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1 Khilver Doanne Sousa Soares Síndrome de Addison Córtex das Glândulas Adrenais O córtex da glândula suprarrenal é subdividido em três zonas, e cada uma delas secreta hormônios diferentes. Zona glomerulosa: é a zona mais externa, imediatamente profunda à cápsula de tecido conjuntivo, suas células, densamente acondicionadas e distribuídas em grupos esféricos e colunas arqueadas, secretam hormônios chamados de mineralocorticoides, pois afetam a homeostasia mineral; Zona fasciculada: também chamada de zona do meio, é a mais larga das três zonas e consiste em células distribuídas em colunas longas e retas. As células da zona fasciculada secretam principalmente glicocorticoides, em especial cortisol, assim chamados por afetarem a homeostasia da glicose; Zona reticular: são as células da zona mais interna e distribuídas em cordões ramificados. Elas sintetizam pequenas quantidades de androgênios fracos, que são hormônios esteroides que exercem efeitos masculinizantes. Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Cortisol e a Síndrome de Addison Os glicocorticoides, que regulam o metabolismo e a resistência ao estresse, são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Desses três hormônios secretados pela zona fasciculada, o cortisol é o mais abundante, responsável por cerca de 95% da atividade glicocorticoide. Os glicocorticoides exercem os seguintes efeitos: 1. Degradação de proteína. Glicocorticoides intensificam a taxa de degradação de proteína, principalmente nas fibras musculares e, dessa forma, aumentam a liberação de aminoácidos na corrente sanguínea. Os aminoácidos podem ser 2 Khilver Doanne Sousa Soares usados pelas células corporais na síntese de novas proteínas ou na produção de ATP; 2. Formação de glicose. Ao serem estimulados pelos glicocorticoides, os hepatócitos convertem determinados aminoácidos ou ácido láctico em glicose, que será usada por neurônios e outras células para produzir ATP. Tal conversão, de uma substância que não seja o glicogênio ou outro monossacarídeo em glicose, é chamada de gliconeogênese; 3. Lipólise. Os glicocorticoides estimulam a lipólise, degradação dos triglicerídeos e liberação de ácidos graxos do tecido adiposo para o sangue; 4. Resistência ao estresse. Os glicocorticoides trabalham de muitas maneiras para promover a resistência ao estresse. A glicose extra fornecida pelos hepatócitos oferece aos tecidos uma pronta fonte de ATP para combater inúmeros estresses, inclusive exercício, jejum, medo, temperaturas extremas, altitudes elevadas, sangramento, infecção, cirurgia, traumatismo e doença. Uma vez que tornam os vasos sanguíneos mais sensíveis a outros hormônios que causam vasoconstrição, os glicocorticoides elevam a pressão sanguínea. Esse efeito é vantajoso nos casos de perda significativa de sangue, que faz com que a pressão arterial caia; 5. Efeitos anti-inflamatórios. Os glicocorticoides inibem a participação dos leucócitos nas respostas inflamatórias. Infelizmente, os glicocorticoides também atrasam o reparo tecidual; em consequência disso, retardam a cicatrização de feridas; 6. Depressão das respostas imunes. Doses elevadas de glicocorticoides deprimem as respostas imunes. Por esse motivo, os glicocorticoides são prescritos para receptores de órgãos transplantados com objetivo de retardar a rejeição tecidual promovida pelo sistema imune. Controle da secreção de glicocorticoide O controle da secreção de glicocorticoide ocorre por meio de um sistema de feedback negativo típico. Níveis sanguíneos baixos de glicocorticoides, principalmente cortisol, estimulam as células neurossecretoras no hipotálamo a secretarem hormônio liberador da corticotrofina (CRH). O CRH (junto com a baixa concentração de cortisol) promove a liberação de ACTH da adenohipófise. O ACTH flui no sangue para o córtex da glândula suprarrenal onde estimula a secreção de glicocorticoide. Doença de Addison Um grande número de doenças pode afetar o córtex adrenal. Porém mais de 90% de todos os casos são atribuíveis a: adrenalite autoimune, tuberculose, Aids ou cânceres metastáticos. Adrenalite autoimune é responsável por 60% a 70% dos casos; é, de longe, a causa mais comum de insuficiência adrenal primária nos países desenvolvidos. Como o nome implica, há uma destruição autoimune das células esteroidogênicas. Nesses pacientes, têm-se detectado os autoanticorpos para diversas enzimas esteroidogênicas chaves (21 hidroxilase, 17-hidroxilase). Infecções, particularmente tuberculose e aquelas produzidas por fungos, podem causar insuficiência adrenocortical crônica primária. Devido ao ressurgimento da tuberculose na maioria dos centros urbanos e à persistência da doença nos países desenvolvidos, essa causa de insuficiência adrenal deve ser mantida em mente. Quando presente, a adrenalite tuberculosa costuma estar associada a uma infecção ativa em outros locais, particularmente nos pulmões e no trato geniturinário. Neoplasias metastáticas que envolvem as adrenais são outra causa de insuficiência adrenal. As adrenais são um local regularmente comum para metástases em pacientes com carcinoma disseminado. Embora a função adrenal seja 3 Khilver Doanne Sousa Soares preservada na maioria desses pacientes, por vezes os tumores metastáticos destroem o córtex adrenal a ponto de produzir um grau de insuficiência adrenal. Causas genéticas da insuficiência adrenal incluem: hipoplasia adrenal congênita (hipoplasia adrenal congênita) e adrenoleucodistrofia. A hipoplasia adrenal congênita é uma doença rara, ligada ao X, causada por mutações do gene que codifica o fator de transcrição implicado no desenvolvimento adrenal. Insuficiência Adrenocortical Secundária Qualquer distúrbio do hipotálamo e da hipófise, como câncer metastático, infecção, enfarto ou irradiação, que reduz a produtividade de ACTH leva à síndrome do hipoadrenalismo, que guarda muitas similaridades com a doença de Addison. De forma análoga, a administração prolongada de glicocorticoides exógenos suprime a produtividade de ACTH e a função adrenal. Com a doença secundária, a hiperpigmentação da doença de Addison primária está ausente, porque os níveis do hormônio estimulador de melanócitos não estão elevados. As manifestações também diferem no fato de que o hipoadrenalismo secundário é caracterizado pela produção deficiente de cortisol e androgênio, mas pela síntese normal, ou quase normal, de aldosterona. Portanto, não se observam insuficiência adrenal resultante do mau funcionamento da hipófise, hiponatremia marcante ou hipercalemia. A deficiência de ACTH pode ocorrer sozinha, mas, em alguns casos, é apenas um componente do pan-hipopituitarismo, estando associada a múltiplas deficiências hormonais tróficas. A doença secundária pode ser diferenciada da doença de Addison pela demonstração dos baixos níveis do ACTH plasmático na anterior. Em pacientes com a doença primária, a destruição do córtex adrenal reduz a resposta ao ACTH exogenamente administrado, enquanto, naqueles com hipofuncionamento secundário, observa-se aumento imediato nos níveis plasmáticos de cortisol. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ REFERÊNCIAS TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; ASTER, J.C. Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
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