanas 
e sociais. Assim, a filosofia oferece ao Serviço Social uma base concei-
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 19
tual sobre a qual se estabelecem as discussões e os direcionamentos 
das políticas sociais e da atividade profissional do assistente social, ao 
passo que o Serviço Social, ao interferir na realidade, traz impactos a 
longo e médio prazo nas estruturas da sociedade e capturaexperiên-
cias sobre as mudanças na prática da filosofia (IAMAMOTO, 2006).
Para Gomes e Diniz (2014), no trabalho em Serviço Social as discus-
sões filosóficas são especialmente presentes, já que as políticas sociais 
que são colocadas em prática por meio das ações dos assistentes so-
ciais têm, muitas vezes, o papel de reverter os resultados indesejados 
ou inesperados da adoção de filosofias econômicas e de poder por 
parte dos Estados e governos. Como exemplo, muitas ações sociais 
buscam garantir as condições mínimas de vida e dignidade para parte 
da população que não se encaixa nas exigências de formação, conheci-
mento e perfil profissional exigido pelo mercado que se organiza com 
base em valores e padrões éticos e morais do capitalismo.
Na formação do profissional de Serviço Social, o estudo da filosofia 
não deve estar ligado apenas a um viés ou uma linha de pensamento, 
já que as políticas públicas se alteram de acordo com o grupo de poder 
que ocupa o governo em cada momento da história. O conhecimento 
filosófico, dentro do contexto de formação profissional, tem o papel de 
preparar o assistente social para atuar em uma realidade complexa e 
multifacetada, marcada pela diversidade e pela alteridade entre indiví-
duos e grupos sociais (GOMES; DINIZ, 2014).
É importante também salientar que uma das mais importantes 
áreas de estudo da filosofia é a ética. Além de oferecer ao assistente 
social a capacidade de analisar os dilemas éticos e morais que se apre-
sentam na sociedade contemporânea, e como as ações sociais mui-
tas vezes lidam com situações e com indivíduos que se encontram em 
áreas limítrofes dos padrões éticos e das normas morais da socieda-
de, os conceitos relacionados à ética estão também presentes na pró-
pria definição da atividade realizada pelo profissional de Serviço Social 
(CREMONESE, 2019).
O Código de Ética do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) 
(BRASIL, 2012) descreve os padrões éticos e morais que devem nortear 
a atuação do assistente social no cotidiano de suas atividades.
O Código de Ética do 
Conselho Federal de Ser-
viço Social (CFESS) foi lan-
çado em 1993, por meio 
da promulgação da Lei n. 
8.662/1993, e passou por 
diversas atualizações e 
revisões, com o objetivo 
de mantê-lo coerente 
com as alterações ocor-
ridas na sociedade e na 
legislação e com a própria 
atuação do profissional 
de Serviço Social. A mais 
recente versão do Código 
é de 2011 e é uma leitura 
fundamental para o 
aluno do curso de Serviço 
Social, pois apresenta 
pontos importantes da 
atuação do assistente so-
cial, bem como os pilares 
filosóficos, éticos e morais 
que direcionam a atuação 
desse profissional.
BRASIL. 10. ed. rev. e atual. Brasília, 
DF: CFESS, 2012. Disponível em: 
http://www.cfess.org.br/arquivos/
CEP_CFESS-SITE.pdf. Acesso em: 16 
mar. 2021.
Leitura
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf
20 Processo de Trabalho em Serviço Social II
1.3 Sociologia e Serviço Social 
Vídeo Entre as ciências sociais, a que apresenta os maiores pontos de con-
vergência com o campo e o processo de trabalho do Serviço Social é a 
sociologia (NETTO, 2017).
A sociologia surge como campo de estudo separado da filosofia no 
contexto das grandes transformações econômicas, tecnológicas e po-
líticas pelas quais o mundo passou durante os séculos XVIII e XIV, a 
partir da Revolução Industrial (WINCH, 2020). O objetivo desta seção 
não é descrever de maneira aprofundada todo esse contexto históri-
co e econômico, mas abordá-lo resumidamente para que seja possível 
identificar as origens comuns entre as duas áreas.
O início da história da civilização humana é marcado pelo estabe-
lecimento das primeiras comunidades, o que só foi possível com a 
descoberta de formas de plantar e colher alimentos, além do desen-
volvimento de técnicas de criação de animais utilizados para prover ali-
mentos para o grupo social. Assim, os indivíduos, que antes precisavam 
se locomover constantemente em busca de alimentos e abrigo passa-
ram a estabelecer moradias definitivas. A revolução agrícola levou ao 
desenvolvimento da cultura e da sociedade como a conhecemos e foi 
o principal modelo econômico e social vigente durante grande parte da 
história humana (CAXITO, 2020).
Como o poder estava centrado na posse de terras e na produção de 
alimentos, quem era o proprietário da terra também detinha o poder. 
Esse modelo econômico deu origem aos sistemas de governo feudalis-
tas e absolutistas, em que nobres e governantes exerciam seu poder 
por meio da posse de grandes extensões de terra e da exploração do 
trabalho manual de seus súditos. Assim, defender a terra e as posses 
dos nobres era um ponto central do modelo político, embasado na for-
mação de exércitos e na celebração de alianças em que os detentores 
do poder buscavam proteger seus próprios interesses.
O segundo modelo econômico que marca a história surgiu a par-
tir da Revolução Industrial, do desenvolvimento, criação e aplicação de 
novas tecnologias de geração de energia e de processos produtivos na 
produção de bens de consumo. Segundo Caxito (2019), o desenvolvi-
mento tecnológico e os ganhos produtivos obtidos por meio da Revo-
lução Industrial foram tão significativos e importantes que deslocaram 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 21
o poder econômico da agricultura para a indústria, esvaziando o po-
der dos nobres e dos soberanos absolutistas. A Revolução Francesa e 
a Independência dos Estados Unidos da América são dois importantes 
marcos da ruptura política e social trazida pelo deslocamento do poder 
econômico (TOKARSKI; GONÇALVES, 2019).
Além das mudanças econômicas e políticas, a Revolução também 
trouxe grandes mudanças na organização da sociedade. A massiva 
migração de trabalhadores do campo para as cidades, em busca de 
novas oportunidades, fez com que os centros urbanos crescessem 
de maneira acelerada e não planejada, dando origem a toda uma 
variedade de novos problemas sociais para os quais filósofos, po-
líticos e governantes não estavam preparados, como a pobreza, as 
condições de saúde e moradia, o ensino profissional e as relações de 
trabalho entre os detentores do capital e a mão de obra representa-
da pelos trabalhadores.
Foi nesse contexto político, social e econômico que alguns filóso-
fos passaram a estudar e discutir as questões sociais que dão origem 
à sociologia e estão na base da atividade do Serviço Social (GIDDENS; 
SUTTON, 2017).
Para o estudo da sociologia e sua relação com o Serviço Social, os 
filósofos mais importantes e influentes são aqueles que têm como foco 
de seus estudos tanto as discussões sociais quanto as econômicas e 
abordam a influência do poder econômico do Estado e das instituições 
privadas sobre as relações sociais que se estabelecem no seio da socie-
dade (MARTINS, 2019a). Assim, destacam-se duas visões sobre a ques-
tão social: o positivismo e o marxismo.
1.3.1 Filosofia positivista
Os filósofos positivistas, em especial Augusto Comte e Émile 
Durkheim, buscavam usar o método científico fundamentado na ob-
servação da natureza e dos fenômenos, a identificação de relações 
causais e a generalização das conclusões por meio da indução para 
estudar os fenômenos sociais, entender o passado da história e tentar 
predizer os possíveis desdobramentos das relações entre os grupos 
sociais no futuro (FAVORETO; GALTER, 2020). Comte propõe uma nova 
ciência, a sociologia, como síntese da filosofia e do método científico, 
que teria por objetivo entender a dinâmica das relações sociais.
22 Processo de Trabalho em Serviço Social II
Apesar de ser Comte o criador do termo sociologia, é Durkheim que 
delimita o objeto de estudo da ciência, que é o fato social. Segundo 
o filósofo, o fato social é “a maneira de agir fixa ou não, suscetível de 
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é 
geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existên-
cia própria,independente das manifestações individuais que possa ter” 
(DURKHEIM, 2007, p. 11).
Para entender o conceito do fato social, é necessário decompor a expli-
cação de Durkheim em três elementos, conforme mostra a Figura 1.
Figura 1 
Os elementos que constituem o fato social
Generalidade 
na sociedade 
estudada
Exterioridade 
em relação ao 
indivíduo
Coerção social
Fonte: Elaborada pelos autores com base em Durkheim, 2007.
O primeiro elemento do fato social é a coerção social, ou seja, 
a força externa que a estrutura social exerce sobre o indivíduo para 
que ele aja em resposta ao fato social. A coerção pode ser exercida pela 
legislação, ou seja, pela obrigatoriedade de que o indivíduo respeite 
normas e regras que possibilitem que ele seja aceito como um mem-
bro da sociedade. Se o indivíduo realiza atos ou ações que não estão 
de acordo com a legislação, é colocado à margem da sociedade, isto é, 
torna-se um marginal (DURKHEIM, 2007). Esse conceito é importante 
para o Serviço Social, pois muitas das políticas implantadas pelas ações 
do assistente social têm por objetivo reintegrar os indivíduos margina-
lizados ao convívio em sociedade.
Outra forma pela qual a coerção social ocorre são as normas mo-
rais, ou seja, as regras estabelecidas culturalmente pelos membros de 
um grupo social, segundo as quais se espera que cada indivíduo aja em 
suas interações. As regras morais são mais fluidas e mais facilmente 
modificadas, à medida que a sociedade evolui (DURKHEIM, 2007). Um 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 23
bom exemplo de como essa coerção é praticada no cotidiano é a forma 
de aceitação das diversas orientações sexuais dos indivíduos. O pró-
prio Código de Ética do assistente social pode ser usado para ilustrar a 
mudança da visão da sociedade sobre esse tema:
do ponto de vista do conteúdo, as mudanças procedidas foram 
relativas à modificação de nomenclatura, substituindo o termo 
“opção sexual” por “orientação sexual”, incluindo ainda no princí-
pio XI a “identidade de gênero”, quando se refere ao exercício do 
serviço social sem ser discriminado/a nem discriminar por essa 
condição, juntamente com as demais condições já explicitadas 
no texto. Essas alterações são de suma importância, pois reafir-
mam princípios e valores do nosso Projeto Ético-Político e incor-
poram avanços nas discussões acerca dos direitos da população 
LGBT pela livre orientação e expressão sexual. Portanto, as mu-
danças aqui expressas são resultado de discussões no âmbito do 
Conjunto CFESS/CRESS, em especial na temática da ética e dos 
direitos humanos. (BRASIL, 2012, p. 13-14) 
O segundo elemento do fato social é a exterioridade em relação 
ao indivíduo. Durkheim (2007) destaca que os fatos sociais, como as 
leis, as normas morais, os costumes e as manifestações culturais, estão 
estabelecidos nos diversos grupos sociais, e o indivíduo, desde o mo-
mento de seu nascimento, está inserido nesse contexto; assim, muitas 
vezes, não tem a percepção de como a coação social é exercida sobre 
sua liberdade e suas atitudes, pois é educado dentro desses parâme-
tros normativos. Discussões importantes que fazem parte do trabalho 
do Serviço Social, como o racismo estrutural 2 e os preconceitos de gê-
nero, são exemplos de como identificar, analisar e propor ações que 
possam modificar essa realidade e são tarefas complexas.
A educação é vista por Durkheim como um instrumento externo 
usado pelos detentores do poder como forma de impor que os indiví-
duos, desde a mais tenra infância, conformem-se com as normas e re-
gras legais e morais que são desejadas para garantir o controle social.
O terceiro elemento do fato social é a sua generalidade na so-
ciedade estudada. Esse elemento apresenta duas características 
(DUKHEIM, 2007): em primeiro lugar, o fato social é entendido como 
geral, pois a maioria dos indivíduos de um determinado grupo social 
são coagidos a aceitá-lo e a adequar seu comportamento a ele; por 
outro lado, a generalidade do fato diz respeito a uma determinada so-
ciedade ou grupo cultural. Cada grupo social tem seus próprios fatos, 
Almeida (2018, p. 38) define 
racismo estrutural como “um 
processo histórico e político, 
que cria as condições sociais 
para que, direta ou indireta-
mente, grupos racialmente 
identificados sejam discrimina-
dos de forma sistêmica”.
2
24 Processo de Trabalho em Serviço Social II
leis e normas morais a serem seguidos. O que é adequado em uma 
cultura ou sociedade pode não ser aceito em outra. Assim, enquanto 
a coerção social e a exterioridade do fato social são elementos pre-
sentes de maneira semelhante em todos os grupos, a generalidade é 
específica de cada um.
1.3.2 Marx e o materialismo histórico-dialético
A segunda linha filosófica que discute a questão social que emer-
ge a partir da Revolução Industrial é o materialismo histórico-dialético, 
que tem como seus principais filósofos Karl Marx e Friedrich Engels. 
Para Tavares (2013), a filosofia de Marx e o Serviço Social apresentam 
uma relação dicotômica. Ambos têm como foco central a questão so-
cial: para o marxismo, ela é indissociável da estrutura capitalista que 
domina a organização social e econômica da sociedade; para o Serviço 
Social, é a razão de ser, pois é por meio da atuação do assistente social 
que o Estado e o governo administram a questão social.
Discutir a filosofia de Marx é sempre um grande desafio, pois 
muitas de suas ideias foram absorvidas e distorcidas por ideólogos 
e políticos que tomaram pontos específicos do pensamento do filó-
sofo para justificar a adoção de ações de controle sobre a sociedade 
e até mesmo como fonte teórica de regimes de governo. Assim, toda 
e qualquer discussão sobre a filosofia marxista precisa tomar o cui-
dado de retomar os conceitos básicos de seu pensamento, sem se 
contaminar com possíveis mitos criados por interpretações de seus 
conceitos (TAVARES, 2013).
Como filósofo, Marx precisa ser entendido dentro do contexto 
no qual seu trabalho foi desenvolvido, durante o acelerado momen-
to de mudanças sociais e econômicas descrito no início desta seção 
(TAVARES, 2013). A sociedade passava por uma reorganização, com o 
surgimento de uma nova classe social formada pelos trabalhadores das 
nascentes indústrias e pelos que migravam do campo em direção às 
cidades em busca de oportunidades. Ao mesmo tempo, o poder econô-
mico e político migrava da mão dos nobres proprietários de terras para 
os empresários detentores do capital. Nesse contexto, tanto a relação 
da sociedade com o trabalho e com a produção de riqueza quanto a 
própria individualidade do ser humano no grupo social se modificavam 
rapidamente (FAVORETO; GALTER, 2020).
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 25
Marx se propõe a analisar em profundidade as raízes e os frutos 
sociais dessa sociedade capitalista e coloca no centro de sua filosofia 
a relação do homem e da sociedade com o trabalho. Em seus estu-
dos, Marx discute as desigualdades sociais e o antagonismo entre os 
grupos sociais que marca o capitalismo, apontando as contradições 
do modelo econômico. O ponto central de sua filosofia é a dicotomia 
entre o caráter coletivo da produção, que depende de diversos parti-
cipantes que contribuem cada qual com sua parte (o capitalista com o 
capital o operário com a mão de obra), e a apropriação individual pelo 
empresário do resultado econômico obtido como fruto do trabalho 
(MARX, 2017).
Assim, Marx conclui que o trabalhador vende sua força de trabalho 
para que possa garantir sua sobrevivência. Portanto, a liberdade do 
trabalhador e a valorização de sua mão de obra seriam fundamentais 
para garantir a igualdade social e o acesso a todos os direitos sociais 
para todos os indivíduos da sociedade (TAVARES, 2013). É nesse ponto 
que a filosofia de Marx é usada como base conceitual por políticos e 
governos. Pela qualidade de seu trabalho e profundidade dos ques-
tionamentos que tornaram a filosofia marxista tão importante e tão 
presente nocotidiano da sociedade, mesmo após séculos.
O artigo científico Marx, marxismos e Serviço Social, escrito por Maria Augusta 
Tavares, publicado em 2013 na Revista Katálysis, propõe uma análise sobre 
a relação entre a filosofia marxista e a construção dos espaços de atuação 
do Serviço Social, tanto no Brasil quanto em outros países, destacando o 
papel dos movimentos sociais revolucionários da década de 1960. O artigo 
também apresenta a relação da pesquisa e do ensino nos cursos de Serviço 
Social com a filosofia positivista e, em especial, com as ideias de Marx.
Acesso em: 16 mar. 2021.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802013000100002&lng=en&nrm=iso
Artigo
Sociologia e Serviço Social podem ser vistos como dois lados de uma 
mesma moeda, não no sentido de serem opostos, mas com a interpre-
tação de que ambos fazem parte de uma mesma área de conhecimen-
to. A relação entre as ciências pode ser melhor entendida com base na 
pretensa dicotomia entre teoria e prática, que muitas vezes marca as 
discussões nos meios acadêmicos e educacionais.
Por esse ponto de vista, a sociologia é enxergada como uma ciência 
teórica que tem por objetivo estudar e entender as complexas intera-
Esta frase parece 
incompleta. Qual in-
formação está sendo 
passada aqui? 
O que se infere 
“Pela qualidade de 
seu trabalho e...”? Ou 
esta frase seria con-
tinuação da anterior 
(trocando o ponto 
por vírgula)
26 Processo de Trabalho em Serviço Social II
ções entre campos de saber diversos, sendo que alguns deles estão 
ligados às relações que se estabelecem no grupo social, como a econo-
mia, a política e a filosofia, mas que também inclui as ciências relacio-
nadas aos indivíduos, como a cultura, a saúde, a educação, a psicologia 
e os direitos humanos (PANSANI, 2018). Com base nessa ampla gama 
de saberes e de campos de estudo, a sociologia busca entender os fe-
nômenos sociais.
Do outro lado dessa moeda, o Serviço Social é visto como uma ciên-
cia aplicada, cujo objeto de trabalho se realiza na aplicação prática das 
ações no ambiente social, por meio da integração de conhecimentos 
tão diversos quanto os que são abordados na sociologia, mas com o 
objetivo de operar mudanças práticas e reais na sociedade (SOUZA 
FILHO; GURGEL, 2018).
Porém, na prática, a atuação do sociólogo e do assistente social 
apresentam mais similaridades do que diferenças. Mesmo que a ativi-
dade profissional do sociólogo esteja mais voltada para a pesquisa aca-
dêmica e para o desenvolvimento de atividades na docência, é comum 
que profissionais com essa formação desenvolvam atividades de cam-
po, no desenvolvimento e no planejamento de políticas sociais tanto 
para o poder público quanto para a iniciativa privada e para o Terceiro 
Setor (FERNANDES, 2020).
Já no caso do assistente social, a atuação profissional se dá no cam-
po e na intervenção direta sobre a realidade social. Porém, com base 
no conhecimento empírico desenvolvido nessas interações, cada vez é 
mais comum que o assistente social se envolva com pesquisas acadê-
micas e com a prática da docência. Assim, a separação entre a ativida-
de teórica e a atuação prática se torna cada vez mais borrada, o que 
traz benefícios para ambas as áreas e para os profissionais, já que essa 
convivência traz a possibilidade de desenvolvimento de competências 
complementares, fundamentais para a atuação profissional.
1.4 Serviço Social e ciência política 
Vídeo Se as bases conceituais do trabalho no Serviço Social são encontra-
das na filosofia, na antropologia e principalmente na sociologia, é com a 
ciência política que a prática do Serviço Social está mais intrinsecamen-
te ligada (LEITE, 2017). Para entender melhor essa relação, é necessário 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 27
analisar a trajetória de desenvolvimento do trabalho do assistente so-
cial e sua relação com a história política brasileira (IAMAMOTO, 2017).
Durante séculos, o trabalho social esteve ligado à filantropia, de-
senvolvida, na maioria dos casos, por instituições religiosas ou de 
cunho social. Nesse momento histórico, a ação social não envolvia 
o debate filosófico, político ou mesmo social, nem a análise ou o 
enfrentamento das estruturas sociais causadoras dos problemas. 
Segundo Iamamoto (2017), a ação profissional era voltada, basica-
mente, para a integração de indivíduos marginalizados na socieda-
de e ações pontuais com o objetivo de diminuir as mazelas sociais, 
pela prestação de serviços e pelo oferecimento de benefícios, tanto 
por meio de instituições públicas quanto por meio de organizações 
privadas.
O debate global sobre a necessidade de um pensamento mais 
profundo sobre as questões sociais por parte dos governos tomou 
corpo por meio dos programas econômicos desenvolvimentistas 
lançados por diversos países após o fim da Segunda Guerra Mun-
dial (BRESSER-PEREIRA; OREIRO; MARCONI, 2017). Em alguns países, 
esse pensar social se deu pela necessidade de reestruturar uma so-
ciedade destruída pela guerra.
No caso do Brasil e de diversos outros países em desenvolvimen-
to, o desenvolvimentismo econômico teve como objetivo melhorar 
as condições econômicas e sociais da população. O programa de go-
verno de Juscelino Kubitschek, conhecido como cinquenta anos em 
cinco, é um exemplo desses planos (IORIS, 2017). Nesse contexto, 
o papel do Serviço Social foi repensado, buscando incorporar uma 
nova visão filosófica em sua teoria, bem como novos métodos e pro-
cessos de trabalho em sua atividade. O papel do assistente social e 
do Serviço Social se amplia, abarcando atividades de planejamento 
e organização de políticas públicas sociais, em consonância com os 
planos de desenvolvimento do governo (IAMAMOTO, 2017).
Essa nova etapa do Serviço Social no contexto brasileiro passou 
por um período do governo militar, entre os anos de 1964 e 1985, 
momento no qual a atividade profissional do assistente social voltou 
a focar em atividades de apoio a indivíduos marginalizados ou em 
situação de pobreza. Não cabe aqui discutir aspectos políticos do 
período, mas sim constatar que as ações e políticas sociais tiveram, 
O documentário História 
da assistência social no 
Brasil, produzido pela 
TV BrasilGov, no ano de 
2010, em comemoração 
ao Dia do Assistente 
Social, mostra diversos 
marcos do desenvolvi-
mento da profissão no 
Brasil, demostrando a 
importância da atividade 
para o desenvolvimento 
social do país.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=qPE5MdntV2Y. Acesso 
em: 16 mar. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=qPE5MdntV2Y
https://www.youtube.com/watch?v=qPE5MdntV2Y
28 Processo de Trabalho em Serviço Social II
como foco principal, o oferecimento de serviços e benefícios previ-
denciários e a implantação de estruturas e programas voltados para 
atendimento de pessoas em situação de pobreza e proteção social, 
em especial da criança e do adolescente.
Apesar de o período ter sido marcado pelo desenvolvimento de 
programas e projetos de amplitude nacional, baseados em uma vi-
são mais integrada com as políticas públicas, tanto o planejamento 
quanto a gestão dos programas foram realizados de modo incons-
tante e pontual, seguindo os métodos e práticas da gestão estatal 
desenvolvida no período, com características burocráticas e hierár-
quicas que impediam que decisões fossem tomadas de maneira rá-
pida (NETTO, 2011). Se por um lado essas condições engessavam 
o desenvolvimento de ações sociais mais efetivas, por outro con-
feriam grande autonomia profissional ao assistente social, já que 
muitas de suas ações eram tomadas com base em decisões indivi-
duais que buscavam intervir no ambiente social local e nas situações 
individuais.
A partir da redemocratização política, ocorrida na década de 
1980, e, especialmente, da Constituição Federal de 1988, o papel 
do Serviço Social e a atividade do assistente passaram por grandes 
transformações (RAMOS; DINIZ, 2017). A própria definição da profis-
são foi transformada, com aampliação do escopo de atuação, que 
passa a incluir atividades de planejamento, implementação e gestão 
de políticas sociais públicas e privadas. Foram definidos valores éti-
cos e bases filosóficas para orientar a atuação e o fazer profissional 
do assistente social, bem como um completo ideário dos direitos 
sociais dos cidadãos, nas áreas da saúde, educação, inclusão e assis-
tência social (IAMAMOTO, 2017).
Porém, a atuação do profissional de Serviço Social não se dá de 
maneira isolada, mas se enquadra dentro das políticas sociais dos 
governos que estão no poder. Segundo Caxito (2020, p. 17):
as políticas públicas, sejam elas as de foco econômico ou de 
foco social, são as ferramentas pelas quais o governo busca 
implementar as mudanças e o desenvolvimento econômico e 
social. As políticas sociais são as ferramentas utilizadas para 
se construir um Estado de Bem-Estar social. Mas as políticas 
públicas, no Brasil, não são estáveis, nem são pensadas como 
um planejamento da atuação do governo em um horizonte 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 29
de longo prazo. O desenvolvimento econômico brasileiro é 
marcado por diferenças significativas entre as regiões. Alguns 
estados e regiões se desenvolveram mais aceleradamente, 
concentrando os investimentos e, assim, registrando maior 
desenvolvimento econômico e social. Dentro desta realida-
de, as políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento das 
regiões menos favorecidas se fazem ainda mais importantes, 
como forma de garantir a igualdade de condições econômicas 
e sociais da população. 
A atuação do assistente social nessa realidade multifacetada vai 
muito além da antiga visão benemérita que marcou grande par-
te da história da profissão. Em sua atividade contemporânea, o 
profissional se envolve com todos os momentos da política social, 
desde a identificação das demandas da sociedade, passando pela 
formulação das políticas, pelo planejamento dos programas, pela 
implementação das ações e pela gestão do processo de trabalho 
durante o período de realização das políticas, até a análise dos re-
sultados obtidos.
1.5 Aspectos psicológicos e o Serviço Social 
Vídeo Antes de abordar a relação da psicologia com o Serviço Social, 
é importante desconstruir alguns mitos que cercam o trabalho do 
psicólogo. A psicologia, em uma visão simplista, é entendida como 
uma ciência voltada para o estudo da mente humana. O trabalho do 
psicólogo, muitas vezes, é reduzido à atividade da psicologia clínica, 
que tem por objetivo estudar e conhecer a condição psíquica de um 
determinado indivíduo e, por meio do uso de intervenções baseadas 
em métodos e técnicas, buscar restabelecer a saúde mental da pes-
soa (DUTRA, 2004).
Nesse sentido, encontra-se uma das primeiras interseções entre 
a atividade do psicológico e a do assistente social. No cotidiano de 
sua atividade profissional, o assistente social se relaciona com indi-
víduos e grupos sociais que, na maioria das vezes, encontram-se em 
situação de vulnerabilidade e de risco, ou até mesmo à margem da 
sociedade. Apesar de o escopo de seu trabalho não envolver o aten-
dimento psicológico desses indivíduos, é fundamental que o pro-
fissional de Serviço Social compreenda os impactos das condições 
30 Processo de Trabalho em Serviço Social II
psicológicas das pessoas atendidas sobre o resultado das ações e 
serviços sociais oferecidos.
O artigo Psicologia social e Serviço Social: uma relação interdisciplinar na direção 
da produção de conhecimento, escrito por Karen Eidelwein, publicado em 
2007 na revista Textos & Contextos, discute a relação entre psicologia social 
e Serviço Social, apontando os objetos de ambas as áreas e apresentando 
caminhos para que sejam desenvolvidos conhecimentos comuns que podem 
subsidiar a atuação do assistente social.
Acesso em: 16 mar. 2021.
https://www.redalyc.org/pdf/3215/321527161007.pdf
Artigo
Porém, como apontam Prado Filho e Martins (2007), a psicologia 
como ciência apresenta outros objetos de estudo, como as capacida-
des humanas, os processos de cognição, o comportamento humano, 
as percepções sobre o indivíduo e as relações que se estabelecem 
entre os indivíduos. É nesse último sentido que se desenvolveu um 
ramo conhecido como psicologia social, que guarda a maior relação 
com as atividades do profissional de Serviço Social.
No contexto da psicologia social, o objeto de estudo se deslo-
ca do indivíduo para as relações que ele estabelece com o meio no 
qual está inserido. As normas e regras que regem a conduta social 
dos indivíduos na comunidade e os rituais de convivência dentro do 
grupo e deste com o ambiente externo também estão no escopo das 
atividades da psicologia social.
A psicologia social, além de analisar a interação do indivíduo com 
o grupo, busca entender os aspectos comportamentais das relações 
sociais e os papéis que cada indivíduo desempenha no grupo. Esses 
papéis e comportamentos, dentro do contexto da psicologia social, são 
definidos e prescritos pela sociedade, mas nem sempre são colocados 
em prática pelos indivíduos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). A diver-
sidade inerente aos indivíduos faz com que os comportamentos ado-
tados também sejam distintos, porém a individualidade é influenciada 
pelo contexto social e pela mente coletiva do grupo.
Os grupos sociais são formados por indivíduos que compartilham 
alguns objetivos ou características comuns e estabelecem formas de 
interação, que envolvem ações de cooperação e de competição, de 
O Serviço Social no contexto das ciências humanas 31
acordo com regras e normas aceitas pelos integrantes. O grupo tam-
bém estabelece ações de controle e coação sobre seus membros.
O foco da psicologia social, assim como o do Serviço Social, está 
relacionado à realidade e às condições dos indivíduos no ambiente 
em que estão inseridos, sendo que a primeira busca entender os im-
pactos psicológicos dessa situação, enquanto o segundo atua sobre 
as condições físicas de vulnerabilidade dessa população.
Tanto o indivíduo quanto a comunidade da qual ele faz parte são 
objeto do trabalho do assistente social. Assim, as duas profissões apre-
sentam uma interdisciplinaridade que possibilita a atuação conjunta, 
em que as competências profissionais se somam e se complementam.
Dessa forma, os conhecimentos sobre psicologia social, como os 
conceitos da teoria comportamental e do funcionamento dos siste-
mas sociais, são importantes na prática do assistente social, tanto no 
entendimento dos comportamentos individuais quanto no contexto 
da comunidade atendida, relacionando o conhecimento teórico com 
sua experiência pessoal e os aprendizados empíricos advindos de 
sua prática profissional.
Por outro lado, o psicólogo, segundo Sawaia (2002), busca na rea-
lidade dos indivíduos e dos grupos as informações e os conhecimen-
tos necessários para desenvolver as ações terapêuticas do sujeito, 
levando em consideração o contexto socioeconômico ao qual ele 
está exposto. Ao trabalhar a autonomia do indivíduo e seu papel no 
grupo, psicólogos e assistentes sociais agem para garantir que os 
direitos do sujeito sejam respeitados e que ele possa ser fortalecido 
mental e fisicamente para desenvolver suas capacidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em uma sociedade na qual as demandas por serviços que ga-
rantam a segurança social dos cidadãos nos mais variados campos 
da vida do indivíduo se tornam cada vez mais complexas, a atuação 
do profissional de Serviço Social também se torna muito mais am-
pla e passa a incluir a participação profunda nas discussões e na 
implementação das políticas sociais, pelas grandes mudanças eco-
nômicas, sociais e comportamentais pelas quais a sociedade vem 
passando nas últimas décadas.
32 Processo de Trabalho em Serviço Social II
Para tornar possível a atuação nesse novo contexto, a formação 
do profissional de Serviço Social também passou por uma grande 
reformulação, na qual temas ligados às diversas ciências sociais aqui 
discutidas foram incluídosnas diretrizes e bases dos cursos superio-
res de formação desse profissional. Assim, o assistente se torna um 
profissional muito mais preparado para entender a importância de 
suas intervenções e de sua atividade na sociedade.
ATIVIDADES 
1. O estudo da antropologia como campo científico pode ser dividido em 
duas áreas. Cite e explique essas áreas.
2. Explique a influência da antropologia sobre a atuação profissional em 
Serviço Social.
3. Explique o contexto no qual surgiu a filosofia.
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36 Processo de Trabalho em Serviço Social II
2
Mudanças sociais e 
demográficas e o Serviço Social
Mudanças culturais e estruturais sempre ocorrem de maneira 
constante na sociedade, durante toda a história da civilização huma-
na. Impulsionada pelas inovações tecnológicas e por alterações nos 
padrões morais dos grupos humanos, cada geração estabelece novos 
parâmetros sociais e modelos de comportamento que o grupo impõe 
sobre os indivíduos que dele fazem parte.
É inegável, porém, que nas últimas décadas, devido ao de-
senvolvimento de tecnologias de informação e comunicação, a 
sociedade vem passando por um processo ainda mais acelerado 
de mudanças tecnológicas, comportamentais, sociais e culturais. 
Contamos, inclusive, com a possibilidade de criar e compartilhar 
conhecimento em tempo real, em uma velocidade nunca vista, e o 
acesso a novas experiências e à criação de redes de relacionamen-
to ultrapassa as fronteiras físicas e gera alterações significativas 
nas culturas e nos comportamentos dos indivíduos.
Todas essas mudanças estão diretamente ligadas à atuação do 
profissional de Serviço Social, pois se relacionam com a proteção 
de indivíduos e de grupos em situação de vulnerabilidade e risco, 
que dependem de ações e políticas de apoio social. Neste capítulo, 
abordaremos as mudanças pelas quais passa a sociedade, bem 
como seus os impactos sobre o Serviço Social.
2.1 Mudanças na pirâmide etária brasileira 
Vídeo A alteração na estrutura da pirâmide etária brasileira é uma das 
mais significativas mudanças pelas quais passa o país. Isso ocorre 
porque essa modificação traz impactos para diversas áreas da so-
Mudanças sociais e demográficas e o Serviço Social 37
ciedade, como economia, educação, saúde, trabalho, e para a estru-
tura das famílias.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) (2015), a população brasileira passa por um rápido processo 
de envelhecimento. A divisão da população por faixa etária, projetada 
para as próximas décadas, em comparação com a estrutura atual da 
pirâmide, mostra que, enquanto a porcentagem de crianças e jovens 
diminui gradativamente – em função da diminuição da taxa de natalida-
de média –, a participação da população idosa cresce aceleradamente, 
devido ao aumento da expectativa de vida. Os dados do IBGE mostram 
que, em relação ao processo de envelhecimento da população global, 
a inversão da pirâmide etária brasileira é duas vezes mais rápida. No 
Gráfico 1, você poderá observar a população brasileira dividida por fai-
xa etária nos anos 1980 e 2020 e a projeção para o ano de 2060.
Gráfico 1
Evolução da pirâmide etária brasileira
A) 1980
População: 120.694.012
Fonte: Populationpyramid.net, 2021a.
38 Processo de Trabalho em Serviço Social II
B) 2020
População: 212.559.409
Fonte: Populationpyramid.net, 2021b.
C) 2060
População: 224.411.614
Fonte: Populationpyramid.net, 2021c.
Mudanças sociais e demográficas e o Serviço Social 39
É possível observar que, na década de 1980, o formato do gráfico 
representava perfeitamente uma pirâmide, na qual a maior parte da 
população era formada por crianças, e a porcentagem de cada faixa 
etária sobre o total da população diminuía gradativamente. O gráfico 
relativo ao ano de 2020 já apresenta um formato bem menos definido, 
com destaque para a significativa diminuição da parcela de crianças 
e de jovens e o aumento da população acima de 65 anos. Por fim, a 
projeção para o ano de 2060 é que ocorra um equilíbrio entre as faixas 
populacionais.
Muitos países passam por processos semelhantes de envelhecimen-
to e pelos mesmos motivos que impactam a pirâmide etária

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