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- -1 ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO DOENÇAS REUMATOLÓGICAS - -2 Olá! Vimos que o Hospital Albert Einstein produziu, de maneira bem humorada, essa animação sobre insuficiência cardíaca. As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos no mundo. Dentre estas enfermidades, destacam- se a doença arterial coronariana e a hipertensão arterial. Além de fatores genéticos, o estilo de vida influencia sobremaneira o surgimento e o desenvolvimento dessas doenças. Nesta aula, discutiremos as principais doenças cardiovasculares, seus fatores de risco e os efeitos benéficos do exercício físico. Bons estudos! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1- Diferenciar os diferentes tipos de doenças cardiovasculares e seus fatores de risco; 2- Reconhecer a fisiopatologia destas condições e suas relações com o envelhecimento; 3- Identificar os benefícios do exercício físico na prevenção e tratamento destas doenças. 1 Doenças cardiovasculares As doenças cardiovasculares englobam um conjunto de doenças do aparelho circulatório que afetam o coração (doenças centrais) e os vasos sanguíneos (doenças periféricas). Elas podem ser divididas (A organização mundial de saúde inclui a hipertensão arterial sistêmica (HAS) como um tipo de doença cardiovascular (WHO, 2012).) em (PHAC, 2012): • Doença isquêmica do coração • Acidente vascular encefálico • Doença vascular periférica • Insuficiência cardíaca • Doença cardíaca reumática • Doença cardíaca congênita 2 Mortes por doenças cardiovasculares Clique na figura (WHO (2012)) e observe o número total de mortes no mundo por tipo de doença cardiovascular. • • • • • • - -3 Perceba que há um aumento do número de mortes com o envelhecimento, principalmente por doença arterial coronariana (linha roxa) e acidente vascular encefálico (linha vinho). Fique ligado Se voltarmos à aula 2, relembraremos que no Brasil a insuficiência cardíaca é a principal morbidade hospitalar de pacientes a partir de 60 anos de idade no SUS. No mais, o acidente vascular encefálico e a hipertensão arterial sistêmica figuram entre as cinco principais causas. - -4 3 Doenças cardiovasculares mais comuns - DAC A partir de agora, vamos aprofundar nossos estudos nas doenças cardiovasculares mais prevalentes, começando pela doença arterial coronariana (DAC). Essa doença é causada pela aterosclerose (Processo de deposição de placas gordurosas nas paredes das artérias coronarianas.), que causa um estreitamento da luz arterial, conforme ilustra a figura ao lado, onde uma placa de ateroma formada no interior de uma artéria coronariana. A redução no fluxo sanguíneo para o miocárdio, causada pela placa de ateroma, resultará em uma condição de isquemia miocárdica (Desproporção entre o suprimento vascular coronariano e a demanda miocárdica de oxigênio.), que poderá ocasionar a angina (Síndrome de desconforto no peito ou áreas relacionadas, sem necrose do miocárdio.). A angina se manifesta de forma mais frequente como uma dor no peito (angina pectoris), porém esta síndrome pode se manifestar de diferentes formas, como mostra a figura a seguir: - -5 A isquemia do miocárdio pode progredir para o infarto agudo do miocárdio. Este, por sua vez, pode ser definido como o desenvolvimento súbito ou agudo de uma necrose em uma região do miocárdio, devido a uma isquemia resultante de inadequado fluxo sanguíneo e/ou oxigenação. A figura ao lado ilustra a obstrução de uma artéria coronariana e consequente necrose da área do miocárdio por ela irrigada (área mais clara). - -6 4 Fatores de risco para o desenvolvimento da DAC Conheça, a seguir, os fatores de risco para o desenvolvimento da doença arterial coronariana e os critérios para definição (ACSM (2009)): Idade Homens maior ou igual a 45 anos e mulheres maior ou igual a 55 anos História familiar Sexo masculino: Infarto do miocárdio, revascularização do miocárdio ou morte súbita antes do 55 anos no pai ou outro parente de 1º grau. Sexo feminino: antes dos 65 anos na mãe ou outro parente de 1º grau. - -7 Tabagismo Indivíduos fumantes ou que pararam de fumar há menos de seis meses e fumantes passivos. Estilo de vida sedentário Não realização de atividade física moderada por pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, nos últimos três meses. Obesidade Índice de massa corporal maior que 30 quilos por metro quadrado ou circunferência da cintura maior que 102cm para homens e 88cm pra mulheres. Hipertensão arterial Pressão arterial sistólica maior que 140mmHg e/ou diastólica maior que 90mmHg, medidas em duas ocasiões, ou uso de medicamento anti-hipertensivo. Dislipidemias Lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) maior ou igual a 130mg/dL ou lipoproteína de alta densidade (HDL-C) menor que 40mg/dL ou uso de medicamento para redução de lipídios. Se apenas o colesterol total estiver disponível, considerar maior ou igual a 200mg/dL. Pré-diabetes Glicemia em jejum maior ou igual a 100mg/dL, porém menor que 126mg/dL ou intolerância à glicose. Fique ligado É importante frisar que valores de HDL-C maiores que 60mg/dL são considerados um fator de risco negativo, pois altas concentrações de HDL-C diminuem o risco de DAC. Nestes casos, deve- se diminuir um fator de risco positivo. Por exemplo: um indivíduo de 60 anos de idade sem nenhum outro fator de risco e HDL-C maior que 60mg/dL terá seu fator de risco idade cancelado. É considerado então sem risco de DAC. - -8 5 Exercícios x fatores de risco Se lembrarmos dos benefícios da atividade física na aula 2, poderemos associar a prática de exercícios físicos a efeitos positivos sobre os fatores de risco, como (ACSM (2009)): • Redução da pressão arterial sistólica e diastólica em repouso. • Aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL-c). • Diminuição da trigliceridemia. • Redução do percentual de gordura corporal e da gordura intra-abdominal. • Aumento da tolerância à glicose e redução das necessidades de insulina. • Redução da aderência e da agregação plaquetária. 6 Efeitos do exercício no paciente com DAC Os principais efeitos fisiológicos do exercício no paciente com DAC são (AACVPR, 2004): Aumento da capacidade funcional O consumo máximo de oxigênio pode aumentar em média 20% em pacientes com DAC após três meses de treinamento, devido principalmente ao aumento da capacidade de extração de oxigênio pelos músculos (aumento de diferença arteriovenosa de oxigênio) e, em menor grau, do volume de ejeção cardíaco. Diminuição dos sintomas de isquemia do miocárdio O exercício físico provoca redução da frequência cardíaca submáxima para determinada carga de trabalho. Com isso, retarda o limiar para o aparecimento de sintomas da doença, como a angina. • • • • • • Fique ligado Antes de iniciarmos um programa de exercícios para indivíduos com DAC, é imprescindível a autorização do médico acompanhante. Os testes ergométricos realizados pelo paciente são de grande utilidade para o conhecimento de seu estado físico inicial, bem como as respostas cronotrópicas (frequência cardíaca) e inotrópicas (pressão arterial) ao esforço, além do limiar de aparecimento de angina ou sinais de limitações impostos pela doença. - -9 7 Hipertensão arterial sistêmica - HAS A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a segunda doença cardiovascular que veremos nesta aula. Trata-se de uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos alvo (Coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos.) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (SBC/SBH/SBN, 2010). Nos últimos 20 anos, estudos apontaram uma prevalência de HAS acima de 30%, alcançando mais de 50% entre 60 e 69 anos, e 75% acima de 70 anos. Por isso as modificações no estilo de vida são fundamentais no tratamento do paciente com pressão arterial limítrofe ou normal-alta (PAS 130-139mmHg e PAD 85-89mmHg)e com hipertensão arterial leve (PAS 140- 149mmHg e PAD 90-99mmHg), como mostra o quadro a seguir (SBC/SBH/SBN (2010)): - -10 8 Mecanismos hipotensores pós-exercício O exercício físico potencializa mecanismos hipotensores pós-exercício, como: • Atividade nervosa simpática Redução da atividade nervosa simpática. • Sódio Aumento da excreção urinária de sódio. • Renina plasmática Diminuição da atividade da renina plasmática. • Prostaglandina E Aumento da secreção de prostaglandina E. • Insulina plasmática Diminuição da insulina plasmática. • • • • • Saiba mais Numa comparação entre as magnitudes do efeito hipotensor pós-exercício aeróbio e pós- exercício com pesos, não foram verificadas diferenças entre os exercícios. Além disso, a resposta hipotensora independe da intensidade, sendo dependente da duração. Quanto maior a duração, maior a redução. Em exercícios aeróbios, a resposta hipotensora pós-exercício foi encontrada em durações entre 20 e 60 minutos. Já nos exercícios com pesos, as respostas foram encontradas em durações entre 15 e 60 minutos (MacDonald, 2002). - -11 9 Precauções nos exercícios para idosos hipertensos A prescrição de exercícios para idosos hipertensos segue as recomendações gerais de exercícios cardiovasculares e com pesos, discutidas nas aulas 3 e 4. Porém, algumas precauções devem ser tomadas: • Somente iniciar um programa de exercícios após autorização por escrito do médico acompanhante. • Não iniciar a sessão de treino se a pressão arterial estiver maior que 160x105mmHg (SBC/SBH /SBN, 2009). Já o ACSM (2009) preconiza os valores de 200 x 110mmHg. • O uso de betabloqueadores mascara a resposta da frequência cardíaca ao esforço, devendo-se utilizar as escalas de esforço percebido para monitorar a intensidade. • Medicamentos anti-hipertensivos, como vasodilatadores, betabloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio, podem potencializar a hipotensão pós-exercício. Nestes indivíduos, deve-se prolongar e monitorar a fase de resfriamento ou volta-à-calma. • Evitar a manobra de Valsalva (exalação com força do ar contra os lábios fechados e nariz tapado). 10 Fases do programa de reabilitação cardíaca Conheça agora um programa de reabilitação cardíaca, que compreende, comumente, três fases (AACVPR, 2004): Fase I - Período de internação Tem como objetivos principais evitar ou reduzir os efeitos deletérios do repouso prolongado no leito e reduzir o tempo de permanência no hospital. Os exercícios são feitos inicialmente no próprio leito, através de exercícios respiratórios e mobilização passiva das extremidades, progredindo para exercícios ativos de membros superiores e inferiores, e deambulações inicialmente no próprio quarto e, posteriormente, nos corredores da unidade hospitalar. A caminhada pode ser intensificada com a utilização de rampas e pequenos lances de escada. Esta fase dura em média de 7 a 10 dias. Fase II - Primeiros três meses após a alta hospitalar Inicia-se aproximadamente na 3ª semana pós-evento de infarto agudo do miocárdio ou cirurgia de revascularização, e dura de 10 a 12 semanas. Indivíduos com angina pectoris estável, cardiomiopatia hipertrófica, prolapso de válvula mitral e DAC latente podem ser incluídos nessa fase. Ela deve ser realizada ainda sob supervisão médica, em ambientes seguros como hospitais e/ou clínicas médicas. Fase III - Após três meses de alta • • • • • - -12 A fase de manutenção é realizada em clubes, academias e outros locais adequados à prática de exercícios. Nesta fase, a prescrição de exercícios já é similar à de adultos saudáveis não condicionados fisicamente. Normalmente, o profissional de Educação Física atua de forma mais efetiva nas fases II e III. 11 Prescrição de exercícios – comparação O quadro a seguir (adaptado de Pollock e Wilmore (1993)) apresenta uma comparação da prescrição de exercícios para pacientes cardíacos e adultos saudáveis. 12 Treinamento com pesos para cardiopatas Os exercícios com pesos são essenciais na reabilitação de cardiopatas, já que o aumento da força permite um melhor desempenho nas atividades diárias. Além disso, exercícios com pesos em circuito promovem redução da FC submáxima, aumento do volume de ejeção e aumento do débito cardíaco (FARDY, et al, 2001). A recomendação de treinamento com pesos para pacientes cardiopatas é (ACSM, 2009): Equipamentos Elásticos, halteres, dumbells e máquinas. Intensidade 12 a 15 repetições, realizadas de maneira confortável; aumentar a carga em 5% após o paciente conseguir realizar as repetições com facilidade; indivíduos de baixo risco podem realizar de 8 a 12 repetições, com carga - -13 entre 60 e 80% de 1RM; escala de esforço entre 11 e 13; realizar de 8 a 12 exercícios para os maiores grupos musculares, preferindo exercícios multiarticulares. Frequência De 2 a 3 vezes por semana, com intervalo de 48h. Progressão Aumentar lentamente a carga, com a adaptação ao programa. Recomenda-se um aumento na carga de 1 a 2 Kg por semana para membros superiores, e de 2 a 5 Kg para membros inferiores. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • Os tipos de doenças reumatologias; • Os fatores de risco e as implicações fisiológicas das doenças reumatologias; • Os benefícios do exercício físico na prevenção e reabilitação de idosos com doenças reumatologias. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Identificou os fatores de risco para o surgimento de doenças arteriais coronarianas e os benefícios do Fique ligado Devem ser iniciados após cinco semanas da data do IAM ou da cirurgia cardíaca, e apenas depois de ter realizado quatro semanas de um programa de exercícios aeróbios. Recomenda-se iniciar com exercícios de amplitude de movimento e baixa carga – de 0,5 a 1,5 Kg (ACSM, 2009). Saiba mais Leia o artigo sobre o papel do exercício físico no controle da hipertensão arterial, disponívelem: . Acesso em: 23 jan.https://www.scielo.br/pdf/rbme/v10n6/a08v10n6.pdf 2021. • • • • https://www.scielo.br/pdf/rbme/v10n6/a08v10n6.pdf - -14 • Identificou os fatores de risco para o surgimento de doenças arteriais coronarianas e os benefícios do exercício físico nestes indivíduos; • Analisou as recomendações de exercícios físicos num programa de reabilitação cardíaca; • Entendeu a importância da atividade física e de um estilo de vida ativo para idosos hipertensos. Referências AMERICAN ASSOCIATION OF CARDIOVASCULAR AND PULMONARY REHABILITATION. Guidelines for cardiac rehabilitation and secondary prevention programs. 4. Ed. Champaign, IL: Human Kinetics, 2004. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE’S. Guidelines for Exercise Testing and Prescription. 8. Ed. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2009. FARDY, P. S.; FRANKLIN, B. A.; PORCARI, J. P.; VERRIL, D. E. Técnicas de treinamento em reabilitação cardíaca . São Paulo: Manole, 2001. MACDONALD, J. R. . Potential causes, mechanisms and implications of post exercise hypotension Journal of , 16, 225-236, 2002.Human Hypertension POLLOCK, M. L; WILMORE, J. H. : avaliação e prescrição para prevenção eExercícios na saúde e na doença reabilitação. Rio de Janeiro: Medsi, 1993. PUBLIC HEALTH AGENCY OF CANADA. . Disponível aqui. Acesso em 17 dez.Six types of cardiovascular disease 2012. https://www.canada.ca/en/public-health/services/chronic-diseases/cardiovascular-disease/six-types- cardiovascular-disease.html SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA / SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO / SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. . Arq. Bras. Cardiol.; 95(1 supl.1): 1-51,VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão 2010. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Types of cardiovascular disease. Disponível aqui. Acesso em 17 dez. 2012. http://www.who.int/cardiovascular_diseases/en/cvd_atlas_01_types.pdf • • • http://www.who.int/cardiovascular_diseases/en/cvd_atlas_01_types.pdf Olá! 1 Doenças cardiovasculares 2 Mortes por doenças cardiovasculares 3 Doenças cardiovasculares mais comuns - DAC 4 Fatores de risco para o desenvolvimento da DAC 5 Exercíciosx fatores de risco 6 Efeitos do exercício no paciente com DAC 7 Hipertensão arterial sistêmica - HAS 8 Mecanismos hipotensores pós-exercício Atividade nervosa simpática Sódio Renina plasmática Prostaglandina E Insulina plasmática 9 Precauções nos exercícios para idosos hipertensos 10 Fases do programa de reabilitação cardíaca 11 Prescrição de exercícios – comparação 12 Treinamento com pesos para cardiopatas O que vem na próxima aula CONCLUSÃO Referências
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