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Neoplasias da tireoide

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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
@junamed
Especialidades 
clínicas e cirúrgicas 1 
Neoplasias da tireoide 
Glândula tireoide 
Anatomia 
- É uma glândula ímpar, dividida em lobo 
direito e esquerdo unidos por um istmo 
- Está em íntimo contato com o nervo laríngeo 
(que é um ramo do nervo vago)
- Pedículo superior = ramo da carótida 
externa
- Pedículo inferior = ramo da subclávia
Histologia 
- O tecido tireoidiano é composto de folículos 
esféricos agrupados, cada um contendo uma 
única camada de células foliculares epiteliais 
conhecidas como tireócitos que envolvem um 
lúmen contendo coloide
- O principal componente do coloide é a 
tireoglobulina (uma proteína específica do 
tireócito) 
- As células C parafoliculares, derivadas do 
tecido da crista neural e que produzem 
calcitonina, estão amplamente dispersas 
entre os folículos 
Embriologia 
- O botão de tecido que dá origem à glândula 
tireoide surge inicialmente como um 
divertículo da linha média na base da 
faringe (esse local de origem corresponde 
ao forame cego da base da língua em um 
humano completamente desenvolvido) 
- Esse tecido tem origem no trato alimentar 
primitivo e consiste em células da 
endoderme 
- A porção principal da sua estrutura celular 
desce para o pescoço e transforma-se em 
um órgão sólido bilobado 
Formação da tireoide 
1. A invaginação da região endodérmica da 
faringe forma o divertículo da tireoide
2. Ocorre uma migração crânio-caudal pelo 
ducto tireoglosso
3. Por volta da 7ª semana ela já está 
completamente formada
4. Por volta da 23ª semana inicia a função da 
tireoide no feto
1. Bócio mergulhante
- É uma extensão intratorácica de uma 
tireoide aumentada que geralmente ocorre 
como resultado do bócio multinodular 
- É todo bócio que ultrapassa o limite da 
clavícula em direção ao tórax 
- Pode deslocar a traqueia, dificultando a 
intubação e a respiração
- Com o aumento da tireoide, a fixação do 
músculo esternotireoídeo á traqueia limita a 
expansão craniana dos lobos, mas o 
crescimento adicional lateral, posterior e 
caudal pode fazer que a glândula se 
estenda para dentro do mediastino superior, 
comprimindo a traqueia e as veias na 
abertura torácica
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- Tratamento: cirurgia 
- Classificação: subesternal, parcial e total 
- Tipos: primário (surge como um tecido da 
tireoide aberrante dentro do mediastino 
anterior ou posterior) e secundário (se trata 
de ampliações e extensões de bócios 
multinodularees com base na vasculatura da 
tireoide inferior) 
2. Nódulos de tireoide 
- São comuns e são detectados pela palpação 
em 6% das mulheres e em 2% dos homens
- A maioria são pequenos nódulos 
adenomatosos benignos ou cistos, apenas 
5-10% são malignos 
- É menos comum os nódulos tireoidianos 
constituirem problemas clínicos e provocarem 
sintomas compressivos locais ou insatisfação 
estética por serem hiperfuncionantes
- Raramente são decorrentes de metástases 
de outras neoplasias malignas primárias, 
incluindo cânceres de rim, cólon e mama 
Manifestações clínicas
- Os nódulos geralmente são assintomáticos, a 
menos que sejam nódulos grandes 
- Sintomas de compressão e da invasão de 
tecidos adjacentes que sugerem 
malignidade:
. Dor na porção inferior do pescoço anterior 
. Tosse ou dispneia decorrente da compressão 
traqueal 
. Hemoptise devido á invasão da traqueia 
. Disfonia provocada pelo encarceramento do 
nervo laríngeo recorrente 
. Disfagia ou odinofagia decorrente da 
compressão esofagiana 
Diagnóstico 
1º = Anamnese + exame físico 
- Deve buscar definir as características do 
nódulo: tamanho, consistência, textura da 
superfície, mobilidade e sensibilidade 
- A presença de doença maligna é sugerida 
pela fixação e pela adenopatia regional 
ipsilateral 
- A multinodularidade da glândula pode 
indicar bócio nodular benigno, mas não é 
suficientemente tranquilizadora para 
dispensar os exames diagnósticos adicionais
2º = Exames complementares
Dosagem de TSH sérico 
- De acordo com o TSH os nódulos se dividem 
em quentes e frios:
. TSH baixo = nódulo quente
. TSH alto = nódulo frio 
USG dos nódulos 
- Fornece imagens que caracterizam o 
tamanho, simetria, textura, vascularização e 
anormalidades da glândula tireoide 
(incluindo nódulos sólidos, cistos simples e 
nódulos parcialmente císticos) 
- Fornece também certas características dos 
nódulos (número, ecogenicidade, 
regularidade capsular, vascularização e 
padrões de calcificação) que alteram a 
probabilidade de malignidade
- Uma ultrassonografia cervical ajuda a 
confirmar se a massa está no interior da 
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tireoide, define precisamente o seu tamanho, 
classifica o nódulo em cístico ou sólido e 
determina se nódulos há adicionais 
presentes
- Achados ecográficos no interior de um 
nódulo que são considerados suspeitos para 
malignidade incluem: microcalcificações, 
hipervascularização, margens infiltrativas, se 
é hipoecoico quando comparado com o 
parênquima envolvente e se tem um formato 
com comprimento superior á sua largura 
Classificação 
De acordo com o USG cervical 
. Nódulos císticos = apresentam conteúdo 
líquido e tem baixa probabilidade de ser 
maligno
. Nódulos sólidos = são mais endurecidos, raros 
em crianças e quando presentes tem 50% de 
chance de malignidade
. Nódulos mistos = são endurecidos e 
apresentam conteúdo líquido 
De acordo com o USG doppler
-> Avalia se a vascularização do nódulo é 
central ou periférica (sendo a central com 
maior probabilidade de malignidade) 
. TIRADS I = totalmente periférico (indicado 
punção por agulho fina) 
. TIRADS II = tendendo a central (indicado 
punção por agulha fina) 
. TIRADS III = tendendo a central (indicado 
punção por agulha fina) 
. TIRADS IV = central (indicado punção por 
agulha fina) 
. TIRADS V = totalmente central e altamente 
preditivo de câncer (indicado cirurgia) 
Tratamento 
Punção por agulha fina (PAAF)
- É o exame mais preciso para excluir ou 
confirmar doença maligna em pacientes que 
apresentam um nódulo e um nível normal de 
TSH 
- A maior parte dos nódulos sólidos e cistos 
complexos maiores que 1-1,5 cm de 
diâmetro devem ser puncionados 
- Não se deve puncionar nódulos pequenos 
(<0,6 cm) pois a chance do resultado ser 
falso negativo é maior
- A punção de nódulo muito grande não é 
muito assertiva
- Faz a análise anatomopatológica do nódulo 
através da classificação de Bethesda
Classificação 
. Bethesda I = inconclusivo -> material celular 
. Bethesda II = benigno -> realizar segmento 
clínico
. Bethesda III = 15-25% de chance de ser 
maligno
. Bethesda IV = 25-40% de chance de ser 
maligno 
. Bethesda V = 90% de chance de ser maligno 
. Bethesda VI = 95% de chance de ser maligno 
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RESUMINDO
3. Câncer de tireoide 
A) Carcinomas bem diferenciados da tireoide
Fatores predisponentes
- História pessoal de irradiação terapêutica 
do pescoço 
- História familiar de cânceres medulares ou 
papilares de tireoide 
- Exposição a radiação 
- Fatores genêticos 
Características histológicas
Carcinoma papilífero (representa 80-85% das 
neoplasias de tireoide)
- É a neoplasia maligna mais comum da 
tireóide
- Apresenta excelente prognóstico 
(principalmente em pacientes com menos de 
40 anos, sem metástase a distância e 
tamanho inferior a 4 cm) e a é disseminação 
é preferencialmente linfática
- Tem importante associação com exposição a 
radiação
- Apresenta-se como uma massa tireoidiana 
indolor
- Tratamento: cirurgia bilateral (quando há 
presença de doença bilateral no câncer 
papilar de tireoide há um risco mais baixo 
de recidiva após a remoção bilateral da 
glândula) + ablação com radioiodo no tecido 
tireoidiano remanescente 
Carcinoma folicular (representa 10-15% das 
neoplasias de tireoide) 
- É o segundo tipo mais comum
- Predomina na população maisvelha (40-60 
anos)
- Apresenta-se como uma massa tireoidiana 
indolor
- Tem forte associação com áreas carentes de 
iodo 
- Cursa com disseminação hematogênica e 
metástases ósseas 
- Tratamento: tireoidectomia parcial ou total 
Carcinoma de células de Hurtle 
- É um suptipo de carcinoma folicular Que 
consiste em células oxifílicas
- Tende a ocorrer em pacientes mais idosos, 
geralmente de 60-70 anos 
- Cursa com disseminação hematogênica e pior 
prognóstico 
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B) Carcinomas moderadamente diferenciados 
da tireoide
Carcinoma medular 
- Ocorre nas células parafoliculares/células
- Cursa com disseminação hematogênica, 
linfática e invasão local 
- Manifestações clínicas: massa palpável na 
tireóide e níveis elevados de calcitonina
- Diagnóstico: dosagem de calcitonina e 
acompanhamento 
- Tratamento: tireoidectomia total + 
esvaziamento profilático (pois metastiza) 
C) Carcinoma indiferenciado da tireoide 
Carcinoma anaplásico 
- É uma neoplasia maligna, histologicamente 
rara, indiferenciada e clinicamente agressiva 
que surge normalmente em mais velhos (1/4 
nos quais apresentam evidências de um 
câncer tireoidiano de tipo diferenciado 
precedente)
- Características: altamente agressivo, comum 
em idosos > 65 anos, massa cervical que 
compromete estruturas adjacentes, evolução 
muito ruim (poucos pacientes sobrevivem por 
mais de 1 ano após o diagnóstico) 
- Manifestações clínicas: massa de 
crescimento rápido no pescoço anterior ou 
lateral associada à dor, sensibilidade e 
sintomas compressivos (disfagia, disfonia e 
dispneia estridorosa) 
- Diagnóstico: a biópsia de aspiração com 
agulha fina da massa geralmente obtém 
grandes células pleomórficas indiferenciadas, 
mas a biópsia cirúrgica aberta algumas 
vezes é exigida para confirmação do 
diagnóstico
- Tratamento: cirurgia (a maioria dos casos é 
irressecável, devido à invasão das estruturas 
cervicais e a cirurgia não é curativa mas 
objetiva a garantia das vias respiratórias)

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