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Tema 8 – Doenças Bolhosas Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Doenças bolhosas autoimunes: paciente se sensibiliza a antígenos da epiderme ou junção dermo-epidérmica e adquirem anticorpos contra essas estruturas. Pode ser intra ou subepidérmicos. • Pênfigos • Penfigóide bolhoso • Dermatose por IgA linear • Epidermólise bolhosa adquirida • Lúpus eritematoso bolhoso • Herpes gestacional (penfigóide gestacional) • Dermatite herpetiforme Pênfigos Bolha intraepidérmica por acantólise (perda da adesão entre as células da camada de Malpighi). Autoanticorpos contra antígenos dos desmossomos/desmogleínas. Presença do sinal de Nikolsky: deslizamento da pele aparentemente normal próxima a área comprometida. Indica presença de acantólise. Classificação dos pênfigos: depende da desmogleínas atingida • Tipo alta (pênfigo foliáceo): IgG anti desmogleína 1 • Tipo baixa (pênfigo vulgar): IgG anti desmogleína 1 e 3 Pênfigo foliáceo: Patogenia: • Fatores ambientais: mimetismo antigênico (picada de insetos simulídeos podem estimular produção de anticorpos) • Fatores genéticos: HLA – DR1/B16/A24/A26 • Fatores imunológicos: anticorpos contra desmogleína 1 Manifestações clínicas: bolhas superficiais que rompem com facilidade, deixando áreas erosadas, sem acometimento mucoso. • Ardor • Distrofia ungueal e queratodermia palmo-plantar • Lesões hiperpigmentadas e verrucosas no tronco Locais mais comuns: face, pescoço, região superior do tronco Complicações: desnutrição, herpes simples, escabiose, dermatofitoses Formas clínicas: • Frusta/localizada – pênfigo eritematoso: áreas seborreicas • Generalizada: bolha-invasiva • Eritrodérmica Histopatologia: clivagem acantolítica na porção superior da epiderme. Citologia: células acantolíticas Diagnóstico: • Imunofluorescência direta e indireta (não distingue) – correlação entre títulos e atividade da doença. • Teste ELISA Diagnóstico diferencial: pênfigo vulgar, forma localizada e outras causas de eritrodermia Tratamento: • Prednisona – redução gradual da dose iniciada após resolução das lesões. • Cuidados gerais: banhos com permanganato, cremes corticoides • Se infecção secundária: ATB sistêmica Pênfigo vulgar: mais grave Inicia com lesões exulceradas na mucosa oral que lembram aftas. Prevalência: 4ª-6ª década de vida Patogenia: gene HLA DR4/DRw6 • Autoanticorpos patogênicos IgG1 e IgG4 • Acometimento apenas mucoso: IgG anti desmogleína 3 • Acometimento muco-cutâneo: IgG anti desmogleínas 1 e 3 Manifestações clínicas: • Bolhas flácidas que se rompem dormando erosões, cobertas por crostas hemáticas, sem tendência a cicatrização. • Lesões evoluem para discromia e podem ser localizadas ou generalizadas • Sinal de Nikolsky positivo • Acometimento mucoso: mucosa jugal, palato e gengiva Complicações: infecção secundária, choque e septicemia Diagnóstico: • Histologia: clivagem acantolítica supra-basal • Citologia: células acantolíticas • Imunofluorescência direta e indireta • Teste ELISA Diagnóstico diferencial: pênfigo foliáceo, bolhoso, penfigóide de membrana e mucosas e epidermólise bolhosa adquirida. Tratamento: • Corticoide sistêmica: prednisona (se não melhorar em 7-10 dias, associar imunossupressor) • Ciclosfosfamida • Pulsoterapia com metilprednisona • Imunoglobina / plasmaférese • Sulfona • Cuidados gerais: banhos com permanganato, cremes corticoides • Se infecção secundária: ATB sistêmica Distribuição das esmogleínas: • Tipo 1: todas as camadas, exceto basal • Tipo 3: todas as camadas • OBS.: na mucosa só tem tipo 3 Efeitos colaterais do uso prolongado/ altas doses de corticoide: cansaço; Diabetes; ↓ defesas corporais; Agitação; Insônia; ↑colesterol e TG; Osteopenia / osteoporose; Face Cushing; Retenção de líquido Subtipo pênfigo vegetante: benigna em jovens (1-3%): • Lesões iniciam em mucosa oral, evoluem acometendo drobras. • Bolhas flácidas que se rompem e dão lugar a áreas exulceradas envolvidas por vegetações (verrucoso e hiperpigmentado) Pênfigo por IgA: infiltração neutrofílica com acantólise e autoanticorpos da classe IgA contra componentes epidérmicos. Pênfigo paraneoplásico: doença muco-cutânea associada a neoplasia (linfoma não-Hodking; leucemia linfocítica crônica; tumor de Casttemna, timoma, sarcoma...) Fisiopatologia: • Autoanticorpos anti-tumorais produzidos contra o antígeno do tumor reagiriam cruzadamente com antígenos epiteliais • Produção de grandes citocinas pelo tumor → desregulação imune Manifestações clínicas: ulcerações em mucosas e lesões polimórficas. Diagnóstico diferencial: pênfigo vulgar, Stevens Johnson, NET, penfigóide das mucosas. Tratamento: corticoide, azatioprina, ciclofosfamida, sulfona, plasmaférese e micofenolato de mofetil. Pênfigo induzido por drogas: medicamentos podem exacerbar ou induzir pênfigos. Inicia após 6-12 meses do uso da droga. • Penicilamina, captopril, enalapril, penicilina, rifampicina... • Suspensão da medicação → remissão do quadro Penfigóides São doenças crônicas e autoimune que estimulam produção de autoanticorpos contra antígenos da lâmina lúcida da camada basal (subepidérmica). Penfigóide bolhoso: acomete principalmente idosos. Bolhas tensas de conteúdo claro ou hemorrágico sobre a pele normal ou eritematoedematosa ou urticariforme. Locais de preferência: flexurais e parte inferior do abdome 10-35% tem acometimento mucoso Diagnóstico: • Histologia: bolha subepidérmica com infiltrado de linfócitos e histiócitos e eosinófilos. • Imunofluorescência Diagnóstico diferencial: epidermólise adquirida, lúpus bolhoso, herpes gestacional, dermatite herpetiforme e por IgA linear. Tratamento: corticoide sistêmico até controle das lesões e posterior redução gradual Penfigóide das membranas mucosas: principalmente oral e ocular Lesões cicatriciais em forma de vesículas e boljas: • Bucal: gengivite descamativa • Ocular: conjuntivite crônica com ardor e lacrimejamento Herpes gestacional 2º ou 3º trimestre. Início abrupto de pápulas e placas urticadas, vesículas e bolhas tensas, pruriginosas, iniciadas no abdome, que progridem para tronco e membros. Pode recorrer em gestações subsequentes. Histologia: clivagem subepidérmica Tratamento: prednisona Dermatose por IgA linear Acomete pele e mucosas, principalmente na infância. Dermatose mais comum das crianças. Pode ser induzida por medicamentos: lítio, vancomicina, furosemida, atorvastatina Lesões: vesículas e bolhas tensas em formato arciforme ou anular. Localização: perioral, períneo e região de dobras. Diagnóstico: • Histologia: clivagem subepidérmica neutrofílica • Imunofluorescência Tratamento: prednisona Dermatite herpetiforme Incidência: 30-40 anos Lesões papulovesiculares pruriginosas que evoluem para bolhas tensas e simétricas de tamanhos variados com tendência a se agrupar formando aspecto herpetiforme. No geral, não há acometimento mucoso Locais mais comuns: superfície externa do cotovelo, joelhos, dorso superior, região sacral, nádegas. Alterações sistêmicas: anemia, osteoporose, alterações dentárias, infertilidade e aborto. Diagnóstico diferencial: eritema polimorfo, escabiose, penfigóide, escoriação neurótica Diagnóstico: • Histologia: bolhas subepidérmicas com infiltrado de neutrófilos • Imunofluorescência Tratamento: restrição rigorosa ao gluten e sulfonas. (risco de linfoma) Epidermólise bolhosa adquirida Autoimunidade ao colágeno tipo 4 na membrana basal. Bolha subepidérmica com infiltrado inflamatório Tem associação com doenças autoimunes. Variante clássica: desencadeada por trauma, área acral, formando cicatrizes e milia. Síndrome da pele escaldada estafilocócica Acomete crianças < 5 anos e está relacionadaa toxinas circulatórias esfoliativas produzidas pelo Estafilococos aureus. Fisiopatologia: clivagem da desmogleína 1. Considerada eritrodermia. Foco infeccioso: narinas, nasofaringe, conjuntivas e região periumbilical Febre baixa → eritema → bolhas (membrana mucosa poupada) Tratamento: oxacilina Diagnósticos diferenciais: NET, herpes zoster, síndrome mão-pé- boca, impetigo, eritema polimorfo, porfiria cutânea tarda.
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