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Gravimetria Análise gravimétrica ou gravimetria Método analítico quantitativo cujo processo envolve a separação e pesagem de um elemento ou um composto do elemento na forma mais pura possível. O elemento ou composto é separado de uma quantidade conhecida da amostra ou substância analisada. A gravimetria engloba uma variedade de métodos, onde a maioria envolve a transformação do elemento ou composto a ser determinado num composto puro e estável e de estequiometria definida, cuja massa é utilizada para determinar a quantidade do analito original. O peso do elemento ou composto pode ser calculado a partir da fórmula química do composto e das massas atômicas dos elementos que constituem o composto pesado. Determinação direta Determinação de sólidos suspensos em água: -pesar o filtro; -filtrar; -secar; -pesar novamente; -calcular a diferença nas massas. Determinação direta Algumas vezes é fácil remover o analito e usar a variação na massa como sinal analítico em uma determinação direta. Exemplo: determinação do conteúdo de umidade de uma amostra de alimento. Determinação indireta do analito • Outra técnica mais simples seria pesar a amostra de alimento antes e após o aquecimento, usando a variação na massa como indicação da quantidade de água na amostra original. • Sinal analítico: desaparecimento do analito. Por medida indireta deve-se entender converter determinada espécie química em uma forma separável do meio em que esta se encontra, para então ser recolhida e, através de cálculos estequiométricos, determinada a quantidade real de determinado elemento ou composto químico, constituinte da amostra inicial. Determinação indireta do analito O analito também pode ser determinado indiretamente sem que tenha sido pesado. Exemplo: determinação de fosfito em uma amostra. Conservação da massa Quando um método gravimétrico envolve uma série de reações químicas, mesmo que o analito participe de apenas uma delas, a estequiometria desta reação indicará como a massa do precipitado se relaciona com a massa do analito. A separação do constituinte pode ser efetuada por meios diversos: Precipitação química; Eletrodeposição; Volatilização; Extração. Análise Gravimétrica por Precipitação O analito é convertido em um precipitado pouco solúvel após a adição de um reagente precipitante à solução. O precipitado formado é então: - filtrado e lavado para remoção de impurezas; - Convertido a um produto estável e de composição conhecida (secagem ou calcinação); -Pesado. Precipitação: em linhas gerais segue a seguinte ordem: precipitação filtração lavagem aquecimento pesagem Gravimetria por precipitação • Na etapa de secagem, o precipitado gravimétrico é aquecido até que sua massa seja constante; • O aquecimento remove o solvente e qualquer espécie volátil arrastada com o precipitado; • Alguns precipitados também são calcinados para a decomposição do sólido em um composto de composição conhecida. Exemplos Determinação indireta de PO3 3-; Determinação direta de cloreto por precipitação de AgCl; Determinação de cálcio em águas naturais Gravimetria por precipitação. Determinação de cálcio em águas naturais (método recomendado pela AOAC – Association of Official Analytical Chemists). Neste método, um excesso de ácido oxálico (H2C2O4) é adicionado a um volume cuidadosamente medido da amostra. Determinação de cálcio em águas naturais Depois, adiciona-se amônia para neutralizar o ácido e provocar a precipitação completa do cálcio presente na amostra como oxalato de cálcio: Determinação de cálcio em águas naturais A calcinação converte o precipitado a óxido de cálcio: Cálculos Gravimétricos – Exemplo Determinação de cálcio em águas naturais O cálcio presente em uma amostra de 200,0 mL de uma água natural foi determinada pela precipitação do cátion como CaC2O4. O precipitado foi filtrado, lavado e calcinado em um cadinho com uma massa de 26,6002 g quando vazio. A massa do cadinho mais CaO (56,077 g mol-1) foi de 26,7134 g. Calcule a concentração de Ca (40,078 g mol-1) em água em unidades de gramas por 100 mL de água. Cálculos Gravimétricos – Exemplo Determinação de cálcio em águas naturais Cálculos Gravimétricos – Exemplo Determinação de cálcio em águas naturais Propriedades dos Precipitados Para obter bons resultados, você deve ser capaz de obter um precipitado “puro” e que possa ser recuperado com alta eficiência. Características de um bom precipitado: O precipitado deve possuir baixa solubilidade, elevada pureza e composição conhecida; O precipitado deve estar em uma forma que seja fácil separá-lo da mistura reacional. Natureza física dos precipitados A gravimetria por precipitação baseia-se na estequiometria conhecida entre a massa do analito e a massa do precipitado. • Assim, o tamanho das partículas do precipitado não deve ser muito pequeno e o precipitado não deve conter impurezas. Natureza física dos precipitados • As partículas do precipitado não dever ser muito pequenas para não entupirem ou passarem através do filtro; • Partículas pequenas podem formar uma suspensão coloidal de partículas com diâmetros na faixa de 1 a 500 nm, que podem passar pela maioria dos filtros. O tamanho da partícula formada durante a precipitação depende das condições do processo. A formação do precipitado (cristalização) é feita em 2 etapas: 1)Nucleação 2) Crescimento das partículas Nucleação • Alguns íons (ou moléculas) juntam-se aleatoriamente formando pequenos agregados (nucleação homogênea). • Estes núcleos também podem ser formados sobre a superfície de um sólido contaminante suspenso, como partículas de sujeira (nucleação heterogênea); Os núcleos são instáveis e crescem até atingirem o tamanho de partículas coloidais. Crescimento da partícula • Envolve a adição de mais íons (ou moléculas) ao núcleo de cristalização para formar um cristal. • A precipitação adicional envolve uma competição entre a nucleação adicional e o crescimento dos núcleos existentes: -se a nucleação predomina, obtém-se uma grande quantidade de partículas pequenas; - se o crescimento da partícula predomina: um pequeno número de partículas grandes é produzido. Influência das condições de precipitação A cristalização inicia-se a partir de uma solução supersaturada (aquela que contém mais soluto do que o que deve estar presente no equilíbrio). Influência das condições de precipitação Em uma solução muito supersaturada, a nucleação ocorre mais rapidamente do que o crescimento da partícula formando uma suspensão de partículas pequenas ou uma dispersão coloidal. Em uma solução menos supersaturada, a nucleação é mais lenta e o núcleo formado tem mais chance de crescer, obtendo-se partículas maiores e mais adequadas para a análise gravimétrica. Influência das condições de precipitação Portanto, em solução: Solução muito supersaturada: menor será o tamanho da partícula; Solução menos supersaturada: maior será o tamanho da partícula; Controle experimental do tamanho das partículas Variáveis experimentais que influenciam o tamanho das partículas do precipitado: • Solubilidade do precipitado; • Temperatura; • Concentração dos reagentes; • Velocidade com que os reagentes são misturados. Controle experimental do tamanho das partículas O efeito líquido destas variáveis no tamanho da partícula pode ser estimado qualitativamente considerando a supersaturação relativa: Controle experimental do tamanho das partículas As evidências experimentais indicam que o tamanho das partículas de um precipitado varia inversamente com a supersaturação relativa média durante o tempo em queo reagente está sendo introduzido. Assim: Condições que promovem o crescimento das partículas: • Elevação da tempetatura, para aumentar a solubilidade e, consequentemente, diminuir a supersaturação: • Manter grande o volumede solução para que as concentrações do analito e reagente precipitante sejam baixas. Condições que promovem o crescimento das partículas: • Adição lenta do reagente precipitante, com agitação intensa, para evitar uma condição local de muita supersaturação, principalmente se a solubilidade for pequena. Quando a solubilidade for grande, há maior chance de se obter um precipitado cristalino A precipitação é completada pela adição lenta de uma solução de amônia: até que a acidez seja suficientemente baixa para que todo CaC2O4 seja precipitado: Condições que promovem o crescimento das partículas: Precipitação a partir de uma solução homogênea • É uma técnica onde o agente precipitante é gerado em uma solução contendo o analito através de uma reação química lenta; • Os excessos localizados do reagente não ocorrem porque o agente precipitante é gerado gradativa e homogeneamente na solução e reage imediatamente com o analito; • Assim, a supersaturação relativa é mantida baixa durante toda a precipitação Precipitação a partir de uma solução homogênea • Em geral, os precipitados homogeneamente formados, tanto coloidais como cristalinos, são mais adequados para análise gravimétrica do que os formados pela adição direta do reagente precipitante. Precipitação a partir de uma solução homogênea Suspensões coloidais O precipitado permanece suspenso na solução devido a repulsões elétricas entre as partículas que impedem a aglomeração; Suspensões coloidais As forças repulsivas surgem quando cátions (ou ânions) são adsorvidos à superfície das partículas formando uma dupla camada elétrica: Suspensões coloidais As suspensões coloidais podem ser utilizadas para análise gravimétrica desde que suas partículas sejam convertidas em uma massa amorfa que possa ser filtrada. Isto pode ser obtido por um processo chamado coagulação (ou aglomeração). Neste processo a adsorção pode ser diminuída por aquecimento ou pela adição de um eletrólito adequado. Coagulação Para coagularem, as partículas precisam se colidir mas as atmosferas iônicas das partículas coloidais (camada do contra-íon), carregadas negativamente, repelem-se entre si. Coagulação A coagulação pode ser induzida de duas maneiras: 1) Adição de um eletrólito inerte: um aumento na concentração dos íons responsáveis pela 2ª camada de adsorção favorece a aproximação das partículas e permite a coagulação do precipitado. 2) Aquecimento da solução: diminui o número de íons adsorvidos e também aumenta a energia cinética das partículas o suficiente para que possam sobrepor a repulsão eletrostática. Peptização Em um precipitado coagulado, as partículas são unidas por forças de coesão relativamente fracas e se o aglomerado for lavado de maneira inadequada, as partículas se dispersarão novamente para a forma coloidal através de um processo chamado peptização. Um precipitado coagulado precisa ser lavado com soluções aquecidas e na presença de um eletrólito volátil (que possa ser removido durante a secagem). Características dos precipitados As características dos precipitados (coloidais e cristalinos) pode ser melhorada através dos seguintes processos: • Digestão; • Envelhecimento; • Lavagem com eletrólito; • Reprecipitação. Digestão É o aquecimento do precipitado em contato com a água-mãe durante um determinado tempo antes da filtragem. Este tratamento promove uma recristalização lenta, que resulta: • formação de partículas maiores; • íons melhor arranjados dentro dos cristais; • diminuição da adsorção superficial e inclusão de impurezas; Envelhecimento O precipitado é deixado em repouso na presença da solução-mãe, durante um determinado tempo, antes de ser filtrado. Neste tempo (envelhecimento) ocorrem transformações irreversíveis no precipitado: • Partículas pequenas são dissolvidas e novamente precipitadas sobre a superfície dos cristais maiores; • Material dos vértices e arestas do cristal, em partículas imperfeitas e floculosas, são dissolvidas e depositadas sobre a superfície do cristal, tornando-o mais perfeito e compacto. Reprecipitação • Reprecipitação: dissolução do sólido formado, seguida de nova precipitação. Contaminação dos precipitados Os precipitados podem arrastar da solução outros constituíntes solúveis que nem sempre são removidos pela simples lavagem do precipitado, dando origem a uma contaminação. Em análise gravimétrica, estas contaminações são a maior fonte de erros. A co-precipitação é um processo no qual substâncias solúveis estranhas são removidas da solução por um precipitado, durante sua formação. Co-precipitação A co-precipitação é um processo no qual substâncias solúveis estranhas são removidas da solução por um precipitado, durante sua formação. A co-precipitação pode acontecer de duas maneiras: 1) Por formação de solução sólida (inclusão ou oclusão): as impurezas encontram-se absorvidas, dentro do cristal 2) Por adsorção superficial: as impurezas encontram-se adsorvidas à superfície do cristal. Adsorção superficial • É mais comum em precipitados coloidais devido à maior área superficial, mas também ocorre em sólidos cristalinos. • O íon contaminante adsorvido na superfície do colóide e o seu contra-íon de carga oposta na solução adjacente à partícula são arrastados na forma de um contaminante superficial. Exemplo: na precipitação de AgCl, o AgNO3, composto solúvel, é co-precipitado com o AgCl. Formação de solução sólida: inclusão • Um íon contaminante substitui um íon na rede cristalina do precipitado. • É mais provável quando o íon da impureza tem tamanho e carga semelhante ao de um dos íons do produto. • Ocorre tanto para colóides quanto para cristais Formação de solução sólida: oclusão • O contaminante fica preso dentro do precipitado conforme ele é formado durante um crescimento rápido do cristal. • Ocorre somente para precipitados cristalinos. Formação de solução sólida: oclusão A oclusão pode ser formadas de duas maneiras, à medida em que as partículas crescem: a) Os íons contaminantes são fisicamente adsorvidos na superfície do precipitado e ficam presos a ele durante o crescimento b) Uma porção da solução fica presa, dentro do precipitado, formando uma bolsa. Gravimetria por precipitação – aplicação • A gravimetria por precipitação, apesar de não ser mais tão utilizada, ainda fornece uma maneira confiável para testar a exatidão de outros métodos de análise ou para verificar a composição de materiais padrão de referência; • Exemplo de aplicação: análise quantitativa (e quali) de cátions e ânions inorgânicos; • Os reagentes precipitantes mais importantes para cátions inorgânicos são: cromato, haletos, hidróxido, oxalato, sulfato, sulfito e fosfato. Gravimetria por precipitação - vantagens • Não necessita de etapas de calibração ou padronização porque os resultados são calculados diretamente de um resultado experimental ou de massas molares; • Quando o número de amostras é pequeno, um processo gravimétrico pode ser escolhido por envolver menos tempo e esforço que um processo que requer o preparo de padrões e calibração. • Os poucos equipamentos necessários (béquer, balança, filtro, fornos,...) são baratos e disponíveis rotineiramente na maioria dos laboratórios. • No entanto, deixa de ser prática quando é necessário a análise de um número grande de amostras. Gravimetria por volatilização Uso de energia térmica ou química para remover espécies voláteis) • Determinação de umidade em alimentos (energia térmica); • Determinação da quantidade de carbono em um composto orgânico: uso da energia química da combustão para converter C a CO2 Gravimetria por volatilização O analito é separado da amostra por volatilização (é convertido a gás). O produto volátil é absorvido por uma substância adequada. Sua massa pode ser calculada de duas maneiras: 1- pela variação da massa da substância absorvente; 2- determinação indireta, pelaperda em massa da amostra. Gravimetria por volatilização Determinação do conteúdo de hidrogenocarbonato de sódio (NaHCO3) em tabletes antiácido. Uma determinada massa da amostra é tratada com ácido sulfúrico diluído par converter o NaHCO3 a CO2: Gravimetria por volatilização Esta reação é realizada em um frasco conectado a um tubo que contem uma massa conhecida de um absorvente que retém o dióxido de carbono seletivamente, conforme ele é removido da solução por aquecimento. A diferença na massa do tubo antes e depois da absorção é usada para calcular a quantidade de hidrogenocarbonato de sódio. Determinação de ferro em solo 0,485g de uma amostra de solo contendo ferro (II) e (III), foi oxidada e o ferro (III) precipitado como óxido de ferro hidratado (Fe2O3. xH2O). O precipitado depois de filtrado, lavado e calcinado pesou 0,248g, com o ferro na forma de óxido (Fe2O3). Qual o conteúdo de ferro(III) na amostra? 1. O teor em alumínio numa amostra pode ser determinado por precipitação como uma base e calcinação a Al2O3, que é pesado. Qual a massa de alumínio numa amostra com 0,2365 g de precipitado calcinado? 2. Uma amostra de 0,4671 g contendo hidrogenocarbonato de sódio foi dissolvida e titulada com 40,72 mL de uma solução padrão de HCl 0,1067 M. Sabendo que a reação é HCO3 - + H+ -> H2O + CO2 Calcule a percentagem de bicarbonato de sódio na amostra. 3. O conteúdo em cálcio numa amostra de urina pode ser determinado pelo seguinte procedimento: 1º – Precipitação do Ca2+, em meio alcalino, sob a forma de oxalato de cálcio (CaC2O4) 2º – Após lavagem do precipitado com água fria para remoção do oxalato livre, o sólido é dissolvido em ácido, formando-se Ca2+ e H2C2O4. 3º – O ácido oxálico dissolvido é aquecido a 60 ºC e titulado com uma solução padrão de permanganato de potássio até viragem para cor violeta (ponto final). Supondo que na titulação de 5,00 mL de uma amostra de urina sujeita a este tratamento se gastou 16,17 mL da solução padrão de permanganato, calcule a concentração de cálcio na amostra de urina. Dados: Para determinar a concentração rigorosa de permanganato de potássio procedeu-se do seguinte modo: dissolveram-se 0,3562 g de Na2C2O4 num balão volumétrico de 250,00 mL, e titulou-se 10 mL desta solução com a solução de KMnO4, tendo-se gasto um volume de 48,36 mL.
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