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EDUCAÇÃO FISIICA NA 3 IDADE-Livro Texto - Unidade I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Telma Fátima da Cunha Moraes
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Educação Física 
na Terceira Idade
Professora conteudista: Telma Fátima da Cunha Moraes
Graduação em Esporte (2005), mestrado (2010), doutorado (2015) e pós-doutorado (em andamento) na área 
de Ciências (mestrado e doutorado em Fisiologia do Exercício e pós-doutorado em Treinamento de Força) pela 
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). Durante a graduação, realizou um 
intercâmbio estudantil (2005) na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, em Portugal. Começou sua 
carreira acadêmica através de sua iniciação científica (2004), dando continuidade com os trabalhos de mestrado e 
doutorado com populações especiais. Durante esse período, ganhou prêmios como primeira autora no Congresso Brasileiro 
de Metabolismo, Nutrição e Exercício: Gerar-Med Destaque Científico, em Londrina, e no Congresso da Sociedade de 
Cardiologia do Estado de São Paulo: Prêmio Interdisciplinar, em São Paulo, ambos em 2012. Trabalhou em colaboração 
em diversos estudos nas áreas de envelhecimento, doenças crônico-degenerativas, tais como insuficiência cardíca e 
Parkinson, treinamento físico e regulação de massa muscular. Atualmente, é professora da Universidade Paulista (UNIP) 
no curso de Educação Física, ministrando aulas também para os cursos de Biomedicina e Fisioterapia. Em 2017, 
foi professora substituta da disciplina Genética da Atividade Motora na EEFE-USP. Na pós-graduação, é professora 
colaboradora desde 2013 da disciplina Sistema Nervoso Autônomo, no Programa de Aprimoramento Profissional 
em Condicionamento Físico Aplicado à Prevenção Cardiológica Primária e Secundária da Escola de Educação 
Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Foi professora convidada também de cursos 
de pós-graduação stricto sensu (Unifesp e Unicamp) e lato sensu (Estácio, Unicid e USP). Em 2017, foi professora 
colaboradora da disciplina Metodologia da Pesquisa Quantitativa na EEFE-USP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P827e Moraes, Telma Fátima da Cunha.
Educação Física na Terceira Idade. / Telma Fátima da Cunha 
Moraes. – São Paulo: Editora Sol, 2023.
116 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Desenvolvimento. 2. Comportamento motor. 3. Envelhecimento. 
I. Título.
CDU 796.4-053.89
U518.56 – 23
Profa. Sandra Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes 
Menezes
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Lucas Ricardi
 Kleber Souza
Educação Física na Terceira Idade
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO ............................................................................................. 11
1.1 Transição demográfica ....................................................................................................................... 12
1.2 Classificações e conceitos ................................................................................................................. 14
1.2.1 O processo de envelhecimento ......................................................................................................... 15
1.2.2 Teorias do envelhecimento ................................................................................................................. 17
1.3 Desenvolvimento de atitudes positivas frente à velhice...................................................... 20
1.3.1 Redescobrindo o envelhecimento .................................................................................................... 23
2 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO, SOCIAL, COGNITIVO E MOTOR: 
IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................................................ 26
2.1 Desenvolvimento psicológico e implicações para a Educação Física .............................. 26
2.2 Desenvolvimento social e implicações para a Educação Física ......................................... 30
2.3 Desenvolvimento cognitivo e as implicações para a Educação Física ............................ 33
2.3.1 Declínio cognitivo anormal: doenças neurodegenerativas ................................................... 36
2.4 Desenvolvimento motor e as implicações para a Educação Física .................................. 38
3 ENVELHECIMENTO: SAÚDE E DOENÇA ................................................................................................... 40
3.1 Aumento da população idosa e as doenças crônicas não transmissíveis ..................... 41
3.2 Conceito e promoção de saúde ...................................................................................................... 43
3.2.1 Alimentação saudável ........................................................................................................................... 45
3.2.2 Prática de atividades físicas ............................................................................................................... 46
3.3 Modelos e o processo saúde-doença ........................................................................................... 48
4 CAPACIDADES MOTORAS, TREINAMENTO E ENVELHECIMENTO .................................................. 50
4.1 A influência do envelhecimento no desempenho das capacidades motoras .............. 54
4.2 Treinamento físico e as capacidades motoras .......................................................................... 55
Unidade II
5 COMPORTAMENTO MOTOR DURANTE O ENVELHECIMENTO ........................................................ 62
5.1 Comportamento motor e os sistemas sensorial e perceptivo............................................ 63
5.1.1 Desenvolvimento motor: modelo das restrições ....................................................................... 65
5.2 Comportamento motor e as fases do desenvolvimento motor ........................................ 66
Sumário
6 PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS 
DE PESSOAS IDOSAS .......................................................................................................................................... 69
6.1 Processo ensino-aprendizagem e a pessoa idosa ................................................................... 72
6.2 Modelos de intervenção em Educação Física para populações idosas ...........................75
6.2.1 Treinamento aeróbio ............................................................................................................................. 75
6.2.2 Treinamento resistido ............................................................................................................................ 77
6.2.3 Treinamento de flexibilidade .............................................................................................................. 79
6.2.4 Treinamento com exercícios coordenativos (elevada complexidade motora) ............... 79
6.2.5 Treinamento de força com instabilidade ....................................................................................... 80
6.2.6 Treinamento com restrição de fluxo sanguíneo ......................................................................... 81
6.2.7 Exergames .................................................................................................................................................. 81
7 EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PESSOAS IDOSAS EM RELAÇÃO À RESISTÊNCIA 
AERÓBIA, FORÇA, FLEXIBILIDADE, AGILIDADE E EQUILÍBRIO ............................................................ 82
7.1 Controle de variáveis .......................................................................................................................... 83
7.2 Estabelecendo critérios ...................................................................................................................... 84
7.3 Prescrição de exercícios físicos ....................................................................................................... 87
7.3.1 Resistência aeróbia ou aptidão cardiorrespiratória .................................................................. 87
7.3.2 Força ............................................................................................................................................................. 88
7.3.3 Flexibilidade ............................................................................................................................................... 89
7.3.4 Agilidade ..................................................................................................................................................... 89
7.3.5 Equilíbrio .................................................................................................................................................... 90
8 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL ........................................................................................... 91
7
APRESENTAÇÃO
O envelhecimento da população, com projeções de um número cada vez maior de pessoas idosas 
no futuro, tem chamado a atenção de governos, instituições como a Organização Mundial da Saúde e 
profissionais de diversas áreas. A preocupação dos governos e das instituições é criar políticas públicas 
que assegurem os direitos desses indivíduos; já os profissionais dos diferentes segmentos buscam 
estratégias para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Isso porque o processo de envelhecimento 
é uma fase diferente do desenvolvimento, na qual não se observa melhora ou aprimoramento de 
funções; pelo contrário, se observam reduções e perdas, que acarretam a necessidade de adaptação do 
indivíduo às mudanças inerentes dessa fase da vida. Além das transformações fisiológicas, bioquímicas 
e cognitivas, verificam-se alterações psicológicas e sociais decorrentes de um novo posicionamento 
na sociedade, geralmente relacionado à aposentadoria e ao surgimento do “tempo livre”.
Dessa forma, ao considerarmos o processo de envelhecimento e as mudanças na vida das pessoas 
idosas, verificamos que o profissional de Educação Física tem um vasto campo de atuação, podendo 
trabalhar em diversos aspectos relacionados a esse processo, principalmente porque a atividade física pode 
auxiliar na melhora da qualidade de vida da pessoa idosa. Nesse sentido, o estudo e a compreensão do 
processo de envelhecimento poderão contribuir com a formação sólida do educador físico, capacitando-o 
para atuar de maneira adequada, considerando as características e necessidades dessa população.
Portanto, ao final dessa disciplina e com o auxílio deste livro-texto, você será capaz de:
• conhecer as principais características do desenvolvimento da pessoa idosa, discutindo os aspectos 
socioafetivo, cognitivo e motor e as respectivas implicações para a educação física;
• compreender as necessidades, objetivos e significados de se trabalhar as tarefas adequadas à 
pessoa idosa e sua relação com a atividade cognitivo-motora;
• dominar os conhecimentos que dão suporte à escolha de tarefas motoras adequadas à 
população idosa;
• refletir criticamente sobre os fundamentos da educação física na terceira idade, bem como o 
papel do profissional que atua com essa população.
8
INTRODUÇÃO
Uma enfermeira recém-formada tinha sido contratada para trabalhar em uma clínica que atende 
muitas pessoas idosas. Antes de iniciar a atividade, ela teria que fazer um curso para entender a forma 
de trabalho do local.
No dia do curso, essa enfermeira e outras pessoas contratadas se sentaram em uma sala à espera 
da professora que daria o curso. A professora, ao chegar, pediu ajuda aos enfermeiros, pois carregava 
muitos materiais. Ao separar esses objetos, a professora pediu que cada pessoa pegasse um par de 
óculos, duas caneleiras (musculação), bexigas, uma calça, fones de ouvido e um protetor bucal. Solicitou 
que colocassem os óculos, vestissem a calça (que era bem grande), colocassem as caneleiras por cima da 
calça e as bexigas por dentro, até que a região da cintura ficasse completamente preenchida. Em seguida, 
pediu para que utilizassem o protetor bucal. Por último, solicitou que os alunos do curso passassem um 
determinado creme nas mãos, mas que, antes disso, colocassem os fones de ouvido.
Com os alunos preparados, a professora pediu para eles fizessem alguns movimentos. O problema 
é que os alunos apresentavam muita dificuldade em entender o que ela dizia e, também, em se 
movimentar com aqueles materiais. Um dos alunos tentou reclamar dos óculos que deixavam a visão 
embaçada, mas era muito difícil falar com aquele protetor bucal. Outra aluna tentou amarrar os 
cadarços do tênis, mas as bexigas não permitiam, pois elas estavam muito cheias. Alguns perceberam 
que as mãos perderam um pouco de sensibilidade após o creme, o que dificultava a percepção.
Após essa vivência, a professora pediu para que eles tirassem os materiais e respondessem o que 
achavam que ela pretendia com aquela experiência. Os alunos se entreolharam e mantiveram o silêncio. 
Sem respostas, a professora explicou: “Essa vivência teve o objetivo de fazer vocês se sentirem como as 
pessoas idosas se sentem. Com o envelhecimento, a visão fica embaçada; os ouvidos já não interpretam 
bem os sons; as pernas ficam pesadas e a cintura fica maior com o ganho de peso, o que dificulta o 
movimento; as mãos perdem sensibilidade e força; e a fala também é modificada”.
Os alunos, a partir da explicação da professora, perceberam que o trabalho deles teria que ser 
diferenciado, especial, pois o indivíduo ao envelhecer vivencia diversas mudanças em seu corpo, o que 
não permite que ele desempenhe suas funções da mesma forma. Nesse sentido, o trabalho daquelas 
pessoas teria que ser adaptado para atender às necessidades das pessoas idosas.
Você pode estar se perguntando nesse momento: “Mas eu não sou enfermeiro! Serei professor de 
Educação Física! O que o conhecimento dessas mudanças causadas pelo envelhecimento pode agregar 
em minha formação?”
O conhecimento das mudanças decorrentes do envelhecimento é muito importante para os 
profissionais de Educação Física, pois a prática de atividades físicas contribui para minimizar os efeitos 
da velhice e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Dessa forma, assim como os enfermeiros, os 
educadores físicos devem estar preparados para trabalhar com essa população, desenvolvendo atividades 
apropriadasque estimulem os aspectos psicológicos, sociais, cognitivos e motores. Além disso, a prática 
9
de atividades físicas pode proporcionar uma vida mais independente e autônoma, fazendo da velhice 
um período de novas experiências e expectativas.
Nessa disciplina, então, abordaremos diversos aspectos do envelhecimento, desde os fatores 
relacionados ao aumento da população idosa; as atitudes frente à velhice; o desenvolvimento psicológico, 
social, cognitivo e motor e as implicações para a Educação Física; até a elaboração de programas de 
Educação Física para pessoas idosas.
Começamos agora essa viagem do conhecimento pelo universo do envelhecimento!
11
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
Unidade I
1 DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO
As pessoas, do nascimento até a morte, passam por inúmeras transformações, as quais determinam, 
ao longo do tempo, suas características.
Essas transformações podem se referir ao aumento progressivo das dimensões do corpo, como o 
aumento da estatura, ou definir o aprimoramento/declínio de alguma função do organismo, como 
ocorre com a marcha (andar/caminhar). Nesse sentido, o aumento progressivo das dimensões corporais, 
tais como o tamanho dos braços e das pernas, tem sido associado ao processo de crescimento, que é 
caracterizado pela crescente multiplicação e diferenciação celular, sendo definido como um processo 
quantitativo que ocorre do nascimento até se alcançar a maturação biológica, geralmente no início da 
idade adulta (por volta dos 20 anos de idade). Já as transformações que alteram as funções do organismo 
se relacionam ao processo de desenvolvimento, o qual resulta de uma sequência de modificações 
que aprimoram ou limitam tais funções. Esse processo ocorre de maneira simultânea ao crescimento, 
determinando características quantitativas e qualitativas ao desenvolvimento. Contudo, o processo de 
desenvolvimento, diferente do crescimento, ocorre por toda a vida de um indivíduo, cessando apenas 
com a morte (Guedes, 2011).
Considerando a marcha e o desenvolvimento, podemos observar que, para que uma criança consiga 
andar, é preciso aprender o movimento, mas também é preciso desenvolver certas características do 
corpo, como o fortalecimento da musculatura esquelética. Com o crescimento e o desenvolvimento, 
essa criança conseguirá aprimorar sua marcha, alcançando, na idade adulta, um padrão mais complexo 
desse movimento. Já com o envelhecimento, caminhar fica mais difícil, pois ocorrem diversas perdas 
no organismo, como a perda de massa óssea, de massa muscular e de força, prejudicando a realização 
da prática. Dessa forma, o desenvolvimento não se relaciona apenas ao aumento da qualidade das 
funções do organismo, tais como motora, cognitiva ou comportamental, observado durante o 
crescimento do indivíduo, mas reflete ainda a perda ou declínio dessas funções, como ocorre no 
envelhecimento (veja a figura a seguir), o qual tem ganhado destaque em decorrência do aumento 
da expectativa de vida da população mundial no final do século XX e da importância de se manter a 
qualidade de vida dessas pessoas.
12
Unidade I
Figura 1 – Fases do desenvolvimento: da infância à velhice
Disponível em: https://tinyurl.com/5dtvtxwd. Acesso em: 17 ago. 2023.
1.1 Transição demográfica
As melhorias nas condições de vida e a redução da mortalidade associada aos avanços tecnológicos e 
ao desenvolvimento de medicamentos mais eficientes no combate a muitas enfermidades, tais como as 
doenças cardiovasculares, têm sido determinantes para esse aumento da população mundial de pessoas 
idosas, o que começou a ser observado por volta dos anos 1970. A expectativa, segundo a Organização 
Mundial de Saúde, é que em 2020 o número de pessoas com mais de 60 anos seja maior que o de 
crianças de até 5 anos de idade. Um aspecto interessante é que 80% dessas pessoas idosas viverão em 
países em desenvolvimento como o Brasil (Mathers et al., 2015).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm mostrado o aumento tanto da 
expectativa de vida como do número de pessoas idosas no Brasil nas últimas décadas. A expectativa 
de vida era de 62,7 anos em 1980, de 72,8 anos em 2008, chegando a 74,6 anos em 2012 (IBGE, 2008, 
2010, 2013). Entre 2012 e 2016, a população idosa cresceu 16%, totalizando 29,6 milhões de pessoas, e a 
projeção da expectativa de vida em 2020 é de 76,7 anos em média. Contudo, o número de crianças com 
até 9 anos de idade caiu de 14,1% para 12,9% da população nesse período (IBGE, 2013). Esses dados 
confirmam a transição demográfica observada no Brasil nos últimos anos.
A transição demográfica se refere às modificações observadas na fecundidade e na mortalidade 
de uma determinada população. Segundo Nasri (2008), uma população se torna mais idosa à 
medida que aumenta a proporção de pessoas idosas e diminui a parcela de pessoas mais jovens, 
ou seja, para que uma determinada população envelheça, é necessário haver também uma menor 
taxa de fecundidade.
No Brasil, os parâmetros que favoreceram o aumento do número de pessoas idosas ocorreram 
entre os anos de 1940 e 1960. Nesse período, com a incorporação dos avanços da medicina às políticas 
públicas de saúde, houve uma redução na taxa de mortalidade e um aumento da fecundidade, 
aumentando o número de jovens. No entanto, a partir de 1960, a redução da fecundidade, que começou 
13
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
nos grupos populacionais mais favorecidos e nas regiões mais desenvolvidas, tais como o Sul e o 
Sudeste, generalizou-se rapidamente e desencadeou o processo de transição da estrutura etária (Nasri, 
2008). Associados à redução da fecundidade, estratégias como a criação de campanhas de vacinação em 
massa e de programas de nutrição infantil, de incentivo ao pré-natal e à amamentação, assim como a 
contratação de agentes de saúde, refletiram no aumento da expectativa de vida anos mais tarde.
Para ilustrar essa transição demográfica, podemos observar na figura a seguir as taxas brutas de 
natalidade e mortalidade desde 1872 até 2010. Esse gráfico ilustra em laranja a evolução da natalidade 
e os fatores que contribuíram para sua redução e, em azul, a taxa de mortalidade e a influência dos 
antibióticos.
18901881
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1900
Crescimento vegetativo
Taxa bruta de natalidade
%
Taxa bruta de mortalidade
Esterelização feminina
Antibióticos
Pílula
1910 1920 1930 1945 1955 1965 1975 1985 1995 2000 2010
Figura 2 – Evolução das taxas de natalidade e mortalidade no Brasil entre os anos de 1872 e 2010
Fonte: Simões (2016, p. 47).
Ao considerarmos esses dados da transição demográfica no Brasil, podemos observar que ela 
aconteceu de forma rápida, assim como em outros países em desenvolvimento, tais como os que 
compõem a América Latina. Enquanto os países em desenvolvimento demoraram cerca de 30 a 40  anos 
para aumentar a população de pessoas idosas, os países desenvolvidos, como o Japão e a Suíça, 
demoraram 100 anos (Litvoc; Brito, 2004). Além disso, as causas do envelhecimento também foram 
diferentes. Enquanto no Brasil intervenções na infância, em um certo período, culminaram no aumento 
da longevidade, nos países desenvolvidos o aumento da expectativa de vida foi desencadeado pela 
redução das mortes por doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e o acidente vascular 
cerebral (Mathers et al., 2015). Essa redução na mortalidade estaria associada à criação de campanhas e 
intervenções de baixo custo para reduzir o consumo de sal (cloreto de sódio) e o uso do tabaco.
Diante desse cenário, estima-se que nas próximas décadas a taxa de crescimento será muito baixa ou 
até negativa, acarretando um aumento ainda maior do número de pessoas idosas (Nasri, 2008). Nesse 
sentido, as projeções da Organização Mundial da Saúde em 2017 apontam que em 2050 a população 
mundial de pessoas idosas será de 2 bilhões de pessoas. No Brasil, estima-se que 28% das pessoas idosas 
terão 80 anos ou mais, sendo a maioria dessa população do gênerofeminino. No ano de 2000, para 
cada 100 mulheres idosas, havia 81 homens idosos; em 2050, haverá provavelmente cerca de 76 homens 
idosos para 100 mulheres idosas (Nasri, 2008), conforme a figura a seguir:
14
Unidade I
9.000.000 9.000.0007.000.0007.000.000 5.000.000 5.000.0003.000.0003.000.000 1.000.000 1.000.000
Homens
2050
2040
2030
2020
2010
2005
2000
1990
1980
Mulheres
População
Figura 3 – Aumento da população idosa com mais de 80 anos 
(homens e mulheres) e as projeções para 2050
Dessa forma, iniciativas que favoreçam um envelhecimento mais saudável e autônomo tornam-se 
cada vez mais importantes (Maranhão-Neto; Leon; Farinatti, 2011). Mas quem é a pessoa idosa? Como 
ocorre esse processo de envelhecimento?
 Saiba mais
Um artigo do Professor Berlindes Küchemann: Envelhecimento 
populacional, cuidado e cidadania: velhos dilemas e novos desafios, apresenta 
os diversos aspectos envolvidos com o crescimento da população idosa.
KÜCHEMANN, B. A. Envelhecimento populacional, cuidado e cidadania: 
velhos dilemas e novos desafios. Revista Sociedade e Estado, v. 27, n. 1, 
p. 165-180, jan./abr., 2012. Disponível em: https://tinyurl.com/86e39km5. 
Acesso em: 17 ago. 2023.
1.2 Classificações e conceitos
A definição de pessoa idosa a partir da idade cronológica de um indivíduo ainda não apresenta 
um consenso na literatura devido à variabilidade biológica observada no processo de envelhecimento. 
Cada pessoa envelhece em um ritmo diferente, que depende de diversos fatores, como os sociais, os 
econômicos, os ambientais, a presença de doenças, entre outros. A Organização Mundial da Saúde, por 
exemplo, considera as condições socioeconômicas de cada nação para estabelecer a idade cronológica 
de uma pessoa idosa. Em países em desenvolvimento, é considerada pessoa idosa aquele indivíduo que 
tem 60 anos de idade ou mais. Já nos países desenvolvidos, a idade se estende para 65 anos (WHO, 2002).
De acordo com Schneider e Irigaray (2008), uma das classificações mais utilizadas estabelece como 
pessoa idosa o indivíduo a partir de 65 anos de idade, definindo três grupos: as pessoas idosas jovens, as 
15
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
pessoas idosas velhas e as pessoas idosas mais velhas. As pessoas idosas jovens são indivíduos com idade 
entre 65 a 74 anos, que geralmente se apresentam ativos. As pessoas idosas velhas, de 75 a 84 anos, e as 
pessoas idosas mais velhas, de 85 anos ou mais, são aquelas que têm maior tendência para a fraqueza 
e para a enfermidade, e podem ter dificuldade para desempenhar algumas atividades da vida diária. 
No entanto, como o processo de envelhecimento apresenta grande variabilidade entre os indivíduos, 
alguns podem se manter ativos e independentes, mesmo em idades mais avançadas. Em contrapartida, 
indivíduos com menos de 65 anos podem precisar de ajuda para realizar atividades simples da vida 
diária. Nesse sentido, pode-se utilizar a classificação por idade funcional (Papalia; Olds; Feldman, 2006).
Outra denominação bastante utilizada para determinar essa fase da vida consiste no termo terceira 
idade. Ele foi criado pelo gerontólogo francês Huet (especialista em envelhecimento) no início do 
século XX para designar pessoas com mais de 60 anos de idade (Farinatti, 2008a). Mais recentemente, a 
expressão quarta idade foi criada também na França para designar pessoas com mais de 80 anos. Esses 
indivíduos podem ser chamados também de senescentes, já que a fase mais tardia do envelhecimento 
é denominada senescência.
Outros termos comuns são: melhor idade, adulto maduro, adulto mais velho, meia-idade, maturidade, 
idade maior e idade madura (Neri; Freire, 2000).
Com a definição de quem é a pessoa idosa, é preciso entender como ocorre esse processo que 
determina ou torna uma pessoa idosa.
 Lembrete
Não há uma idade biológica que determine o início do envelhecimento. 
Essa fase é estabelecida, geralmente, através de fatores socioeconômicos, 
que variam entre os países.
1.2.1 O processo de envelhecimento
O envelhecimento é um fenômeno natural e contínuo dos seres vivos, incluindo o ser humano, 
e pode ser evidenciado de maneira diferente para cada indivíduo, pois não ocorre necessariamente 
de forma simultânea à idade cronológica, sendo influenciado pelo modo como o indivíduo vive (o que 
pode desencadear doenças, por exemplo) e pelas relações que ele estabelece (Mota, 2002).
Uma característica importante do envelhecimento é o declínio progressivo de todos os processos 
bioquímicos e fisiológicos do organismo (Nóbrega et al., 1999). Podemos apresentar como exemplos a 
perda de massa muscular, da densidade mineral óssea, da elasticidade da pele e da quantidade de colágeno 
e o aumento de tecido adiposo na região abdominal, que alteram o equilíbrio, a capacidade de absorção 
de choques e o controle da perda de calor corporal (Hayflick, 1996). Além disso, esse aumento do tecido 
adiposo está relacionado ao aumento no risco de desenvolvimento de doenças crônicas (Huayllas 
et al., 2001; Matsudo; Matsudo; Barros Neto, 2000). Outra mudança importante se refere à redução 
16
Unidade I
no percentual de água no organismo, passando de 60% para 52%, o que acarreta maior rigidez nos 
tendões, ligamentos e cartilagens articulares (Martel et al., 2006; Basset; Schneider; Huntington, 2004).
A função cognitiva também é prejudicada. Nessa fase da vida, pessoas idosas apresentam quadros 
de demência ou perda de memória, desencadeando problemas na execução das tarefas da vida diária 
(Blondell; Hammersley-Mather; Veerman, 2014).
O metabolismo é alterado e a concentração de hormônios é reduzida com o envelhecimento. Por 
volta dos 60 anos, verifica-se uma menor produção de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), que 
estimula a produção e a liberação de cortisol e de testosterona nos homens. Já as mulheres apresentam 
uma redução nas concentrações de estrógeno desencadeada pelo processo de menopausa, o qual se 
inicia antes da terceira idade, entre os 45 e 50 anos de idade (Poli; Schwanke; Cruz, 2010). A redução 
das concentrações hormonais prejudica a produção de tecido ósseo, principalmente nas mulheres, 
diminuindo a densidade mineral óssea em cerca de 1% a 3% a cada ano, o que desencadeia uma 
redução da estatura, fragilidade óssea, osteopenia e até osteoporose (Hirschfeld; Kinsella; Duque, 2017). 
Esse quadro de fragilidade óssea é agravado devido às alterações que também ocorrem na musculatura 
esquelética, que protege e move os ossos durante o movimento. Observa-se atrofia muscular (redução 
da massa muscular), acompanhada de diminuição da força e da potência dos músculos (Doherty, 2003), 
conforme a figura a seguir:
Hipotrofia Homeostase
Hipertrofia
AST muscular
Atrofia
Doenças
Ganho de massa
Sobrecarga
Resultante de jejum, desnervação, 
caqueixa, envelhecimento
Figura 4 – Processo de regulação do ganho e da perda de massa muscular. Entre os fatores que reduzem 
a massa muscular está o envelhecimento. AST = Área de secção transversa (tamanho do músculo)
Adaptada de: Shavlakadze e Grounds (2006, p. 994-1009).
Ao considerarmos o sistema imune, verificamos uma redução tanto nas respostas do sistema imune 
inato como do sistema imune adquirido, resultantes das alterações nas células de defesa do organismo 
como os leucócitos e os linfócitos. Essas alterações prejudicam a resposta contra organismos invasores, 
tais como vírus e bactérias, piorando o combate às inflamações e às infecções (Esquenazi, 2008) e 
aumentando a susceptibilidade a doenças.
17
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
Dentre os diversos processos fisiológicos que são alterados com o avanço da idade, destaca-se a 
diminuição na capacidade de execução das atividades de vida diárias (AVDs), aumentando o grau de 
dependência das pessoas idosas (Inouye et al., 2007). Uma das consequências é o crescimento no número 
de quedas, que comumente resultam em fraturas e são consideradas causa frequente de dependência 
e morbidade na terceira idade (Moreland et al., 2004). De fato,Cabrera e colaboradores (2007), em 
um estudo de coorte prospectivo com tempo médio de seguimento de 9 anos, observaram que de 
840 pessoas idosas estudadas, 36% vieram a óbito, sendo 8,6% devido, exclusivamente, a quedas.
Esse processo, o qual envolve as mudanças observadas no envelhecimento, pode ser categorizado 
considerando a presença de doenças e de fatores intervenientes (veja o quadro a seguir). 
O  envelhecimento pode ser classificado como envelhecimento primário, secundário e terciário (Birren; 
Schroots, 1996). O envelhecimento primário corresponde ao processo de envelhecimento natural, 
inevitável e determinado geneticamente, o qual não está associado à presença de doenças. Já o 
envelhecimento secundário resulta da interação entre o estilo de vida e as influências do ambiente, 
como a poluição, desencadeando doenças. O envelhecimento terciário, por sua vez, caracteriza-se por 
profundas perdas físicas e cognitivas, ocasionadas pelo acúmulo dos efeitos do envelhecimento, assim 
como pela presença de doenças relacionadas à idade.
Quadro 1 – Classificação dos tipos de envelhecimento
Tipos Características
Primário
Processo natural
Sem a presença de doenças
Secundário
Interação entre estilo de vida e meio ambiente
Presença de doenças
Terciário
Grandes perdas físicas e cognitivas associadas ao acúmulo de efeitos do envelhecimento
Presença de doenças
Fonte: Birren e Schroots (1996).
Portanto, o envelhecimento é um processo inerente dos seres vivos e, devido às melhores condições 
de vida, mais pessoas têm vivenciado essa fase. Nesse sentido, diversas teorias têm sido desenvolvidas 
na tentativa de explicar e entender os fatores que desencadeiam o envelhecimento. Essas teorias se 
relacionam a duas correntes de pensamento: a biológica e a social, que serão discutidas a seguir.
1.2.2 Teorias do envelhecimento
O aumento do número de pessoas idosas é um fenômeno mundial que tem despertado o interesse 
de diversos pesquisadores. Esses cientistas buscam respostas para compreender os mecanismos 
envolvidos com o processo de envelhecimento a partir da visão biológica, que está atrelada ao declínio 
e degeneração de estruturas e funções do organismo (Fries; Pereira, 2011; Cunha; Jeckel-Neto, 2002) e 
da visão social, que enfatiza o papel do comportamento e das relações sociais nesse processo (Farinatti, 
2008b; Havighurst, 1961).
18
Unidade I
As teorias biológicas correspondem à teoria genética, à imunológica, à do acúmulo de danos, à 
das mutações, à do uso e desgaste e à dos radicais livres. Já as teorias sociais consistem na teoria do 
desengajamento social, na teoria da atividade e na teoria da subcultura do envelhecimento.
1.2.2.1 Teorias biológicas
São teorias biológicas:
• Teoria genética: essa teoria relaciona o envelhecimento a uma programação preestabelecida pelo 
próprio genoma, que definiria as alterações que ocorreriam no organismo ao longo do tempo, 
regulando a expectativa de vida através da ação dos genes.
Outro mecanismo que poderia influenciar as alterações e o ritmo do envelhecimento estaria 
relacionado ao encurtamento dos telômeros, estruturas localizadas no final dos cromossomos 
das células eucarióticas, que protegem as pontas dos cromossomos após a replicação do DNA. 
Com o encurtamento progressivo dos telômeros poderia ocorrer perdas de informações genéticas, 
estimulando o processo de envelhecimento.
• Teoria imunológica: essa teoria defende que a diminuição da resposta imune estaria relacionada 
ao envelhecimento do timo, glândula responsável pelo desenvolvimento e pela diferenciação dos 
linfócitos T, células importantes que comandam a ação do sistema imune. Com a imunidade mais 
baixa, o corpo ficaria mais vulnerável a alterações do organismo e a doenças.
• Teoria do acúmulo de danos: segundo essa teoria, o envelhecimento seria causado pelo acúmulo 
de moléculas defeituosas provenientes de falhas nos processos de produção e reparo dessas 
moléculas e associadas a erros nos mecanismos moleculares de replicação do DNA, transcrição do 
RNA e tradução de proteínas, desencadeando uma perda progressiva de função.
• Teoria das mutações: essa teoria defende que, a partir das divisões celulares e da exposição 
às influências do meio (externo), ocorreriam alterações celulares que poderiam desencadear 
mutações, prejudicando as funções do organismo.
• Teoria do uso e desgaste: essa teoria pressupõe que o envelhecimento seria causado pelo 
excesso de exposição ao meio (externo), causando doenças e lesões. Com o tempo, o corpo 
perderia a capacidade de recuperação dessas agressões (doenças e lesões), provocando alterações 
nas estruturas e funções do organismo.
• Teoria dos radicais livres: essa teoria é a mais aceita atualmente. Ela propõe que o envelhecimento 
normal seria resultado de danos intracelulares causados pela ação dos radicais livres. Esses 
radicais são moléculas instáveis e reativas, derivadas do oxigênio e do nitrogênio, que atacam 
diferentes moléculas do organismo em busca de estabilidade. Eles podem causar danos reversíveis 
e irreversíveis às moléculas. Nessa teoria, as moléculas modificadas perderiam sua função e 
favoreceriam alterações maiores no organismo.
19
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
Para facilitar o entendimento dessas teorias, segue um resumo com as características de cada uma:
Quadro 2 – Teorias biológicas sobre o envelhecimento
Teoria Conceitos
Genética Programação preestabelecida pelo genoma
Imunológica Envelhecimento do timo, imunidade baixa e vulnerabilidade a doenças
Acúmulo de danos Acúmulo de falhas no processo de produção e reparo das moléculas
Mutações Interferências do meio que causam mutações, prejudicando as funções do organismo
Uso e desgaste Perda de capacidade de recuperação total do organismo ao longo do tempo
Radicais livres Danos celulares causados pela ação dos radicais livres
 Observação
Grande parte dos radicais livres de oxigênio é produzida na respiração 
celular que ocorre dentro da mitocôndria. O oxigênio pode receber um 
elétron a mais nesse processo, tornando-se reativo.
1.2.2.2 Teorias sociais
São teorias sociais:
• Teoria do desengajamento social: essa teoria considera o distanciamento gradual do indivíduo 
das pessoas e de suas relações sociais como um processo inevitável ao longo do tempo, e uma 
forma de preparação para a morte.
• Teoria da atividade: nessa teoria, o foco é o envelhecimento bem-sucedido e a satisfação da 
pessoa idosa. Para isso, seria necessário manter, pelo maior tempo possível, as atividades iniciadas 
na meia-idade, e estas, quando essencial, seriam substituídas por outras práticas.
• Teoria da subcultura do envelhecimento: essa teoria defende um padrão de comportamento 
comum às pessoas idosas de forma geral. Essa repetição formaria uma subcultura.
Após conhecermos as diversas teorias sobre o envelhecimento, podemos verificar que trata-se 
de um processo complexo. A compreensão das alterações desencadeadas nessa fase pode auxiliar 
no desenvolvimento e aprimoramento de estratégias para manter ou melhorar a qualidade de vida das 
pessoas idosas. A primeira estratégia pode ser encarar o passar dos anos de forma positiva.
20
Unidade I
O quadro a seguir resume os principais conceitos dessas teorias:
Quadro 3 – Teorias do envelhecimento: visão social
Teoria Conceitos
Desengajamento social Distanciamento gradual das pessoas como preparar para a morte
Atividade Manutenção das atividades da meia-idade
Subcultura do envelhecimento Padrão comum de comportamento entre as pessoas idosas
1.3 Desenvolvimento de atitudes positivas frente à velhice
Como já abordado anteriormente, o envelhecimento é um processo natural da vida, caracterizado 
por diversas alterações e declínios de funções do organismo, sendo considerado a última fase do 
desenvolvimento humano. Para compensar tais alterações e perdas, ele sempre foi associado a valores 
como a maturidade, a experiência e a sabedoria. No entanto, a pessoa idosa foi considerada, por muito 
tempo, alguém aser cuidado, que não poderia contribuir mais com a sociedade, que não teria mais 
participação social, vivendo isolado dentro da família. Tais conceitos estabeleceram estereótipos às 
pessoas idosas, como o de doentes e dependentes de outros para realizarem qualquer tarefa ou viverem 
plenamente, impedindo a participação ativa dessas pessoas na sociedade. Porém, o crescimento no número 
de pessoas idosas no mundo despertou um olhar diferenciado para essa população, desencadeando 
o desenvolvimento de pesquisas científicas, mudanças sociais e culturais e políticas públicas, as quais 
estão permitindo dissociar a imagem da pessoa idosa do declínio, da doença e da incapacidade.
Para tentar garantir uma melhor qualidade de vida às pessoas idosas, os governos têm criado 
políticas públicas direcionadas a essa população. A Organização das Nações Unidas, por exemplo, 
desenvolveu alguns princípios para tentar assegurar os direitos das pessoas idosas em todos os países, 
e a Organização Mundial da Saúde elaborou estratégias para a promoção de um envelhecimento ativo. 
No Brasil, foram criadas a Política Nacional da Pessoa Idosa e o Estatuto da Pessoa Idosa. Mas o que essas 
políticas determinam? Para que se possa compreender melhor essas políticas públicas, segue descrição 
breve de cada uma:
Princípios da ONU para as pessoas idosas
“Acrescentar vida aos anos que foram acrescentados à vida”.
Os princípios da ONU buscam estabelecer regras ou recomendações para que as pessoas idosas 
sejam tratadas com respeito e tenham seus direitos garantidos em todos os países do mundo, 
independentemente das características sociais e culturais de cada nação. Esses princípios se apoiam no 
Plano Internacional de Ação para o Envelhecimento (2003) e em pesquisas científicas que mostraram 
que muitos estereótipos do envelhecimento eram falsos ou reversíveis.
Os princípios se referem a cinco temas:
• Independência: as pessoas idosas devem ter sua acessibilidade garantida (a lugares, a 
oportunidades), possibilidade de trabalhar, participação em decisões etc.
21
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
• Participação: as pessoas idosas devem ser integradas à sociedade, e ter a oportunidade de serem 
úteis e construírem movimentos ou associações de pessoas idosas.
• Cuidados: as pessoas idosas devem ter a possibilidade de serem cuidadas e protegidas, ter acesso 
a serviços de saúde, sociais e jurídicos, e usufruir de seus direitos e liberdade.
• Realização pessoal: as pessoas idosas devem ter oportunidades para desenvolver seu potencial 
e ter acesso aos recursos educativos, culturais, espirituais e recreativos da sociedade.
• Dignidade: as pessoas idosas devem poder viver com dignidade e segurança, sem serem 
exploradas ou submetidas a maus-tratos físicos ou mentais, independentemente de raça, etnia, 
gênero, incapacidade ou contribuição econômica.
Active ageing (envelhecimento ativo) – Organização Mundial da Saúde
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde elaborou planos de ação para criar oportunidades para 
a saúde e favorecer a participação e a segurança de pessoas idosas, contribuindo para a melhora de sua 
qualidade de vida. Essas ações buscam auxiliar a pessoa idosa a perceber seu potencial físico, social e 
mental e a participar da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades enquanto 
recebem proteção, segurança e cuidados.
 Saiba mais
Para mais informações sobre esses documentos, é só acessar:
ONU Brasil:
A ONU e as pessoas idosas. ONUBR, 2017. Disponível em: 
https://tinyurl.com/4vuy2ww3. Acesso em: 17 ago. 2023.
Active Ageing–Organização Mundial da Saúde:
WHO. Active ageing: a police framework. A contribution of the World 
Health Organization to the second United Nations World Assembly on 
Aging. Madri: World Health Organization, 2002. 
Disponível em: https://tinyurl.com/29889p6c. Acesso em: 7 ago. 2023.
22
Unidade I
Política Nacional da Pessoa Idosa – Lei n. 8.842/94
A Lei Federal n. 8.842 (Brasil, 1994), estabeleceu a Política Nacional da Pessoa Idosa com o intuito 
de “assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover autonomia, integração e 
participação efetiva na sociedade” das pessoas com mais de 60 anos. Além disso, ela determina que: 
“a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, 
garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida”.
Estatuto da Pessoa Idosa – Lei n. 10.741/2003
A Lei n. 10.741 (Brasil, 2003), estabeleceu o Estatuto da Pessoa Idosa para regulamentar os direitos 
das pessoas com mais de 60 anos.
Essa lei trata de muitos aspectos, tais como o direito à liberdade, ao respeito, à dignidade, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer e ao trabalho. Determina também a forma 
de realização de serviços às pessoas idosas, como previdência social, assistência social, transporte, 
medidas de proteção e atendimento, e estipula ainda quais são os crimes contra as pessoas idosas e 
a pena para cada um.
O Estatuto da Pessoa Idosa foi criado para fortalecer e complementar a Política Nacional da Pessoa 
Idosa, determinando de forma mais clara e específica todos os aspectos relacionados ao bem-estar e à 
qualidade de vida da pessoa idosa.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Política Nacional da Pessoa Idosa e o Estatuto 
da Pessoa Idosa, acesse os links a seguir:
BRASIL. Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Brasília, 1994. Disponível 
em: https://tinyurl.com/32cmta3e. Acesso em: 17 ago. 2018.
BRASIL. Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Brasília, 2003. Disponível 
em: https://tinyurl.com/29u4kakc. Acesso em: 17 ago. 2023.
Porém, nem sempre essas políticas são respeitadas ou exercidas de forma a realmente garantir 
uma vida digna à pessoa idosa. Além de programas específicos, falta fiscalização para que essas leis 
possam ser cumpridas.
A sociedade tem que se conscientizar da importância de cada pessoa, respeitando a igualdade 
entre os indivíduos. Além disso, as crianças, os jovens e os adultos devem se lembrar que um dia serão 
pessoas idosas também e terão certas dificuldades, e que, se respeitados, poderão desenvolver suas 
potencialidades. Há muito a ser feito, mas os primeiros passos foram dados.
23
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
1.3.1 Redescobrindo o envelhecimento
Viver mais e com qualidade de vida tem sido o novo enfoque da sociedade contemporânea. 
Isso envolve principalmente as pessoas idosas, os profissionais que trabalham com essa população 
e as instituições públicas. Isso porque indivíduos doentes acarretam mais gastos com consultas, 
medicamentos, internações e cuidados pós-hospitalares, sobrecarregando o próprio indivíduo, a família 
e o sistema público de saúde. Já pessoas saudáveis, além de auxiliarem na minimização dos custos com 
tratamentos de doenças, contribuem com diversos setores da sociedade, incluindo a economia do país 
(veja a figura a seguir).
A B 
+ Consultas - Consultas
+ Medicamentos - Medicamentos
+ Internações - Internações
+ Cuidados - Cuidados
+ Custos + Participação na sociedade
Figura 5 – Custos do envelhecimento: pessoa idosa doente (A) X pessoa idosa saudável (B)
Disponível em: A) https://tinyurl.com/4zzmayxb; B) https://tinyurl.com/yrdnvd53. Acesso em: 17 ago. 2023.
O envelhecimento pode ser atualmente considerado um período de possibilidades e de desenvolvimento 
como as outras fases da vida. Dados do Ministério da Saúde (1994) mostram que em 1980 o Brasil 
tinha 10 pessoas idosas para cada 100 jovens. A estimativa para 2050 é de 172 pessoas idosas para 
cada 100  jovens. Dessa  forma, para envelhecer bem é preciso investir na saúde, na autonomia física 
e cognitiva e na participação constante em atividades sociais e produtivas (Ferrari, 1999). Em outras 
palavras, seria a busca do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo, o que permitiria 
o desenvolvimento de mecanismos para transformar perdas e desvantagens em novas possibilidades(Resende, 2006).
Nesse sentido, atitudes positivas contribuem para a adaptação às incapacidades e às perdas presentes 
na velhice, funcionando como um recurso de enfrentamento que possibilita um senso de ajustamento 
pessoal ou bem-estar psicológico positivo (Neri; Cachioni; Resende, 2002). Esse bem-estar psicológico 
seria a percepção da pessoa idosa frente à velhice.
24
Unidade I
De acordo com o modelo de Ryff (1989), o bem-estar psicológico é composto de seis dimensões: 
1) autoaceitação; 2) relação positiva com outros; 3) autonomia; 4) domínio sobre o ambiente (habilidade 
de escolher ambientes apropriados à condição física); 5) propósito na vida (significado da vida, meta, 
sonho); e 6) crescimento pessoal (desenvolvimento do próprio potencial) (Rabelo; Neri, 2006). Manter 
essas dimensões ativas, mesmo com mudanças inerentes ao envelhecimento, faz com que a pessoa 
idosa não apenas se enxergue, mas se perceba e acredite que ela é capaz de realizações. Essas atitudes 
de enfrentamento das limitações também contribuem para que os outros vejam a pessoa idosa com 
mais respeito e admiração.
Algumas estratégias têm contribuído para a prática de atitudes mais positivas frente à velhice, tanto 
em indivíduos mais jovens como nas pessoas idosas. A educação na velhice, por exemplo, propicia o 
aprendizado de novos conteúdos e tarefas, o que favorece para um envelhecimento saudável.
Apesar de a educação para pessoas idosas ser algo relativamente novo, já existem universidades 
abertas para a terceira idade, assim como é possível se engajar em cursos variados que não estejam 
diretamente ligados à educação formal, mas que permitem a experimentação de diferentes vivências. 
De fato, o Serviço Social do Comércio (Sesc), no início dos anos 1970, começou a desenvolver cursos de 
preparação para a aposentadoria, de cuidados à saúde no envelhecimento e de atividades educacionais, 
de lazer e esportivas nas unidades de São Paulo e de Campinas. O Sesc se inspirou nas Universidades do 
Tempo Livre, da França, as quais foram criadas para propiciar novas oportunidades sociais à população 
idosa. Já o primeiro programa de educação para pessoas idosas foi fundado na Universidade Estadual 
de Santa Catarina, em Florianópolis, em 1982. Em 1990, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de 
Campinas criou um curso de educação não formaI para pessoas idosas, o qual foi bastante divulgado e 
favoreceu a rápida disseminação desse tipo de curso no Brasil (Guariento et al., 2013).
Outra estratégia que tem sido muito procurada e utilizada para a melhora e manutenção da qualidade 
de vida das pessoas idosas é a atividade física. Ela pode contribuir para estimular várias funções essenciais 
do organismo, tais como as psicológicas, as cognitivas e as motoras. Além disso, auxilia na prevenção e 
tratamento de muitas doenças, como diabetes, hipertensão, osteoporose e depressão.
A atividade física representa um novo tipo de mudança que vai além das relacionadas à qualidade 
de vida, aptidão física, saúde, capacidade funcional ou preenchimento de tempo livre (Okuma, 1998). 
Ela  desencadeia a ressignificação do próprio indivíduo como ser atuante, capaz e modificador da 
sociedade. A atividade física desperta potencialidades que superam ou ajudam a minimizar as limitações 
e as dificuldades impostas pela idade. Além disso, permite a criação de um novo ciclo social e de 
possibilidades de novas experiências com pessoas que também estão se redescobrindo.
A mudança de olhar frente à velhice através da atividade física contribui para a percepção que esse 
período da vida pode ser como os outros: um período de descobertas e desenvolvimento. Considerando 
as seis dimensões de Ryff (1989), verificamos que a atividade física trabalha: 1) o autoconceito, ajudando 
no autoconhecimento, na aceitação das limitações e no desenvolvimento das potencialidades; 2) a 
relação com os outros, permitindo com que a pessoa idosa se abra para conhecer outras pessoas, outras 
histórias, outros medos e sonhos, retirando-o do isolamento e da solidão; 3) promove a autonomia, 
física e psicológica, permitindo que a pessoa idosa realize suas tarefas e os cuidados consigo mesma; 
25
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
4) auxilia a explorar os ambientes com mais confiança; 5) encoraja a pessoa idosa a buscar novos ideais 
e perspectivas; 6) a atividade física promove o crescimento pessoal a cada exercício trabalhado, a cada 
desafio superado (veja a figura a seguir).
 
Atividade física
Autoconceito
Relação com as outras pessoas
Autonomia
Confiança
Busca de ideais e objetivos
Crescimento pessoal
Figura 6 – Contribuição da atividade física para uma mudança de olhar frente à velhice
Disponível em: https://tinyurl.com/2s3fdbeb. Acesso em: 18 ago. 2023
Portanto, a prática de atividade física deixa a capacidade mais evidente que a limitação, 
encorajando a pessoa idosa para a vida, que pode ser nova e melhor. De fato, a atividade física tem 
grande relevância na manutenção ou melhora da saúde, bem-estar e qualidade de vida, tanto que a 
Organização Mundial de Saúde criou recomendações para a promoção da sua prática entre pessoas 
idosas (who, 1997). Essas orientações enfatizam os benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais da 
prática regular de atividades físicas à pessoa idosa e à sociedade, apontando como a atividade física 
pode ser implementada (por exemplo, não há necessidade de equipamentos), as normas de segurança, 
os fatores motivacionais e as barreiras a serem superadas. Além disso, incentiva o desenvolvimento de 
novas pesquisas científicas com o objetivo de melhorar o acesso, a prescrição e a adesão das pessoas 
idosas à prática de atividades físicas.
Ao observarmos o conteúdo discutido nesse tópico, podemos compreender que as atitudes positivas 
frente à velhice são determinantes para que a vida continue apresentando possibilidades e permitindo o 
desenvolvimento do indivíduo. Se isolar e deixar que as limitações predominem e que a motivação para 
viver se acabe apenas fortalecem os declínios naturais das funções do organismo. Se cuidar, acreditar e 
buscar uma vida ativa permitem continuar em busca de metas e sonhos, que podem ser velhos ou novos. 
Nesse sentido, a atividade física contribui fazendo com que a pessoa perceba suas próprias qualidades 
e que a vida ainda tem muitas oportunidades a serem aproveitadas.
 Observação
O apoio da família é fundamental para a pessoa idosa, pois esse suporte 
pode motivá-lo a realizar novas atividades e a encarar os desafios da velhice 
de forma mais positiva.
26
Unidade I
2 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO, SOCIAL, COGNITIVO E MOTOR: 
IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA
O desenvolvimento psicológico, social, cognitivo e motor ocorre ao longo da vida e engloba tanto 
o aprimoramento como o declínio dessas funções. Inicialmente, o desenvolvimento relaciona-se com 
o aperfeiçoamento das funções do organismo, melhorando as capacidades do indivíduo em realizar 
tarefas mais complexas. Isso decorre do aumento, por exemplo, do controle neuromuscular e das 
habilidades motoras e cognitivas. Nesse sentido, o conhecimento do processo de desenvolvimento 
pode colaborar para a detecção precoce de características e/ou desvios que podem prejudicar esse 
processo. Já no envelhecimento, o desenvolvimento é caracterizado pela diminuição ou perda de 
funções que ocorrem progressivamente ao longo do tempo. Para compreender melhor os processos que 
desencadeiam o envelhecimento, apresentaremos as alterações relacionadas aos aspectos psicológico, 
social, cognitivo e motor.
2.1 Desenvolvimento psicológico e implicações para a Educação Física
O desenvolvimento psicológico é caracterizado não apenas por aspectos genéticos ou biológicos, 
mas é marcado pelas experiências vividas pelo indivíduo durante toda a vida. A imitação, a interação 
familiar e social e a linguagem auxiliam no estabelecimento de uma relação mais próxima com a 
realidade, contribuindo para o desenvolvimento da personalidade, da afetividade,da inteligência, da 
confiança e das emoções da pessoa.
Dessa forma, as experiências vividas auxiliam na construção de valores. No entanto, ao longo da 
vida, marcas (sentimentos e lembranças) psicológicas vão sendo construídas através das experiências 
vivenciadas, influenciando, por exemplo, a personalidade e a confiança. Contudo, essas marcas podem 
ser superadas ou substituídas por outras vivências, tanto positivas como negativas. Nesse sentido, 
experiências ruins na infância podem, por exemplo, ser superadas por acontecimentos mais positivos 
na idade adulta e vice-versa, mostrando que o desenvolvimento é contínuo. Assim, estabelecer 
características fixas, como os estereótipos, pode não refletir o desenvolvimento geral, tampouco o 
psicológico, já que a vida proporciona com frequência diferentes e novos estímulos. Esses estímulos 
exigem respostas que poderão incentivar o indivíduo a aprender ou experimentar coisas novas, que 
podem ou não acrescentar ou transformar aspectos de sua vida. Portanto, definir as pessoas idosas 
como ranzinzas, implicantes, dependentes ou sábias pode não refletir o que elas realmente são 
ou querem ser.
Para compreender melhor os aspectos psicológicos do desenvolvimento, podemos caracterizá-los, 
de forma geral, como:
• contínuo: mudanças ocorrem em qualquer período ao longo de toda a vida;
• cumulativo: construído a partir de experiências anteriores;
• direcionado: aumento gradual da complexidade psicológica;
• diferenciador: ao longo da vida as diferenças entre as pessoas tendem a se acentuar;
27
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
• organizado: as competências decorrentes das mudanças são integradas no funcionamento 
individual de forma coordenada entre si;
• holístico: o desenvolvimento psicológico ocorre simultaneamente ao desenvolvimento do 
restante das funções do organismo (Hoffman; Paris; Hall, 1994).
Ao observarmos a primeira característica descrita sobre o desenvolvimento (nesse caso, o 
psicológico), verificamos que ele é realmente um processo contínuo, como dito anteriormente, que 
acontecerá com todas as pessoas, se elas se mantiverem vivas. Esse conceito de desenvolvimento 
contínuo foi estabelecido por meio de diversas teorias, sendo a de Erikson (1959) a primeira 
a considerar que o desenvolvimento se dá durante toda a vida, a partir de sequências de crises 
psicossociais e de tarefas evolutivas que se desdobram. Em outras palavras, o desenvolvimento ocorre 
a partir da resolução de desafios ou de problemas que ocorrem durante toda a vida de um indivíduo, 
estimulando-o a desenvolver todos os seus aspectos (psicológicos, sociais, cognitivos e motores), ou 
seja, todo seu potencial.
O quadro a seguir apresenta as crises vividas nas diferentes fases da vida, as tarefas evolutivas para 
superá-las e as qualidades construídas:
Quadro 4 – O processo contínuo do desenvolvimento: 
as oito idades do ser humano
Fase 
da vida
Crise 
psicossocial Tarefas evolutivas
Qualidade 
do ego
Fase 
bebê
Confiança
X
 Desconfiança
Formação de vínculo com a figura materna, confiança 
nessa figura e em si mesmo
Confiança na própria capacidade de fazer com que as 
coisas aconteçam 
Esperança
Infância 
inicial
Autonomia
X
Vergonha 
e dúvida
Desenvolvimento da liberdade de escolha; controle 
sobre o próprio corpo
Vontade/
domínio
Idade do 
brinquedo
Iniciativa
X
Culpa
Atividades orientadas à meta; autoafirmação Propósito
Idade 
escolar
Trabalho
X
Inferioridade
Aquisição de repertórios escolares e sociais básicos 
exigidos pela cultura Competência
Adolescência
Identidade
X
Difusão da 
identidade
Criação de um projeto de vida; senso de identidade; 
capacidade crítica
Aquisição de novos valores
Fidelidade
Idade 
adulta
Intimidade
X
Isolamento
Desenvolvimento de relações amorosas estáveis que 
implicam em conhecimento, respeito, responsabilidade 
e doação
Capacidade de revelar-se sem medo da perda da 
identidade
Amor
28
Unidade I
Fase 
da vida
Crise 
psicossocial Tarefas evolutivas
Qualidade 
do ego
Maturidade
Geratividade 
X
Estagnação
Geração de filhos, ideias e valores; transmissão de 
conhecimentos e valores à geração seguinte Cuidado
Velhice
Integridade 
do ego
X
Desespero
Integração dos temas anteriores do desenvolvimento; 
autoaceitação
Formação de um ponto de vista sobre a morte 
Preocupação em deixar um legado espiritual e cultural
Sabedoria
Adaptado de: Neri (2013) e Erikson (1950).
Essa ideia de continuidade deu origem a diversas linhas de pensamento, sendo a do desenvolvimento 
e envelhecimento bem-sucedidos uma delas. Ela é considerada uma teoria psicológica geral do 
desenvolvimento comportamental que descreve como os indivíduos podem efetivamente realizar, através 
de estratégias de seleção, otimização e compensação, as mudanças biológicas, psicológicas e sociais que 
se apresentam como oportunidades e restrições para os seus níveis e trajetórias de desenvolvimento (Neri, 
2013). Dessa forma, um desenvolvimento e um envelhecimento bem-sucedidos estariam relacionados 
à superação de um desafio, para o qual o indivíduo deveria buscar estratégias específicas, usando suas 
habilidades e experiências para vencer as limitações e estabelecer novas possibilidades.
Apesar de as teorias e diretrizes apontarem que indivíduos fisica e mentalmente ativos, como na teoria 
do desenvolvimento e envelhecimento bem-sucedidos, podem ter longevidade com qualidade de vida 
(superando desafios), geralmente os indivíduos, conforme envelhecem, tendem a diminuir o entusiasmo 
e a motivação pela vida, apresentando uma acomodação à sua condição e maior apego pela conservação 
de pertences e de espaço, como se assim fosse possível preservar a própria história. Ao mesmo tempo, 
surge uma grande preocupação com a saúde física e mental, principalmente porque esses aspectos 
interferem de modo direto na manutenção da autonomia e da independência. Também é possível observar 
uma busca por ambientes mais estáveis para se viver, sem surpresas ou mudanças súbitas. Contudo, são 
comuns a perda de contatos sociais e a dificuldade em criar novos relacionamentos e realizar novas 
atividades (o indivíduo se torna mais seletivo), acarretando um sentimento de isolamento e solidão 
(Lapenta, 1996; Rauchbach, 1990). Outro aspecto se refere à valorização do passado, principalmente a 
partir da perda de familiares e amigos (Silveira, 2000). Por outro lado, muitas pessoas idosas se tornam 
mais espiritualizadas, mais religiosas e mais solidárias, o que fortalece os valores morais e as faz priorizar 
a família. No entanto, a maioria das pessoas tem dificuldade em aceitar que envelheceu ou que está 
envelhecendo, considerando apenas os aspectos negativos desse processo.
 Saiba mais
Os aspectos da aceitação, perdas e mudanças do envelhecimento são 
tratados no filme a seguir, o qual conta a história de duas pessoas idosas 
que redescobrem a vida:
ELSA e Fred: um amor de paixão. Direção: Marcos Carnevale. 
Argentina/Espanha: Columbia TriStar, 2005. 108 minutos.
29
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
Uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc Nacional e o Sesc São Paulo 
(Neri, 2007) ouviu 3.759 brasileiros (homens e mulheres) e avaliou a percepção de pessoas idosas sobre 
sua idade e sua inserção na sociedade e de pessoas não idosas sobre suas expectativas em relação ao 
envelhecimento e ao seu comportamento frente às pessoas idosas de hoje. Foi verificado que 88% das 
pessoas idosas e 90% das pessoas não idosas encaram o envelhecimento de forma negativa, sendo 
que 58% das pessoas idosas relataram presença de doenças ou dificuldades físicas. Quanto a se sentir 
velho, a maioria (53%) acredita que isso ocorra apenas após os 70 anos de idade. Porém, muitas pessoas 
idosas relataram haver discriminação social, terem dependência física e apresentarem desânimo com o 
envelhecimento. Já as pessoas não idosas admitiram que há preconceito ou discriminação social (85%) 
com os indivíduos mais velhos. Apesar disso, as pessoasidosas disseram acreditar que ser pessoa idosa 
atualmente é mais fácil que em décadas anteriores.
Essa percepção negativa do envelhecimento, muitas vezes por falta de informações, fortalece os 
estereótipos e desencadeia dificuldades de adaptação às alterações naturais dessa fase da vida, as quais 
podem se relacionar a problemas acarretados por situações mal resolvidas anteriormente.
O envelhecimento associado a essa percepção negativa reduz a autoestima do indivíduo, criando 
limites à sua capacidade pessoal. A autoimagem também fica prejudicada, o que aproxima ainda mais a 
velhice de uma fase de perdas. Nesse sentido, um aspecto interessante se refere à percepção do indivíduo 
a respeito de sua idade, do seu processo de envelhecimento. Isso se reflete na idade psicológica, definida 
como a forma que cada pessoa avalia a presença de marcadores biológicos, sociais e psicológicos do 
envelhecimento, comparando-se com outros indivíduos de mesma idade. Para preservar a autoestima e 
a imagem social, muitas pessoas idosas tentam demonstrar que são mais jovens do que realmente são, 
indicando uma percepção diferente entre idade cronológica e psicológica. No entanto, se utilizarmos a 
autoimagem como exemplo, verificamos que essa característica está sempre em mudança, conforme o 
indivíduo adquire experiências na vida (Mosquera, 1976). Dessa forma, desenvolver atitudes positivas 
frente à velhice poderá proporcionar boas experiências, melhorando assim a autoimagem e a autoestima.
 Lembrete
Como observado no tópico anterior, atitudes positivas frente à velhice 
podem trazer diversos benefícios para a pessoa idosa, contribuindo para 
um envelhecimento com mais qualidade de vida.
Outro importante aspecto psíquico e que pode ser alterado com o envelhecimento é o bem-estar, 
físico e mental. O bem-estar também está diretamente relacionado com a manutenção da autonomia 
e da independência do indivíduo, pois representa o nível de satisfação e qualidade de vida, parâmetros 
fundamentais para determinar a saúde da pessoa idosa. A pessoa que mantém o vigor físico e suas 
capacidades mentais e intelectuais consegue realizar suas atividades diárias e tomar suas próprias 
decisões. Uma redução do bem-estar pode tornar o indivíduo dependente de outras pessoas, como 
membros da família ou amigos próximos, para a realização de muitas tarefas ou atividades do dia a dia, 
o que prejudica a liberdade, a autonomia e a capacidade de escolha (Baltes; Silverberg, 1994).
30
Unidade I
Vale ressaltar que as alterações psicológicas também estão associadas às mudanças cognitivas 
observadas na velhice. Transformações na estrutura e função de partes do cérebro podem comprometer 
também o desenvolvimento psicológico, desencadeando atitudes que desfavoreçam o processo de 
envelhecimento. Esse aspecto será melhor discutido neste material adiante.
Portanto, compreender as alterações psicológicas relacionadas à velhice pode ajudar na busca de 
novas possibilidades e experiências de vida, superando as limitações impostas pelo tempo. Nesse sentido, a 
Educação Física é capaz de auxiliar no redescobrimento do indivíduo, melhorando seu aspecto psicológico.
A prática de atividades físicas restabelece a autoestima e contribui para a melhora da autoimagem 
da pessoa idosa por meio da percepção das possibilidades e potencialidades que ele já não enxergava 
mais. A interação com outras pessoas renova as expectativas sobre a vida e sobre si mesmo, promovendo 
novas experiências e estabelecendo novos laços. Abre-se espaço para uma velhice bem-sucedida com 
aceitação, adaptação, renovação, superação de desafios, mas sem acomodação ou medo.
2.2 Desenvolvimento social e implicações para a Educação Física
O desenvolvimento social se refere à interação entre as pessoas e o meio ambiente onde se vive. 
Ele se mistura ao desenvolvimento psicológico, pois os dois aspectos interagem, criando uma relação 
muito próxima entre o estado mental e a interação com o mundo, o que influencia na definição dos 
comportamentos, das emoções e das sensações que se percebe sozinho ou em grupo. Dessa forma, 
aspectos abordados no desenvolvimento psicológico interferirão na forma com que a pessoa idosa se 
relaciona com as outras pessoas e nas escolhas para vivenciar essa fase.
A socialização é um comportamento inerente ao ser humano e consiste em um processo no 
qual as pessoas se agrupam para satisfazer seus próprios desejos, incorporando seus impulsos e 
interesses e transformando o isolamento individual em modos de ser e estar com o outro (Simmel, 
1983). Nesse sentido, o aumento da expectativa de vida pode ser considerado um ganho social, 
permitindo uma maior interação ao longo do tempo. No entanto, a velhice é marcada por uma 
série de eventos negativos influenciados por vários fatores, tais como a restrição em papéis sociais 
e o afastamento social.
O envelhecimento, ao desencadear mudanças psicológicas, também altera padrões comportamentais 
e de relações sociais do indivíduo. A aposentadoria, nesse sentido, pode ser um marco na vida da pessoa 
idosa, dependendo da forma como ela é vista e sentida, já que o trabalho é geralmente o elo entre o 
indivíduo e a sociedade. A aposentadoria é um direito e não um benefício, o qual deveria garantir a 
manutenção do padrão de vida da pessoa, bem como o atendimento de suas necessidades. Quando isso 
não ocorre, a aposentadoria pode se transformar em um castigo (Vieira, 1996).
A aposentadoria, sem a substituição das tarefas do trabalho por outras também estimulantes, pode 
causar angústia e um sentimento de inutilidade e de exclusão pela falta de ocupação. Além disso, 
consegue alterar de forma negativa a maneira como a sociedade, a família e o próprio indivíduo se 
vê, causando marginalização e isolamento. Essa marginalização e isolamento podem começar dentro 
da própria família, ao considerar o aposentado inútil ou culpado por alterações na rotina doméstica, 
31
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
da qual ele não costumava participar. Em outras situações, passa a ser ajudante dos filhos ou babá dos 
netos, o que nem sempre atende às suas necessidades e interesses (Vieira, 1996).
Um aspecto a ser considerado é o preparo psicológico, social e financeiro para a aposentadoria. Um 
planejamento prévio a esse período pode auxiliar na tomada de decisões e na organização de atividades 
e tarefas que possam lhe dar satisfação. Muitas empresas têm aderido a esse tipo de serviço, chamado 
de Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA), oferecendo a seus funcionários de mais idade a 
oportunidade de realizarem uma transição mais tranquila entre o trabalho, a menor atividade profissional 
e a inatividade, o que melhora a adaptação à condição de aposentado.
 Saiba mais
Assista ao filme:
UM SENHOR estagiário. Direção: Nancy Meyers. EUA: RatPac-Dune 
Entertainment, 2015. 121 minutos.
Com Robert De Niro e Anne Hathaway no elenco, o filme conta a estória 
de um aposentado que participa de um programa de incentivo ao trabalho 
para pessoas idosas, se tornando estagiário.
Outro fator importante se refere à participação da família nesse processo, ajudando na adaptação e 
no ajustamento da pessoa idosa, não apenas à aposentadoria, mas também às limitações desencadeadas 
pelo tempo. Dessa forma, ela tem um papel fundamental no amparo social e no cuidado com a pessoa 
idosa, pois pode propiciar segurança e incentivo. De fato, muitas pessoas idosas se sentem mais seguras 
e confiantes perto de um familiar, que as auxilia no ajustamento à nova realidade da vida. Contudo, 
as mudanças na configuração das famílias, principalmente considerando o novo papel da mulher na 
sociedade como provedora de muitos lares (aquela que sustenta os gastos da casa), têm alterado as 
formas de cuidado com a pessoa idosa. Historicamente, a mulher sempre teve a responsabilidade de 
cuidar dos mais velhos, das crianças e dos doentes, proporcionando segurança e bem-estar a eles. 
No entanto, atualmente, o papel da mulher não se restringeapenas às atribuições familiares, mas se 
estende ao crescente trabalho fora de casa, o que dificulta e às vezes até inviabiliza a sua ação de cuidar 
(Domingues; Queiroz, 2000).
Não podemos ignorar ainda que, em muitas famílias, a pessoa idosa é extorquida e tratada com 
desrespeito, negligência e, até, violência. Isso mostra que a responsabilidade pelo cuidado da pessoa idosa 
deve ser compartilhada entre a família, o Estado (governo) e a sociedade, os quais devem dar suporte 
para uma velhice saudável e feliz. Dessa forma, o Estado deve implementar mais políticas públicas 
e estimular o cumprimento das já existentes, atuando de forma diferente da observada em diversos 
asilos públicos, onde, muitas vezes, as pessoas idosas não são tratadas de forma digna. Já a sociedade 
precisa tratar as pessoas de mais idade com mais respeito e carinho, proporcionando oportunidades 
de participação nas diversas áreas, como as relacionadas ao trabalho, lazer e saúde. Nesse contexto, 
respeitar, acolher e cuidar da pessoa idosa é um dever de todos: da família, do Estado e da sociedade.
32
Unidade I
A família, portanto, apesar das mudanças de sua estrutura e dos problemas já discutidos, deve manter 
seus valores, sendo o lugar de cuidados, proteção, afetividade, socialização e formação da personalidade 
(Mazo; Lopes; Benedetti, 2009). O amor, o respeito e o acolhimento devem sempre ser incentivados na 
família e na sociedade, as quais devem ser ajudadas pelo Estado no cuidado com a pessoa idosa, através 
de inciativas adequadas às suas necessidades.
É preciso lembrar que alguns indivíduos, além de se aposentarem, perdem pessoas muito próximas, 
como o marido ou a esposa, e ficam ainda mais distantes das relações sociais, já que, em muitos casos, os 
filhos não vivem mais na mesma casa. Além disso, muitas pessoas idosas simplesmente não se casaram 
ou não tiveram filhos, e isso reforça a necessidade de alternativas de apoio e cuidado fora da família.
Para melhorar a interação social, diversas atividades têm sido estimuladas ou utilizadas para mudar 
esse panorama social do envelhecimento. Dentre elas, destaca-se a atividade física.
A prática de atividades físicas pode ajudar na aceitação e na adaptação às mudanças e na ocupação 
do tempo livre. Ela pode contribuir com o estabelecimento de novos vínculos, reiniciando o processo de 
socialização do indivíduo.
Ao participar de uma equipe de atividades físicas, a pessoa idosa terá um espaço para falar, expor 
ideias, interagir, fazer novas amizades, estabelecer planos e, claro, se exercitar, contribuindo para seu 
ajustamento e a sensação de pertencimento a um grupo. O interessante é que a pessoa idosa encontrará 
outras pessoas idosas com histórias parecidas, o que despertará também a sensação de identidade e de 
ter um lugar na sociedade, já que ela não é o único a viver tais mudanças.
Ter um espaço como o da atividade física pode auxiliá-la a se fortalecer social e psicologicamente 
para buscar um reconhecimento familiar e o reestabelecimento dos valores (veja a figura).
Figura 7 – Atividade física e a descoberta de novas possibilidades
Disponível em: https://tinyurl.com/4epjbude. Acesso em: 18 ago. 2023.
Dessa forma, a prática de atividades físicas pode dar o suporte para que a pessoa idosa se reinsira 
socialmente e reestabeleça seu papel social.
33
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
É interessante também o incentivo a atividades educacionais, culturais ou religiosas, ajudando a 
pessoa idosa a ser mais ativa e independente.
2.3 Desenvolvimento cognitivo e as implicações para a Educação Física
O cérebro é um órgão complexo formado por bilhões de neurônios que se comunicam entre si 
para assegurar a realização de muitas funções, tais como a memória, a linguagem, o pensamento e a 
coordenação dos movimentos. Veja as figuras a seguir:
A B 
Figura 8 – O cérebro (A) e sua rede de neurônios (B)
Disponível em: A) https://tinyurl.com/y8st4385; B) https://tinyurl.com/2t44avwu. Acesso em: 18 ago. 2023.
O corpo percebe sinais, como o calor, o frio, os sons, os cheiros, os sabores, que são transmitidos ao 
cérebro através das conexões entre os prolongamentos de neurônios que estão fora do sistema nervoso 
central e os neurônios que estão no cérebro. Esses estímulos são decodificados em regiões específicas 
do sistema nervoso central, as quais estabelecem as respostas apropriadas aos estímulos recebidos. Esse 
processo de percepção (veja a figura a seguir), transmissão, decodificação e resposta a um estímulo 
ou informação é chamado de cognição, a qual pode ser definida como a capacidade global de pensar, 
racionar, agir propositadamente e lidar com o meio ambiente de forma efetiva (Wechsler, 1944).
Figura 9 – Percepção dos estímulos – região primária do cérebro: córtex associativo
Adaptada de: Lent (2001).
34
Unidade I
Nesse sentido, a cognição é um processo que abrange desde a detecção de estímulos e o processamento 
de informações até a aquisição de novos conhecimentos que, para serem estabelecidos, são confrontados 
com aqueles já armazenados na memória. Ela envolve a atenção, o raciocínio, a imaginação, a linguagem, 
o pensamento, o comportamento, as sensações e as emoções. Outra importante função da cognição é 
a função executiva, que se refere à capacidade de agir, planejar, organizar, prever e resolver problemas, 
de forma independente, apropriada e intencional.
O sistema nervoso, assim como as outras partes de nosso corpo, também envelhece, o que ocorre 
lentamente, após ele atingir sua maturidade.
O cérebro de uma pessoa idosa é menor e, geralmente, tem menor peso, quando comparado ao de 
um indivíduo jovem. Veja a figura:
Perda da substância cinzenta 
em virtude da morte celular 
neuronal e/ou da atrofia cortical
Perda da substância branca em 
virtude de perda axônica ou da 
diminuição da mielinização
Cérebro adulto normal Cérebro envelhecido
Aumento dos ventrículos
Figura 10 – Comparação entre um cérebro de um adulto e um cérebro de uma pessoa idosa
Adaptada de: Fox e Alder (2001).
O número de neurônios também diminui, acarretando uma redução no número de sinapses. 
Além disso, há um decréscimo do número de receptores que permitem a percepção de sinais do meio 
ambiente. Essas alterações interferem diretamente na cognição, prejudicando a atenção, a memória e 
a capacidade intelectual do indivíduo, e são denominadas de declínio cognitivo. Esse declínio cognitivo 
pode se manifestar de duas formas:
• declínio cognitivo normal, relacionado às alterações do envelhecimento;
• declínio cognitivo anormal, relacionado a doenças neurológicas como o comprometimento 
cognitivo leve, o Parkinson e o Alzheimer (Blondell; Hammersley-Mather; Veerman, 2014).
O envelhecimento normal se caracteriza por uma redução gradual das funções cognitivas. Uma boa 
capacidade intelectual pode ser mantida até cerca dos 80 anos de idade. Contudo, dificuldades no aprendizado 
e alguns esquecimentos podem ocorrer em pessoas idosas com até 70 anos (Cançado; Horta, 2002).
O declínio cognitivo normal pode ser agravado por atitudes negativas frente ao envelhecimento, 
como distanciar-se do convívio social e familiar, deprimir-se, usar medicamentos indevidamente e/ou 
não se alimentar de forma adequada.
35
EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
A cognição ainda está relacionada à realização de movimentos como o da marcha (andar, caminhar). 
Com o declínio cognitivo normal, observamos alterações na marcha, as quais estão associadas à 
diminuição dos níveis de atenção tanto durante a marcha em tarefa simples (apenas andar) como em 
tarefa dupla (andar fazendo algum cálculo matemático). Além da redução na atenção, prejuízos na 
memória, na função executiva e na velocidade de processamento de informações também contribuem 
para mudanças no padrão da marcha, acarretando menor velocidade de deslocamento e maior 
variabilidade na forma de andar.
A figura a seguir ilustra a maneira como conjuntos de músculos são controlados pelas diferentes 
partes da medula, a

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