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Júlia Demuner - MED UVV XXIX Doença Celíaca É uma sensibilidade permanente ao glúten (uma vez doente celíaco para sempre doente celíaco) que acomete indivíduos portadores do haplótipo HLA classe II DQ2 ou DQ8 , resultando em um distúrbio do intestino delgado associada ao envolvimento de outros órgãos. Patogênese Glúten é uma fração proteica que está presente em alimentos como trigo (prolamina), centeio e cevada. Em pessoas normais, o epitélio intestinal está intacto e funcionante para formar uma barreira e impedir a passagem de substâncias antigênicas , por meio da presença de enterócitos com junções intercelulares representadas pelas zonulinas . Porém, em pessoas com doença celíaca, o glúten (gliadina), entra em contato com o enterócito e quebra as junções intercelulares (zonulina), tornando o intestino permeável a substâncias antigênicas e imunogênicas. Os fragmentos de gliadina vão se acumulando na submucosa e estimulam os enterócitos a produzir IL-15 , o qual promove a proliferação de linfócitos intraepiteliais ( infiltrado inflamatório ), lesando os enterócitos. Em resposta ao dano, o organismo libera a enzima transglutaminase tecidual (IgA) , responsável pela desaminação da gliadina , fato que permite a sua modificação e ligação na APC (células apresentadoras de antígenos profissionais) que irá expressar na sua superfície o HLA classe II DQ2 ou DQ8. Como consequência, estas APCS apresentam o antígeno aos linfócitos Th1 e Th2 , favorecendo a produção de citocinas inflamatórias que lesam ainda mais o enterócito, além de estimular a liberação de células NK e células B (anti-gliadina). glúten → abertura das zonulinas dos enterócitos → quebra da barreira antigênica do intestino → produção de IL-15 → infiltrado inflamatório + dano → liberação de IgA → desaminação da gliadina e expressão do HLA → citocinas inflamatórias Quadro Clínico Biópsia Linfocitose intraepitelial, hiperplasia e atrofia das vilosidades. Gastrointestinais Dor abdominal, diarréia, anorexia (ausência de fome), vômitos, perda de peso. Não-Gastrointestinais Fadiga ou Astenia (ocorre em todas as formas de doença celíaca sintomática), anemia por deficiência de ferro (é o sinal não-gastrointestinal mais comum), dermatite herpetiforme (com bolhas simétricas em superfícies extensoras dos cotovelos, joelhos e nádegas), hipoplasia do esmalte dentário. Diagnóstico O diagnóstico de doença celíaca deve levar em consideração a apresentação clínica, avaliação dos marcadores sorológicos no contexto da exposição ao glúten e a resposta a uma GFD (dieta glúten free) estrita. Os principais autoanticorpos são anti-tTG IgA e anti-endomísio IgA (autoanticorpos gerados pela resposta imunológica ao glúten e altamente específicos), já o peptídeo de gliadina desaminado (DGPs)-IgG é considerado específico para doença celíaca ativa. A combinação dos seguintes elementos oferece quase 100% de valor preditivo positivo para doença celíaca: • Sintomas sugestivos em crianças ou adolescente; • Um haplótipo HLA consistente; • Um título positivo de IgA anti-endomísio; • Elevado valor de tTG mais de 10 vezes o nível normal.
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