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F I B R O M I A L G I A Definição -Desordem caracterizada por dor musculoesquelética crônica e difusa, frequentemente associada a fadiga, sono não reparador, distúrbios cognitivos, depressão e ansiedade. -Pacientes com fibromialgia têm uma desordem do processamento sensorial, manifestando-se com alodinia e hiperalgesia difusa Epidemiologia · Prevalência 2-4% · 9 mulheres: 1 homem · Mais frequente dos 30-50 anos · Ocorrência - Europa e América do Norte: · 5% das 1° consultas de Clínica Médica · 12-20% das 1° consultas de Reumatologia Fisiopatogenia Acredita-se que em pessoas vulneráveis, eventos gatilhos envolvendo a ativação dos nociceptores levem a alterações a longo prazo da transmissão da dor e das vias inibitórias descendentes. · Fatores genéticos e familiares · Fatores psicossociais: · Melhor nível educacional, maior poder aquisitivo · Tabagismo, obesidade · Distúrbios do sono · SENSOPERCEPÇÃO ALTERADA: · Redução do limiar doloroso -> Alodinia · Resposta aumentada a estímulos dolorosos -> Hiperalgesia · Aumento de substâncias nociceptivas (substância P no LCR) · INIBIÇÃO DA DOR DIMINUÍDA: · Redução de substâncias anti-nociceptivas (vias seroninérgica e adrenérgica) · Baixos níveis de serotonina no soro e no LCR · DISFUNÇÃO AUTONÔMICA: · Hipotensão postural, instabilidade vasomotora, disfunção visceral Manifestações clínicas · Dor difusa e crônica de caráter variável · Agravamento por mudanças climáticas, tensão e esforço físico · Sono não reparador, fadiga crônica · “Sensação” de edema · Outros: Cefaléia, tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitação, dor abdominal, constipação, diarréia, dispepsia, tensão pré-menstrual, urgência miccional, dificuldade de concentração, falta de memória, prolapso mitral e dismotilidade esofagiana Sobreposição com outras condições -25% dos pacientes com desordens inflamatórias preenchem critérios para fibromialgia. -Suspeitar em indivíduos com doenças do tecido conjuntivo que persistem sintomáticos, apesar de provas inflamatórias persistentemente normais, ou quando os sintomas não são aliviados com uso de anti-inflamatórios. Critérios de classificação (ACR 1990) · Dor difusa envolvendo os 4 quadrantes do corpo e axial (bilateral, acima e abaixo da linha da cintura) · Pelo menos 11 / 18 tender points · Falso-positivos: · Mulheres, idade avançada, mal condicionamento aeróbico, distúrbios do humor Critérios diagnósticos modificados para fibromialgia do American College of Rheumatology, 2011 · Paciente satisfaz estes critérios se apresentar as três condições subsequentes: -(1) índice de dor difusa (IDD) ≥ 7 e escore de gravidade de sintomas (EGS) ≥ 5 ou IDD 3-6 e EGS ≥ 9; -(2) sintomas presentes em níveis semelhantes há pelo menos 3 meses; -(3) o paciente não tem outra condição que explicaria de outra forma a dor. (importante excluir outras doenças) Índice de dor difusa (IDD, 0-19) Número de áreas em que o paciente apresentou dor na última semana: · Cintura escapular esquerda / direita · Quadril esquerda / direita · Mandíbula esquerda / direita · Coluna dorsal · Coluna lombar · Braço esquerdo / direito · Coxa esquerda / direita · Tórax · Pescoço · Abdome · Antebraço/mão esquerdos/direitos · Perna/pé esquerdos/direitos Escore de gravidade de sintomas (EGS, 0-12) Soma das gravidades (na última semana) de fadiga, despertar de sono não-restaurador e sintomas cognitivos: 0 = Sem problema 1 = Leve (problemas geralmente brandos ou intermitentes) 2 = Moderado (problemas consideráveis, freqüentes e/ou em níveis moderados) 3 = Grave (problemas predominantes, contínuos, perturbadores da vida) + · Número dos sintomas somáticos presentes nos últimos 6 meses (1 ponto): Dor muscular, SII, fadiga/cansaço, problemas de pensamento ou memória, fraqueza muscular, cefaleia, dor abodminal/cólicas, parestesias, tontura, depressão, constipação, diarreia, epigastralgia, náuseas, vômitos, nervosismo, dor torácica, visão embassada, febre, boca seca, olhos secos, coceira, tosse, Raynaud, pirose, urticária/vergões, úlceras orais, alteração do paladar, convulsões, dispneia, perda de apetite, rash, fotossensibilidade, hipoacusia, fragilidade cutânea,poliúria, disúria, espasmos vesicais. Tratamento 1.Eduque o paciente: - Explique sobre a fisiopatologia, tratamento e prognóstico da doença - Forneça materiais de apoio de fontes confiáveis - Discuta expectativas e responsabiliades do paciente e do médico 2. Implemente medidas não farmacológicas: - Programa de exercícios físicos - Terapia Cognitivo Comportamental - Higiene do sono 3. Trate síndromes associadas: - Distúrbios do humor - Distúrbios do sono e - Condições dolorosas associadas 4. Inicie tratamento farmacológico Lembre-se do lema: "Comece devagar e aumente lentamente até a dose efetiva" 5. Determine o(s) sintoma(s) dominante(s): · Dor/Sono: - Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina 12.5mg a 25mg), · Depressão/Fadiga: · Inibidor seletivo da recaptação de serotonina e noradrenalina (duloxetina 30mg) OU · Iniciar amitriptilina 12.5-25mg e, se falha à monoterapia, associar fluoxetina 20mg · 6. Reavalie: · - Eficácia do tratamento e efeitos adversos · - Adesão a medidas não-farmacológicas e farmacológicas · - Ajuste o plano de tratamento · - Continue a educar · - Aumente doses das medicações ou associe outras drogas (opções: pregabalina, gabapentina) Prognóstico Em geral é RUIM · Pesquisas em centros terciários: pouca mudança nos sintomas ao longo de anos · Atenção primária: um pouco melhor · 10-30% reportam ter incapacidade laboral · variável · Depressão, uma história de abuso, catastrofização, preocupação somática excessiva, baixo nível socioeconômico, estar desempregado e obesidade · Medicamentos: Apesar da eficácia de ensaio clínicos, na "experiência do mundo real", a maioria dos pacientes com fibromialgia não obtém grande benefício de qualquer medicação isolada*** Dibe B. Ayoub
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