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Aula 13 - ECC1 ARTRITE SÉPTICA - Artrite séptica é a provocada pela presença de patógenos na cápsula articular, especialmente bactérias. - Se desenvolve quando há invasão bacteriana no espaço articular, gerando inflamação sinovial e consequente derrame purulento. - Acomete articulações do quadril e joelho por via hematogênica, sendo monoarticular. FISIOPATOLOGIA ARTRITE SÉPTICA - A ausência da membrana basal facilita a entrada da bactéria na sinóvia durante o processo de bacteremia, gerada por um quadro de infecção respiratória. - Isso pode ter como consequência a degradação da cartilagem e tecido ósseo, a partir da liberação de enzimas proteolíticas, migração de leucócitos e derrame sinovial, ou seja, processo inflamatório intenso que gera morte de tecidos. - O aumento do volume de líquido dentro da articulação, gera grande pressão intra-articular e distensão da cápsula articular, o que leva a isquemia da membrana sinovial e consequente diminuição da irrigação sanguínea. Esse aumento pressórico também pode causar isquemia da epífise óssea e necrose. - Inibição da fagocitose pelos fibroblastos sinoviais - Após a infecção, sinóvia se torna hiperemiada e é invadida por leucócitos polimorfonucleares - Destruição articular se inicia após 2 dias, devido enzimas inflamatórias de fase aguda, toxinas bacterianas e estímulos de linfócitos T - A destruição se torna aparente com 4-6 dias • Exposição do colágeno, sofrendo ação de colagenases e do próprio stress mecânico articular - Destruição completa da cartilagem em 4 semanas • Subluxação e osteomielite também podem ocorrer - Aumento da pressão intra-articular leva isquemia CRONOLOGIA 8H – Alterações moleculares cartilagem (glicosaminoglicanos) 48H – Degeneração de proteoglicanos – Alterações irreversíveis 2 a 3 dias – Destruição Cartilagem articular 4 a 6 dias – Destruição aparente 9 dias – Destruição colágeno 4 semanas – Destruição total com subluxação e osteomielite VIAS DE CONTAMINAÇÃO - Hematogênica → Secundária a bacteremia (IVAS, amigdalite, otite) - Contiguidade → Osteomielite, erisipela • Disseminação da osteomielite – <2 anos (cruzamento de vasos pela fise) → articulações com fise intra-articular. Adultos: Extensão direta da metáfise para epífise - Inoculação direta: Trauma, cirurgia, punção femoral ou articular EPIDEMIOLOGIA ARTRITE - Comum - Mais frequente em adultos • Maiores chances de sequelas em crianças - 2:1 em adultos - Em crianças: 1 mês e 5 anos - 94% Monoarticular – Quadril FATORES DE RISCO Artrite reumatoide Osteoartrose Artroplastia Drogas IV Alcoolismo DM Trauma Úlcera cutânea ↓ imunidade CARACTERISTICAS ARTRITE SÉPTICA - Mais comum em adultos, porém com sequelas graves em crianças • Devido atraso no tratamento ou envolvimento do quadril - Variações anatômicas da idade, levando a destruição da epífise associada ao ↑ pressão intracapsular e efusão séptica - Articulações de carga dos MMII são mais afetadas (61-79%) • Porém pode envolver qualquer articulação e pode ser múltipla - Difícil diagnostico em neonatos – sinais inflamatórios menos evidentes • Únicos achados podem ser infecção em outro local, irritabilidade, assimetria na posição dos membros, desconforto a manipulação (sinal da fralda) • 50% são multifocais MICROBIOLOGIA - S. Aureus é o mais COMUM → Todos os grupos - Estreptococos do grupo A - Enterobacter - Em neonatos → S. Aureus e Estrepto. - Até 5 anos → S. Aureus; H. Influenzae; Kingella kingae - Adultos saudáveis e sexualmente ativos → NEISSERIA GONORRHOEAE • Poliarticular, podendo ter rash papular • Culturas geralmente negativas • Evolução boa se ATB certo – CEFTRIAXONA. - Adultos mais velhos com infecção não-gonocóccica • 50% por S. Aureus • Sepse Poliarticular por S. Aureus é grave em imunocomprimidos - Anemia Falciforme → Salmonella - Drogas EV → Pseudomonas QUADRO CLÍNICO CLÁSSICO - Dor intensa e progressiva - Limitação da mobilidade → Dor piora com a mobilização (diferente da osteomielite) - Aumento volume articular - Claudicação / posição de defesa → No quadril, membro em flexão - Edema, calor, rubor - Febre, queda do estado geral, irritabilidade, anorexia QUADRO CLÍNICO EM NEONATO Quadro Atípico Afebril Quadril mais comum Poliarticular Sinal da fralda Pode cursar com septicemia EXAMES LABORATORIAIS HEMOGRAMA - Contagem de leucócitos não confiável - Diferencial mostra ↑ neutrófilo VHS - Pico em 3-5 dias PCR - Sobe após 6h de infecção IDENTIFICAÇÃO DO PATÓGENO - Hemocultura → PEDIR SEMPRE!!! - Punção Articular → Realizar sempre na suspeita, ANTES DE INICIAR ATB • Enviar para gram, cultura, celularidade • > 50.000 lec/mm³ • >90% neutrófilos • Glicose 50mg/dl menor que a glicemia sérica • Alto conteúdo proteico • Até 75% das culturas podem ser negativas (ATB prévio tem influência) - Outras possibilidades → Detectar antígeno por imunoeletrofrorese - Diagnostico molecular → DNA, RNA, PCR Aula 13 - ECC1 EXAMES DE IMAGEM - Ajudam a confirmar, mas não são diagnósticos • Radiografia → Normal nos primeiros dias é normal pode mostrar edemas de partes moles, deslocamento de coxim gorduroso ou aumento do espaço articular o Com a evolução ocorre a diminuição do espaço pela destruição da cartilagem o Se não tratada adequadamente, destruição generalizada, artrose, osteomielite, perda óssea • Ultrassom → Detecta precocemente pequenas coleções de fluido intra-articular o Realizar bilateral comparativo o Pode guiar punção inicial e monitorar status de compartimentos intra-articulares, cápsula e tecidos o Fácil execução baixo custo e sem radiação • Cintilografia → Se tem inflamação ou não o Normalmente mostra área de inflamação - Acúmulo de isótopos ou com vascularização aumentada o Captação deve estar igualmente aumentada em ambos os lados da articulação o Pode estar normal nos primeiros dias 24-72h • Tomografia → Mais sensível que Rx o Mostra edema; derrame e abcessos o Pode guiar punção e acesso cirúrgico o Melhor resolução estruturas ósseas TRATAMENTO - Drenagem adequada - ATB para diminuir efeitos sistêmicos - Repouso em posição estável - IMPORTANTE → Protocolo de Conduta PUNÇÃO NEGATIVA Exames Lab. -48h evolução = ATB PUNÇÃO POSITIVA Exames Lab. alterados + 48h evolução, queda estado geral = Drenagem + ATB - ATB empírico até resultado de culturas - No nosso meio → Oxacilina + gentamicina - Na gonocóccica → CEFTRIAXONA - Se cultura negativa → Continua terapia empírica - Antibioticoterapia - IMPORTANTE EMPIRICA APÓS CULTURA - PATÓGENO Gram negativo Neisseria - Cef S. Aureus - Oxa e Cefazolina Gram negativo bacilo - Cipro - Tempo de ATB → Variável • No geral → EV 7-10 dias + VO 3 sem. o Se melhora do estado geral, afebril há 24h, melhora da ADM e queda do VHS e PCR • H. Influenzae, Neiseria e Strepto precisam de menos de 2 semanas • Período maior se quadril ou ombro • DRENAGEM PARA TODOS • Se articulação superficial (cotovelo, tornozelo) pode fazer punção e ATB → não melhora em 48h, abre • Pus em articulação profunda → drenagem cirúrgica - Considerações sobre articulações especificas • Tornozelo → Edema torna difícil identificação de flutuação o Puncionar 2,5cm proximal 1,3cm anterior a ponta do maléolo lateral o Acesso póstero-lateral é o melhor • Joelho → Mais comum o Puncionar lateral ao nível do polo superior da patela o Drenagem Antero-medial • Quadril → Grandes complicações em crianças o Maior risco de subluxação, separação fisária, osteomielite, abcesso pélvico o Após drenagem em crianças manter abdução para evitar luxação o Puncionar anterior, lateral ou medial o Crianças pequenas drena anterior o Adultosdrenar posterior COMPLICAÇOES Sepse sistêmica Artrose Precoce Fechamento Fisário Distúrbio de crescimento Sinovite Rigidez Articular Luxação Persistência infecção ________________________________________________ SINOVITE TRANSITÓRIA DE QUADRIL - Doença benigna, autolimitada e de origem desconhecida - Existe consenso sobre a relação com doenças infecciosas recente – principalmente foco amigdaliano - Trauma e hipersensibilidade alérgica CLÍNICA - Semelhante ao quadro de AS, porém com uma criança saudável (sem queda do estado geral) - Dor aguda monoarticular - Claudicação e diminuição da ADM - Membro em flexão - Febre baixa - Sintomas podem durar de 1-10 dias EXAMES DE IMAGEM - Rx pode mostrar sombra muscular e edema capsular - USG mostra efusão articular - Cintilografia com diminuição da perfusão da cabeça na fase inicial LABORATÓRIO - Inespecífico, geralmente normal • Leucócitos de 10 a 14 000 • VHS próximo de 20mm DIAGNÓSTICO - Não existe teste diagnóstico - Feito por EXCLUSÃO!! TRATAMENTO - Sintomático → Repouso; retirado apoio; AINES - Articulações sem repouso tem sintomas prolongados - Tração não é recomendada - Pressão articular • No quadril – máxima extensão • Flexão 35º-45º - mínima - Resolução em 2 semanas ____________________________________________________________ Aula 13 - ECC1 SINOVITE TRANSITÓRIA X ARTRITE SÉPTICA CRITÉRIOS DE KOCHER - Temperatura ↑ 38,5º - Incapacidade de apoiar o membro - VHS > 40mm - Leucocitose > 12.000 - PCR > 2mg/dl (adicionado depois) - PROBABILIDADE DE ARTRITE SÉPTICA 0 CRITÉRIOS - 2% 1 CRITÉRIO - 9,5% 2 CRITÉRIOS - 35% 3 CRITÉRIOS - 72,8% 4 CRITÉRIOS - 93% ________________________________________________
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