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1 Khilver Doanne Sousa Soares Hepatite Alcoólica & Cirrose Fígado Várias são as funções do fígado: (1) filtração e armazenagem de sangue; (2) metabolismo dos carboidratos, proteínas, gorduras, hormônios e produtos químicos estranhos; (3) formação de bile; (4) armazenamento de vitaminas e de ferro; (5) formação de fatores de coagulação. O lóbulo hepático é construído em torno de uma veia central que drena para as veias hepáticas e, daí, para a veia cava. Fonte: GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Estrutura básica do lóbulo hepático mostrando as placas celulares, os vasos sanguíneos, o sistema coletor da bile e o sistema do fluxo linfático, composto pelos espaços de Disse e pelos linfáticos interlobulares. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. A pressão na veia porta, na sua entrada no fígado, varia em torno de 9 mmHg, e a pressão na veia hepática do fígado para a veia cava normalmente tem como média aproximada 0 mmHg. Essa pequena diferença de pressão de apenas 9 mmHg, mostra que a resistência ao fluxo sanguíneo pelos sinusoides hepáticos costuma ser muito baixa, especialmente quando se considera que cerca de 1.350 mililitros de sangue fluem por essa via a cada minuto. O Fígado Apresenta Elevado Fluxo Sanguíneo e Baixa Resistência Vascular. A Cirrose Hepática Aumenta Bastante a Resistência ao Fluxo Sanguíneo. Quando as células parenquimatosas hepáticas são destruídas, elas são substituídas por tecido fibroso, que eventualmente, se contrai em torno dos vasos sanguíneos, impedindo, assim, de forma muito intensa, o fluxo de sangue porta pelo fígado. O sistema porta também é ocasionalmente bloqueado por grande coágulo que se desenvolva na veia porta ou em seus ramos principais. Quando o sistema é repentinamente bloqueado, o retorno do sangue dos intestinos e do baço pelo sistema de fluxo sanguíneo hepatoporta para a circulação sistêmica é muito impedido, gerando hipertensão porta e elevando a pressão capilar na parede intestinal para 15 a 20 mmHg acima do normal. O paciente pode falecer em poucas horas, devido à excessiva perda de líquidos dos capilares para o interior do lúmen e paredes dos intestinos. Elevadas Pressões Vasculares Hepáticas Podem Provocar a Transudação de Líquidos para a Cavidade Abdominal a Partir dos Capilares Hepáticos e Portais — Ascite. Quando a pressão nas veias hepáticas se eleva por apenas 3 a 7 mmHg acima do normal, um volume excessivo de líquido começa a transudar para a linfa e a extravasar através da superfície exterior da cápsula hepática diretamente para a cavidade abdominal. Esse líquido é quase plasma puro, contendo cerca de 80% a 90% da quantidade de proteínas do plasma normal. Pressões na veia cava de 10 a 15 mmHg aumentam o fluxo linfático hepático por até 20 vezes o normal, e o “suor” da superfície do fígado pode ser tão grande que origina grande quantidade de líquido livre na cavidade abdominal, o que se denomina ascite. O bloqueio do fluxo porta pelo fígado, também provoca altas pressões capilares em todo o 2 Khilver Doanne Sousa Soares sistema vascular porta do trato gastrointestinal, resultando em edema da parede do intestino e transudação de líquido, por meio da serosa intestinal, para a cavidade abdominal. Regulação da Massa Hepática — Regeneração. O fígado tem extraordinária capacidade de se restaurar após perda significativa de tecido hepático tanto por hepatectomia parcial, como por lesão hepática aguda, desde que a lesão não seja complicada por infecção virótica ou inflamatória. A hepatectomia parcial, na qual até 70% do fígado são removidos, faz com que os lobos remanescentes aumentem e restituam o fígado a seu tamanho original. Funções Metabólicas do Fígado Metabolismo dos Carboidratos. No metabolismo dos carboidratos, o fígado desempenha as seguintes funções 1. Armazenamento de grandes quantidades de glicogênio; 2. Conversão da galactose e da frutose em glicose; 3. Gliconeogênese; 4. Formação de muitos compostos químicos, a partir de produtos intermediários do metabolismo dos carboidratos. O fígado é importante na manutenção da concentração da glicose sanguínea. Consegue retirar a glicose do sangue, armazená-la e liberá- la quando necessário. Além disso o fígado também realiza a gliconeogênese, evento que ocorre apenas de modo considerável quando a concentração de glicose cai abaixo do normal. Nesse caso, grande quantidade de aminoácidos e de glicerol dos triglicerídeos é convertida em glicose, auxiliando, desse modo, a manter a concentração glicêmica relativamente normal. Metabolismo de gorduras. Certos aspectos do metabolismo lipídico ocorrem, em sua maior parte, no fígado: 1. Oxidação dos ácidos graxos para suprir energia para outras funções corporais; 2. Síntese de grandes quantidades de colesterol, fosfolipídios e da maior parte das lipoproteínas; 3. Síntese de gordura, a partir das proteínas e carboidratos. Para obter energia dos lipídios neutros, a gordura é primeiramente dividida em glicerol e ácidos graxos; então os ácidos graxos são divididos por b-oxidação, em radicais acetil de dois carbonos que formam a acetilcoenzima A (acetil-CoA). Cerca de 80% do colesterol sintetizado no fígado é convertido em sais biliares, que são secretados na bile; o restante é transportado nas lipoproteínas e carreado pelo sangue para as células dos tecidos por todo o corpo. O mesmo serve para os fosfolipídeos. Hepatite Alcoólica Embora a maioria dos indivíduos que consome álcool não o consuma excessivamente e não desenvolva quaisquer consequências físicas ou sociais, alguns alcoolistas consomem álcool suficiente e, presumivelmente devido a outros fatores predisponentes, desenvolvem doença hepática alcoólica. Doença hepática alcoólica é um espectro de doenças hepáticas crônicas, que vão desde fígado gorduroso alcoólico até hepatite alcoólica e cirrose. Doença hepática gordurosa alcoólica se desenvolverá em quase 90% dos indivíduos que consomem muito. Quase 50% dos pacientes com hepatite alcoólica têm cirrose preexistente, e os indivíduos que ainda não têm cirrose, correm um risco elevado de desenvolvê-la, especialmente se continuarem a consumir álcool. Os mecanismos da lesão hepática alcoólica ocorrem tanto por efeito diretamente sobre os hepatócitos quanto os mediados por células de 3 Khilver Doanne Sousa Soares Kupffer. Os mecanismos dos hepatócitos incluem o estado de redox alterado induzido por reações ao álcool e aldeído desidrogenase, o estresse oxidativo e peroxidação lipídica causada pela indução de enzimas CYP2E1 e do sistema de transferência de elétrons mitocondriais e os efeitos do álcool sobre os fatores de transcrição nuclear (AMP quinase e SREBP-1c), formação de proteínas aduzidas e metabolismo alterado de metionina e folato com estresse do retículo endoplasmático resultante. O consumo crônico de álcool aumenta a permeabilidade intestinal e a endotoxemia portal, ativando as células de Kupffer. As células de Kupffer ativadas liberam certo número de mediadores pró-inflamatórios, incluindo fator-α (TNF-α) de necrose tumoral, fator-β1 (TGF-β1) transformador de crescimento, interleucinas 1, 6, 8 e 10 e fator de crescimento derivado de plaquetas (FCDP). Apenas 30% a 35% dos indivíduos que bebem muito e por muito tempo desenvolvem hepatite alcoólica e menos de 20% desenvolvem cirrose. As mulheres correm maior risco: a cirrose ocorre em homens por consumos de álcool maiores que 60 a 80 g/dia, enquanto que em mulheres esse valor cai para cerca de 20 g/dia. Além disso, o pico de incidência de doença hepática alcoólica em mulheres ocorre aproximadamente uma década mais cedo do que nos homens. Estigmas de alcoolismo crônico incluem eritema palmar, nevos aracnoides, ginecomastia bilateral, atrofia testicular, aumento da parótida bilateral e contraturas de Dupuytren. Fonte: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, AndrewI. Goldman Cecil Medicina. Contratura de Dupuytren. 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Pacientes com doença hepática gordurosa alcoólica são geralmente assintomáticos, mas alguns podem ter anorexia, fadiga, desconforto no quadrante superior direito e hepatomegalia dolorosa. Estes pacientes podem ter também evidência bioquímica de alcoolismo e doença hepática alcoólica com macrocitose, bem como níveis elevados de aspartato aminotransferase (AST) e Y-glutamil transpeptidase (GGT). Pacientes com doença hepática alcoólica normalmente NÃO TÊM icterícia, ascite ou esplenomegalia. Pacientes com hepatite alcoólica podem ter uma apresentação mais dramática com mal-estar grave, fadiga, anorexia, febre, evidência de desnutrição proteico-calórica, e características de doença hepática descompensada (icterícia, coagulopatia, ascite e encefalopatia). O exame físico mostra pelo menos algumas características do alcoolismo crônico e icterícia: ascite e esplenomegalia são comuns. O exame físico mostra, invariavelmente, pelo menos algumas características do alcoolismo crônico e icterícia, ascite e esplenomegalia são comuns. O exame laboratorial é tipicamente anormal. Alterações hematológicas comuns incluem leucocitose com predominância de neutrófilos, anemia macrocítica, trombocitopenia e um tempo de protrombina prolongado. Bioquímicas hepáticas ficam anormais com AST 4 Khilver Doanne Sousa Soares e proporção de AST para alanina transferase (ALT), fosfatase alcalina, GGT e bilirrubina total elevados, mas níveis reduzidos de albumina sérica. O AST raramente excede 300 UI/L. Anormalidades eletrolíticas séricas, incluindo hipocalemia, hipomagnesemia, hipocalcemia e hipofosfatemia são frequentes. O diagnóstico da doença hepática alcoólica depende fortemente do histórico de consumo excessivo de álcool e da presença de doença hepática. Uma proporção AST/ALT superior a 2 é típica na doença hepática alcoólica e valores de ALT maiores que 150 a 200 UI/L são muito raros na doença hepática alcoólica. Teste sorológico para hepatite viral crônica coexistente é fundamental O tratamento específico para a hepatite alcoólica pode ser prejudicial em pacientes com outras doenças hepáticas e por isso é muito importante excluir outras doenças do fígado predominantes ou coexistentes, incluindo hepatite viral crônica e lesão hepática induzida por drogas, especialmente por acetaminofeno. Fonte: Site Savk. Acesso em 25/04/2021. https://www.savk.org.br/fique_hepatite.htm Fonte: Site CENAPRO. Acesso em 26/04/2021. http://www.cenapro.com.br/noticias-detalhes.asp?codigo=308 Cirrose A cirrose, que pode ser o estádio final de qualquer doença hepática crônica, é um processo difuso caracterizado por fibrose e pela conversão do parênquima normal em nódulos estruturalmente anormais. https://www.savk.org.br/fique_hepatite.htm http://www.cenapro.com.br/noticias-detalhes.asp?codigo=308 5 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman Cecil Medicina. Imagens macroscópicas e microscópicas de um fígado normal e um fígado cirrótico. A, Imagem macroscópica de um fígado normal com superfície lisa e textura homogênea. B, microscopicamente, os sinusoides hepáticos estão organizados e as estruturas vasculares estão distribuídas normalmente. C, Imagem macroscópica de um fígado cirrótico. O fígado apresenta uma coloração amarelo-alaranjada com superfície irregular e textura nodular. D, microscopicamente, o parênquima está desorganizado e existem nódulos regenerativos circundados por tecido fibroso. 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Esses nódulos regenerativos perdem a organização lobular normal e são circundados por tecido fibroso. O processo envolve o fígado de uma forma geral e é essencialmente irreversível. Embora a cirrose seja histopatologicamente um diagnóstico de “tudo ou nada”, ironicamente ela pode ser classificada como compensada ou descompensada. A cirrose descompensada é definida pela presença de ascite, sangramento/hemorragia varicosa, encefalopatia hepática ou icterícia, que são complicações resultantes das principais consequências da cirrose: hipertensão portal e insuficiência hepática. É muito difícil avaliar a prevalência e a incidência real da cirrose na população em geral, porque muitos pacientes com cirrose são assintomáticos quando a descompensação ocorre. Estima-se que a prevalência mundial da doença hepática crônica ou cirrose se situe em torno de 100 (com variação de 25 a 400) por 100 mil pessoas, mas ela varia amplamente de um país para outro e de uma região para outra. A característica patogênica-chave subjacente à fibrose hepática e à cirrose é a ativação das células estreladas hepáticas. As células estreladas hepáticas, conhecidas como células de Ito ou células perissinusoidais, estão localizadas no espaço de Disse, entre os hepatócitos e as células endoteliais sinusoidais. Em resposta a uma lesão, as células estreladas hepáticas se tornam ativadas, como resultado da perda dos seus depósitos de vitamina A, proliferam, desenvolvem um retículo 6 Khilver Doanne Sousa Soares endoplasmático granular proeminente e secretam matriz extracelular (colágeno tipo 1 e 3, proteoglicanos sulfatados e glicoproteínas). Além disso, elas se tornam miofibroblastos hepáticos contráteis. As duas consequências principais da cirrose são a hipertensão portal, acompanhada de um estado circulatório hiperdinâmico, e a insuficiência hepática. O desenvolvimento de varizes e ascite é uma decorrência direta da hipertensão portal e do estado circulatório hiperdinâmico, enquanto a icterícia resulta da incapacidade do fígado de excretar a bilirrubina. Fonte: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman Cecil Medicina. Complicações da cirrose resultando em hipertensão portal e insuficiência hepática. As varizes e a hemorragia varicosa são consequências diretas da hipertensão portal. A ascite é resultante da hipertensão portal e pode estar complicada por uma infecção (peritonite bacteriana espontânea [PBE] ou disfunção renal (síndrome hepatorrenal [SHR]). A encefalopatia hepática é resultante do desvio portossistêmico (p. ex., hipertensão portal) e da insuficiência hepática. Icterícia resulta unicamente da insuficiência hepática. 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Hipertensão Portal e Estado Circulatório Hiperdinâmico Na cirrose, a hipertensão portal resulta tanto do aumento da resistência do fluxo portal quanto da elevação do influxo venoso portal. O mecanismo inicial é o aumento da resistência vascular sinusoidal secundária para (1) deposição de tecido fibroso e subsequente compressão pelos nódulos regenerativos (componente fixo) e (2) vasoconstrição ativa (componente funcional), causada pela deficiência de óxido nítrico (ON), bem como pela atividade aumentada dos vasoconstritores. Fonte: Site Hepcentro. Sistema porta hepático. Acesso em 26/04/2021. http://www.hepcentro.com.br/anatomia.htm Inicialmente, no processo hipertensivo portal, o baço cresce e sequestra plaquetas e outras células sanguíneas, o que leva ao desenvolvimento de hiperesplenismo. Além disso, os vasos que normalmente drenam para o sistema portal, como a veia gástrica esquerda, revertem seu fluxo e, assim, ocorre um desvio do sangue do sistema portal para a circulação sistêmica. Essas vias colaterais portossistêmicas são insuficientes para descomprimir o sistema venoso portal e oferecem resistência adicional ao fluxo portal Este estado circulatório hiperdinâmico mantém a hipertensão portal, levando à formação e crescimento de varizes e desempenha um papel importante no desenvolvimento de todas as complicações da cirrose. Varizes e Hemorragia Varicosa A complicação da cirrose que resulta mais diretamente da hipertensão portal é o desenvolvimento dos colaterais portossistêmicos, dos quais os maisrelevantes são aqueles que se formam a partir da dilatação das veias coronárias http://www.hepcentro.com.br/anatomia.htm 7 Khilver Doanne Sousa Soares e gástricas e constituem varizes gastroesofágicas. Fonte: Site MSD manuals. Suprimento de sangue do fígado. Acesso em 26/04/2020. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as- hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula- biliar/dist%C3%BArbios-vasculares-do- f%C3%ADgado/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais- sobre-dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado Fonte: Site Hepcentro. Sistema porta hepático. Acesso em 26/04/2021. http://www.hepcentro.com.br/anatomia.htm Ascite e Síndrome Hepatorrenal A ascite, na cirrose, é secundária à hipertensão sinusoidal e à retenção de sódio. A cirrose leva à hipertensão sinusoidal pelo bloqueio do fluxo venoso hepático, anatomicamente pela fibrose e pelos nódulos regenerativos e funcionalmente pelo tônus vascular pós- sinusoidal aumentado. Retenção de sódio resulta da vasodilatação que é principalmente devido a um aumento da produção de ON pelo fato de a inibição de ON em animais experimentais aumentar a excreção urinária de sódio, reduzir os níveis de aldosterona no plasma e reduzir a ascite. Com a progressão da cirrose e a hipertensão portal, a vasodilatação torna-se mais pronunciada e, assim, há a ativação adicional do sistema nervoso simpático e do sistema renina- angiotensina-aldosterona, resultando em uma maior retenção de sódio (ascite refratária), retenção de água (hiponatremia) e vasoconstrição renal (síndrome hepatorrenal). Encefalopatia A amônia, uma toxina normalmente removida pelo fígado, desempenha um papel essencial na patogênese da encefalopatia hepática. Na cirrose, a amônia acumula-se na circulação sistêmica por causa do desvio de sangue realizado pelos colaterais portossistêmicos e do metabolismo hepático diminuído. A presença de grandes quantidades de amônia no cérebro danifica as células cerebrais de suporte ou astrócitos e desencadeia alterações estruturais características da encefalopatia hepática. ------------------------------------------ A história natural da cirrose é caracterizada por uma fase inicial, denominada cirrose compensada, seguida por uma fase progressiva rápida marcada pelo desenvolvimento de complicações da hipertensão portal ou disfunção e hepática (ou ambas), denominada cirrose descompensada. À medida que a doença progride, a pressão portal aumenta e a função hepática diminui, o que resulta, consequentemente, no desenvolvimento da ascite, sangramento gastrointestinal, encefalopatia e icterícia. O desenvolvimento de qualquer uma dessas complicações caracteriza a transição da fase compensada para a fase descompensada. Cirrose Compensada Neste estádio, a cirrose é geralmente assintomática e é diagnosticada durante a avaliação da doença hepática crônica ou fortuitamente durante exame físico de rotina, https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado https://www.msdmanuals.com/pt/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-dist%C3%BArbios-vasculares-do-f%C3%ADgado http://www.hepcentro.com.br/anatomia.htm 8 Khilver Doanne Sousa Soares testes bioquímicos, imageamento por outras razões, endoscopia mostrando varizes gastroesofágicas, ou cirurgia abdominal na qual o fígado nodular é detectado. Cerca de 40% dos pacientes com cirrose compensada possuem varizes esofágicas. Varizes gastroesofágicas não hemorrágicas são assintomáticas e sua presença (sem sangramento) não denota descompensação. Cirrose Descompensada Neste estádio, há sinais de descompensação: ascite, varizes hemorrágicas, icterícia, encefalopatia hepática ou qualquer combinação desses achados. A ascite, que é o sinal mais frequente de descompensação, está presente em 80% dos pacientes com cirrose descompensada. Hemorragia Varicosa As varizes gastroesofágicas estão presentes em aproximadamente 50% dos pacientes com cirrose diagnosticada recentemente. As varizes grandes, a doença hepática grave e a presença de vergões vermelhos nas varizes são preditores independentes de hemorragia varicosa. O sangramento das varizes gastroesofágicas pode manifestar-se como uma hematêmese evidente ou melena, ou ambos. Ascite e Síndrome Hepatorrenal Os sintomas mais geralmente associados à ascite são circunferência abdominal aumentada. A ascite pode ser identificada no exame físico, quando presente em quantidades pequenas ou moderadas, por um flanco protuberante, flanco macio e macicez móvel. A síndrome hepatorrenal é um tipo de lesão renal pré-renal que ocorre em pacientes com cirrose e ascite. Síndrome hepatorrenal tipo 1 é uma lesão renal aguda rapidamente progressiva na qual o aumento da creatinina sérica ocorre dentro de um período de duas semanas. A síndrome hepatorrenal tipo 2 progride mais lentamente e está associada à ascite, que é refratária a diuréticos. Peritonite Bacteriana Espontânea Cerca de um terço dos pacientes cirróticos são hospitalizados em decorrência de infecções bacterianas, ou as adquirem durante esta fase, das quais a mais comum é a peritonite bacteriana espontânea. Os dois preditores mais comuns do desenvolvimento de infecção bacteriana são a gravidade da doença hepática e o risco de hemorragia gastrointestinal. Encefalopatia Hepática Clinicamente, ela é caracterizada por alterações na consciência com variação comportamental de inversão do padrão de sono- vigília e transtornos de memória (estádio 1); confusão, comportamento bizarro e desorientação (estádio 2); letargia e desorientação profunda (estádio 3); coma (estádio 4). No exame físico, os estágios iniciais podem demonstrar somente um tremor distal, mas a marca registrada da encefalopatia hepática é a presença de asterixe. Além disso, os pacientes com encefalopatia hepática podem apresentar hálito com odor adocicado, uma característica denominada fetor hepaticus. Fonte: Site Slide Player. Acesso em 25/04/2021. https://slideplayer.com.br/slide/3425745/ Complicações Pulmonares A síndrome hepatopulmonar está associada à dispneia de esforço, que pode levar à debilitação extrema. Pode-se observar no exame físico baqueteamento digital, cianose e aranhas vasculares. A síndrome hepatopulmonar está https://slideplayer.com.br/slide/3425745/ 9 Khilver Doanne Sousa Soares presente em aproximadamente 5% a 10% dos pacientes que esperam por transplante. Hipertensão portopulmonar manifesta-se com dispneia por esforço, síncope e dor torácica. Exame Físico No exame físico, o sinal de cirrose consiste em atrofia muscular envolvendo principalmente as regiões musculares bitemporais e as eminências tenar e hipotenar; aranhas vasculares, mais habitualmente no tronco, face e membros superiores; e eritema palmar envolvendo as eminências tenar e hipotenar e as pontas dos dedos. Embora a atrofia muscular seja uma marca de insuficiência hepática, angiomas aracnóideos e eritema palmar são marcas de vasodilatação e circulação hiperdinâmica. Os homens podem ter perda de cabelo no peito e abdome, ginecomastia e atrofia testicular.Petéquias e equimoses podem estar presentes como resultado da trombocitopenia ou tempo de protrombina prolongado. Uma CARACTERÍSTICA PATOGNOMÔNICAS DA CIRROSE é o achado no exame físico de um lobo hepático direito menor, com extensão de menos de 7 cm na percussão, e o lobo esquerdo palpável, nodular, com consistência mais densa. Fonte: Site MSD manuals. Acesso em 26/04/2021. Angiomas de Aranha. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios- da-pele/tumores-cut%C3%A2neos-n%C3%A3o- cancerosos/angiomas-de-aranha Carcinoma Hepatocelular O desconforto no quadrante superior direito frequentemente é inespecífico e inútil na avaliação de massas hepáticas. Não obstante, grandes massas do fígado podem distender a cápsula hepática e causar dor, a qual é ocasionalmente relatada no ombro direito. Os pacientes também podem se apresentar com episódios de dor aguda grave, que resulta de sangramento dentro de um adenoma hepático, um carcinoma hepatocelular primário ou do fígado que circunda a lesão. Os pacientes com doença maligna avançada e metástases em linfonodos regionais podem se apresentar com dor epigástrica. Os pacientes com doença maligna do fígado, independentemente de ser primária ou metastática, frequentemente se apresentam com sintomas constitucionais, os quais incluem sudorese noturna, febre baixa, perda de peso não intencional, anorexia e diarreia. Os pacientes com carcinoma hepatocelular frequentemente têm sintomas relacionados com sua doença hepática subjacente, como fadiga por hepatite crônica ou ascite, peritonite bacteriana espontânea, sangramento de varizes ou encefalopatia hepática resultantes de cirrose com hipertensão porta. No exame físico, os pacientes com doença hepática crônica tipicamente têm estigmas cutâneos (angiomas aracneiformes e eritema palmar), esplenomegalia e aumento bilobar do fígado ou hipertrofia do lobo caudado (também podem ter um sopro abdominal em cima de um carcinoma hepatocelular muito vascularizado). Lesões hepáticas crônicas resultantes de vírus, álcool e mecanismos metabólicos ou autoimunes levam a ciclos repetidos de morte, regeneração e reparação das células hepáticas, que em última análise levam à senescência prematura do fígado. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/tumores-cut%C3%A2neos-n%C3%A3o-cancerosos/angiomas-de-aranha https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/tumores-cut%C3%A2neos-n%C3%A3o-cancerosos/angiomas-de-aranha https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/tumores-cut%C3%A2neos-n%C3%A3o-cancerosos/angiomas-de-aranha 10 Khilver Doanne Sousa Soares SENESCÊNCIA PREMATURA DO FÍGADO diminuição progressiva do comprimento das regiões teloméricas que protegem as extremidades dos cromossomos, com resultante desenvolvimento de instabilidades cromossômicas e genéticas.. . . Há o desencadeamento da apoptose nessas células. Importunamente, algumas células senescentes acabam desenvolvendo capacidade de proliferação celular irrestrita resistindo à apoptose, tornando-se “imortais”. Durante a carcinogênese, mutações ou alterações epigenéticas levam à perda da atividade supressora tumoral intrínseca das vias oncogênicas e resultam em proliferação celular irrestrita e no desenvolvimento secundário das outras características do fenótipo tumoral. Como a mutação do gene supressor tumoral p53 pela aflatoxina. A maioria dos pacientes é assintomática, exceto para os sintomas de doença crônica do fígado no diagnóstico de câncer, porque a vigilância por ultrassom em pacientes de alto risco detecta o câncer em pacientes assintomáticos. Apresentação sintomática, como dor abdominal, geralmente sugere câncer em estágio avançado. Descompensação leve da cirrose pode ser observada a partir da substituição do tecido hepático em funcionamento com tumor. Os sinais no exame físico podem incluir uma massa hepática palpável e um sopro vascular sobre o tumor. Os carcinomas hepatocelulares ocasionalmente causam uma variedade de síndromes paraneoplásicas, incluindo: hipoglicemia mediada por fatores de crescimento semelhantes à insulina, eritrocitose por geração de eritropoietina pelo tumor, hipercalcemia relacionada com a produção de um hormônio semelhante ao paratireóideo e diarreia aquosa proveniente da produção tumoral de peptídeo intestinal vasoativo e outros hormônios neuroendócrinos. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ REFERÊNCIAS GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman Cecil Medicina, 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
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