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Abordagem Propedêutica e Nutricional nas Cefaléias Primeira coisa em relação a dor de cabeça, um dos pontos principais que temos que lembrar, é que é a principal síndrome neurológica que afasta do trabalho (seguida da dor lombar), é a principal síndrome dolorosa incapacitante é a Cefaleia. Pontos importantes 1. Diagnóstico etiológico 2. Exames complementares 3. Tratamento específico na fase aguda 4. Profilaxia e tratamento ambulatorial Semiologia 1. Anamnese 2. Exame físico · Geral · Neurológico • Cefaliátrico: primeira coisa quando eu faço o exame físico Cefaliátrico, eu to buscando informações para apurar o meu diagnóstico, então preciso buscar alterações que possivelmente causam o quadro de Dor de Cabeça. Ex.: se o paciente fala que a dor dele está na porção occipital, eu vou focar o exame cefaliátrico na região que pode dar dor occipital. Exame Cefaliátrico em si: Ex.: Região anterior do crânio (face) – o que pode dar dor de cabeça que ta na face? Dentição, Seios Paranasais (sinusite), ATM, região temporal, otite, etc. 1. Palpação dos seios da face, frontal e maxilar – palpação pode ser dolorosa. 2. Avaliar articulação temporomandibular (ATM) – na inspeção já é possível identificar se há alguma alteração, mas na hora que você palpa e o paciente abre e fecha a boca é possível sentir crepitações, que podem predizer que o paciente tem uma disfunção de ATM. 3. Palpação de Artéria Temporal Superficial – podemos encontrar ela mais quente, endurecida com redução da pulsação, que é um sinal de arterite, chamada de Arterite Temporal é uma vasculite potencialmente grave que pode afetar outros vasos menores e causar risco de cegueira (amaurose). 4. Palpação do Nervo Occipital Maior – paciente pode relatar dor em queimação em região de nuca e que vai para frente, é uma inflamação do nervo e que pode ser causada por estresse e más posições ao deitar que gera muita compressão (travesseiro duro). Se a dor durante a palpação simular igual a dor de origem a causa é a nevralgia occipital. 5. Avaliar sinais meníngeos – paciente pode ter flexão cefálica dura (rigidez nucal), sinal de brudzinski positivo (paciente flexiona os dois joelhos durante a flexão cefálica), sinal de lasegue positivo (perna do paciente elevada e distendia acompanhada de rigidez nucal e dor). Classificação Internacional Parte 1. Cefaléias Primárias – dor de cabeça é sintoma e doença ao mesmo tempo. Parte 2. Cefaléias Secundárias – dor de cabeça é o sintoma de base de outra doença subjacente neurológica ou sistêmica (Ex.: tumor cerebral é a doença e a dor de cabeça é o sintoma / cefaleia cervicogênica é sintoma e o problema é doença degenerativa de coluna cervical). · Cefaléias Primárias: 1. MIGRÂNEA (Enxaqueca) 22% das mulheres e 9% dos homens. 75% dos casos é migrânea sem aurea e 25% dos casos é migrânea com aurea. 80% dos pacientes tem algum familiar direto acometido. A Aurea é uma manifestação neurológica geralmente somatossensitiva que precede a dor e além de ser sensitiva ela é visual, então é aquele paciente que vê pontinhos, vê escotomas e sabe que a dor vai vir. Teoria da Hipoperfusão Alastrante – o cérebro vai sofrendo hipoperfusão e essa hipoperfusão vai passando de região em região no cérebro e quando essa hipoperfusão é muito grave causa sintoma, então pode-se dizer que a aurea seria o sintoma dessa pior hipoperfusão cerebral. Os medicamentos triptanos, são medicações serotoninérgicas e vasoconstritoras e não são indicados para os casos de migrânea com aurea pois o paciente já está fazendo uma hipoperfusão e não é indicado causar mais vasoconstrição, pois pode abrir uma isquemia. * Enxaqueca com Aurea não é o prognóstico em si, ela é mais difícil o tratamento e pode ter mais complicações como o AVC e a TVC (também associada a fatores de risco como tabagismo, trombofilia e uso de hormônios, especialmente estrógeno). Os critérios diagnósticos são clínicos: a. o paciente precisa ter pelo menos 5 episódios preenchendo os seguintes critérios: b. duração de 4 a 72 horas, dor unilateral, de caráter pulsátil, de moderada a forte e piora com atividade física. c. ter pelo menos um sintoma associado: · náusea e/ou vômito, fotofobia, fonofobia e/ou osmofobia Fases da Enxaqueca: · Sintomas Premonitórios: precedem a dor horas ou até dias antes, gera irritabilidade, raciocínio mais lento e desânimo, avidez/desejo por alguns tipos de alimentos. · Aura: sintomas neurológicos que precedem a dor, visuais, somato-sensitivos e/ou motora (Ex.: parestesia). · Cefaléia: dor de forte intensidade, latejante/pulsátil, piora com as atividades do dia a dia, duração da fase de dor é de 4 a 72 horas, unilateral em dois terços das crises e pode mudar de lado de uma crise para outra. · Sintomas associados: náuseas e/ou vômitos, vertigem · Pródromo / Recuperação: paciente tem desânimo, exaustão, fadiga, mialgia. Complicações: · Estado Migranoso: duração maior que 72h (com intervalos livres < 12h), náuseas e vômitos (podem levar a desidratação) e necessidade de internação. · Infarto Migranoso: aura persistente por mais de 60 minutos e sinais de isquemia em exame de neuroimagem. * É o paciente que evolui para um avc. · Migrânea Crônica: aumento das frequências das crises (tornam-se diárias) e mais de 15 dias por mês (por mais de 3 meses). Profilaxia: 1. Não Medicamentosa: a) Manter ciclo regular de sono (higiene do sono); b) Atividade física regular; c) Manter horários constante para as refeições; d) Evitar fatores desencadeantes (Ex.: álcool, chocolate, alimentos com tiramina, aditivos alimentares como glutamato monossódico e aspartato, medicamentos, estresse, mudanças climáticas, etc.) e) Alimentos que seguramente desencadeiam crises; f) Limitar ingestão de cafeína (três cafés/dia); g) Limitar uso de analgésicos (máximo dois dias/semana); h) Medidas controladoras do estresse; i) Técnicas de relaxamento. 2. Indicação de Profilaxia (quando você vai dar remédio para o paciente): a) Frequência das crises: 3*- 4 ou mais por mês b) Grau de incapacidade importante c) Falência da medicação abortiva d) Ineficácia da profilaxia não medicamentosa (quando preferência) e) Especiais · Hemiplégica · Basilar · Auras frequentes · Infarto migranoso 3. Objetivos da Medicação: a) Diminuir frequência das crises b) Diminuir intensidade das crises c) Aumentar eficácia do tratamento abortivo 4. Medicações: a) Beta-bloqueadores – Propanolol, Metoprolol b) Anti-depressivos – Amitriptilina, Nortriptilina c) Antiepilépticos – Topiramato, Gabapentina d) Antagonistas da serotonina – quase não utilizados devidos os efeitos colaterais 5. Princípios do tratamento medicamentoso: · Reavaliar resposta: 1-2 meses · Se melhora parcial: manter por, pelo menos, 3 meses · Tratamento eficazes - >75% de melhora – intensidade e frequência - manter, pelo menos, 6 meses antes da retirada gradual · Após retirada, se retorno das crises - retomar esquema prévio ou modificá-lo - manter pelo tempo necessário 6. Escolha da medicação: · Eficácia, tolerabilidade e segurança · Doenças associadas · Interações medicamentosas e farmacológicas · Relação custo / benefício · Preferências do paciente · Particularidades – gravidez, intenção de engravidar, amamentação, idade (crianças e idosos) e alergias. 2. CEFALÉIA TENSIONAL Mais frequente Pico de prevalência na quarta década Crise é de fraca ou moderada intensidade Sensação de aperto ou pressão Na maioria das vezes, é bilateral Pode ser frontal, occipital ou holocraniana Duração: 30 minutos a 7 dias Não apresenta náusea e vômitos Exame neurológico, geralmente, normal Não piora com atividade física Relaciona com – estresse físico, estresse muscular (cv), estresse emocional Etiologia: · Causa controversa / desconhecida · No passado, tensão muscular · Hipótese de sensibilidade anormal à dor no complexo nuclear trigeminal · Receptor de estímulos cerebrais, inclusive do sistema límbico Diagnóstico: Seguimento: · Orientação de medidas educativas como: · Sono regular · Evitar bebidas alcoólicas · Controlede estresse (técnicas de relaxamento, atividade física leve) · Lazer · Caso precise de medicação – Amitriptilina 3. CEFALÉIA EM SALVAS Cefaleia trigêmino-autonômica (mais frequente) Geralmente, inicia após os 20 anos Mais frequente entre as 3a e 5a décadas Surtos de 1 a 3 meses de duração (salvas) 1 a 8 crises por dia Frequentemente, despertar noturno pela crise Duração limitada (15 a 180 minutos) Dor excruciante, unilateral (sempre do mesmo lado) Região orbital, supraorbital e/ou temporal Alterações autonômicas – hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento, congestão ocular e nasal, rinorreia, edema palpebral, rubor facial, miose e/ou ptose ipsilaterais Sensação de inquietude e agitação Pode haver período de meses ou anos sem crises Etiologia: · Relação com ciclo circadiano: aparente participação do diencéfalo Seguimento: · Orientar a evitar fatores desencadeantes (bebidas alcoólicas e substâncias voláteis), até o final do período de crises. · Encaminhar para o especialista 4. CEFALÉIAS – *NOTAS · Atentar para padrão de uso de analgésico e antiinflamatórios. · Não prescrever opióides nos quadros supracitados. • S: systemic – sintomas sistêmicos (febre, perda de peso) ou fatores de risco (HIV, história familiar, malignidade, gravidez, imunossupressores); • N: neurologic – sintomas neurológicos, sem ser aura ou exame neurológico alterado; • O: onset – início súbito, abrupto; • O: older/young – início em jovem <5 anos /idoso >50 anos; • P: previous – mudança da história prévia de enxaqueca; • P: posicional; • P: preciptated – precipitada por Valsalva; • P: papiledema; • P: progressiva.