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AULA 06 - IED PROCESSUAL

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AULA 06 – NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
 
1. 	Normas fundamentais do processo civil – introdução:
Art. 1º - CPC: O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil , observando-se as disposições deste Código.
O rol (os 12 primeiros artigos do CPC) não é taxativo, ou seja, não esgota as normas fundamentais do processo civil.
 
2. 	O devido processo legal:
Princípio expresso no art. 5º, LIV, CF/88 e no art. 8º, CPC.
Art. 5º, LIV – CF: Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Trata-se de um “princípio-mãe” pois desdobra na criação de diversos outros princípios.
Tudo que passa pelo trinômio vida, liberdade e propriedade deve passar pelo devido processo legal.
O termo “devido” é vago, geral e amplo, motivo pelo qual este se encontra em vigência há muito tempo. Essa amplitude permite a moldagem desse princípio às circunstâncias temporais e espaciais.
Hoje se fala em “devido processo legal eletrônico”, inimaginável no século passado.  
O devido processo legal abrange relações públicas e privadas.  
O devido processo legal se refere às garantias processuais mínimas: motivação das decisões judiciais, publicidade, ampla defesa, contraditório.  
Dimensões:
· Formal/procedimental: Se refere à forma;
· Substancial/material: Se refere ao controle da razoabilidade das normas (conteúdo). Alguns afirmam se tratar de sinônimo do princípio da proporcionalidade/razoabilidade;
O CPC trata, no art. 8º, do princípio do devido processo legal:
Art. 8º - CPC: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
No âmbito processual, compreende-se que o respeito à dignidade da pessoa humana se relaciona ao respeito ao princípio do devido processo legal.
 
3. 	Princípio da efetividade:
Não se encontra previsto de forma explícita na Constituição (trata-se de um princípio constitucional implícito).
Art. 4º - CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
O direito, além de ser reconhecido, precisa ser efetivado, isto é, produzir efeitos práticos. 
A doutrina, há certo tempo, tem sustentado a perspectiva da existência de direito fundamental à tutela executiva. Trata-se do direito de obter uma decisão satisfatória.  
 
4. 	Eficiência:
Expresso no caput do art. 37 da CF/88 e no art. 8º do CPC (2ª parte).
Art. 37 – CF: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
[...]
 
Art. 8º - CPC: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
(grifos nossos)
O magistrado tem o dever de gerir o processo de maneira eficiente.
Alguns doutrinadores sustentam a concepção de que o princípio da eficiência é uma menção ao princípio da economicidade. 
Não é possível ser eficiente sem ser efetivo. 
5. Duração razoável do processo/tempestividade/processo sem dilações indevidas 
Expresso no Art. 5º, LXXVIII, CF/88 e no art. 4º, CPC.  
Art. 5º, LXXVIII - CF/88: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
 
Art. 4º - CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
Esse conceito de razoabilidade é aberto e indeterminado, gerando impasses em virtude da sua conotação subjetiva (o que pode ser razoável para um, pode não ser para outro). 
Cada processo tem a sua peculiaridade, sendo difícil determinar em abstrato a duração razoável do processo. Destarte, deve ocorrer uma análise casuística, isto é, pautada no caso concreto.
Existem fatores que interferem na duração do processo. Fredie Didier Jr. lista critérios para compreender se um processo está tendo uma duração razoável: 
· Estrutura do Poder Judiciário: Influencia diretamente no tempo do processo. Determinados cartórios apresentam poucos servidores, os quais precisam se desdobrar para atender a uma grande demanda;
· Comportamento das partes: A forma como as partes agem no processo influencia diretamente o andamento deste. Às vezes, uma das partes atua de “sacanagem” para que o processo atrase;
· Complexidade da causa: Nas causas mais complexas, é natural que o processo dure mais. 
Alguns doutrinadores utilizam o termo celeridade ao invés de “duração razoável”. Parcela da doutrina não adere a essa expressão “princípio da celeridade”, ou seja, não considera-a como sinônimo de “duração razoável”, uma vez que celeridade se vincula a uma ideia de corrida. O processo não precisa ser célere, precisando de tempo para ser maturado. Em nome da celeridade (“corre-corre”), há o risco de se violar direitos e garantias fundamentais, sendo necessária, portanto, a cautela. 
Paula Sarno levantou debates sobre a seguinte questão: “o tempo é amigo ou inimigo do processo?”. Para Diana Rios, o tempo é um aliado, existindo problemas quando esse acaba se prolongando.  
OBS: Razoabilidade e celeridade são termos relacionados, mas não se confundem! 
As formas de concretização da duração razoável do processo foram trabalhadas na aula anterior, encontrando-se, entre elas, a tutela coletiva. 
6. Igualdade/paridade de armas: 
No âmbito processual, o princípio da igualdade é mais conhecido como princípio da paridade de armas. 
É expresso na CF/88, mais precisamente no caput do art. 5º, bem como no art. 7º do CPC. 
Art. 5º - CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 
Art. 7º - CPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
A igualdade que se busca aqui não é meramente formal, mas substancial (material). O juiz deve reconhecer quando há desigualdades e permitir a paridade de armas (isso não significa adotar uma postura parcial). 
O art. 6º, VIII, CDC permite a inversão do ônus da prova, compreendendo que o consumidor é a parte hipossuficiente (vulnerável) do processo. A regra é que quem alega, tem que provar; entretanto, no Código de Defesa do Consumidor, cabe à outra parte (empresa/fornecedor) provar a legalidade nas suas condutas. Tal artigo não viola a igualdade - justamente o contrário: a ratifica. 
Art. 6º  - CDC: São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
 
Prazos diferenciados da Fazenda Pública (art. 183, CPC): 
Art. 183 – CPC: A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
Ex: Cidadão tem 15 dias para pleitear uma ação; o Estado tem 30 (o dobro). 
Emerge a seguinte discussão: o disposto no art. 183, CPC, viola o princípio da igualdade? 
De acordo com Diana Rios, a demanda contra a Fazenda Pública é infinitamente maior e muitas vezes não há funcionários suficientespara atender essa expressiva demanda. Além disso, há um entrave burocrático que justifica esse “prazo em dobro”.  
Remessa necessária (art. 496, CPC): Mesmo não havendo recurso, para que uma decisão surta efeito, o processo precisa ser reapreciado por um órgão colegiado (no caso do Estado ser condenado). Para Diana Rios, a supremacia do interesse público sobre o privado é a justificativa para essa regra, fazendo uma ressalva em relação às hipóteses em que há a intenção de prejudicar uma das partes. 
7. Contraditório/ audiência bilateral: 
Positivado no art. 5º, LV, CF/88 e nos arts. 7º, 9º e 10º, CPC.
Art. 5º, LV – CF: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Art. 7º - CPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 9º - CPC: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Art. 10 – CPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
(grifos nossos)
Deve-se garantir às partes o direito de ser ouvido, isto é, de participar (dimensão formal) e de influenciar o juiz (dimensão substancial).
O princípio do contraditório, na sua dimensão substancial, impede a prolação de decisão surpresa, ou seja, a parte não pode ser surpreendida com um tema não manifestado anteriormente. Ademais, serve de fundamento para o direito da parte de ser acompanhada por um advogado (alguém com conhecimento técnico). 
Existem casos em que, pela urgência da situação, não é dada à parte contrária o direito de se manifestar (ex: casos envolvendo planos de saúde). Ex: A precisa de uma cirurgia urgente para evitar a morte. O plano de saúde de A nega. O juiz concede uma liminar em menos de 48h, mas não ouviu  o plano de saúde. 
Ascende o questionamento: a concessão dessas medidas viola ou não o princípio do contraditório? Para Diana Rios, a doutrina considera que o que há é uma postergação do direito ao contraditório - e não uma violação. Desse modo, o plano de saúde terá a oportunidade de, em momento posterior, manifestar as razões pelas quais o plano não deve cobrir o procedimento cirúrgico. 
Existem matérias processuais que podem ser conhecidas de ofício, ou seja, conhecidas pelo magistrado independentemente da alegação de qualquer das partes. Deve o juiz solicitar a manifestação das partes, ou seja, o exercício do direito ao contraditório pelas partes. Mesmo sobre essas questões, elas devem ser submetidas ao contraditório. 
8. Ampla defesa:
Trata-se do conjunto de meios adequados para o exercício do contraditório. 
Não é possível influenciar uma decisão sem os meios necessários para tal, ou seja, sem a ampla defesa. A ampla defesa, dessa forma, é o princípio do contraditório em sua dimensão substancial. 
Em síntese, o contraditório e a ampla defesa se fundiram. 
9. Publicidade: 
Positivado nos arts. 5º, LX e 93, IX e X, CF/88, bem como nos arts. 8º e 11, CPC. 
Salvo as questões que tramitam em segredo de justiça, o processo deve ser publicizado, isto é, ser tornado público. 
Art. 5º, LX – CF: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Art. 93, IX – CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Art. 8º - CPC: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
 
Art. 11 – CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
O juiz não pode impedir acesso às partes envolvidas no processo. Existem, contudo, casos, em que pessoas alheias ao processo não podem acessá-lo (processos que correm em segredo de justiça já mencionados anteriormente). A restrição possível se encontra na dimensão externa. 
10. Inafastabilidade do controle jurisdicional:
Princípio expresso na Constituição, mais precisamente no art. 5º, XXXV, bem como no CPC, art. 3º. 
Art. 5º, XXXV - CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;  
 
Art. 3º - CPC: Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
Observa-se que o CPC é mais abrangente ao utilizar a expressão “apreciação jurisdicional”, a qual não se limita ao Poder Judiciário, mas admite outras técnicas de solução de conflitos - tais como a arbitragem.
Vedação ao non liquet (art. 140, CPC): 
Art. 140 – CPC: O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico
O juiz, portanto, não pode deixar de decidir.  
A arbitragem viola o princípio constitucional? Não. “a lei não excluirá (...)” - art. 5º, XXXV - ou seja, as partes podem buscar solucionar o conflito sem a interferência do Judiciário (exercício da autonomia privada). O STF compreendeu que a arbitragem é constitucional. 
No Brasil, não se permite a jurisdição condicionada/ instância administrativa forçada. A única exceção constitucional se refere ao âmbito da justiça desportiva (art. 217, § 1º, CF/88). 
Art. 217, § 1º - CF: O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
11. Juiz natural:
Positivado no art. 5º, XXXVII e LIII, CF/88. 
Art. 5º – CF:
LXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
O juiz natural se divide em duas dimensões: 
· Formal/objetiva: Refere-se à competência (há, também, a vedação da criação de tribunais de exceção); 
· Substancial/subjetiva: Remete à imparcialidade/independência do juiz, ou seja, o magistrado deve ser imparcial - não deve ter interesse direto na solução da causa (imparcialidade objetiva), mantendo-se equidistante das partes envolvidas; 
Para a próxima aula: Impedimento e suspeição (arts. 144 e 145, CPC).

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