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Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é o protótipo das doenças autoimunes. Há uma produção de autoanticorpos dirigidos contra proteínas diversas e perda de autotolerância importante. É uma doença de evolução crônica, com períodos de atividade e remissão e de evolução muito variável. EPIDEMIOLOGIA • Predomínio sexo feminino 9:1 § Crianças 3:1 § Idosos 8:1 • Idade no diagnóstico: § 65% entre 16 e 55 anos § 20% abaixo de 16 anos § 15% - acima de 55 anos ETIPATOGENIA Tem etiologia multifatorial, não completamente conhecida. Æ Fatores genéticos Æ Fatores ambientais Æ Fatores hormonais Fatores Genéticos: • 5-12% dos parentes de pacientes com LES desenvolvem a doença • Taxa de concordância em gêmeos = 14 a 57% • Deficiências do sistema complemento ‒ C1q, C4A e B; • Genes com variantes da imunidade inata (IRF5, Stat4, SPP1) ‒ mediados por IFN alfa • HLA DR2/DR3 • Cromosssomo X = 3 genes pelo menos (IRAK1 / MECP2 / TLR7); • Evidencia de gene dose efeito o ‒ XXY (klinefelter): prevalência 14 vezes maior o ‒ X0 (turner): menor que na população em geral Anormalidades imunológicas: • Aumento da expressão de Blys/BAAF; • Ativação persistente de Células B; • Alterações nos Toll-Like receptors 7 e a 9; Fatores Hormonais Hormônios apresentam propriedades imunorregulatórias • Estrogênio: estimula timócitos, LT CD8, LT CD4 Æ Redução da apoptose de linfócitos B • ACO com estrogênios Æ Aumento de risco: dados inconsistentes • Menarca precoce MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sintomas constitucionais o Febre (50% na doença ativa ‒ diferenciar de infecção) o Fadiga (80-100%) o Emagrecimento 1. MUCOSAS E CUTÂNEAS o FOTOSSENSIBILIDADE o Ulceras orais: indolores, aparecem em 12 a 45% dos paciente com LES e presente em paciente com Lúpus cutâneo isolado. o Ulceras nasais: menos comuns. Perfuração de septo em 4%; o Sem aparente relação com atividade de doença sistêmica; Æ MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: LES X LUPUS CUTÂNEO o Lúpus cutâneo agudo ‒ >90% o LCSA ‒ 50% o Discóide Localizado ‒ 5 a 10 % o Discóide Generalizado ‒ 15 a 28% o Lúpus profundus/paniculite ‒ 5 a 10% o Lúpus tumidus ‒ Raramente associada com LES Æ AGUDAS Localizada: Rash malar que poupa sulco nasolabial; Generalizada: erupção maculopapular em áreas fotoexpostas: casos graves podem ter pústulas/bolhas; Fatores Ambientais Biopsia de pele com IF: depósitos de imunocomplexos na junção dermoepidérmica na membrana basal (lúpus band test) Æ SUBAGUDAS • Lupus cutâneo subagudo; • Àreas fotoexpostas: ombros, braços, tronco e pescoço/face pode ser poupada; • Forma papuloescamosas (psoriasiforme); • Forma anular (policíclico); • Associação com LES em 50% dos casos; • 1/3 associado a medicamentos e auto-limitados; • Associação forte com anti-RO (80%) e HLA-DR3; RASH MALAR (ASA DE BORBOLETA) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL = ROSÁCEA ANULAR POLICÍSTICO PAPULOESCAMOSO - PSORIASIFORME Æ CRÔNICAS • Lúpus discóide: ocorre em 15-30% dos pacientes com LES o Face, orelha, couro cabeludo, pescoço e mais raramente tronco superior (generalizado) o Pápulas ou placas eritematosas descamativas, espessas e aderentes com atrofia, hipopigmentação central ou hiperpigmentação, alopécia cicatricial o 10% desenvolvem LES • Lúpus profundus (Paniculite lúpica): Nódulos eritematosos subcutâneos, duros, bem definidos • Lúpus pérnio: eritema pérnio + LES LÚPUS DISCOIDE LÚPUS PROFUNDUS PÉRNIO 2. MANIFESTAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS Manifestações clínicas mais frequentes: • Artralgias INFLAMATÓRIAS; • Artrite: poliartrite intermitente NÃO EROSIVA; o Mãos (IFP) , punhos e joelhos • Artropatia de Jaccoud o 10-35% dos pacientes = frouxidão de estruturas periarticulares • Miosite • Osteonecrose (10%- principalmente colo de fêmur) 3. MANIFESTAÇÕES RENAIS: • Manifesta-se em 50-70% dos pacientes; • Principais determinantes de morbimortalidade; • Geralmente nos primeiros 2 a 5 anos de doença; • Quando manifestação inicial apresenta pior prognóstico. Æ Glomerulonefrite - Nefrite tubuloinstersticial; - Microangiopatia trombótica; ‒ Vascular; - Arteriolosclerose; LESÕES DE PELE ASSOCIADAS AO LÚPUS ARTROPATIA DE JACCOUD ‒ FROUXIDÃO LIGAMENTAR 4. MANIFESTAÇÕES HEMATOLÓGICAS • Anemia de doença crônica; • Anemia ferropriva • Anemia hemolítica ‒ coombs+ • Leucopenia • Linfopenia • Plaquetopenia o Refratária lembrar de SAAF o Síndrome de Evans • SAF: Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide; • Abortos de repetição; • Trombose arterial e/ou venosa; • Positividade: o Anticardiolipinas IgM/IgG e anticoagulante lúpico; 5. MANIFESTAÇÕES PULMONARES • Derrame pleural (serosite) o 30-60%, bilateral, pequeno, exsudato, glicose elevada, depósito de imunoglobulinas na pleura • Pneumonite o < 10% dos pacientes ‒ com presença de febre, dispneia, dor pleuritica e hemoptise • Hemorragia alveolar difusa; • TEP; • Síndrome do pulmão encolhido; • Distúrbio restritivo, dispneia progressiva e RX com elevação de diafragma; 6. MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS • Derrame pericárdico = mais comum o 1/3 dos pacientes ao ecocardio: maioria assintomático, tamponamento é incomum. • Miocardite o Taquicardia sem causa aparente; o 10% sintomáticas: arritmias, defeitos de condução, disfunção miocárdica; o Fator prognóstico ruim com diminuição de sobrevida; GLOMERULONEFRITE Mesangial IF = depósito de IgG no mesângio Proliferativa IF = depósito intenso e difuso de IgG no mesângio e nas alças capilares periféricas, o que é consistente com distribuição subendotelial. Membranosa IF e ME = depósitos imunes subepiteliais. 20-30% citopenias autoimunes • Endocardite o Espessamento valvular - vegetações 43% -> endocardite de Libman-Sacks (imunocomplexos esteréis) § Associação com anticorpos antifosfolipídeos • Doença arterial coronariana o Aterosclerose precoce e acelerada (inflamação crônica); o Risco 4-8x maior que a população em geral; o Mortalidade pode chegar até 30% (cerca de 6-16%); 7. MANIFESTAÇÃO GASTROINTESTINAL/HEPÁTICAS • Vasculite/Trombose de vasos mesentéricos • Peritonite • Pancreatite • Hepatite • Enterite • Cistite lúpica: hidronefrose e espessamento vesical 8. MANIFESTAÇÕES NEUROPSIQUIATRICAS • Convulsões: 10 a 20% • Déficit cognitivo • Prevalência de 20 a 80% • Psicose : 5% • Associação com uso de corticoide (>40mg/d) • Lesões na substância branca: ~30% ‒ Infartos cerebrais: Associação com presença de livedo e SAAF ‒ Atrofia cerebral é comum ‒ significado clinico incerto ‒ Problema: presença de lesões SNC é comum na população geral ( 20% aos 20 anos / 90% aos 70 anos) • Anti-P ribossomal (sensibilidade 23% especificidade 80%) DIAGNÓSTICO Exames na suspeita diagnóstica o Hemograma + Plaquetas; o Creatinina; o Ureia; o TGO/TGP; o EQU; o IPC/pesq. dismorfismo eritrocitário; o Eletroforese de proteínas (hipergama - IgG); o Prova direta de COOMBS; o C3 e C4; o FAN; o Anti-RO / Anti-LA / Anti-RNP / Anti-Sm / Anti-DNA Anti-cardiolipina IgM e IgG; o Anticoagulante lúpico; o Sorologias virais (HBV HCV, HIV); o Demais conforme clínica ‒ imagens... 1. ANTICORPOS ANTINUCLEARES (FAN) o 99-100% dos pacientes tem FAN+ o FAN negativo é útil para excluir LES o Padrão / Titulação é relevante CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Æ Critérios ACR: Boa sensibilidade e especificidade para pacientes com doença estabelecida, porém pode excluir pacientes com doença inicial ou acomentimento de poucos órgãos. FAN NUCLEAR FAN NUCLEOLAR FAN CITOPLASMÁTICO ASSOCIAÇÕES CLÍNICAS DOS AUTOANTICORPOS Æ Todas as manifestações tem o mesmo peso.TRATAMENTO • Manifestação mais grave geralmente direciona terapia a ser utilizada; • Algumas medidas são implementadas para todos; CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 1997 Pelo menos 4 critérios positivos (incluindo um clínico e um imunológico) OU nefrite lúpica comprovada por biópsia + FAN/Anti DNA positivo 92% especificidade 94% sensibilidade Æ Manifestações cutâneas o Fotoproteção (FPS >30); o Glicocorticóides tópicos, intralesionais ou orais; o Antimaláricos (hidroxicloroquina); o não aumentam risco de infecção, uso seguro na gestação, evidências de aumento de sobrevida em pacientes que o usam o Dapsona; o Talidomida; Æ Artrite o AINEs; o Antimaláricos; o Prednisona; o Metotrexato; o Leflunomida; o Azatioprina; o Rituximabe; Æ Anemia hemolítica / Plaquetopenia o Prednisona 1mg/kg/dia ou pulsoterapia (metilprednisolona 1g por 3 dias); o 75% dos casos apresentam boa resposta com uso de GC. o Azatioprina, micofenolato, ciclofosfamida, ciclosporina, danazol, Rituximabe e IVIG; o Esplenectomia ‒ raramente indicada Æ Tratamento nefrite LES = HIDROXICLOROQUINA Æ LES INDUZIDO POR DROGAS = Representa 6 a 12% de todos os casos de Lúpus. Procainamida e hidralazina são as drogas mais frequentemente descritas em uso por 3 semanas a 2 anos. Há melhora dos sinais e sintomas após a suspensão da droga, ocasionalmente 1 ano para recuperação completa. • Antiarrítmicos: Procainamida (15-20%), quinidina, propafenona, disopiramida. • Antihipertensivos: Hidralazina (5-8%), metildopa, captopril, clonidina, labetalol, minoxidil, pindolol, HCTZ, clortalidona, diltiazen, verapamil, nifedipina, reserpina. • Antipsicóticos: clorpromazina, lítio, bupropiona. • Antibióticos: isoniazida, minociclina, nitrofurantoína, sulfonamidas, penicilinas, terbinafina, griseofulvina. • Anticonvulsivantes: carbamazepina, fenitoína, primidona, Antitireoidianos: propiltiouracil. • AINES/ DMARDs: D-penicilamina, sulfassalazina, leflunomida, piroxicam, naproxeno, fenilbutazona. • Estatinas: atorvastatina, pravastatina, lovastatina. • Biológicos: Etanercepte, infliximabe, adalimumabe, certolizumabe, golimumabe. Æ Tratamento NeuroLES
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