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TEORIAS E HISTORIAS DO JORNALISMO


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Luciana Félix
TEORIAS E HISTÓRIA DO 
JORNALISMO
Sumário
INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3
COMUNICAÇÃO E CULTURA �������������������������� 4
ORIGEM DA PESQUISA EM 
COMUNICAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS����� 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������20
SÍNTESE �������������������������������������������������������21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS ��������������������������������������������22
3
INTRODUÇÃO
Nós humanos buscamos formas de nos comuni-
car e deixar nossos registros de vida e cotidiano 
desde os tempos das cavernas. A comunicação é, 
definitivamente, nossa melhor forma de expressar 
nossas histórias e registrar nosso cotidiano, nossas 
ideias e informações. 
Por isso, antes de entrarmos no contexto do surgi-
mento dos meios de comunicação de massa e as 
diferentes linhas teóricas de estudo, navegaremos 
por um breve panorama da história da comunicação, 
desde os nossos ancestrais, que pela falta de uma 
oralidade desenvolvida garantiram a transmissão 
do seu legado e da sua forma de viver de uma épo-
ca tão distante por desenhos e outras linguagens 
não verbais.
Conhecer a evolução dos meios de comunicação é 
conhecer a nossa própria história enquanto seres 
de cultura, justamente o que nos diferencia e nos 
torna tão únicos em relação aos outros animais.
4
COMUNICAÇÃO E 
CULTURA
A história da comunicação está intimamente asso-
ciada à história dos seres humanos. Nós homens 
e mulheres nos tornamos seres culturais quando 
rompemos com o nosso saber instintivo e natural. 
Produzimos cultura, mas somos produzidos por 
ela o tempo todo. A nossa estrutura física é um 
exemplo disso. Começou pelos nossos mecanis-
mos genéticos, quando eles foram substituídos 
por mecanismos culturais, dada a necessidade 
cada vez maior de instrumentos externos. Nosso 
cérebro, dentes e maxilar diminuíram (o que pos-
sibilitou o desenvolvimento da linguagem oral) e 
desenvolvemos o polegar opositor.
Para compreender como essa evolução se deu, 
vamos traçar uma breve retrospectiva que remonta 
a milhares de anos:
 y As primeiras representações gráficas datam 
dos anos 50 mil e 18 mil a.C. Nesse período, com-
preendido por Paleolítico, o homem pré-histórico 
fez descobertas e criou ferramentas para garantir 
a sua sobrevivência como o fogo, instrumentos de 
corte e vestimentas para se proteger nas estações 
mais frias do ano. Esse período de desenvolvimento 
da humanidade foi registrado por meio de pinturas 
rupestres (os famosos desenhos feitos nas paredes 
5
das cavernas). Nessa época, a comunicação se 
dava por meio de signos não verbais como gestos 
e desenhos.
 y A partir de 18 mil até 5 mil a.C. (período Neo-
lítico), o homem mudou o suporte onde gravava o 
seu cotidiano das estruturas rupestres para ossos, 
pedras, madeiras e, mais tarde, argila, material 
utilizado para construir suas novas moradias.
 y Por volta de 3.500 a. C. os sumérios desenvol-
veram na Mesopotâmia um sistema de desenhos 
ou pictogramas com mais de 2000 sinais, conhe-
cido como escrita cuneiforme. O sistema recebe 
esse nome porque os registros eram feitos em 
objetos em formato de cunha. Já preocupados 
com a posteridade, as tábuas cuneiformes com 
os registros mais importantes (como os voltados 
para a administração e contabilidade do cotidiano) 
eram colocadas em fornos para evitar reutilização.
 y Praticamente contemporâneos da escrita 
cuneiforme, os hieróglifos e seu sistema com cer-
ca de 6900 sinais eram utilizados pela civilização 
egípcia para decorar paredes, tumbas e templos 
das pirâmides do Egito.
 y Foi também dos egípcios a invenção do papiro, 
papel que tinha como matéria-prima as folhas so-
brepostas da planta que leva o mesmo nome. Os 
persas usavam o couro de animais como suporte 
para a escrita, os chamados pergaminhos. E no ano 
105 os chineses inventaram o papel, técnica que 
6
se tornou conhecida na Europa somente a partir 
de 751, quando os árabes venceram os chineses 
em Samarcanda.
 y Os gregos, por sua vez, dominavam a comuni-
cação oral. As informações de interesse público 
eram divulgadas pelos arautos e avisos, além 
de fofocas e boatos. Contudo, sua influência na 
comunicação escrita e visual, com suas peças 
de teatro, é incontestável. Aliás, o que autores 
como Peter Burke defendem é que os relatos orais 
devem ser considerados a primeira grande mídia 
da humanidade e “as possibilidades do meio oral 
eram conscientemente exploradas pelos mestres 
do que era conhecido no século 16 como a retóri-
ca eclesiástica” (2004, p. 38). O historiador Peter 
Burke classifica esses relatos como um meio de 
comunicação especifico e importante, mas que 
tem recebido pouca atenção da historiografia ofi-
cial, apesar da vasta literatura sobre a oralidade. 
Mesmo muito tempo após a invenção da escrita, a 
comunicação oral continuou (e continua) poderosa 
(PENA, 2012, p. 4).
 y Mas coube aos romanos a disseminação da 
comunicação como um todo. Destacaram-se no 
uso dos correios e criaram o jornal. O Acta Diurna, 
publicado em 59 a.C., é provavelmente o primeiro 
jornal de que se tem registro, criado pelo líder mi-
litar romano Júlio César com o objetivo de dar à 
população acesso aos acontecimentos políticos e 
7
sociais da época, como publicação de leis, decretos 
e datas solenes, impressos em grandes placas 
brancas expostas em locais públicos.
 y O alfabeto utilizado pela maioria dos países 
ocidentais na atualidade também é romano e surgiu 
de uma modificação no alfabeto grego, que, por 
sua vez, teve como base o alfabeto fenício com 
22 consoantes, criado com o objetivo de facilitar e 
controlar o comércio, já que as escritas cuneiforme 
e hieroglífica eram demasiado complexas.
 y Por volta de 1450, Johannes Gutenberg inventa 
a prensa de tipos móveis e revoluciona os hábitos 
de leitura com a ampliação da quantidade de infor-
mação impressa disponível, seja em livros (antes 
manuscritos, quando uma única cópia levava anos 
para ser concluída) seja em jornais.
 y O telégrafo possibilitou a comunicação entre 
grandes distâncias e revolucionou a imprensa 
por volta de 1844. A informação chegava mais 
rapidamente a qualquer lugar do mundo onde a 
tecnologia estivesse disponível.
 y E passou a ser disseminada de forma mais ampla 
com a invenção do rádio, por causa da velocidade 
e alcance das suas ondas, graças à união das tec-
nologias disponíveis na época: o telégrafo elétrico, 
a radiação eletromagnética e o telefone com fio. O 
rádio foi patenteado pelo físico e Nobel de Física 
Guglielmo Marconi em 1896 (embora dois anos 
antes, o padre brasileiro Roberto Landell de Moura 
8
tenha realizado uma experiência de radiofusão no 
Brasil, mas, desacreditado, decidiu patentear seus 
feitos tarde demais, em 1904).
 y Mas o principal meio de comunicação criado no 
século 20 foi, sem sombra de dúvida, a televisão, 
por John L. Baird e Wladimir Zworykin. Ela foi o 
resultado de um conjunto de pesquisas, invenções 
e descobertas como a eletricidade, a fotografia, a 
cinematografia e a radiofonia entre os séculos 18 
e 19. Veículo de transmissão de informação, na 
década de 1930 serviu à disseminação de ideolo-
gias pelos alemães para divulgar o regime nazista 
de Adolf Hitler (o rádio também foi amplamente 
utilizado por eles para o mesmo fim). No Brasil, 
a televisão chegou em 1950, com a inauguração 
da TV Tupi pelo jornalista Assis Chateaubriand, 
e causou mudanças significativas na sociedade.
 y O computador e a internet, criados respectiva-
mente em 1971 (por Henry Edward Roberts) e 1969 
(a partir de projetos do Departamento de Defesa 
dos Estados Unidos com o objetivo de desenvolver 
um meio de comunicação entre os centros militares 
que pudesse resistir a um ataque militar), deram 
origem a uma nova era tecnológica, que estudare-
mos em detalhes nos módulos posteriores e cuja 
disseminação aconteceu nos anos 1990 e evolui 
com muita velocidade até os dias atuais. 
9
Como podemos verificar nesse breve panoramada 
história da comunicação, as inovações na forma 
de se comunicar modificaram a nossa civilização 
de tempos em tempos, dando origem ao que 
Santaella (2003) chama de seis grandes eras da 
comunicação cultural: oral, escrita, impressa, de 
massas, das mídias e, a mais recente, a digital. 
Cada uma dessas eras envolve um novo sistema 
de aprendizado e adaptações. Na cultura oral, os 
conhecimentos são transmitidos pela fala, das ge-
rações mais velhas para as mais jovens, e não exige 
o domínio do conjunto de símbolos necessários 
para compor a escrita e registrar esses saberes.
Com a cultura escrita, o cérebro é liberado da ta-
refa de memorizar, mas o raciocínio torna-se mais 
complexo. O mesmo texto pode ser lido mais de 
uma vez, guardado, consultado e até modificado 
ou atualizado em edições futuras. A fala pode 
facilmente se perder, mas a escrita é resguardada 
por um suporte físico que, se preservado, pode 
levar os saberes de uma época com garantia de 
fidelidade do pensamento por centenas de anos.
A leitura e a escrita, até então privilégio de militares, 
governantes e sacerdotes, únicos a terem acesso 
aos livros que levavam anos para serem escritos 
manualmente, passou, como vimos no panorama 
anterior, pela revolução da cultura impressa em 
10
1450, com a invenção da prensa de tipos móveis 
de Gutenberg, que permitiu a reprodução mecâ-
nica dos textos e a edição de vários exemplares 
de um mesmo livro a preços acessíveis, fazendo 
com que a informação se tornasse mais popular 
e mais democrática. Aliás, os livros passaram por 
duas grandes revoluções desde o seu surgimento, 
há mais de 4.700 anos: a primeira no ano 200 d.C, 
quando o formato mudou do volumen (ou rolo) 
para o códex ou códice (o tradicional encadernado 
tal como o conhecemos hoje); e a segunda com a 
invenção da prensa. Duas revoluções, portanto, de 
essências diferentes: a) no suporte, na forma como 
o livro passou a ser manuseado (o volumen exigia 
o uso das duas mãos, não permitia o uso da folha 
frente e verso e a comparação de passagens em 
diferentes partes do livro, e limitava a criação de 
um sistema de organização baseado em páginas, 
índice e sumário, estabelecido somente a partir do 
códice) e b) na disseminação da leitura.
A cultura das massas passou por um processo 
semelhante ao da cultura impressa, com a dissemi-
nação da produção intelectual e de entretenimento 
para a grande população que tivesse o aparato 
tecnológico necessário ao seu dispor. A televisão, o 
veículo mais marcante dessa era cultural no século 
20, representa o consumo massivo do conteúdo 
que é gerado sem distinção para os diferentes 
11
tipos de públicos que compõem a grande massa 
sintonizada em frente à tela.
A sociedade de massa surge a partir do século 
19, com a Revolução Industrial, que concentrou 
grandes populações em aglomerados urbanos. A 
sociedade ocidental e, posteriormente, a oriental, 
no Japão da Era Meiji, passaram por profundas 
transformações, a partir do momento em que 
tiveram de substituir seus hábitos tradicionais e 
adotar um padrão de vida uniformizado. Em 1830, 
o positivista Auguste Comte lançou o conceito de 
sociedade de massa, segundo o qual os membros 
dessas cidades industriais passam a assimilar e a 
submeter-se ao comportamento que observam à 
sua volta, condicionados pelo interesse coletivo, 
explica Neves (2012, p. 182). Introduziu no estudo 
da sociedade a aplicação do método positivista 
(cientifico) e o conceito orgânico de sociedade. 
Nessa nova organização, a massa passa a ser 
o principal personagem, cultuando a indústria e 
a ciência, e não mais a razão em si, como havia 
sido no século 18.
Com a Revolução Industrial, na segunda metade 
do século 19, há uma forte migração das zonas 
rurais para as cidades, e o rádio, meio de comu-
nicação de massa predominante nesse período, 
tem o papel de adequar essa população com 
hábitos tão diferentes a uma vida mais padroni-
12
zada, assumindo comportamentos do interesse 
coletivo. E assim os avanços tecnológicos da 
industrialização, a invenção e o aperfeiçoamento 
dos meios de comunicação, como a fotografia, o 
cinema e a imprensa, depois o rádio e a televisão, 
possibilitaram que um maior número de pessoas 
tivesse fácil acesso às informações.
A cultura das mídias faz, de certo modo, o cami-
nho inverso, reduzindo a hegemonia da cultura de 
massas. O que até então era produzido e veiculado 
por uma minoria detentora dos meios de produção 
da informação a uma grande maioria que tudo ab-
sorvia “passivamente” (pelo menos na visão dos 
teóricos funcionalistas), ganha uma nova dinâmica 
à medida que as pessoas podem escolher o que 
desejam ver, tendo em suas mãos aparatos como 
o controle remoto, os já extintos vídeo cassete e 
DVD, e os canais de televisão por assinatura.
E a fase seguinte dessa “crescente tecnológica” 
dos meios de comunicação foi a possibilidade 
cada vez maior de interação dos seres humanos 
com as máquinas, o que nos levou à cultura digi-
tal. Essa era é marcada pela busca fragmentada e 
individualizada de informação e da ampliação do 
papel do receptor/consumidor para também pro-
dutor de mensagens. Os aparelhos (computadores, 
celulares e dispositivos movidos a comandos de 
voz) e veículos de comunicação (como as redes 
13
sociais, blogs, podcasts) que cresceram com o 
avanço da internet permitem que o receptor (lei-
tor, ouvinte, telespectador) produza e espalhe seu 
conteúdo com muita velocidade. E as métricas de 
audiência, antes por pontos de televisores ligados 
ou exemplares vendidos, agora passam por quan-
tidades de cliques, likes e visualizações. Como 
explica SANTAELLA (2003: 82), “cada um pode 
tornar-se produtor, criador, compositor, montador, 
apresentador, difusor de seus próprios produtos.”
O surgimento do rádio, da televisão e da internet, e 
os estudos sobre eles e como se dão os processos 
de comunicação evidenciaram modelos teóricos 
que serão nossos objetos de aprofundamento ao 
longo deste e dos próximos módulos: as Teorias 
clássicas da comunicação representadas pela 
Mass Communication Research ou Escola Ame-
ricana, Teoria Hipodérmica, Abordagem Empíri-
co-Experimental ou “da persuasão”, Abordagem 
Empírica de Campo ou “dos efeitos limitados”, 
Teoria Funcionalista, Escola Europeia, Teoria Crí-
tica ou Escola de Frankfurt, Teoria Culturológica, 
e Estruturalismo e a Comunicação; a transição no 
campo da comunicação, que teve como principais 
atores os estudos culturais, as contribuições da 
perspectiva midialógica de Marshall Mcluhan, e a 
Escola Latino-Americana; e os novos paradigmas 
da comunicação, com destaque para a perspectiva 
14
sócioconstrutivista, o novo olhar sobre o receptor, 
mídia e sociabilidade, e as tecnologias digitais e 
a ciberesfera.
Acesse o Podcast 1 em Módulos
https://famonline.instructure.com/files/952442/download?download_frd=1
15
ORIGEM DA PESQUISA 
EM COMUNICAÇÃO NOS 
ESTADOS UNIDOS
O surgimento do rádio e da televisão como prin-
cipais meios de comunicação de massa susci-
taram as primeiras pesquisas em comunicação 
nos Estados Unidos, em sua maioria buscando 
compreender os efeitos das mensagens sobre a 
audiência e tentando confirmar hipóteses sobre o 
papel passivo e manipulável do receptor. Teorias 
como a da agulha hipodérmica, uma das vertentes 
da escola funcionalista, afirmam que os meios de 
comunicação são usados com o fim de chegar si-
multaneamente a toda a população, fazendo dela 
massa de manobra para atingir objetivos maiores.
A teoria da agulha hipodérmica nasce no contexto 
da Primeira Guerra Mundial, quando a população 
participou de forma coordenada e ativa. Antes 
desse evento, os conflitos eram travados pelas 
forças militares, praticamente sem intervenção ou 
envolvimento da população civil. De acordo com 
Falcone (2012), esse novo tipo de combate tornou 
os exércitos das frentes de batalha totalmente 
dependentes dos complexos industriais domés-
ticos. Com isso, era necessário que a população 
oferecesse ajuda espontânea.“Esse tipo de guerra 
16
necessitava de todos os recursos do país: tinha-se 
que abrir mão do conforto material, o moral tinha 
que ser mantido alto, as pessoas deveriam ser 
persuadidas a alistar-se, era preciso manter uma 
força inabalável nas fábricas, e havia a necessidade 
de capital para financiar a guerra”.
Não havia elementos que unissem a sociedade 
industrial em torno de um propósito, mas o senti-
mento de união que une os povos era importante 
naquele contexto para garantir um apoio maciço 
às forças militares. Desse contexto surge a neces-
sidade de se estabelecer laços mais firmes entre 
indivíduos e sociedade, laços esses que seriam 
firmados com a ajuda da propaganda. “Tornou-se 
essencial mobilizar os sentimentos e a lealdade 
dos indivíduos, inculcar neles o ódio e o medo do 
inimigo, manter seu moral alto diante das privações 
e dirigir suas energias para uma contribuição eficaz 
pelo seu país” (DeFleur, 1976). A propaganda foi, 
então, vista como meio para manipular a opinião 
pública e levá-la a acreditar e a defender as ideias 
desejadas pelo comunicador, explica Tocantis, de 
acordo com Pena (2012, 24).
No período pós-guerra, generalizou-se a crença 
em torno do poder da comunicação de massa. Os 
meios eram tidos como instrumentos com poder 
de modelação da opinião pública e direcionamento 
da massa de acordo com os interesses do co-
17
municador. Essa teoria se baseava na biologia e 
em algumas vertentes da psicologia, acreditando 
que as atitudes humanas atuam dentro de um 
sistema de estímulo e resposta com certo grau de 
uniformidade. Ou seja, as reações a um mesmo 
estímulo seriam as mesmas para a grande maioria 
dos indivíduos. 
Não precisamos ir muito longe e citar muitas teorias 
para entender que a Comunicação é uma ciência 
que nasceu interdisciplinar e, no início do século 
20, com a expansão dos meios de comunicação, 
era pensada por sociólogos, filósofos, psicólogos, 
historiadores, biólogos e físicos. As metodologias 
para estudo e compreensão dos processos comu-
nicacionais eram definidas pelos conhecimentos 
específicos vindos dessas áreas.
Para se ter uma ideia, as fontes de inspiração para 
os desdobramentos e as reflexões que constituem 
o campo das ciências da comunicação ao longo 
do século 20 são três grandes matrizes filosóficas 
e sociológicas: a Teoria Funcionalista da Comuni-
cação advém da Sociologia Funcionalista; a Teoria 
Crítica (relacionada ao pensamento dos teóricos 
da Escola de Frankfurt) teve forte influência da 
Sociologia Crítica e as Escolas de Chicago e de 
Grenoble são frutos da Sociologia Compreensiva.
18
E, por ser objeto de estudo de diversas áreas, a 
Comunicação abrange abordagens distintas a 
depender do paradigma adotado. Entre as princi-
pais Escolas, conceitos e tendências, iniciamos 
nossos estudos nesse módulo pelo contexto do 
surgimento da pesquisa em comunicação nos 
Estados Unidos na primeira década do século 20, 
centrada no entendimento sobre a relação e inte-
ração entre os meios de comunicação de massa e 
os comportamentos dos indivíduos na sociedade.
De acordo com MATTELART (2004, p. 29), desde 
os anos 1910, “a comunicação nos Estados Unidos 
encontra-se ligada ao projeto de construção de uma 
ciência social sobre bases empíricas”, sendo sua 
sede a Escola de Chicago por iniciativa de sociólo-
gos americanos que integravam o corpo docente 
do Departamento de Sociologia da Universidade 
de Chicago, fundado pelo historiador e sociólogo 
Albion W. Small. O enfoque microssociológico 
dos modos de comunicação na organização da 
comunidade estava ligado a uma reflexão sobre 
o papel da ferramenta científica na resolução dos 
grandes desequilíbrios sociais.
O surgimento da Escola de Chicago está direta-
mente ligado ao processo de expansão urbana e 
crescimento demográfico da cidade de Chicago, 
resultado do acelerado desenvolvimento industrial 
das metrópoles do Meio-Oeste norte-americano. 
19
A consequência foi o surgimento de problemas 
sociais como o crescimento da criminalidade, da 
delinquência juvenil, o aparecimento de grupos 
organizados de marginais, os bolsões de pobreza 
e desemprego, a imigração e, com ela, a forma-
ção de comunidades segregadas. Todos esses 
problemas sociais se converteram nos principais 
objetos de pesquisa para os sociólogos da Escola 
de Chicago, que teve como principais destaques 
em sua primeira geração Albion W. Small, Robert 
Ezra Park, Ernest Watson Burgess, Roderick Duncan 
McKenzie, William Thomas, Charles Horton Cooley 
e Georg Herbert Mead.
Acesse o Podcast 2 em Módulos
https://famonline.instructure.com/files/952443/download?download_frd=1
20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse módulo você estudou a história da comu-
nicação e da cultura e entendeu como a evolução 
da espécie humana está intimamente ligada ao 
desenvolvimento dos meios de comunicação. 
Sintetizamos os principais avanços, descobertas 
e transformações sociais em cada uma das seis 
eras da comunicação cultural, classificadas por 
Santaella e expusemos também a origem da pes-
quisa em Comunicação nos Estados Unidos.
• Mudança nas métricas de audiência: de quantidades de televi-
sores ligados para quantidade de cliques.
• Transformação do receptor em produtor de mensagens publica-
das nas mídias sociais, blogs e podcasts.
• Interação do ser humano com as máquinas (computador e dispos-
itivos móveis como tablets e celulares).
Cultura Digital
• O poder do controle remoto: audiência começa a esco-
lher a que informação ter acesso com o uso de aparelhos como vídeo 
cassete, dvd e início da tv por assinatura.
• Redução da hegemonia da cultura das massas.
Cultura das Mídias 
• Informação produzida com o objetivo de uniformizar
culturalmente a massa de pessoas que migravam das zonas rurais 
para as cidades por causa da Revolução Industrial.
• Amplo acesso à informação com a invenção do rádio no final do 
século 19 e da televisão no início do século 20.
Culturas das Massas
• Início da democratização do acesso à leitura.
• Invenção da prensa de tipos móveis por Gutenberg,
permitindo a reprodução mecânica dos textos e a edição de vários 
exemplares de um mesmo livro a preços acessíveis;
Cultura Impressa
• Cópias raras e manuscritas.
• Conteúdo acessível a poucos privilegiados da aristocracia e da 
igreja;
• O cérebro se torna mais complexo com o desenvolvimento e 
aprendizado de um sistema com milhares de símbolos codificáveis 
(até chegarmos ao atual alfabeto ocidental de
26 caracteres);
Cultural Escrita
• Permanece como uma das nossas principais formas de comuni-
cação até hoje.
• Peter Burke classifica os relatos orais como a primeira grande 
mídia da humanidade;
• Não exige o domínio de técnicas e sistemas de escrita como o al-
fabeto;
• Conhecimentos transmitidos pela fala, de
geração em geração;
Cultural Oral
No quadro abaixo, sintetizamos os principais avanços,
descobertas e transformações sociais em cada uma das seis eras da 
comunicação cultural, classificadas por
Santaella (2003):
Neste módulo você estudou a história da comunicação e da cultura e 
entendeu como a evolução da espécie humana está intimamente 
ligada ao desenvolvimento dos
meios de comunicação.
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA
COMUNICAÇÃO 
TEORIAS E HISTÓRIA DO 
JORNALISMO
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Artefato: Jornal de Cultura, ano 1, n. 1, 1978.
	Introdução
	Comunicação e Cultura
	Origem da pesquisa em Comunicação nos Estados Unidos
	Considerações finais
	Síntese
	Referências Bibliográficas & Consultadas