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1. Danna e Matos - Ensinando Observação - Uma introdução

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EDICON
ENSINANDO
OBSERVAÇÃO
U M A IN TRO D U ÇÃO
Marilda Fernandes Danna 
Maria Amélia Matos
ENSINANDO O BSERVAÇÃO
UMA INTRODUÇÃO
Marilda Fernandes Danna
Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo 
Prof* do Instituto Metodista de Ensino Superior
Ph. D. pela Columbia University
ProP do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Antônio Jayro da Fonseca Mota Fagundes 
Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo 
Prof, das Faculdades “Farias Brito”
Um livro didático para ensinar registro contínuo, 
classificação e definição de comportamento
2? edição revista pelos autores 
1? reimpressão
Matos
Revisão técnica
EDICON®
São Paulo
1986
Sumário
Prefácio______ 15
Apresentação
Rachel Rodrigues Kerbauy--------- 17
Introdução--------- 21
UNIDADE 1
A NECESSIDADE DA OBSERVAÇÃO EM CIÊNCIA
Texto: Por que um curso de observação?______ 28
(O uso da observação na coleta de dados; a 
importância dos objetivos na observação; 
características da observação científica.)
Questões de estudo--------- 31
UNIDADE 2
A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM CIENTÍFICA
Texto: A linguagem científica--------- 34
(Linguagem científica e linguagem coloquial; 
características da linguagem científica; termos e 
expressões a serem evitados.)
Questões e exercício de estudo_______ 41
9
UNIDADE 3
A SITUAÇÃO DE OBSERVAÇÃO - I
Texto: O protocolo de observação______ 44
(A necessidade de descrever as condições em que 
o comportamento ocorre; a descrição do sujeito 
observado; o relato do ambiente físico e social; a 
diagramação do ambiente; sistema notacional 
adotado no diagrama.)
Questões e exercício de estudo______ 48
UNIDADE 4
A SITUAÇÃO DE OBSERVAÇÃO - II
Texto: o relato das condições em que a observação ocorre
(Critérios para uma descrição adequada.)______ 50
Exercício de estudo, fazendo uso de fotografias______ 52
A tividade prática: Descrição do sujeito, do ambiente físico
e do ambiente social______ 54
UNIDADE 5
O REGISTRO DO COMPORTAMENTO - I
Texto: A técnica de registro contínuo--------- 58
(Observação e registro; quando usar o registro 
contínuo; a escolha dos comportamentos a serem 
registrados; a sistemática de registro.)
Questões de estudo______ 64
Atividade prática: Registro de comportamentos 
motores ______ 64
UNIDADE 6
O REGISTRO DO COMPORTAMENTO - II
Texto: O registro das expressões faciais______70
(O olhar e a fisionomia; as dificuldades do registro 
das expressões faciais.)
Exercício de estudo, fazendo uso de fotografias______ 72
Atividade prática: Registro de comportamentos motores e 
expressões faciais______ 74
UNIDADE?
OS EVENTOS AMBIENTAIS EM QUE O 
COMPORTAMENTO SE INSERE - I
Texto: Eventos físicos e sociais______ 80
(As mudanças no ambiente físico e social; eventos 
ambientais antecedentes e conseqüentes; as relações 
entre o comportamento e os eventos ambientais.)
Questões e exercício de estudo______ 85
UNIDADE 8
OS EVENTOS AMBIENTAIS EM QUE O 
COMPORTAMENTO SE INSERE - II
Atividade prática: Registro de eventos comportamentais e 
ambientais e análise destes registros--------- 88
11
UNIDADE 9
A DEFINIÇÃO CIENTÍFICA
Texto: A definição de eventos comportamentais e
ambientais______ 100
(A importância de definição para a comunidade 
cientifica; a objetividade e clareza na definição; a 
definição direta e afirmativa; explicitação e 
enumeração completa; pertinência; exercícios de 
análise de definições.)
Questões de estudo______ 107
UNIDADE 10
DEFINIÇÕES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO 
COMPORTAMENTO - I
Texto: As maneiras de se definir um 
comportamento______ n o
(A identificação de características morfológicas e 
funcionais; o que determina o tipo de definição a ser 
empregado; exercício de análise de definições.)
Questões de estudo______ 114
UNIDADE 11
DEFINIÇÕES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO 
COMPORTAMENTO - II
Texto: Morfologia e função do 
comportamento______ H6
(A descrição de aspectos morfológicos do 
comportamento; a descrição de aspectos funcionais 
do comportamento; exercício análise de definições.)
12
UNIDADE 12
O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO DE 
COMPORTAMENTOS - I
Texto: Agrupamento dos comportamentos em 
classes______ 132
(A importância da classificação; critérios 
morfológicos e critérios funcionais; a intersecção de 
critérios; a escolha do critério e o objetivo de trabalho 
do observador; a amplitude do agrupamento e o grau 
de especificidade dos critérios adotados; algumas 
regras para o agrupamento dos comportamentos 
observados.)
Exercício de estudo, fazendo uso de 
fotografias--------- 140
UNIDADE 13
O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO DE 
COMPORTAMENTOS - II
Texto: A definição de classes de 
comportamento------------- 150
(Características da definição de uma classe
comportamental; o problema da unidade de análise;
como denominar uma classe.)
Exercício de estudo------------ 154
Referências bibliográficas--------- 157
13
Prefácio
Em 1976, três colegas do Curso de Pós-gradução do Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo reuniam-se sistematicamente para discutir 
problemas ligados à pratica do método observacional, como instrumento de 
coleta de dados em Psicologia. Cecília estava interessada em desenvolver um 
sistema de treinamento para pais que possibilitasse a prevenção de problemas 
comportamentais cotidianos que, se acumulados, podem representar uma crise. 
Para isso se propunha observar o cotidiano de uma família, especificamente, a 
interação de pais e filhos. Jaíde, às voltas com seu Doutoramento, estava 
preocupada em analisar seqüências comportamentais apresentadas por 
retardados profundos institucionalizados, análise esta que possibilitasse a 
identificação das condições próximas e distantes, que antecedem ou sucedem ao 
comportamento. Para estabelecer relações funcionais desta ordem, pretendia 
observar os sujeitos nas diversas situações existentes na instituição. Marilda 
estava preocupada com a formação do aluno de Psicologia. Considerava que a 
observação é um dos principais instrumentos de trabalho que o psicólogo dispõe e 
que o aluno deveria ser ensinado a utilizar adequadamente este instrumento.
O resultado dessas discussões foi o estabelecimento de uma seqüência de 
objetivos comportamentais relativos à atividade de um observador que atuasse 
como auxiliar em uma pesquisa observacional. A partir daí, o grupo se desfez e 
cada integrante prosseguiu seu trabalho, no sentido que lhe era próprio e 
necessário. Jaíde aplicou o programa de treinamento de observadores que tinha 
sido elaborado, e iniciou suas próprias observações. Cecília produziu um catálogo 
dos comportamentos emitidos em situação natural1. Marilda elaborou um curso 
introdutório de observação de comportamento, destinado a estudantes de 
Psicologia. A análise do material elaborado, bem como dos resultados obtidos 
com a aplicação desse curso foi feita, e serviu como seu tema da dissertação de 
mestrado2.
1. Cecília G. Batista. Catálogo de comportamentos motores observados durante uma 
situação de refeição. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1978.
2. Marilda F. Danna. Ensinando observação: análise e avaliação. Dissertação de 
Mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São 
Paulo, 1978.
15
Estimuladas pelos membros da banca examinadora e. premidas pelas 
solicitações de colegas, orientanda e orientadora se dispuseram a retomar o 
trabalho e adaptá-lo para ser publicado como livro. Desde sua primeira aplicação, 
o curso original passou por sucessivas reformulações e vem sendo aplicado, de 
forma regular, aos alunos de Psicologia do Instituto Metodista de Ensino Superior, 
em São Bernardo do Campo. O que aqui se apresenta é fruto de uma revisão dos 
procedimentos e materiais de ensino assim produzidos. Conservou-se a estrutura 
básica do curso original; as modificações dizem respeito principalmente ao 
material utilizado - textos e audiovisuais - bem como à elaboração de um 
Manual doProfessor3.
A publicação deste livro representa uma tentativa de contribuir para o 
ensino da observação de comportamento de forma sistemática. Embora a obra se 
destine, em princípio, a estudantes de Psicologia, seu uso pode ser estendido a 
outros estudantes e profissionais que necessitem de semelhante treino, uma vez 
que o curso independe de conhecimentos anteriores específicos.
M. A. M.
3. O Manual do Professor encontra-se à venda nas livrarias. Os filmes foram produzidos pelo 
CAVE — Centro Audio Visual Evangélico, e poderão ser obtidos no seguinte endereço: 
CAVE - Rua do Sacramento, 230 - CEP 09720 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo.
Apresentação
A maneira de ensinar alunos, seja quanto ao conteúdo ou à forma, vem 
sendo analisada há séculos e pesquisada mais sistematicamente nas últimas 
décadas. Pontos extremos e médios nesse continuum permitem posições diversas. 
Há aqueles que duvidam até mesmo da possibilidade de ensinar um professor a 
ensinar, pois isto é uma arte, e há aqueles que defendem uma programação 
rigorosa de todas as situações de ensino. Além dessas posições, há os que nem 
mesmo se preocupam com discussões sobre como tornar o ensino mais eficiente, 
pois o professor não pode ensinar, mas, simplesmente, ajudar o estudante a 
aprender.
Em toda essa controvérsia, há pessoas que assumiram suas posições, como é 
o caso das autoras deste livro. Preocuparam-se com o comportamento de quem 
aprende e procuram planejar as condições para seu aprendizado.
Essa tomada de posição é decorrente do trabalho que ambas desenvolvem 
tanto em Psicologia, como em Educação. Ambas ensinam. Ambas têm um 
referencial teórico comum.
Neste livro, encontramo-nos diante de uma fase do processo de ensinar que 
deve ser reforçador para ambas. De um trabalho de mestrado de Marilda 
Fernandes Danna, no qual se percebia a contribuição significativa do orientador, 
da sugestão da banca examinadora, da qual fazíamos parte, de que efetuassem 
modificações na tese para transformá-la em livro, surgiu um trabalho novo. 
Possivelmente, o resultado desse trabalho, como se apresenta hoje, é um reforço 
para a aluna que passa a trabalhar com sua orientadora em co-autoria.
Maria Amélia Matos tem se destacado por sua atuação em congressos, 
conferências, sociedades científicas em geral e na Universidade de São Paulo 
como professora de Psicologia Experimental, tanto a nível de graduação, como de 
pós-graduação. Nesse trabalho didático, os reforçadores adicionais à professora 
são pouòos: fica apenas a gratidão e a admiração de seus orientandos e a 
aprendizagem que ocorre, após a orientação segura, da qual a tese é produto final, 
e possivelmente, a satisfação de formar pessoas que atuem proficuamente em sua 
área de pesquisa. É portanto reconfortante verificarmos que esse livro traz a 
colaboração tanto da orientanda como de sua orientadora, podendo ser um 
reforçador adicional não cogitado: a passagem por diversas etapas de trabalho, 
obrigando novas formas de relacionamento e d satisfação de ter um livro 
publicado.
É importante, pois, que um trabalho que tem como objetivo ensinar alunos a 
coletar dados sobre o comportamento em situação ambiental, seja feito por
17
professores de Psicologia que atuem na Universidade. Que o resultado seja fruto 
da experiência, conhecimento e análise de dados, de pessoas que amadureceram 
mais ainda, trabalhando. É obra ímpar, porque foi iniciada como pesquisa no 
trabalho de dar aulas e pela maneira de apresentar o conteúdo para estudantes de 
Psicologia.
As autoras planejam seu material instrucional. Modelam o comportamento do 
estudante e, progressivamente, introduzem conceitos. As perguntas possíveis do 
aluno são apresentadas nos primeiros capítulos: por que um curso de observação e 
quais as características da observação científica que tornam necessário um 
treinamento. Aos poucos o aluno vai sendo conduzido, não só a entender as 
diversas maneiras de ver um fato, como as diferentes maneiras de definir o 
comportamento e a necessidade de definir claramente os objetivos, para que possa 
observar os fatos relevantes para determinada situação. Os exemplos, no decorrer 
do livro, vão tornando claro porque existe um sistema de notação mais adequado, 
com convenções que facilitam a anotação de dados, bem como da possibilidade 
do aluno criar um sistema próprio de observação e de símbolos.
Notamos o cuidado na programação do material e percebemos como o 
mesmo decorre da experiência analisada, quando verificamos os locais em que 
várias informações aparecem. De fato, estas encontram-se exatamente onde 
perguntas poderiam ser formuladas pelo leitor. Há ainda os exemplos, o material 
de observação e as ilustrações, que abrangem desde o ambiente de interação da 
mãe e da criança em sua sala de estar, até uma pessoa patinando. Cada material 
está adequado ao que se pretende ensinar a observar naquele momento. Se vamos 
aprender a observar expressões faciais, são apresentados rostos de menina, 
menino, homem e mulher, e respostas simples, como levantar a mão, são 
escolhidas para rediscutir o problema da definição do comportamento.
Importante ainda foi a variação de situações, todas diferentes, e as várias 
tarefas nos exercícios de estudo, desde erros a corrigir e coleta de dados diante de 
projeções, até identificação de eventos. Existe a dificuldade crescente das tarefas 
propostas, mas tomou-se cuidado para que comportamentos e conceitos 
necessários para a execução de tarefas novas já fossem dominados pelo 
estudante. Ele vai se assegurando de sua maestria através das questões de estudo 
que facilitam sua aprendizagem, servindo quer como roteiro, quer como avaliação 
do que aprendeu e, para assegurar-se a eficácia de seu trabalho, há ainda 
exercícios de avaliação.
O livro é um trabalho que entusiasma, pois leva o leitor a percorrer os 
caminhos propostos. Ao profissional experiente e conhecedor do assunto serve 
como modelo de trabalho, obrigando-o a perceber as opções das autoras na 
maneira de programar seu material. Destaca-se aí a preocupação com a 
demonstração da relevância da observação nas várias áreas de atuação do 
psicólogo. Nos exemplos sobre a observação do comportamento do agricultor ou 
do pedreiro pode existir uma amostra de como o trabalho dos psicólogos pode se 
estender. Há ainda a surpresa de verificar que o aluno chega em seu trabalho, 
através do livro, ^té classes de comportamentos.
Ao aluno, é um guia seguro para trabalhar independentemente de seu 
referencial teórico. Ele fará algo e prosseguirá em seu trabalho. A ele é dada a 
certeza de que as cousas que faz são relevantes para sua aprendizagem. Ele 
mesmo poderá ir se avaliando através dos exercícios e verificações apresentadas. 
Contingente a seu trabalho, obtém os reforçadores: dominou aquele assunto,
18
poderá seguir sem dificuldade a tarefa seguinte e, no final do livro, sintetizará suas 
observações em classes de comportamentos de acordo com sua função ou 
morfologia. Mais importante ainda: poderá iniciar suas próprias observações; 
saberá fazê-lo.
Resta ainda uma palavra: a bibliografia citada é geralmente de autores 
brasileiros. E o livro em si, como foi realizado, pode servir como modelo de uma 
maneira de produzir material relevante, decorrente do trabalho em cursos. 
Ensinar passará a ser uma maneira do professor produzir material que será 
avaliado por seus próprios alunos, podendo atingir mais adequadamente o 
estudante e propiciar ao professor novos reforçadores para seu desempenho. A 
educação começará a ter o lugar que merece. A sala de aula será o laboratório e a 
função do professor, como transmissor de saber e de cultura, poderá ter a 
dignidade perdida.
Este livro pode ser o início de um belo caminho para todos nós, por isso 
agradeço às autoras por o estarem publicando e permitirem que apresente os 
:rabalhos de uma antiga aluna de graduação, muito querida, e de uma colega, a 
quem respeitamos.
Rachel Rodrigues Kerbauy 
Prof* do Instituto de Psicologiada Universidade de São Paulo
19
Introdução
A necessidade da observação do comportamento humano é um fato 
reconhecido pelo psicólogo. A observação está envolvida, de forma direta ou 
indireta, em todas as atividades profissionais por ele executadas. Ao fazer uma 
entrevista, ao aplicar um teste, ao fazer uma dramatização, durante um 
treinamento, o psicólogo está continuamente fazendo uso de observação.
Entretanto, embora todos admitam sua importância, a ênfase dada aos 
procedimentos de observação e o nívél de exigência nos registros variam, em 
função do enfoque teórico do psicólogo. Os psicólogos comportamentais, em 
geral, são bastante rigorosos com relação aos procedimentos de observação e 
registro. Estes psicólogos preferem a observação sistemática aos testes, e a 
consideram como um dos principais instrumentos de coleta de dados acerca do 
comportamento e da situação ambiental. Esta preferência pode ser vista no 
trabalho desenvolvido por Mejias (1973), em situação escolar, e nas descrições 
sobre o uso da observação, em programas de modificação de comportamento, 
feitas por Windholz (1975) e por Jacquemin e Alves (1976).
Nos últimos anos, sob influência da Etologia, vem ocorrendo um interesse 
crescente pela pesquisa observacional do comportamento humano. Como 
exemplo podemos citar os estudos de McGrew (1972), aqueles relatados por Hutt 
e Hutt (1974), e Blurton Jones (1972).
No Brasil, já é grande o número de estudos observacionais do 
comportamento em situação natural. Entre eles destacamos os trabalhos que 
focalizam a interação mãe-criança (Solitto, 1972; Alves, 1973; Batista, 1978); a 
interação criança-criança (Carvalho, 1977 e 1978; Ferreira, 1978a; Vieira, 1979-, 
e Branco e Mettel, 1980); a interação professor-aluno (Barreiro e Alves, 1979a e 
1979b; Simonassi e Mettel, 1980); os comportamentos do aluno em sala de aula 
(Marturano, 1978 e 1979; Rodrigues, 1979); o brinquedo, a exploração e o jogo 
(Mettel e Branco, 1978; Vieira, 1978); e as condições e comportamentos em 
creches (Secaf e Ferreira, 1980; Borges e Mettel, 1980). Além destes, destacamos 
ainda os trabalhos sobre interação verbal mãe-criança realizados por Marturano 
(1975, 1976 e 1977), Stella (1976) e Prorok e Silva (1979), em condições naturais 
e de laboratório; e os estudos experimentais de Ferreira (1978b), Secaf e Ferreira 
(1978) sobre a reação da mãe e da criança em episódios estruturados de 
separação.
21
O reconhecimento da importância da observarão e evidenciado pelo fato de 
que cursos de observação do comportamento vêm sendo incluídos no currículo de 
Psicologia, quer como disciplinas autônomas, quer como parie do programa de 
outras disciplinas, em geral em Psicologia Experimental, Psicologia do 
Desenvolvimento e Psicologia Social.
A existência desses cursos, entretanto, traz algumas dificuldades àqueles que 
se propõem a ministrá-los. A primeira, relaciona-se à definição dos objetivos e 
programa da disciplina. A escolha de objetivos para um curso de observação, 
ministrado ao nível de graduação em Psicologia, devido a diversidade de 
finalidades a que a observação atende e a variedade de problemas envolvidos com 
a sua utilização, torna-se uma decisão arbitrária. As possibilidades de conteúdo 
são muitas e vão desde a discussão dos enfoques observacionais, dos problemas 
relativos ao uso da observação, da seleção dos eventos observados, da 
interferência do observador na situação, da ética da observação, das técnicas de 
registro utilizadas, da fidedignidade dos registros, do estabelecimento de 
categorias comportamentais, etc., até o planejamento e execução de um estudo 
observacional.
A segunda dificuldade advém do fato de inexistirem textos de apoio que 
forneçam dicas acerca de como proceder na situação de observação, isto é, textos 
que ensinem o aluno a observar1. E a terceira, é a dificuldade que o professor 
encontra para avaliar e acompanhar o desempenho do aluno durante seu 
treinamento em observação.
Frente à necessidade de planejar um curso de observação, e cientes destas 
dificuldades, partimos para a busca de soluções. A proposta de curso que 
apresentamos neste livro é uma entre as muitas possíveis, e foi tomada tendo em 
vista a população à qual desejamos atingir: psicólogos em formação, que ainda 
não se definiram por uma orientação teórica de trabalho.
O curso é introdutório e pretende ajudar a desenvolver algumas habilidades 
básicas que sirvam tanto ao futuro pesquisador, que se proponha a conduzir um 
estudo observacional, como ao futuro profissional, que pretenda utilizar a 
observação sistemática em seu trabalho. Embora saibamos que muitas 
orientações trabalham de forma diferente, consideramos que o treinamento em 
observação e registro de eventos será útil ao aluno, uma vez que o levará a atentar 
para as particularidades do comportamento e as circunstâncias em que ele ocorre, 
coisas que são importantes independente do tipo de orientação teórica abraçada.
Ao definir os objetivos terminais do curso, consideramos como fundamental 
a utilização da linguagem objetiva nos relatos observacionais. O uso da linguagem 
objetiva elimina a confusão com relação a interpretação dos eventos observados 
e, segundo Ferster, Culbertson e Boren (1977), permitiria a comunicação das 
descobertas realizadas por profissionais de diferentes orientações teóricas.
. Outras habilidades consideradas básicas foram: a identificação das 
condições em que os comportamentos ocorrem e a classificação e definição dos 
comportamentos observados. A descrição das condiçõe_s_ em que os 
comportamentos ocorrem tem se mostrado relevante para o estabelecimento de 
hipóteses explicativas do comportamento. A identificação das condições envolve
a descrição do sujeito, a especificação do local onde o organismo se encontra, e as 
mudanças no ambiente imediato que ocorrem durante a permanência do 
organismo na situação, isto é, os eventos antecedentes e conseqüentes ao seu 
comportamento.
Por outro lado, o mero registro dos comportamentos em linguagem objetiva 
não basta. Numa etapa posterior, é necessário que o observador identifique as 
características comuns existentes entre os comportamentos observados, 
classifique-os e descreva os critérios utilizados na classificação. Do mesmo modo, 
a definição dos critérios permite a comunicação e a repetição, por outros 
observadores, dos registros efetuados. Duas são as formas de classificação 
abordadas no livro, uma se refere à morfologia, ou melhor, à postura e padrão do 
movimento apresentado; outra se refere à função, ou melhor, ao efeito que o 
comportamento produz no ambiente. A escolha de uma ou outra vai depender dos 
objetivos da própria observação.
Outra opção, feita ao planejar o curso proposto, foi com relação à técnica de 
registro a ser ensinada. Escolheu-se a técnica de registro contínuo porque a mesma 
independe de conhecimento anterior da situação a ser observada, permite manter 
a linguagem própria do aluno e, conseqüentemente, pode ser utilizada em 
qualquer fase do trabalho. Além disso, a técnica de registro contínuo fornece 
informações não só com relação ao tipo de evento observado, mas com relação à 
sua seqüência temporal e freqüência.
O curso visa quatro objetivos e é composto por treze unidades de ensino. As 
unidades estão relacionadas a um objetivo ou mais. A tabela, apresentada a 
seguir, mostra os objetivos terminais do curso e as unidades em que são 
desenvolvidos.
Objetivos terminais e unidades correspondentes
Objetivo terminal Unidade
I — Observar e descrever o sujeito, o ambiente físico e o 
ambiente social da situação de observação, utilizando
para isso uma linguagem científica; 2-3-4
II — Observar e registrar os eventos comportamentais e
ambientais, utüizando a técnica de registro contínuo; 2-5-6-7-S
III — Identificar os eventos antecedentes e conseqüentes
ao comportamento; 2-7-8
IV - Definir classes de comportamento pela morfologia
e/ou função. 2-9-10-11-12-13
Devido à escassez de publicações sobre comoobservar e registrar, tivemos 
que escrever os textos destinados ao curso. Os textos descrevem, justificam e 
exemplificam as etapas do trabalho de observação, sendo completados por 
exercícios e instruções para as atividades práticas de observação e registro. Os 
textos estão relacionados aos objetivos da unidade, mas, se necessário, poderão 
ser utilizados isoladamente por professores, procurando extrair material e 
sugestões para cursos de observação.
23
Para poder acompanhar e avaliar o desempenho dos alunos nas atividades 
de observação e registro, sem a necessidade de fazer uso de atividades de campo, 
recorremos a recursos audiovisuais. Audiovisuais, tais como o videoteipe, têm 
sido utilizados para o treinamento de observadores (Blumberg, 1971; Nay e 
Kerhoff, 1974; Jenkins, Nadler, Lawler e Cammann, 1975). A utilização de 
videoteipe ou de filme para o treinamento é vantajosa na medida em que:
a) permite selecionar os comportamentos e ambientes a serem apresentados e 
graduar suas dificuldades; b) possibilita avaliar com precisão a execução dos 
observadores, uma vez que facilita a comparação entre os registros efetuados e 
eventos observados; e c) permite a interrupção e repetição das cenas. A 
interrupção da cena, por sua vez, possibilita o feedback imediato ao desempenho 
do observador, enquanto que a repetição facilita a análise das dificuldades.
Um dos recursos audiovisuais utilizados foi o filme. Foram produzidos três 
filmes super 8, destinados às atividades práticas de observação e registro das 
unidades 4, 5, 6 e 8. O primeiro filme focaliza o ambiente físico onde a ação se 
desenvolverá e, posteriormente, os comportamentos motores apresentados por 
uma criança num parque infantil. O segundo, enfoca as expressões faciais e ações 
motoras de uma pessoa numa situação de espera; e o terceiro, o ambiente físico e 
social e as interações entre uma pessoa e seu ambiente. Convém esclarecer que 
embora os filmes façam parte do material do curso, o mesmo poderá ser 
ministrado independentemente destes.
Outro material audiovisual utilizado é a fotografia. Fotografias aparecem 
como recurso tanto para a descrição do ambiente, como para a descrição de 
comportamentos, principalmente na classificação e definição de classes de 
comportamento.
O livro contém o material escrito referente às treze unidades de ensino. Uma 
ficha de apresentação antecede o material de cada unidade. A ficha de 
apresentação descreve os objetivos da unidade, o material contido no livro e as 
atividades propostas.
O material contido neste livro consiste, basicamente, em textos, questões e 
exercicios de estudo, instruções para as atividades práticas, protocolo de 
observação e folhas de análise.
As atividades propostas são: ler texto e/ou instrução, responder questões de 
estudo, resolver exércício de estudo, participar de discussão, observar e registrar, 
analisar os registros, responder questões ou resolver exercício de avaliação. Seria 
importante que, antes de ler qualquer texto de instrução, o aluno se familiarizasse 
com os objetivos descritos na ficha de apresentação da unidade respectiva. 
Igualmente, tem mostrado nossa experiência que, se o aluno executar as 
atividades indicadas nessa ficha, na ordem em que estão listadas, seu 
aproveitamento será maior, porque sua aprendizagem será cumulativa.
Os textos procuram fundamentar o trabalho a ser realizado. As instruções 
visam orientar o leitor com relação à atividade prática a ser desenvolvida. Elas 
descrevem o objetivo do trabalho a ser realizado, o material a ser utilizado, bem 
como fornecem informações sobre o preenchimento do protocolo de observação e 
folhas de análise. As questões de estudo pretendem levar o leitor a rever e analisar 
o texto lido. Os exercicios de estudo tentam favorecer a aprendizagem. Eles 
consistem na análise de relatos de observação ou de definições, e na descrição de 
situações e comportamentos. As situações e comportamentos a serem descritos
24
são ilustrados por fotografias. A atividade de discussão visa solucionar as dúvidas 
existentes com relação ao material, assim como fornecer feedback aos 
comportamentos apresentados nas atividades anteriormente realizadas.
As atividades de observação e registro, nas unidades 4, 5. 6 e 8, são feitas 
recorrendo-se a projeção de filmes. O professor poderá substituir os filmes por 
outros recursos, tais como dramatização ou observação em situação natural. 
Descrições detalhadas de como utilizar os filmes ou de como substituí-los são 
fornecidas no Manual do Professor. Ao realizar uma atividade prática, o 
observador deverá preencher o protocolo de observação, e no caso da Unidade 8, 
também as folhas de análise.
25
UNIDADE 1
A N ECESSIDADE 
D A O B S ER V A Ç Ã O 
EM C IÊN C IA
objetivos
Ao final da unidade, o leitor deverá ser capaz de verbalizar sobre:
• A observação com o um instrum ento para a coleta de dados acerca do 
com portam ento e, da situação am biental
• A im portância da observação para o psicólogo
• As características da observação científica
• A necessidade de treinam ento em observação
material
• Texto: “ Por que um curso de observação?”
• Questões de estudo
atividades
• Ler o texto “ Por que um curso de observação?”
• Responder as questões de estudo
• Participar de um a discussão sobre as questões de estudo
• R esponder as questões de avaliação
Por que um curso de observação?
É a pergunta natural que surge no início do curso. Os alunos, em geral, estão 
interessados em saber em que medida o curso de observação contribuirá para 
sua formação profissional. Para responder a esta questão, é necessário analisar a 
importância do uso da observação na atividade profissional do psicólogo.
0 psicólogo, quando atua como cientista do comportamento, investiga, 
descreve e/ou aplica princípios e leis de comportamento. Quer na descoberta, 
quer na aplicação dos princípios e das leis, o psicólogo lida principalmente com 
informações a respeito do comportamento e das mudanças no ambiente físico e 
social que se relacionam àquele comportamento. Assim, poderíamos dizer que um 
psicólogo está basicamente interessado em responder a duas questões gerais: O 
que os organismos fazem? Em que circunstâncias ou sob que condições 
ambientais?
Ao longo do desenvolvimento da Psicologia como ciência, a observação tem 
se mostrado o instrumento mais satisfatório na coleta dos dados que respondem 
àquelas duas questões. Por quê? O uso de informações obtidas através da_ 
observação parece colocar o cientista mais sob a influência do que acontece na 
realidade do que sob a influência de suposições, interpretações e preconceitos. 
Isto, é claro, possibilita uma melhor compreensão da natureza e ações 
transformadoras mais eficazes. Por exemplo, uma pessoa supõe que um fenômeno 
tem uma determinada causa; se a sua suposição se baseia em dados obtidos 
através da observação, provavelmente esta pessoa não só explicará, como poderá 
prever, produzir, interromper ou evitar o fenômeno como uma possibilidade de 
acerto maior do que quem usa outros recursos. Mas, não basta que esse indivíduo 
sozinho tenha observado o fenômeno para ele ser tomado como real. E não há 
maiores méritos em fazer esse trabalho, se a sociedade não pode participar dele. O 
cientista que registra e relata as suas observações, permite que outros possam 
repetir o que ele está fazendo. Assim, seus procedimentos e conclusões podem ser 
criticados, aperfeiçoados e aplicados por outras pessoas. A observação é um 
instrumento de coleta de dados que permite a socialização e conseqüentemente a 
avaliação do trabalho do cientista. Através da observação sistemática do 
comportamento dos organismos, em situação natural ou de laboratório, os 
pesquisadores têm conseguido identificar algumas das relações existentes entre o 
comportamento e certas circunstâncias ambientais.
Por exemplo, o uso da observação tem permitido descobrir que o 
comportamento é influenciado pelas conseqüências que produz no ambiente;que
28
os modos pelos quais essas conseqüências se distribuem no tempo determinam 
diferentes padrões de comportamento; que o comportamento pode ficar sob 
influência de estímulos particulares do ambiente, em detrimento de outros.
A observação é utilizada para coletar dados 
acerca do comportamento e da situação 
ambiental.
Além disso, a observação é utilizada pelo psicólogo nas diferentes situações 
de aplicação da Psicologia, tais como, clínica, escola e indústria. Na clinica o 
psicólogo recorre á observação ao investigar, por exemplo, a queixa apresentada 
pelo cliente, isto é, para identificar o que vem a ser “agressividade”, 
“nervosismo”, “dificuldades na aprendizagem”, “timidez”, “ciúmes”, etc; sua 
freqüência, assim como as situações em que estes comportamentos ocorrem. Os 
psicólogos escolares recorrem à observação para identificar dificuldades de 
socialização, deficiências na aprendizagem, assim como deficiências no ensino 
ministrado ou mesmo no currículo da escola. O psicólogo industrial recorre à 
observação para identificar as necessidades de treinamento, a dinâmica dos 
grupos de trabalho, para fazer análise de função, etc.
_ Baseado nessas observações, o psicólogo faz o diagnóstico preliminar da, 
situação-problema, isto é, identifica as deficiências existentes, identifica as
variáveis que afetam o comportamento e os recursos disponíveis no ambiente.
Com estes elementos, ele é capaz de decidir quais são as técnicas e procedimentos, 
mais adequados para obter os resultados que pretende atingir.
A observação, entretanto, não se limita a estas duas fases iniciais. Ao 
introduzir modificações na situação, isto é, durante e após aplicação de um 
procedimento, o psicólogo utiliza a observação também para avaliar a eficácia 
das técnicas e procedimentos empregados. O psicólogo clínico observa o 
desempenho de seu cliente; o psicólogo escolar, o desempenho de alunos e 
professores; o psicólogo industrial, o desempenho dos funcionários para verificar 
a ocorrência ou não de alterações comportamentais. Através deste 
acompanhamento, o psicólogo tem condições de avaliar o grau de mudança na 
situação e, portanto, a eficácia de suas técnicas terapêuticas, dos programas de 
ensino e treinamento utilizados.
Os dados coletados por observação são usados 
para diagnosticar a situação-problema, para 
escolher as técnicas e procedimentos a serem 
empregados e para avaliar a eficácia dessas 
técnicas e procedimentos.
Os dados coletados por observação referem-se aos comportamentos 
exibidos pelo sujeito: contatos físicos com objetos e pessoas, vocalizações e 
verbalizações, movimentações no espaço, expressões faciais, gestos, direções do 
olhar, posturas e posições do corpo, etc. Os dados referem-se também à situação 
ambiental, isto é, às características do meio físico e social em que o sujeito se 
encontra, bem como às mudanças que ocorrem no mesmo.
29
—
O tipo de dado a ser coletado depende do objetivo para o qual a observação 
está sendo realizada. Se a observação tem por objetivo identificar o repertório de 
comportamento1 de um sujeito, o psicólogo registrará todos os comportamentos 
que o sujeito apresenta durante a observação. (Naturalmente, que ao registrar 
todos os comportamentos do sujeito, o grau de precisão da observação torna-se 
menor do que quando o observador seleciona os comportamentos a serem 
registrados.) Se a observação tem por objetivo identificar as variáveis que 
interferem com um dado comportamento, o observador registrará toda vez que o 
comportamento ocorrer, bem como as circunstâncias ambientais que 
antecederam e seguiram a esse comportamento. Por exemplo, registrará o local 
em que o sujeito se encontra, o que acontece neste local antes e depois da 
ocorrência do comportamento, bem como o comportamento de outras pessoas 
que estão presentes no local. Se o objetivo da observação é detectar a eficácia de 
um procedimento sobre um dado comportamento, o observador registrará o 
comportamento antes, durante e após a aplicação do procedimento, bem como as 
características de que se reveste a aplicação daquele procedimento.
O objetivo da obsenação determ ina quais serão 
os dados a serem coletados.
Neste ponto é necessário esclarecer que a observação a que nos referimos 
neste texto difere da observação casual que fazemos no nosso dia-a-dia. A 
observação científica a que nos referimos é uma observação sistemática e 
objetiva.
Entendemos que a observação é sistemática pelo fato de ser planejada e 
conduzida em função de um objetivo anteriormente definido. Como já foi dito, a 
definição do objetivo ajuda o investigador a selecionar, entre as inúmeras 
possibilidades, aquelas características que transmitem a informação relevante. As 
observações científicas são realizadas em condições explicitamente especificadas. 
Especificar as condições, ou melhor, planejar as observações, significa 
estabelecer:
• onde: em que local e situação a observação será realizada;
• quando: em que momentos ela será realizada;
• quem: quais serão os sujeitos a serem observados;
• o que: que comportamentos e circunstâncias ambientais devem ser 
observados; e
• como: qual a técnica de observação e registro a ser utilizada.
A objetividade na observação significa ater-se aos fatos efetivamente 
observados. Fatos que sejam visíveis, audíveis, palpáveis, degustáveis, cheiráveis, 
enfim, perceptíveis pelos sentidos. Desta forma deixam-se de lado todas as 
impressões subjetivas e interpretações pessoais.
1. Repertório comportamental: conjunto de comportamentos de um organismo.
í 30
A observação científica é uma observação 
sistemática e objetiva.
Por que um curso de observação? - perguntamos. Tendo em vista que a 
observação científica é utilizada pelo psicólogo como um instrumento para coletar 
dados, e que a observação científica é uma observação sistemática e objetiva, que 
requer a adoção de procedimentos específicos de coleta e de registro de dados, 
consideramos de fundamental importância um curso que possibilite o treinamento 
dos alunos no uso deste instrumento.
O curso proposto tem por objetivo oferecer um treinamento em observação 
e registro do comportamento e das circunstâncias em que este comportamento 
ocorre. Um treinamento que atenda as exigências de sistematização e objetividade 
da observação. Ao longo do curso discutiremos também alguns cuidados técnicos 
e éticos que o observador precisa e deve atender durante o seu trabalho.
1) Por que considerar a observação um instrumento de trabalho para o 
psicólogo?
2) Identifique quatro situações em que o psicólogo utiliza a observação. 
Exemplifique.
3) Para que servem os dados coletados por observação?
4) Que tipo de dados são coletados por observação?
5) Em que medida o objetivo da observação se relaciona ao tipo de dado 
coletado?
6) Quais são as características de uma observação científica?
7) O que é uma observação sistemática?
8) O que é uma observação objetiva?
9) Por que é importante um curso de observação?
10) Explique o objetivo deste curso.
Para atender as características de uma 
observação científica é necessário um treino 
específico.
estudo
31
UNIDADE 2
A IM PO RTÂ N C IA D A 
L IN G U A G EM CIEN TÍFICA
objetivos
D ado um relato de observação, o leitor deverá ser capaz de:
• Identificar os trechos do relato que contrariam as características de um a 
linguagem científica
• Identificar as características da linguagem científica que estão sendo 
violadas em cada um desses trechos
material
• Texto: “ A linguagem científica”
• Questões de estudo
• Exercício de estudo
atividades
• Ler o texto “ A linguagem científica”
• Responder as questões de estudo
• Resolver o exercício de estudo
• Participar de um a discussão sobre as questões e/ou exercício de estudo
• Resolver o exercício de avaliação
33
A linguagem científica
A maioria das pessoas costuma observar ocorrências e relatá-las a outrem. 
Dependendo do objetivo a que servem, observação e relato de ocorrências podemser feitos de diferentes maneiras. Para a ciência, cujo objetivo é predizer e 
controlar os eventos da natureza, um fato só adquire importância e significado se 
é comunicado a outros através de uma linguagem que obedece a certas 
características. E é sobre as características da linguagem científica que iremos 
falar neste texto.
A linguagem científica difere da que usamos em nossa vida diária, a 
linguagem coloquial, bem como da usada na literatura.
No exemplo a seguir, temos um trecho extraído da literatura. Quando você 
está lendo um romance, provavelmente encontra relatos de acontecimentos que 
fazem uso de uma linguagem semelhante a esta:
“Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do Arsenal da 
Marinha e enfiou pela Rua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a 
fina flor dos marujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos. 
A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à 
terra tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:
- Ah,Venta-Grande! Que noite de almirante você vai passar! Ceia, viola e os 
braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva . . . chamava-se Genoveva, 
caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido”. (Machado de 
Assis - Noite de almirante. Em Antologia escolar de contos brasileiros. Rio 
de Janeiro: Ed. de Ouro, 1969, p. 15.)
Analisemos o exemplo. Trata-se de um relato literário. Evidentemente o 
autor não pretende descrever apenas o que aconteceu realmente. Também não 
necessita fazê-lo da maneira mais fiel possível. Lógico! O trabalho de um escritor 
não exige que o que ele conta seja constatado da mesma maneira pelos outros. Ele 
não quer demonstrar fatos. Sua tarefa é mais comunicar e produzir impressões 
sobre coisas que podem até não ter acontecido. O objetivo de um escritor permite, 
e até exige, que “dê asas à sua imaginação”.
Se o comportamento de Deolindo e os aspectos do ambiente que atuam 
sobre seu comportamento estivessem sendo descritos cientificamente, seria 
aproximadamente assim:
“Deolindo é marujo. A corveta à qual serve encontra-se no porto, após uma 
viagem de 6 meses. Deolindo, 10 minutos após ter obtido licença, dirigiu-se à 
terra. Saía do Arsenal da Marinha e os companheiros disseram, sorrindo:
34
-Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante você vai passar! Ceia, viola e os 
braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva . . .
Genoveva é cabocla, tem vinte anos e olhos pretos. Às três horas da tarde, 
Deolindo dirigiu-se à Rua de Bragança”.
O que parece logo “saltar aos olhos” é que o relato aproximadamente 
científico não tem poesia. Isto mesmo! Um relato científico não usa o recurso da 
linguagem figurada, não recorre a interpretações, nem a impressões subjetivas.
à objetividade é uma característica fundamental da linguagem científica. 
Tentemos agora observar algumas mudanças sofridas pelo texto quando foi 
transformado em linguagem aproximadamente científica:
O apelido Venta-Grande bem como a informação que estava entre 
parênteses foram suprimidos. Trata-se de uma linguagem coloquial. Também 
foram suprimidos o termo batiam (referente às horas), e as frases: “Era a fina flor 
dos marujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos”. Excluiu-se, 
do mesmo modo, os termos esperta (referente a Genoveva) e atrevido (atributo 
para o olho de Genoveva). Tais mudanças excluem recursos de linguagem, os 
quais representam impressões subjetivas do autor e se referem a eventos ou 
características que não foram observados.
Observemos também que os termos longa (referente à viagem) e depressa 
(referente à saída de Deolindo para a terra), foram substituídos por medidas (6 
meses; 10 minutos). Uma linguagem científica não comporta termos como 
“longa” e “depressa”, os quais permitem várias interpretações a respeito do 
tempo real.
A ordem de alguns trechos da descrição foi mudada. Num relato científico, 
na maioria das vezes, a apresentação dos eventos na ordem em que ocorreram é 
da maior importância. Já imaginou se você fosse descrever o comportamento da 
abelha fazer mel e citasse as ações da abelha fora de ordem? E se isso acontecesse 
com um relato científico das ações envolvidas no preparo de um bolo?
Bom, voltemos às mudanças na estória do Deolindo. Embora seja uma 
linguagem coloquial e com figuras de estilo, a fala dos companheiros de Deolindo 
não foi suprimida ou alterada. Por quê? Trata-se de uma reprodução do que 
realmente foi dito. É a linguagem dos personagens, não do autor. Em alguns 
casos, o cientista pode ter como objetivo descrever as características das 
interações verbais entre pessoas. Poderá então usar transcrições no seu relato.
Não vamos agora esperar que todas as pessoas passem a usar uma 
linguagem científica. O que determina .a adequação das características da 
linguagem é o objetivo. É óbvio que a estória do Deolindo, se fosse contada pelo 
escritor de modo aproximadamente científico, não teria beleza. Seria um desastre!
E o que dizer de duas amigas que contassem as “novidades” daquela maneira?
Um escritor, um cientista e uma pessoa comum, pretendem influenciar seus 
ouvintes e leitores, de maneira diferentes. Portanto, usam linguagens com 
características diferentes.
Psicólogos e cientistas do comportamento são 
pessoas comuns que usam linguagem coloquial 
no seu dia-a-dia. Mas na sua atividade 
profissional, quando estão interessados em 
descrever, explicar e alterar o comportamento 
devem usar uma linguagem científica.
35
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM CIENTÍFICA
Como já foi sugerido, a objetividade é a característica fundamental da 
linguagem_científica. Pela objetividade, o relato científico se distingue dos demais. 
Sem objetividade não teríamos bases sólidas para estudar um fenômeno; 
estaríamos estudando apenas a opinião das pessoas que supostamente estão 
“descrevendo” o fenômeno.
A linguagem objetiva busca eliminar todas as impressões pessoais. e _ 
subjetivas que o observador possa ter, ou interpretações que ele possa dar acerca 
dos fatos.
Vimos anteriormente como seria o relato em linguagem objetiva da estória 
de Deolindo. Vejamos outro exemplo. São dadas, a seguir, duas descrições dos 
comportamentos apresentados por uma senhora dentro de um ônibus; a primeira 
é um relato não objetivo e a segunda é feita em linguagem objetiva.
Relato n9 1
1) s \n á a à procura de um lugar para 
se sentar.
2) Como não encontra, pára em 
frente ao primeiro banco, atrás do 
motorista. Tenta pedir um lugar 
aos passageiros que se encontram 
sentados naquele banco.
3) Como ninguém se incomoda, 
cansada, ela desiste.
Relato n9 2
1) ônibus com todos os assentos 
ocupados. S dentro do ônibus, de 
pé, anda em direção à porta 
dianteira do ônibus.
2) Ônibus com todos os assentos 
ocupados. S parada em frente ao 
primeiro banco, atrás do motorista, 
de pé, vira a cabeça em direção aos 
passageiros que estão sentados no 
banco.
3) Ônibus com todos os assentos 
ocupados. S parada em frente ao 
primeiro banco atrás do motorista, 
de pé; passageiros do banco olham 
em direção à rua, S expira fundo e 
fecha os olhos.
Ao analisar os relatos verificamos que o termo “cansado” se refere a uma 
impressão do observador acerca do estado do sujeito, e que o mesmo foi 
eliminado e substituído, no segundo relato, pela descrição dos comportamentos 
exibidos pelo sujeito naquele momento, “expira fundo e fecha os olhos”. Foram 
também eliminadas, no segundo relato, as interpretações: “à procura de 
um lugar para sentar” ; “como não encontra” ; “tenta pedir um lugar aos 
passageiros” ; “como ninguém se incomoda” e “ela desiste”.
A importância da objetividade na linguagem torna-se evidente quando se 
comparam os dois relatos. No primeiro, as ações do sujeito são descritas de 
acordo com um determinado ponto de vista, que pode ou não estar correto.
1. Nos relatos de observação é costume, para evitar a divulgação nos nomes, identificar, 
através de letras, as pessoas presentes na situação. A letra maiúscula S é, em geral,utilizada para designar o sujeito observado.
36
Possivelmente, se outro observador estivesse presente na situação, interpretaria as 
ações do sujeito de um modo diferente. O segundo relato elimina as divergências 
entre os observadores, na medida em que descreve exatamente as ações que 
ocorrem.
Alguém poderia, entretanto, argumentar que a linguagem objetiva não 
exprime com veracidade o que está ocorrendo, uma vez que elimina informações 
relevantes acerca do fenômeno, informações que dão sentido à ação. Neste caso 
responderíamos dizendo que uma descrição mais refinada, que inclua gestos, 
verbalizações, entonação de voz, expressões faciais etc., forneceria ao leitor a 
imagem requerida.
De uma maneira geral, os principais erros contra a objetividade que devem 
ser evitados num relato são:
UTILIZAR TERMOS QUE DESIGNEM ESTADOS SUBJETIVOS
Tais como “cansada”, “triste”, “alegre”, “nervosa” etc. Ao invés de utilizar 
termos que exprimam uma impressão pessoal acerca do estado do sujeito, o 
observador deve descrever aquilo que observou, ou melhor, os indicadores 
comportamentais de um estado subjetivo. Indicadores tais como, postura 
corporal, gestos e expressões exibidos pelo sujeito. Por exemplo, ao invés de 
registrar “5 está alegre”, o observador registrará “S sorri”.
ATRIBUIR INTENÇÕES AO SUJEITO
Por exemplo: “tenta pedir um lugar aos passageiros”, “a professora ia 
pegar o apagador” etc.
Ao invés de interpretar as intenções do sujeito, o observador deve descrever 
as ações observadas. Nos exemplos, ao invés de registrar “tenta pedir um lugar 
aos passageiros”, o observador registrará “vira a cabeça em direção aos 
passageiros” ; ao invés de registrar “a professora ia pegar o apagador”, o 
observador registrará “a professora estende a mão em direção ao apagador”.
ATRIBUIR FINALIDADES À AÇÃO OBSERVADA
Por exemplo, “5 fecha a porta porque venta”, “S anda à procura de um 
lugar para sentar” e tc . .
Ao invés de interpretar os motivos que levaram o sujeito a se comportar, o 
observador deve descrever o comportamento e as circunstâncias em que ele 
ocorre. Nos exemplos, em lugar de escrever “5 fecha a porta porque venta” , o 
observador registrará “5 fecha a porta. Venta lá fora” ; ao invés de registrar “<S 
anda à procura de um lugar para sentar” , o observador registrará “S anda em 
direção à porta dianteira do ônibus”. É certo que S pode ter fechado a porta 
porque ventava e que ande no ônibús a procura de um lugar para sentar, mas não 
é objetivo dizê-lo, uma vez que o sujeito pode fechar a porta por outros motivos, 
assim como a senhora do nosso exemplo, que pode ter andado para a frente do 
ônibus porque ia descer no próximo ponto, ou porque viu uma pessoa que lhe 
pareceu conhecida ou sem nenhuma finalidade especial.
Algumas vezes, ocorrem eventos.os quais têm alguma relação entre si e 
acontecem um após o outro, de forma que o primeiro cria oportunidade para o 
segundo e assim sucessivamente. Um exemplo seria a situação onde alguém se
37
dirige a um armário, abre-o, retira um doce da lata que há dentro do armário e 
leva o doce à boca. Nesses casos, alguns relatos tendem a referir às últimas ações 
como uma finalidade em função da qual ocorrem as ações iniciais. “Abriu o 
armário para comer doce”. Uma linguagem científica prescinde de atribuir 
intenções às pessoas que estão sendo observadas. O correto seria relatar os 
eventos na ordem em que ocorrem, evitando termos que indicam atribuição de 
finalidade - “abriu o armário para comer doce” - ou de causalidade - “porque 
estava com fome”.
Um relato objetivo evita:
a) utilizar termos que designem estados 
subjetivos;
b) interpretar as intenções do sujeito; e
c) interpretar as finalidades da ação.
Outro aspecto que caracteriza um relato científico é o uso de uma linguagem 
clara e precisa. Uma linguagem é considerada clara e precisa quando: a) obedece 
os critérios de estrutura gramatical do idioma; b) usa termos cujo significado, 
para a comunidade que terá contato com o relato, não é ambíguo; isto é, as 
palavras usadas são freqüentemente aceitas na comunidade como referentes a 
certos fenômenos e eventos e não a outros; c) indica as propriedades definidoras 
dos termos, fornecendo referências quantitativas e empíricas, sempre que: o relato 
pode ser usado por comunidades diferentes (cientistas e/ou leigos de diferentes 
áreas de conhecimento, grupos social, econômica e culturalmente diferentes) ou 
quando, mesmo para uma comunidade restrita, os termos sem a indicação dos 
referenciais podem ser relacionados pelo leitor a eventos de diferentes naturezas e 
magnitudes. Por exemplo, termos como “longe”, “imediato”, “rápido”, “alto” 
etc., que dizem respeito a aspectos mensuráveis da natureza (distância, latência, 
velocidade, freqüência etc.) devem em geral estar acompanhados da indicação da 
amplitude de valores à qual se referem.
Se retomarmos a leitura do trecho literário que fala a respeito do 
personagem Deolindo, poderemos verificar que, diferentemente do relato 
científico, a linguagem literária não necessita obedecer rigorosamente à exigência 
de clareza e precisão. Assim, não é de surpreender que o autor se sinta 
inteiramente à vontade para dizer sobre Deolindo: . . .“levava um grande ar de 
felicida,de nos olhos” . . . “veio à terra tão depressa alcançou licença” . . .
Um cientista teria que explicitar o que observou nos olhos de Deolindo e que 
tomou como indicador de felicidade; seria uma mudança no brilho? em quanto 
mudou? seria nos movimentos palpebrares? ou seria no tamanho da pupila? O 
que quer que fosse, deveria ser descrito com precisão. A respeito de “vir à terra 
tão depressa alcançou a licença”, o que quer dizer a palavra depressa? Quanto 
tempo exatamente transcorreu entre a licença e a saída?
Para ser considerado claro e preciso, um relato deve responder previamente 
a essas interrogações.
Vejamos outro exemplo. A seguir, são apresentados dois relatos de uma 
mesma cena. O primeiro relato (n9 3) é claro e preciso, e no outro (n9 4) 
cometeram-se erros com relação à clareza e precisão.
38
Relato n? 3
1) Sobre o tapete, a meio metro da 
mesa de centro, está uma bola 
vermelha de 5 cm de diâmetro.
2) Um menino, de aproximadamente 
quatro anos de idade, anda em 
direção à bola.
3) De frente à bola, o menino agacha- 
se e a pega.
4) Levanta-se. Permanece parado de 
pé, segurando a bola por 
aproximadamente 10 segundos.
5) Grita “ô”, “ô” e joga a bola em 
direção à porta.
6) Corre em direção à bola.
Relato n9 4
1) Sobre o tapete da sala está uma 
bola pequena.
2) Uma criança movimenta-se em 
direção à bola.
3) De frente à bola, a criança muda 
de postura e a pega.
4) Levanta-se. Por algum tempo 
permanece parado de pé, 
segurando a bola.
5) Grita: “ô”, “ô” e joga a bola em 
direção à porta.
6) Movimenta-se em direção à bola.
Ao analisar os dois relatos, verificamos que os termos ou expressões 
“movimenta-se” e “muda de postura”, utilizados no relato n? 4, não descrevem 
claramente quais foram as ações observadas. E que os termos “bola .pequena”, 
“criança” e “por algum tempo” carecem de um referencial físico de comparação, 
ou seja, falta-lhes precisão.
Para preencher os requisitos de clareza e precisão na linguagem, o 
observador deve evitar o uso de:
 | TERMOS AMPLOS
Isto é, termos cujo significado inclui uma série de ações. Por exemplo, 
“brincar” pode significar “jogar bola”, “jogar peteca”, “nadar”, “pular corda” 
etc.
Em lugar de utilizar termos amplos, o observador deve especificar os 
comportamentos apresentados pelo sujeito. Ao invés de registrar “o menino 
brinca com a bola”, o observador especificará cada uma das ações apresentadas 
pelo garoto, ou seja, “o menino anda em direção à bola, pega a bola, joga-a no 
chão, chuta-a com o pé” etc. No exemplo dado anteriormente, deixará de registrar 
“a criança movimenta-se”, e indicará como o menino se movimenta, se ele anda, 
corre, engatinha etc.; ao invés de“5" muda de postura”, o observador registrará a 
mudançade postura ocorrida, se ele se agacha, deita, ajoelha etc.
TERMOS INDEFINIDOS OU VAGOS
Isto é, termos que não identificam o objeto ou identificam parcialmente os 
atributos do objeto. Por exemplo, os termos “bola pequena”, “por algum tempo”, 
“criança”, empregados no relato n9 4.
Ao invés de utilizar termos indefinidos ou vagos, o observador deve 
especificar o objeto ao qual a ação é dirigida, e fornecer os referenciais físicos 
utilizados para a descrição dos atributos do objeto; referenciais relativos a cor, 
tamanho, direção etc. Por exemplo, deixará de registrar “bola pequena”, e
39
fornecerá o diâmetro da bola, ou anotará p referencial de comparação (bola 
menor do que as outras); ao invés de registrar “a criança jogou durante algum 
tempo", o observador anotará “um menino de aproximadamente 4 anos jogou 
futebol durante mais ou menos 30 minutos”, isto é, ele especificará o sexo e a 
idade da criança, a ação que ocorre e o tempo de duração da ação. Convém 
lembrar que sç um termo tiver sido anteriormente definido, poderá ser empregado 
no registro. Por exemplo, se o observador especificar, no inicio do registro, que o 
termo “criança” se refere a um menino de aproximadamente 4 anos, poderá 
utilizar este termo posteriormente.
Isto é, quando numa expressão, um termo pode ser referente tanto ao sujeito 
da frase quanto a seu complemento, o observador deve usar termos adicionais que 
indiquem precisamente a que ou quem o termo se refere. Por exemplo: ao 
registrar “P amarra o sapato. Encosta na parede”, alguém poderia indagar: P 
encostou-se ou encostou o sapato á parede? Cuidado semelhante deve ser tomado 
quando se usam palavras que podem ter vários significados. Por exemplo, em 
-algumas regiões do Brasil, se alguém registra: “A/ quebrou as cadeiras”, 
certamente se perguntará: quebrou moveis que servem de assento, ou fraturou os 
ossos ilíacos?
Para facilitar o trabalho de registrar o comportamento e os aspectos do
ambiente com objetividade, clareza e precisão, o observador deve usar:
a) Verbos que identifiquem a ação exibida pelo sujeito. Tais como: correr, andar, 
bater etc.
b) Termos que identifiquem os objetos ou pessoas presentes na situação e suas 
características. Por exemplo, termos tais como: sapato, bola, homem, cor 
vermelha, janela fechada etc.
c) Referenciais físicos. Os referenciais utilizados são as partes do corpo do sujeito, 
os objetos e pessoas presentes no ambiente e os padrões de medida adotados 
oficialmente (metro, quilo, litro etc.). Exemplo do uso de referenciais: “coloca a 
ponta do dedo sobre o nariz”, “é o menino mais alto da classe” etc.
Para garantir a objetividade, clareza e precisão 
nos registros, o observador utiliza:
a) verbos que descrevem a ação observada;
b) termos que indentijlcam os objetos ou 
pessoas presentes, e
c) referenciais físicos.
TERMOS OU EXPRESSÕES AMBÍGUAS
Num relato claro é preciso evitar:
a) termos amplos;
b) termos indefinidos ou vagos; e
c) termos ou expressões ambíguas.»
40
Questões de estudo
1) Quais são as características de uma linguagem científica?
2) O que é uma linguagem objetiva?
3) Em relação à objetividade como característica da linguagem científica, que tipo 
de erro um observador menos cuidadoso comete?
4) O que significa clareza e precisão na linguagem?
5) Com relação à clareza e precisão na linguagem, que tipo de erro pode ocorrer?
6) Como o observador deve proceder para registrar os fatos com linguagem 
científica?
Exercício de estudo
Seguem-se três relatos de observação onde são cometidos erros em relação à 
objetividade ou clareza e precisão. Cada relato é apresentado primeiro como um 
todo e em seguida é subdividido em trechos. Para realizar este exercício, você 
deverá:
a) sublinhar no relato (apresentado como um todo) as palavras que contrariam as 
características da linguagem científica, justificando;
b) Assinalar com “I” (no parênteses ao lado esquerdo), trechos do relato que 
violam a característica de objetividade na linguagem; e
c) Dentre os trechos do relato que você considerou objetivos, isto é, cujos 
parênteses estão em branco (não assinalados), assinalar com “II” aquele(s) que 
viola(m) a característica de clareza e precisão.
RELATO N? 1
‘V e M estão namorando. Em determinado momento, M fica nervosa. J, 
zangado, pega o paletó para sair. Anda em direção à porta. Próximo à porta, 
arrepende-se e vira-se na direção de M. M lhe faz uma desfeita. J não gosta do 
comportamento de M. Vira-se em direção à porta, coloca a mão na maçaneta, 
abre a porta e sai da sala”.
l ) - ( ) J e M estão namorando
2)!- ( ) Em determinado momento,
3)1- ( ) M fica nervosa.
4) - ( ) J, zangado,
5) - ( ) pega o paletó para sair.
6 ) - ( ) Anda em direção à porta.
7 ) - ( ) Próximo à porta,
8 ) - ( ) arrepende-se
9 ) - ( ) e vira-se na direção de M.
1 0 ) - ( ) M lhe faz uma desfeita.
1 1 ) - ( ) J não gosta do comportamento de M.
1 2 ) - ( ) Vira-se em direção à porta,
1 3 ) - ( ) coloca a mão na maçaneta,
1 4 ) - ( ) abre a porta
1 5 ) - ( ) e sai da sala.
41
RELATO N? 2
“C sobe no selim da bicicleta e pedala. Sua mãe o observa apreensivamente, 
enquanto ele vai até a esquina e volta. Ao chegar diz a ela: “Não quero mais 
brincar”. Sua mãe não responde mas certamente ouviu. C puxa o braço da mãe 
para saber porque ela não responde. Em seguida, entra em casa para assistir 
desenho animado”.
l ) - ( C sobe no selim da bicicleta
2 ) - ( e pedala.
3) - ( Sua mãe o observa apreensivamente,
4) - ( enquanto ele vai até a esquina
5) - ( e volta.
6 ) - ( Ao chegar diz a ela: “Não quero mais brincar”
7 ) - ( Sua mãe não responde
8 ) - ( mas certamente ouviu.
9) - ( C puxa o braço da mãe
1 0 ) - ( para saber porque ela não responde.
1 1 ) - ( Em seguida, entra em casa
1 2 ) - ( para assistir desenho animado.
RELATO N? 3
“Quando L entrou no carro, seu gato quis entrar também. O gato gosta de 
ficar olhando à janela. Ao entrar no carro, o gato sujou as coisas que estavam 
sobre o assento. L, aborrecida, pegou o gato pelo cangote e colocou-o na calçada. 
O gato se queixou. L abriu o porta-luvas e pegou algo para limpar as marcas do
gato”.
D - ( ) Quando L entrou no carro,
2 ) - ( ) seu gato quis entrar também.
3 ) - ( ) O gato gosta de ficar olhando à janela.
4) - ( ) Ao entrar no carro, o gato sujou as coisas que estavam sobre o
assento.
5) - ( ) L, aborrecida, pegou o gato pelo cangote
6) - ( ) e colocou-o na calçada.
7 ) - ( ) 0 gato se queixou.
8) - ( ) L abriu o porta-luvas
9) - ( ) e pegou algo
10) - ( ) para limpar as marcas do gato.
*
42
UNIDADE 3
A S ITU A Ç Ã O 
DE O B S ER V A Ç Ã O -I
objetivos
Ao final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
• Verbalizar sobre:
• a im portância da especificação das condições em que a observação 
ocorre
• a caracterização do sujeito, do ambiente físico e do ambiente social
• Observar e fazer o diagram a de um a situação
material
• Texto: “ O protocolo de observação”
• Questões e exercício de estudo
atividades
• Ler o texto “ O protocolo de observação”
• Responder as questões e resolver o exercício de estudo
• Participar de um a discussão sobre as questões e exercício de estudo
• Responder a questão e resolver o exercício de avaliação
O protocolo de observação
Protocolo de observação é a folha onde o observador registra os dados 
coletados. Um protocolo contém uma série de itens, que abrangem as 
informações relevantes para a análise dos comportamentos. Uma das habilidades 
requeridas do observador é a de preencher corretamente esses itens. 
Apresentamos, a seguir, um modelo de protocolo.
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
1. Nome do observador
2. Objetivo da observação
3. Data da observação
4. Horário da observação
5. Diagrama da situação
6. Relato do ambiente físico
7. Descrição do sujeito observado
8. Relato do ambiente social
9. Técnica de registro utilizada e 
registro propriamente dito
10. Sistema de sinais e abreviações
Os itens deste protocolo estão relacionados basicamente a três conjuntos de 
informação,a saber:
1) os itens 1 e 2 referem-se à identificação geral.
2) os itens 3 a 8 referem-se à identificação das condições em que a observação 
ocorre. Este conjunto inclui especificações com relação a “quando” e “onde” a 
observação foi realizada e “quem” foi observado; e
3) os itens 9 e 10 referem-se ao registro de comportamentos e circunstâncias 
ambientais. Esse conjunto inclui informações sobre “como” a observação foi 
realizada, isto é, a técnica de registro, o sistema de sinais e abreviações 
utilizado e informação sobre “o que” foi observado, isto é, o registro 
propriamente dito.
Nesta unidade, focalizaremos essencialmente os itens referentes ao segundo 
conjunto de informações, ou melhor, os relacionados à identificação das 
condições em que a observação ocorre. O primeiro conjunto de informações - 
identificação geral - não será focalizado, uma vez que o item 1 não necessita de 
explicações para o seu preenchimento, e que o item 2 depende do trabalho a ser 
realizado. O terceiro conjunto de informações - registro dos comportamentos e 
circunstâncias ambientais - será objeto da Unidade 5.
44
Um protocolo de observação contém 
basicamente três conjuntos de informações:
1 — identificação geral; 2 — identificação das 
condições em que a observação ocorre: e 3 — 
registro dos comportamentos e circunstâncias 
ambientais.
A identificação das condições em qúe a observação ocorre é importante, na 
medida em que fornece elementos indispensáveis à análise e interpretação dos 
comportamentos.
Sabemos que o número e tipo de respostas que um organismo apresenta 
estão relacionados tanto às características individuais do organismo (sua espécie, 
etapa de maturação biológica, história de vida), como ao ambiente em que ele se 
encontra. Isto significa que determinados comportamentos têm maior 
probabilidade de ocorrer em uma situação do que em outra. Por exemplo, é mais 
provável que eu sorria e dance numa festa do que num velório. É mais provável 
que uma criança dê cambalhotas na sala de estar de sua casa, onde existe um 
tapete macio, quando as pessoas presentes riem e conversem, do que num pátio de 
cimento ou numa casa desconhecida, ou quando as pessoas presentes falem baixo 
ou chorem. Neste caso, a sala, o tapete e o comportamento das pessoas presentes 
indicam ocasiões para dar uma cambalhota.
Vejamos, então, quais são as condições que devem ser identificadas pelo 
observador.
Uma das condições a ser identificada é quando a observação ocorre, isto é, a 
data (item 3 do protocolo) e o horário (item 4 do protocolo) em que a observação 
foi realizada. Estas informações são importantes porque alguns comportamentos 
estão relacionados a datas e horários, isto é, a probabilidade de ocorrência destes 
comportamentos é maior em determinadas horas do dia, em determinados dias da 
semana ou do mês.
Outra condição a ser identificada é quem foi observado, ou melhor, o sujeito 
da observação (item 7 do protocolo).
Ao descrever o sujeito deve-se fornecer informações com relação a: espécie, 
idade, sexo e experiência anterior do organismo com relação à situação. Quando se 
trata de seres humanos, é necessário informar também o nível sócio-econômico e 
o grau de escolaridade. Se o sujeito é portador de alguma deficiência ou usa 
aparelhos corretivos, estas particularidades devem ser mencionadas.
Exemplo de descrição do sujeito: T, sexo feminino, 7 anos e 6 meses de 
idade, classe média-baixa, freqüenta a 1? série do l 9 grau da “Escola Sorriso”. T 
usa óculos e aparelho nos dentes.
O terceiro aspecto a ser identificado diz respeito ao ambiente onde a 
observação é realizada. A descrição do onde implica na descrição do ambiente 
físico e social.
Descrever o ambiente físico significa descrever o local em que o sujeito se 
encontra. Ao descrever o ambiente físico deve-se, em primeiro lugar, identificar o 
local em que o sujeito se encontra (por exemplo: pátio de uma escola, escritório de 
uma firma, etc.), e em seguida fornecer suas características. As características 
relevantes, isto é, características a serem descritas são:
45
• o formato do local ou quando possível, suas dimensões;
• o número, tipo e diposição de portas, janelas, móveis e demais objetos 
presentes;
• as condições da iluminação existente, por exemplo, luz natural, duas lâmpadas 
centrais acesas, etc; e
• as condições relacionadas ao funcionamento dos objetos, por exemplo, 
televisão ligada, ruído de motor, etc.
Caso haja alguma característica pouco comum à situação, esta 
característica deve ser mencionada. Por exemplo, a existência de uma parede 
esburacada, um móvel quebrado, etc.
Exemplo de descrição do ambiente físico: sala de estar da residência do 
sujeito. A sala mede aproximadamente 2,50m por 4,50m. A janela está 
localizada na parede frontal da sala, a 0,90 m do chão. A janela mede 2,00 m 
de comprimento por 1,10 m de altura. A sala possui duas portas. A porta, 
localizada à esquerda da janela, dá acesso à uma varanda e a outra, localizada 
no extremo oposto, dá acesso à sala de jantar. A sala contém os seguintes 
móveis e objetos, um sofá, duas poltronas, um aparelho de televisão, uma 
estante, uma mesa de centro, duas mesas laterais, um porta-revistas e dois 
vasos com plantas. A estante abriga um conjunto de som. A sala é acarpetada.
No momento da observação, a iluminação é natural e a televisão está ligada.
Descrever o ambiente social significa identificar as pessoas que estão 
presentes no local (com exceção do sujeito que é identificado à parte) e descrever 
a atividade geral que aí está ocorrendo.
Ào identificar as pessoas presentes no ambiente, o observador fornece 
informações com relação ao número, sexo, idade e função destas pessoas (as 
pessoas devem ser identificadas por letras maiúsculas). Se existirem 
características comuns às pessoas presentes, é importante especificar também 
estas características. As características comuns a que nos referimos são o nível 
sócio-econômico, o grau de escolaridade, particularidades físicas, etc. Por 
exemplo crianças faveladas que freqüentam a Escola-Parque da Prefeitura; jovens 
de ambos os sexos, entre 15 e 17 anos, pertencentes ao grupo de jovens da 
Paróquia Santo Antônio, etc.
Descrever a atividade geral significa identificar a atividade que está sendo 
desenvolvida no local, por exemplo: aula de matemática, aula de ginástica, etc; 
identificar a localização das pessoas e descrever sucintamente o que elas estão 
fazendo. A descrição da atividade geral é uma descrição estática, é uma 
“fotografia” do ambiente social.
Exemplo de descrição do ambiente social: “Estão presentes na sala, além do 
sujeito (S), quatro pessoas. A observadora (Ob), de aproximadamente 20 anos, 
aluna de Psicologia; a mãe (M), com aproximadamente 35 anos, professora 
primária, a tia (7), de aproximadamente 20 anos, estudante de Pedagogia, e a 
irmã do sujeito (/), de 4 anos de idade. A mãe e a tia estão sentadas no sofá, 
assistindo televisão e conversando. A observadora está sentada em uma das 
poltronas e a irmã de S na outra poltrona. A irmã está folheando uma revista.
As condições a serem identificadas são: data e 
horário da observação, sujeito observado, 
ambiente físico e ambiente social.
46
Para descrever o ambiente físico e social, o observador utiliza de dois 
recursos: o relato e o diagrama.
O relato é a descrição verbal do ambiente. Os exemplos dados anteriormente 
são de relatos do ambiente físico e do ambiente social.
O diagrama é a representação do ambiente através de um desenho 
esquemático e de legendas informativas (é uma planta do local). O diagrama 
representa simbolicamente a área observada e os elementos que estão dentro dela: 
portas, janelas, móveis e pessoas. A utilidade do diagrama é a de facilitar a 
visualização, por terceiros, do ambiente observado, além de fornecer ao 
observador pontos de referência para o registro dos comportamentos. Por 
exemplo, vendo o diagrama o leitor tem condições de visualisar em que direções o 
sujeito anda.Ao fazer o diagrama, o observador deve:
• utilizar escalas proporcionais às dimensões reais da área;
• utilizar a mesma escala para representar as portas, janelas e móveis:
• localizar, corretamente, na área as portas, janelas e móveis;
• manter a proporção relativa das distâncias existentes entre portas, janelas 
e móveis; e
• utilizar símbolos de fácil compreensão.
tfl
C/5
Op
L /\
O
Legendas:
a b c d parede 
IT1 rn T ITD janela
zzj--------- iz porta
estante 
sofá
A
mesa de centro 
televisãoIEI
• vaso
1 porta-revistas
mesa lateral 
poltrona
M mãe 
T tia 
/ irmã
Ob observadora 
5 localização 
inicial 
do sujeito
47
Quando as pessoas presentes permanecem num local fixo, ou quando 
permanecem a maior parte do tempo num local, o observador poderá indicar, no 
diagrama, a localização destas pessoas. É costume indicar também no diagrama, 
a localização inicial do sujeito.
Para facilitar a elaboração do diagrama adotamos as seguintes convenções:
• as janelas, portas e móveis são representados por símbolos. É conveniente que 
você utilize os símbolos que considerar mais adequados (móveis semelhantes 
devem ser representados por símbolos semelhantes);
• paredes ou lados da área são identificados por letras minúsculas;
• os objetos, por números (exemplo o n9 1 representa um porta-revistas); e
• as pessoas por letras maiúsculas; a letra S é reservada para indicar o 
sujeito e as letras Ob para indicar o observador.
1) Quais são as informações que um protocolo de observação deve conter?
2) Por que é necessário identificar as condições em que a observação ocorre?
3) Com relação ao sujeito, quais são as informações a serem fornecidas?
4) Com relação ao ambiente físico, quais sao as informações a serem fornecidas?
5) Com relação ao ambiente social, quais são as informações a serem fornecidas?
6) Quais são os recursos utilizados pelo observador para descrever a situação 
ambiental? Explique cada um.
7) Para que serve o diagrama?
8) Explique quais são os cuidados que o observador deve tomar ao fazer o 
diagrama.
9) Explique as convenções adotadas com relação ao diagrama.
Para descrever o ambiente físico e social o 
observador utiliza dois recursos: o relato e o 
diagrama
Exercício de estudo
Fazer o diagrama do ambiente físico de um dos recintos de sua casa.
48
UNIDADE 4
A S ITU A Ç A O 
DE O B SER V A Ç A O -II
objetivos
Ao final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
• Fazer o diagram a de um a situação
• Fazer o relato, em linguagem científica, do am biente físico, do sujeito, e 
do ambiente social desta situação
material
• Texto: “ O relato das condições em que a observação ocorre”
• Exercício de estudo
• Instruções para a atividade prática
• Protocolo de observação: parte inicial
atividades
Parte A
• Ler o texto “ O relato das condições em que a observação ocorre”
• Resolver o exercício de estudo
• Participar de um a discussão sobre o exercício de estudo 
Parte B
• Ler as instruções para a atividade prática
• Observar e registrar um a situação estipulada
49
O relato das condições 
em que a observação ocorre
Identificamos, na Unidade 3, quais são as informações que o observador 
deve fornecer ao fazer a descrição do sujeito, do ambiente físico e do ambiente 
social. Em determinadas ocasiões, entretanto, é necessário que além destas 
informações gerais, o observador forneça informações mais especificas acerca 
dessas condições.
O tipo de informação a ser fornecida dependerá do objetivo do estudo 
observacional. O objetivo do estudo determinará quais serão as características, 
não citadas anteriormente, que deverão ser descritas, ou o grau de detalhes com_ 
que uma dada característica deverá ser focalizada.
Por exemplo, se o objetivo do estudo for “verificar se o professor utiliza 
corretamente o material didático”, será necessário fornecer, no relato do 
ambiente físico, mais detalhes com relação ao material didático existente 
(espécie, quantidade, material de que é feito, formato, tamanho, cor, 
funcionamento, estado de conservação, onde está localizado, etc).
Se o objetivo do estudo for “verificar se o professor atende às características 
individuais dos alunos”, será necessário fornecer, no relato do ambiente social, 
informações detalhadas de cada aluno: nível sócio-econômico, particularidades 
físicas (deficiência física ou uso de aparelhos corretivos) e de comportamento (tais 
como, ser rápido, ser lento, cometer erros de linguagem, trocar letras, etc).
Se o objetivo do estudo for “verificar como uma criança que apresenta 
dificuldades de aprendizagem interage com os colegas”, será necessário 
caracterizar, na descrição do sujeito, a dificuldade da criança (se ela troca letras, 
se é dispersiva, etc).
Por estes exemplos, vemos que as informações específicas estão baseadas 
em hipóteses, lançadas pelo observador, acerca dos fatores que poderiam afetar o 
comportamento em estudo. Estas informações mais específicas poderão ser 
obtidas por observação direta, por análise de documentos (relatórios, plantas, 
fichas de matrícula, etc) ou por entrevistas.
O objetivo do estudo observacional determina o 
grau de detalhes com que o relato do ambiente 
físico , do ambiente social e do sujeito será 
realizado.
Vejamos outro exemplo. A foto 4.1 mostra uma situação de observação.
Suponhamos que dois observadores estejam registrando esta situação, cada 
um com um objetivo. O primeiro observador tem como objetivo “determinar o
50
FIGURA 4.1. Situaçao de observaçao
grau de coordenação motora que o sujeito apresenta”. O segundo observador tem 
como objetivo “estudar a interação mãe-criança”. Ao descrever as condições em 
que a observação ocorre, os dois observadores fornecerão as seguintes 
informações gerais:
Relato do ambiente físico. Sala de estar da residência do sujeito, medindo 
aproximadamente 4 metros de comprimento por 3 metros de largura. A sala 
contém duas portas, uma janela e os seguintes móveis: um sofá, uma poltrona, um 
tapete e um vaso com plantas. Sobre o tapete estão espalhados os seguintes 
brinquedos: uma girafa, um elefante, uma boneca, um vagão de trem e sete cubos.
A iluminação é natural.
Descrição do sujeito observado.S,menina de 2 anos de idade, classe média.
Relato do ambiente social. M, mãe de S, de 30 anos de idade. A mãe está 
sentada no sofá e interage continuamente com S.
Além destas, cada observador acrescentará informações específicas em seu 
relato.
O observador 1 incluirá no relato do ambiente físico, informações acerca:
a)do formato do brinquedo; b) do material que é feito o brinquedo; e c) do tamanho 
do brinquedo.
O observador 2, por sua vez, incluirá no relato do ambiente social, 
informações acerca: a) do grau de escolaridade da mãe, b) da profissão da mãe; e 
na descrição do sujeito, informações sobre: c) a família (número de pessoas que 
vivem na casa, idade e relação de parentesco com o sujeito).
Exercício de estudo
A foto 4.2. mostra a seguinte situação de observação:
Relato do ambiente físico. Sala de brinquedo de um conjunto residencial, 
medindo aproximadamente 4 m de comprimento, por 3m de largura. A sala 
possui duas portas, uma janela e uma escada. A parede de fundo é interrompida 
dando acesso a um corredor. Nesta parede existe uma imitação de janela em 
miniatura. As paredes da sala estão pintadas com desenhos de flores.
A sala está mobiliada com móveis próprios para crianças: um sofá e duas 
poltronas. Pela sala estão espalhados os seguintes brinquedos: três bolas, três 
ursos de pelúcia, três vagões de trem, duas bonecas, uma de plástico e outra de 
pano e 10 cubos. A iluminação é natural.
Descrição do sujeito observado. S, menina de 3 anos de idade, classe me'diá, 
moradora do conjunto.
Relato do ambiente social. Duas crianças, um menino (F) e uma menina (/), 
ambos com 3 anos de idade, classe média, vizinhos de S e moradores do conjunto 
residencial. As crianças estão brincando. Elas estão sob os cuidados da mãe de /, 
que está na sala ao lado.
Suponhamos que dois

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