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1 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA PROBLEMA 1M2 - FALÊNCIA MEDULAR Eduardo tem 27 anos e se queixa de astenia há cerca de 2 semanas, nega sangramento vivo, mas tem várias equimoses e petéquias em abdome e membros inferiores. Relata palpitação e dispneia aos pequenos esforços. Exames de Eduardo: Hb = 5,6g/dL, Ht = 16%, VCM 87 fl. HCM = 32 pg, RDW 13% Plaquetas = 24.000 Leucócitos = 1.200 (2/13/0/0/80/5) Reticulócitos = 0,2% Renata, 22 anos, comparece ao consultório referindo fadiga importante, indisposição frequente, com dificuldade de concentração nas leituras de processos e sonolência excessiva durante o dia, apesar de conseguir dormir bem durante a noite. Ela é participante ativa dos jogos universitários porém, nos últimos treinos, não tem se destacado como antes. Revela dismenorréia e metrorragia, além de palpitações frequentes, queda de cabelos, unhas quebradiças e queilite recorrente. Refere estar seguindo a dieta “vegana” e apresenta-se com discreta palidez cutânea, anictérica e afebril, IMC: 25, FC: 99 bpm e PA 110 x 60 mmHg, eupneica e ausência de edema em MMII. Traz hemograma que mostra: Hb = 10,5 g/dL, Ht = 31%, VCM 57 fl. HCM = 29 pg, RDW 19% Plaquetas = 250.000 Leucócitos = 7.300 (2/63/0/0/30/5) Reticulócito = 0,2% Foram solicitados ferritina, ferro e transferrina, Renata foi orientada que precisará incluir mais fontes de ferro na dieta, além de também haver necessidade de controle do fluxo menstrual. Instrução: Como a compreensão da hematopoese e da estrutura da célula vermelha ajuda na classificação das anemias? Quais doenças cursam com anemia combinada a outras alterações no hemograma e com baixa resposta medular? QUESTÕES DE APRENDIZADO: COMPREENDER HEMATOPOESE, ESTRUTURA DA HEMOGLOBINA E METABOLISMO DO FERRO E A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA (HEME, REGULAÇÃO DO BALANÇO DO FERRO, MECANISMO DE RECICLAGEM DO FERRO, VIAS DE ABSORÇÃO E PERDA). • Hematopoiese: formação de células sanguíneas. É um processo contínuo e regulado – envolve renovação, proliferação, diferenciação e maturação celular. • Eritropoese: formação de eritrócitos. • Mielopoese: formação de granulócitos e monócitos. • Trombocitopoese: formação de plaquetas. Saco vitelino: é um local transitório de hematopoese – nas primeiras semanas da gestação. Hematopoese definitiva: deriva de uma população de células-tronco observada na região AGM (aorta- gônadas-mesonefros). Acredita-se que os hemangioblastos (precursores comuns às células endoteliais e hematopoéticas) se agrupem no fígado, no baço e na medula óssea. De 6 semanas até 6 a 7 meses de vida fetal, o fígado e o baço são os principais órgãos hematopoéticos e continuam a produzir células sanguíneas até cerca de 2 semanas após o nascimento. A medula óssea também contribui para a hematopoese fetal. A medula óssea é o sítio hematopoético mais importante a partir de 6 a 7 meses de vida fetal e, durante a infância e a vida adulta, é a única fonte de novas células sanguíneas. As células em desenvolvimento situam-se fora dos seios da medula óssea; as maduras são liberadas nos espaços sinusais, na microcirculação medular e, a partir daí, na circulação geral. Nos dois primeiros anos, toda a medula óssea é hematopoética, porém, durante o resto da infância, há substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura, de modo que a medula hematopoética no adulto é confinada ao esqueleto central e às extremidades proximais do fêmur e do úmero. Mesmo nessas regiões hematopoéticas, cerca de 50% da medula é composta de gordura. 2 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA A medula óssea gordurosa remanescente é capaz de reverter para hematopoética e, em muitas doenças, também pode haver expansão da hematopoese aos ossos longos. Além disso, o fígado e o baço podem retomar seu papel hematopoético fetal (“hematopoese extramedular”). Fase mesoblástica da hemocitopoese: As primeiras células sanguíneas do embrião surgem em torno do 19° dia de gestação, no mesoderma do saco vitelino. Essa fase é caracterizada pelo desenvolvimento de eritroblastos primitivos e ocorre no interior de vasos sanguíneos em desenvolvimento, prosseguindo até a 6ª semana de vida intrauterina (VIU). Hematopoese definitiva – fase hepática: Entre a 4ª e a 6ª semana de VIU inicia-se a hemocitopoese definitiva – as células originadas dos vasos em desenvolvimento, da porção alantoide da placenta em desenvolvimento e da porção anterior do eixo aorta-gônada-mesonefro migram para o fígado fetal. Assim, o fígado funciona temporariamente como órgão hemocitopoético. Essa fase hepática é caracterizada pelo desenvolvimento de eritroblastos, granulócitos e monócitos. As primeiras células linfoides e os megacariócitos aparecem. A hemocitopoese hepática, extravascular, é muito importante durante a vida fetal, com um pico de atividade em torno de 3 a 4 meses de gestação, declinando gradualmente até o nascimento. Outros órgãos em desenvolvimento, como baço, timo e linfonodos, também contribuem para a hemocitopoese, especialmente para a produção de linfócitos. Fase medular: No 2° mês de VIU, a clavícula já passa a se ossificar, e começa a formação de medula óssea hematógena (vermelha) em seu interior dando início à fase medular. À medida que a ossificação pré-natal do restante do esqueleto avança, a medula óssea se torna cada vez mais importante como órgão hemocitopoético, alcançando um pico de atividade no período próximo ao nascimento. Na vida pós-natal, os eritrócitos, granulócitos, linfócitos, monócitos e plaquetas originam-se a partir de células-tronco da medula óssea vermelha. Conforme o tipo de glóbulo formado, o processo recebe os seguintes nomes: eritropoese, granulocitopoese, linfocitopoese, monocitopoese e megacariocitopoese. Essas células passam por diversos estágios de diferenciação e maturação na medula óssea antes de passarem para o sangue. Os órgãos nos quais o desenvolvimento linfoide ocorre são classificados como primários (medula óssea e timo) e secundários. Todas as células são derivadas primariamente da medula óssea; linfócitos B diferenciam-se na medula, enquanto linfócitos T provêm de células que migram da medula para o timo e ali se diferenciam. Em órgãos linfoides secundários, como baço, linfonodos e agregados linfoides em diferentes órgãos, os linfócitos T e B proliferam-se intensamente, em geral estimulados por antígenos. Células-tronco, fatores de crescimento e diferenciação: As células-tronco originam células-filhas, que seguem dois destinos: algumas permanecem como células- tronco (autorrenovação), e outras se diferenciam em outros tipos celulares com características específicas. As células tronco são caracterizadas por: • Capacidade de autorrenovação • Capacidade de produzir ampla variedade de tipos células • Capacidade de reconstituir o sistema hemocitopoético quando injetadas na medula de camundongos – desenvolvem colônias de células hemocitopoéticas no baço dos camundongos. Todas as células do sangue derivam de célula-tronco pluripotente – essas células se proliferam e formam duas linhagens: células linfoides (forma linfócitos) e células mieloides (origina eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas). A proliferação das células-tronco pluripotentes origina células-filhas com potencialidade menor – as células progenitoras multipotentes, que produzem as células precursoras (blastos). As células progenitoras, quando se dividem, podem originar outras células progenitoras e células precursoras, embora estas originem apenas células sanguíneas destinadas a amadurecer. 3 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA A hemocitopoese depende de microambiente adequado e de fatores de crescimento fornecidos pelas células do estroma dos órgãos hemocitopoéticos. Esses fatores, denominados fatores de crescimento hemocitopoéticos,regulam a proliferação, a diferenciação e a apoptose de células imaturas, assim como a atividade funcional de células maduras. Dentre eles, encontram-se pelo menos 18 diferentes interleucinas (IL), diversas citocinas (p. ex., interferona) e fatores estimuladores de colônias (CSF, colony stimulating factors). Por exemplo, embora o fator estimulador de colônias granulocíticas (G-CSF) estimule a proliferação de progenitores de granulócitos, ele atua sinergicamente com a IL-3 para aumentar a formação de megacariócitos. Medula óssea: É encontrada no canal medular dos ossos longos e nas cavidades dos ossos esponjosos. • Medula óssea vermelha – hematógena: possui numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação. • Medula óssea amarela – rica em células adiposas e não produz células sanguíneas. No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha e, portanto, ativa na produção de células do sangue. Com o avançar da idade, porém, a maior parte da medula óssea transforma-se progressivamente na variedade amarela. No adulto, a medula vermelha é observada apenas no esterno, nas vértebras, nas costelas e na díploe dos ossos do crânio; no adulto jovem (por volta de 18 anos de idade), é vista nas epífises proximais do fêmur e do úmero. A medula amarela ainda retém células-tronco e, em certos casos, como hemorragias, hemólise, inflamação, alguns tipos de intoxicação e irradiação, pode transformar-se em medula óssea vermelha e voltar a produzir células do sangue. Síntese da Hemoglobina: A principal função dos eritrócitos é o transporte de O2 aos tecidos e o retorno de dióxido de carbono (CO2) dos tecidos aos pulmões. Para executar essa troca gasosa, os eritrócitos contêm uma proteína especializada, a hemoglobina. Cada molécula de hemoglobina A (Hb A) normal do adulto, dominante no sangue depois dos 3 a 6 meses de idade, consiste em quatro cadeias polipeptídicasα2β2, cada uma com seu próprio grupo heme. O sangue normal do adulto também contém pequenas quantidades de duas outras hemoglobinas – Hb F e Hb A2 –, as quais contêm cadeias α, mas com cadeias γ e δ, respectivamente, em vez de β. A síntese de heme ocorre principalmente nas mitocôndrias por uma série de reaço ̃es bioquímicas que começam na condensação de glicina e de succinil-coenzima A, por aça ̃o do ácido δ - aminolevulínico-sintase (ALA), enzima-chave cuja falta limita o ritmo (Figura 2.7). Piridoxal-fosfato (vitamina B6) é uma coenzima dessa reação. Ao final, a protoporfirina combina-se com ferro no estado ferroso (Fe2+) para formar heme. Forma-se um tetrâmero de cadeias de globina, cada cadeia com seu próprio núcleo heme agrupado em um “bolso”, montando uma molécula de 4 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA hemoglobina. Função da hemoglobina: Os eritrócitos no sangue arterial sistêmico transportam O2 dos pulmões aos tecidos e voltam, no sangue venoso, com CO2 para os pulmões. À medida que a molécula de hemo- globina carrega e descarrega O2, as cadeias individuais de globina movimentam-se uma sobre a outra. O contato de α1β1 e α2β2 estabiliza a molécula. Quando o O2 é descarregado, as cadeias β sa ̃o separadas, permitindo a entrada do metabólito 2,3- difosfoglicerato (2,3-DPG), dimi- nuindo, assim, a afinidade da molécula por O2. Esse movi- mento é responsável pela forma sigmoide da curva de disso- ciação da hemoglobina. A P50 (pressão parcial de O2, na qual a hemoglobina está metade saturada com O2) do sangue normal é de 26,6 mmHg. Com o aumento da afi- nidade por O2, a curva desvia para a esquerda (i.e., a P50 cai) e, com a diminuição da afinidade por O2, a curva desvia para a direita (i.e., a P50 aumenta). Em geral, in vivo, a troca de O2 é feita entre saturação de 95% (sangue arterial), com tensão média de O2 arterial de 95 mmHg, e saturação de 70% (sangue venoso), com tensão média de O2 venoso de 40 mmHg. A posição normal da curva depende da concentração de 2,3-DPG, de íons H+ e CO2 nos eritrócitos e da estru- tura da molécula de hemoglobina. Altas concentrações de 2,3-DPG, de H+ ou de CO2 e a presença de certas hemoglobinas, como, por exemplo, Hb S (das síndromes falcêmicas), desviam a curva para a direita (o oxigênio é liberado com mais facilidade), ao passo que a hemoglobina F (fetal) – que é incapaz de ligar 2,3-DPG – e certas hemo- globinas anormais raras associadas à poliglobulia desviam a curva para a esquerda, pois liberam O2 de forma menos imediata que o normal. Metemoglobinemia: É uma situação clínica na qual a hemoglobina circulante está presente com ferro na forma oxidada (Fe3+), em vez de na forma normal Fe2+. Pode ocorrer devido à deficiência here- ditária de metemoglobina-redutase, ou à herança de uma hemoglobina estruturalmente anormal (Hb M). As Hb Ms contêm uma substituição de aminoácido que afeta o “bolso” de heme da cadeia de globina. A metemoglobinemia tóxica (e/ou sulfemoglobinemia) ocorre quando uma droga, ou ou- tra substa ̂ncia tóxica, oxida a hemoglobina. Em todas essas condições, o paciente costuma mostrar-se cianótico. A hemoglobina é constituída por 4 cadeias polipeptídicas denominadas globinas, cada uma combinada a uma porção heme. Existem vários tipos de globina, cada um recebendo a denominação de uma letra do alfabeto grego (alfa, beta, gama, delta). O heme é uma molécula formada por quatro anéis aromáticos (protoporfirina) com um átomo de ferro no centro, no seu estado de íon ferroso (Fe 2+), capaz de ligar o O2. Portanto, cada molécula de hemoglobina é capaz de ligar quatro moléculas de O2, pois contém quatro grupamentos heme. No adulto normal, em torno de 97% da hemoglobina circulante possui duas cadeias alfa e duas beta, a chamada hemoglobina A (ou hemoglobina A1). Cerca de 2% da hemoglobina circulante possui duas alfa e duas delta, ou hemoglobina A2; e o 1% restante possui duas alfa e duas gama, denominada 5 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA hemoglobina F (fetal). Esta última, como o nome sugere, é a principal Hb da vida fetal. A primeira etapa na síntese do heme consiste na combinação de duas moléculas de succinilcolina (proveniente do ciclo de Krebs) com duas moléculas de glicina, formando um composto pirrólico, o ALA (ácido aminolevulínico). Através de uma série de reações enzimáticas, quatro compostos pirrólicos dão origem à protoporfirina IX ("nove"), que se combina com o Fe+2 para formar a estrutura do heme. As talassemias são doenças genéticas caracterizadas pela redução ou perda da produção de uma determinada cadeia de globina. Nas betatalassemias, o problema está na produção das cadeias beta, enquanto nas alfatalassemias, o defeito está na produção das cadeias alfa. As anemias sideroblásticas são desordens (hereditárias ou adquiridas) caracterizadas por um defeito na síntese do heme. Resultado: sobra ferro no interior do eritroblasto... O ferro livre deposita-se na mitocôndria, promovendo estresse oxidativo e dano a esta organela. O depósito de ferro mitocondrial dá o aspecto microscópico dos sideroblastos em anel, isto é, eritroblastos com depósito de ferro em volta do núcleo. Metabolismo do ferro: É um íon inorgânico que apresenta duas características particulares: • Sua absorção no intestino é regulada pelas necessidades do organismo, não havendo mecanismo de excreção. • Perda de ferro ocorre por descamação da pele e mucosas, pelo suor e por hemorragia. O organismo humano possui duas principais fontes de ferro: a dieta e a reciclagem de hemácias senescentes. Uma dieta normal contém de 13 a 18 mg de ferro, dos quais somente 1 a 2 mg serão absorvidos na forma inorgânica ou forma heme pelo epitélio duodenal. A maior parte de ferro inorgânico é fornecida pelos vegetais e cereais e está presente na forma Fe3+. A solicitação da absorção de ferro peloorganismo promove uma maior expressão de proteínas envolvidas neste processo, como a proteína transportadora de metal divalente (DMT-1) e a ferroportina (FPT). Responsáveis pelo transporte deste importante elemento, ambas necessitam que o ferro esteja na forma Fe2+, o que é mediado pela redutase citocromo b duodenal ou Dcytb. Uma proteína presente na membrana apical das células do duodeno, foi descrita recentemente, e denominada de Proteína transportadora do heme 1 (HCP-1). Esta proteína é responsável pela internalização do ferro heme da dieta. Por este mecanismo o ferro liga-se a membrana da borda em escova dos enterócitos duodenais e a HCP-1 importa- o para o meio intracelular. Em um primeiro momento este ferro heme permanece ligado às membranas de vesículas no citoplasma da célula. Em seguida o ferro é liberado da protoporfirina pela heme oxigenase. Liberado, este ferro se juntará com os ferros não hemes que poderam ser armazenados na forma de ferritina ou irão para o sangue. A função da FPT é exportar o ferro do enterócitos para o sangue. A hefastanina converte o Fe2+ em Fe3+ permitindo assim que este se una a transferrina e seja transportado. A proteína da hemocromatose (HFE) está intensamente relacionada com a regulação da absorção intestinal do ferro ao interagir com o receptor da transferrina (TfR) e detectar o seu grau de saturação, a HFE sinaliza ao enterócito se há ou não a necessidade de absorção de ferro na luz intestinal. Reciclagem das hemácias como fonte de ferro: Dois terços ou mais do ferro total do corpo estão na forma de hemoglobina. Por este motivo a fagocitose e degradação de hemácias senescentes representam uma fonte importante de ferro. A quantidade de ferro reciclada é o suficiente para manter a eritropoiese. As hemácias circulam pelo sistema circulatório por 120 dias, em média, antes de serem destruídas. Embora estas células sejam privadas de núcleos, mitocôndrias ou retículo endoplasmático, elas contêm enzimas citoplasmáticas capazes de metabolizar glicose e formar pequenas quantidades de adenosina trifosfato (ATP). Essas enzimas também mantêm a flexibilidade de sua membrana celular, o transporte de íons, o ferro das hemoglobinas na forma ferrosa, em vez da forma férrica, além de impedirem a oxidação das proteínas presentes no seu interior. Mesmo assim, o sistema 6 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA metabólico das hemácias velhas fica, progressivamente, menos ativo, e as células tornam- se cada vez mais frágeis podendo se romper ao passar por pontos estreitos da circulação ou ainda devido aos desgastes de seus processos vitais resulta em alteração na membrana que são detectadas pelas células de Kupffer (macrófagos hepáticos) que retiram estas hemácias da circulação através da fagocitose. A degradação das hemácias é realizada por diversos mecanismos como o recrutamento de enzimas como NADPH-citocromo C redutase, entre outras que irão auxiliar no catabolismo intraeritrocitário do grupo heme. A degradação da hemoglobina no interior dos macrófagos é seguida pela liberação de uma parte protéica da hemoglobina, a cadeia globínica, a qual os aminoácidos liberados por esta será armazenado para produção de novas proteínas. O grupo heme resultará com sua degradação a formação de bilirrubina, composto de importância para o organismo. E ainda teremos o Fe2+ que pode permanecer estocado no interior dos macrófagos na forma de ferritina ou ainda ser exportado para o meio extracelular pela FPT. Hoffbrand, A., V. e P. A. H. Moss. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2018. Junqueira, Luiz Carlos, U. e José Carneiro. Histologia Básica - Texto e Atlas. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo GEN, 2017. Medcurso 2022 HEMATOLOGIA. https://www.umc.br/artigoscientificos/art-cient- 0075.pdf 2. ENTENDER ANEMIA DO PONTO DE VISTA SEMIOLÓGICO E LABORATORIAL. Anemia = estado de queda da hemoglobina no sangue. Não é uma doença e sim um sinal de que existe doença. Se todos se preocupassem em responder a essa pergunta, muitos erros ou iatrogenias poderiam ser evitados. Responder a essa "simples" pergunta é o principal objetivo desta apostila. Como veremos a partir de agora, exames simples, como o hemograma completo (que inclui os índices hematimétricos), a contagem de reticulócitos, a "cinética de ferro" e a microscopia do esfregaço de sangue periférico são suficientes para o diagnóstico etiológico da grande maioria dos casos de anemia encontrados na prática clínica! Evidentemente, a interpretação de tais exames deve ter como base os dados da anamnese e do exame físico. A anemia é definida como síndrome caracterizada por diminuição de massa eritrocitária total. Laboratorialmente, definimos anemia como hemoglobina menor que 12 g/dl em mulheres ou 13 g/dl em homens. Na gravidez existe anemia relativa, por hemodiluição, além daquela por carência nutricional, principalmente, por deficiência de ferro e ácido fólico. Na gestação os limites considerados normais para o valor da hemoglobina caem para 10g% e os do hematócrito para 30%. A avaliação inicial do paciente com anemia inclui anamnese e exame físico minuciosos, além de exames laboratoriais. Os sintomas relacionados à anemia dependem da idade, da capacidade física, do grau de anemia e do tempo de evolução. Pacientes com evolução aguda apresentam sintomas com valores mais altos de hemoglobina, enquanto que os de evolução crônica exibem valores mais baixos. Os sintomas usuais incluem astenia, cansaço, fraqueza, falta de ar e palpitações. No exame físico o achado mais característico é a palidez mucocutânea. A investigação laboratorial inicial consiste na realização dos seguintes exames: • Hematócrito, hemoglobina e contagem de eritrócitos para avaliar o grau de anemia. • Índices hematimétricos (VCM, HCM e CHCM) para determinar se os eritrócitos são, em média, normocíticos, macrocíticos (VCM > 100) ou microcíticos (VCM < 80) e se são hipocrômicos. O aumento da amplitude de distribuição do volume dos eritrócitos (RDW) é uma medida de anisocitose. • Contagem de reticulócitos para estimar se aresposta medular sugere incapacidade da produção- ou hemólise-ou perda sanguínea recente. • Exame microscópico da distensão sanguínea (lâmina de sangue periférico) para avaliar o aspecto dos eritrócitos e as alterações concomitantes dos leucócitos e das plaquetas. Classificação: As síndromes anêmicas podem ser classificadas quanto à proliferação (pelo índice de reticulócitos) e quanto a morfologia (pela ectoscopia da hemácia ou valores de VCM e HCM). Medcurso 2022 hematologia. http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obste tricia/anemias.pdf 3. Entender os aspectos mais importantes no diagnóstico diferencial de Eduardo (neoplasias, síndromes mielodisplásicas, anemia aplásica). https://www.umc.br/artigoscientificos/art-cient-0075.pdf https://www.umc.br/artigoscientificos/art-cient-0075.pdf http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/anemias.pdf http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/anemias.pdf 7 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA 4. Classificar as anemias microcíticas (deficiência de ferro, talassemia e anemia sideroblástica). 5. Compreender anemia ferropriva (etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico, prevenção e tratamento). DISPARADORES (Artigos, textos, links, entrevistas, outros): https://www.youtube.com/watch?v=ka8IG93MVQQ https://www.hemocentro.unicamp.br/doencas-de-sangue/anemias/ https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5049579/mod_folder/content/0/Diagn%C3%B3stico%20diferencial%20 das%20anemias.pdf?forcedownload=1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP - EPM - Hematologia,Maria Stella Figueiredo, José Kerbauy e Dayse Maria Lourenço Ed.Manole, 2010. Fundamentos em Hematologia - A. V. Hoffbrand, P. A. H. Moss; tradução e revisão técnica: Renato Failace. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2013. Tratado de Fisiologia Médica, Guyton & Hall, Tradução da 13 edição - Elsevier. Semiologia Médica - CelmoCeleno Porto, 7 ed. 2013, Ed. Guanabara Koogan - Rio de Janeiro. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Anemia por deficiência de Ferro - Portaria SAS/MS n 1247, 10 de novembro de 2014. Como diagnosticar e tratar anemias carenciais - Campos, M.G.V., Fermino, F. A., Figueiredo, M.S. - Revista Brasileira de Medicina, Moreira Jr. Editora. Anemia como problema de saúde pública: uma realidade atual - Ciênc. saúde coletiva vol.13 no.6 Rio de Janeiro Nov./Dec. 2008 IRAT: Questão 01 ___________________________________ Hematopoiese é o processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementos figurados do sangue. Sobre esse processo, qual das respostas está incorreta? a) A hematopoiese se inicia no saco vitelino, passando para o fígado, baço, timo e nódulos linfáticos e finalmente se estabelecendo na medula óssea como único sítio produtor fisiológico na idade adulta. b) A stem cell ou célula tronco pode originar precursores mieloides, precursores linfoides ou pode se autorregenerar formando uma nova célula tronco. c) A hematopoiese é coordenada por vários fatores de crescimento específicos, que estimulam a diferenciação das células. d) O precursor linfoide é responsável pela diferenciação em linfócitos T, linfócitos B e monócito. F – monócito é originado através do precursor mieloide. Questão 02 ___________________________________ A evolução da série eritrocitária é, respectivamente: a) Eritroblasto policromatófilo, eritroblasto ortocromático, proeritroblasto, eritroblasto basófilo, reticulócito e eritrócito b) Proeritroblasto, eritroblasto basófilo, eritroblasto policromatófilo, eritroblasto ortocromático, reticulócito, eritrócito. c) Proeritroblasto, eritroblasto policromatófilo, eritroblasto ortocromático, reticulócito, eritroblasto basófilo e eritrócito d) Eritroblasto ortocromático, eritroblasto policromatófilo, proeritroblasto, eritroblasto basófilo, reticulócito, eritrócito Maturação dos eritrócitos: O processo básico da maturação da série eritrocítica ou vermelha é a síntese de hemoglobina e a formação de um corpúsculo pequeno e bicôncavo, que oferece o máximo de superfície para as trocas de oxigênio. A diferenciação dos eritrócitos ocorre em nichos que contêm macrófagos no seu estroma central e células eritrocíticas em desenvolvimento ao seu redor. Esses macrófagos estabelecem contatos com as células eritrocíticas, regulam sua proliferação e fagocitam as células defeituosas e os núcleos extruídos durante o processo de maturação. De acordo com seu grau de maturação, as células eritrocíticas são chamadas de: proeritroblastos, eritroblastos basófilos, eritroblastos policromáticos, eritroblastos ortocromáticos (ou acidófilos), reticulócitos e hemácias. Junqueira, Luiz Carlos, U. e José Carneiro. Histologia Básica - Texto e Atlas. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo GEN, 2017. Questão 03 ___________________________________ Maria Eduarda, 25 anos, sem comorbidades, procura consulta médica por apresentar quadro de astenia e palidez com evolução há alguns meses. Possui um hábito alimentar irregular, com dieta rica em carboidratos e produtos industrializados. Refere que possui ciclos menstruais regulares e nega sangramentos excessivos. Seu hemograma revela uma Hemoglobina de 8,1g/dl, VG de 25%, VCM de 70fL, HCM de 22,6pg, CHCM de 31,9g/dl e RDW de 15,5% Ferritina de 8ng/ml. O diagnóstico mais https://www.youtube.com/watch?v=ka8IG93MVQQ https://www.hemocentro.unicamp.br/doencas-de-sangue/anemias/ https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5049579/mod_folder/content/0/Diagn%C3%B3stico%20diferencial%20das%20anemias.pdf?forcedownload=1 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5049579/mod_folder/content/0/Diagn%C3%B3stico%20diferencial%20das%20anemias.pdf?forcedownload=1 8 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA provável e a melhor terapia inicial para essa paciente é, respectivamente, a) anemia hipocrômica microcítica por deficiência de ferro, reposição de ferro parenteral. b) anemia hipocrômica microcítica por deficiência de ferro, reposição de ferro oral. c) anemia hipocrômica normocítica por deficiência de ferro, ajuste alimentar sem reposição exógena de ferro. d) anemia hipocrômica microcítica por deficiência talassemia minor, não está indicado tratamento específico. VCM VR atualizado: 80-100fL Ferritina: 30 a 300ng/mL Questão 04 ___________________________________ Paciente 25 anos, sexo feminino, assintomática, encaminhada para hematologista por alterações em exames pré-operatórios de abdominoplastia. O hematologista completou a investigação diagnóstica com os achados descritos abaixo. Hemograma: Hb 10mg/dl, VCM 25pg, RDC 20%; Eletroforese de Hemoglobina: Hemoglobina A1 - 93%; Hemoglobina A2 - 68% e Hemoglobina Fetal - 0,2% (imagem ao lado); Valores de referência - Hemograma: Hb 13.5- 19.6g/dl; VCM 77-101FI; HCM 28-33 pg; RDW 11.5- 14.5; Eletroforese de Hemoglobina: Hemoglobina A1 - >= 96,8%; Hemoglobina A2 - entre 2,2 e 3,2% e Hemoglobina Fetal -<0,5%. Baseado apenas nos resultados acima descritos, é possível firmar o diagnóstico de: a) Beta talassemia maior F – praticamente não há HbA na eletroforese, as quantidades de HbA2 são variáveis e o predomínio é de HbF. b) Beta talassemia menor c) Alfa talassemia F – na alfatalassemia a eletroforese de Hb não mostra aumento de A2 ou de F, e não ocorre HbH. d) Anemia ferropriva V – em anemia ferropriva o RDW está aumentado (>14,5) e o VCM < 80fL. VCM abaixo de 80 = microcitose. Nas talassemias, o RDW costuma estar normal. MEDCEL livro Hematologia Questão 05 ___________________________________ Mulher, 76 anos, com fadiga progressiva aos esforços e adinamia. Apresenta nos exames laboratoriais: Hematócrito (Ht) = 24%; Hemoglobina (Hb) = 6,2 g/dl; Volume Corpuscular Médio (VCM) = 72 mc/mm³; Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) = 25 g/dl; Red Cell Distribution Width (RDW) = 17%; série branca e contagem plaquetária normais. Contagem de reticulócitos corrigida = 1,1%; LDH 3 vezes o valor normal; índice de saturação de transferrina e ferritina normais; BT = 2,7 mg/dl (Bl = 1,4 mg/dl e BD = 0,3 mg/dl). O diagnóstico mais provável é: a) Anemia de doença crônica b) Anemia ferropriva F – pois a ferritina e a saturação deveriam estar reduzidas. c) Anemia sideroblástica O diagnóstico é feito por meio do exame da medula óssea, que mostra sinais de eritropoese ineficaz e deficiência na maturação citoplasmática. d) Talassemia minor F – pq o RDW estaria normal. Adinamia: fraqueza muscular. Hematócrito está baixo (VR 38 a 49%). Hemoglobina baixa (VR 12 a 16g/dL) VCM baixo (VR 80 a 96fL) – microcitose CHCM baixo (VR 32 a 36g/dL) – hipocromia RDW elevado (VR 11 a 14,5%) 9 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Questão 06 ___________________________________ Analise as afirmativas quanto à anemia ferropriva e assinale a alternativa incorreta: a) O melhor exame para estimar o ferro total do organismo, particularmente o dos depósitos, é o ferro sérico. F – a ferritina é o indicador mais confiável do status do ferro no organismo, por ser menos sensível às variações distributivas do que o ferro sérico e seus indicadores de transporte. b) Os principais sinais e sintomas são palidez, adinamia, cefaleia, tontura, zumbido no ouvido, alterações na visão, dispneia, taquicardia e baixo desempenho no trabalho. c) É uma manifestação tardia e insidiosa da carência do ferro e surge quando as reservas de ferro esgotam-se em virtude do balanço negativo. d)As causas de carência podem ser classificadas: menor ingestão do nutriente, menor absorção intestinal, defeitos do transporte ou metabolismo, aumento das excreções ou das perdas, aumento das necessidades fisiológicas ou patológicas. Questão 07 ___________________________________ Dentre os exames laboratoriais listados abaixo, qual o primeiro a se alterar em um paciente cuja dieta é pobre em ferro? a) Ferritina b) Concentração de hemoglobina corpuscular média c) Hemoglobina d) Volume corpuscular médio O VCM se altera mais tardiamente – a falta de ferro para formar Hb leva à formação de hemácias com pouco conteúdo (hipocromicas – HCM baixo), que, ao se adaptarem a essa situação, alcançam volumes corpusculares mais baixos (microcitose – VCM baixo). Questão 08 ___________________________________ Mulher, 59 anos, procura atendimento médico com queixa de cansaço e adinamia. Refere que tem se sentido fraca e notou que seus cabelos e unhas estão frágeis e quebradiços. O exame físico revela a paciente descorada, levemente taquicárdica e pressão arterial = 110x60 mmHg. O hemograma revela: Hb = 7,9 g/dL, leucograma normal e plaquetas = 480 mil/mm³. A seguir estão ilustradas fotos dessa paciente. Assinale a alternativa que apresenta os achados laboratoriais adicionais dessa paciente. a) VCM = 72, eritropoetina elevada, ferro baixo, transferrina elevada e ferritina baixa. b) Eritopoetina baixa, reticulócitos baixos, VCM = 72, dosagem de vitamina B12 baixa, ferro baixo e ferritina baixa. c) Reticulocitose, VCM = 72, ferro baixo, transferrina normal, ferritina elevada e proteína C reativa elevada. d) HCM = 23, ácido fólico baixo, vitamina B12 baixa, reticulócitos diminuídos, transferrina alta e ferritina alta. Questão 09 ___________________________________ A anemia ferropriva permanece como uma das deficiências nutricionais mais frequentes e importantes no mundo. O tratamento com ferro deve ser iniciado preferencialmente por via oral e a investigação apropriada de sua causa é obrigatória. Sobre o tratamento da anemia ferropriva, assinale a alternativa incorreta: a) A dose terapêutica de ferro elementar recomendada para o tratamento da anemia ferropriva é de 10 mg a 20 mg/kg/dia, não ultrapassando 100 mg/dia nos adultos. F – o sulfato ferroso na dose de 300mg (60mg de ferro elementar), 3 a 4 vezes ao dia, e deve ser ingerido longe da refeições, para garantir o máximo aproveitamento. b) O ferro é mais bem absorvido no duodeno e no jejuno proximal, onde as proteínas carreadoras do ferro expressam-se mais fortemente. c) Os sais de ferro não devem ser administrados com as refeições, porque os farelos, fitatos (fórmulas infantis, ervilha, feijão e taninos (vinho, chocolate, nozes, canela da dieta se ligam ao ferro e dificultam a sua absorção. d) O ferro é também mais bem absorvido como sal ferroso (Fe++) num ambiente levemente ácido; daí a indicação de tomá-lo com meio copo de suco de laranja. Questão 10 ___________________________________ A absorção do ferro não-heme é influenciada pelo estado nutricional do indivíduo em relação a esse mineral e por alguns compostos alimentares. Dentre as substâncias que afetam negativamente a absorção do ferro não heme, é correto citar: a) O ácido ascórbico O ácido ascórbico, quando ingerido na mesma refeição como ferro não heme, potencializa a absorção. Ele mantém o ferro no estado ferroso e forma o quelato ferro-ascorbato, que é mais solúvel, por isso pronto para ser absorvido. b) O fósforo O Fósforo não interfere a absorção do ferro não heme, pois compete por diferentes sítios de absorção do mineral. c) O cálcio Cálcio e ferro possuem o mesmo mecanismo de transporte e instalação celular. Por isso, a ingestão desses minerais de maneira conjunta, acaba por afetar a absorção de ambos pelo organismo. O ideal é priorizar o consumo de cálcio nas refeições intermediárias e de ferro nas principais refeições. d) O ácido fólico Também conhecida como vitamina B9, o ácido fólico é fundamental para mulheres que estejam tentando 10 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA engravidar e para grávidas no primeiro trimestre gestacional. A vitamina interage de modo positivo com o ferro, sem causar nenhum tipo de problema na absorção desse mineral. AULA: ANEMIAS: Redução da massa de glóbulos vermelhos circulantes: • Diminui hemoglobina (mg/dL ou g/L): transporte de O2 • Diminui hematócrito (HTC) (%): % sangue ocupado por hemácias • Diminui hemácias (milhões/uL ou L) HEMÁCIAS: formato discoide VCM – volume HCM – coloração Variações de tamanho entre as hemácias – RDW anisocitose (diferença muito grande entre as hemácias) ANEMIA: Dentro da hemácia tem a hemoglobina. A hemoglobina é uma molécula formada por 4 globinas. E em cada globina tem um grupamento heme que é onde tem a fixação do ferro. Causas: • Carenciais • Medulares • Hemoglobinopatias • Enzimáticas • Autoimunes • Microangiopáticas 11 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA De onde vem as hemácias? Na fase fetal tem maior produção no saco vitelínico, fígado e baço. A medida que a criança vai crescendo, a produção maior é na medula óssea. Em alguns momentos ainda pode ter essa produção no fígado e baço dependendo da quantidade recrutada. No adulto é na medula óssea, nas epífises dos ossos longos (fêmur e úmero), as vezes no esterno e alguns ossos da face. No inicio de tudo, tem a célula tronco que passa por diferenciação – ou ela é definida em mieloide ou linfoide. Com a formação da mieloide pode ter a serie de eritroblastos ou pode formar monócitos, plaquetas etc. a linhagem linfoide forma linfócitos. Sequência de formação da hemácia: Começa com o pró-eritroblasto (célula bem nucleada, cromatina condensada, citoplasma um pouco menor em relação ao núcleo). A medida que vai passando, vai perdendo a quantidade de núcleo e aumenta o citoplasma. No eritroblasto ortocromático – ainda tem núcleo. A partir do momento que perde o núcleo, passa a chamar reticulócito e tem a presença de RNA. Assim que perde toda a parte de RNA passa a chamar hemácia. É possível encontrar no sangue periférico reticulócitos e hemácias. O restante é encontrado na medula óssea – se essas fazes anteriores são encontradas no sangue periférico quer dizer que tem alteração da eritropoese. Classificação morfológica: Índices hematimétricos: Morfologia à microscopia optica • Microcíticas hipocromicas – VCM baixo, HCM e CHCM baixos • Macrocíticas – VCM alto • Normocíticas normocrômicas – índice hematimétricos normais Classificação fisiopatológica: 1. Falta de produção 2. Excesso de destruição 3. Perdas Importante: contagem de reticulócitos A anemia é devido a perda de hemácia, essa perda pode ser devido a falta de produção, excesso de destruição ou devido a perdas (hemorragias). É importante os reticulócitos que são a células anteriores a hemácia – pode ter um aumento de reticulócito por conta do aumento de destruição ou pode ter menos reticulócitos devido a falta de produção. Usa a contagem de reticulócitos pois eles são encontrados no sangue periférico. 12 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Reticulócitos Manual: • Contar 1.000 Hc • Reticulócitos relativos: 0,5-2% Hc adultos Automatizada: • Corante fluorescente – ex: laranja de tiazole Sinais e sintomas: Se você não tem hemoglobina, você não tem oxigênio pois a função da hemácia é carregar o oxigênio. Sinais: • Palidez • Icterícia – por conta da alta destruição das hemácias • Úlceras de membros inferiroes • Alteraçoes ungueais • Glossite • Sopro cardíaco • Taquicardia • Esplenomegalia Depende da etiologia da anemia 13 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA ANEMIA FERROPÊNICA: Causas:• Dieta inadequada • Diminuição da absorção – acloridria, cirurgia gástrica, doença celíaca, H. pylori? • Perdas aumentadas: fluxo menstrual excessivo, sangramento gastrintestinal (hemorróidas, salicilatos, úlcera péptica, diverticulose, neoplasia, retocolite ulcerativa, ancilostomíase, divertículo de Meckel), doação de sangue, hemoglobinúria, alterações da hemostasia. • Aumento: infância, gravidez, lactação Diminuição da hemácia, volume e coloração – hipocromica e microcítica. Sintomas/sinais mais específicos: • Pica (gelo = fagofagia, terra = geofagia) – distorção do paladar • Síndrome de plummer-vinson (disfagia, membrana esofágica, glossite atrófica, anemia ferropriva) • Coiloniquia (unhas em colher) • Esclera azul • Glossite • Atrofia de papilas linguais • Alopecia • Síndrome das pernas inquietas Até chegar na anemia, tem dois estágios anteriores – primeiro tem diminuição do estoque de ferro e quando já não tem mais ferro, não tem mais formação de hemácias eficientes (hemácias em alvo). Ocorre primeiro uma perda da ferritina. Tratamento da anemia ferropriva: 1. Identificar as causas de corrigi-las 2. Orientação nutricional: ferro animal (20 a 30%) ferro vegetal (1 a 7%) 3. Calculo déficit corporal de ferro (equação de Ganzoni) 4. Reposição de ferro: Via preferencial: oral 14 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA • Dose diária: 2 a 5 mg/kg/dia (+2 a 3x), Cç: 3- 6mg/Kd/d. • Adulto: 150 a 200 mg/dia (ferro elementar) (÷2 a 3x) • Gestante: 150 a 180mg/dia (ferro elementar). Px 60 mg/d > 20ª sem. Absorção: • Inibida por cerais, chá, leite e medicações que diminuem o pH gástrico • Aumentada por: suco de laranja e de carne Indicar fazer uso em jejum ou ingerir com potencializadores. Tempo: • Até 3 meses após normalizar Hb 5. Avaliar resposta ao tratamento – resposta reticulóticos/Hb Critérios de boa resposta ao tratamento: • Melhora ou desaparecimento dos sintomas • Reticulocitose: 3°-4° dia, pico 5% a 10% +- 10° dia (normal no 10° dia) • Aumento da hemoglobina – de pelo menos 2g/dl após 3 a 4 semanas Não mede pela hemoglobina pq demora um pouco mais para aumentar. Indicações de ferro parenteral: • Intolerância ao ferro oral • Não resposta ao ferro oral (má absorção, alta necessidade) • Incremento < 50% do valor inicial da Hb após 30 dias de sulfato ferroso VO dose de 5mg/Kg/dia de peso o Gastrectomia, gastroplastia o Doença TGI inflamatória ou infecciosa o Hemorragia digestiva recorrente o Perdas muito intensas, mais rápidas do que a reposição oral (ex: telangectasia hemorrágica hereditária, angiodisplasia intestinal) • Resposta terapêutica mais rápida (Ex: grandes cirurgias) • Falta de compliance ao ferro VO Causas de falha ao tratamento: • Continuidade da perda de sangue • Medicação usada inadequadamente • Falta de adesão ao tratamento, dose, duração 15 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA • Doença coexistente interferindo na resposta ao ferro oral (Anemia, doença crônica, IRC) • Diagnóstico incorreto (talassemia, ADC, SMD) • Doença inflamatória ou infecciosa associada (infecção, neoplasia, colagenoses) • Defeito de absorção: D. celíaca, gastrite atrófica auto-imune, H. pylori • Deficiências nutricionais combinadas (vitamina B12, ácido fólico) TALASSEMIAS Nas talassemias, há alteração da hemoglobina. No normal são quatro cadeias de globina, ligadas a quatro grupamentos heme. Pode haver 4 tipos de globina: alfa, beta, gama e delta. Em maior concentração no nosso sangue, existem as HbA que possuem duas cadeias alfa e duas betas. A hemoglobina fetal tem duas alfas e duas deltas. HbA2 tem duas alfas e duas gamas. Na talassemia tem dois tipos – ou uma diminuição ou ausência de alguma cadeia da globina. Na talassemia beta tem ausência ou diminuição da globina de cadeia beta – então diminui HbA e aumenta as outras hemoglobinas (HbA2 aumenta mais que 3%). Na talassemia alfa tem diminuição ou ausência da globina alfa – ou seja, todas as hemoglobinas estarão afetadas. HbH hemoglobina sem globina alfa. A Hemoglobina bart é a da hidropsia fetal – só tem globina gama (fetal) – tem morte do feto. Beta talassemia maior – anemia de cooley: • Hemácias em alvo • Hipocromica • Microcitose • Poiquilocitose, dacriócitos • RW nl. Corpúsculo de Heinz Na beta talassemia maior tem mais expressão – face talacemica (aumento odo maxilar, diminuição do osso nasal, aparência de cabelo arrepiado no raio-x). hemácia em alvo Talassemia minor: • Pode não haver anemia ou ser muito discreta • Pode haver esplenomegalia • Sangue periférico: hipocromia, microcitose, hemácias em alvo, dacriócitos (hemácia em formato de lagrima), pontilhado basofílico. • Contagem de GV aumentada • Estoque de ferro normal ou aumentado • RDW: normal • Proteção contra malária grave por P. falciparum (heterozigoto) Identificada no teste do pezinho Beta-tal minor: • Eletroforese de Hb ou cromatografia líquida – aumento da fração A2 e 50% HbF • VCM < 70. HCM reduzido. Ret pode estar pouco elevado 16 Laís Flauzino| ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Alfa-tal minor: • métodos moleculares. Sugere HbH Tratamento das beta-talassemias: 1.Ácido folico 2.Zinco – se quelação (para evitar hemocromatose – excesso de ferro na célula) 3.Indicação: 1. Major ou 2. Intermédia com anemia moderada-grave ou expansão óssea A maior sempre trata. 4.Programa de transfusão crônica (hipertransfusão): 1. Objetivo: Hb entre 9-10g/dL (cada 1U=200-250mg de ferro) 2.CH leucorreduzidas (<aloimunização HLA; < RFNH); fenotipadas (C,c, E e, K1)/genotipadas (<aloimunização) 3. reduz hepato-esplenomegalia, retardo crescimento/esqueleto, cardiopatia 4. risco de hepatite B/C/HIV e sobrecarga de ferro Quelação de ferro: Quando? 1. 1000ng/mL após 12-18 meses 2. Ferritina > 1000ng/mL após 12-18 meses 3. 3.FE 10% Oral: deferasirox (Exjade®) 125/250/500mg. Dose:10-20mg/Kg/1x/d 30min antes de comer. SC/IV: deferoxamina (Desferal ®) • SC: 1000-2000mg (20-40 mg/kg/d) em 8-24h ou • IV: 40–50 mg/kg/d em 8-12h por 5-7d. Máx: 60mg/kg/d e 15mg/kg/ h Vitamina C: melhora excreção (disponibilidade) do ferro Esplenectomia: aliviar sintomas abdominais ou aumento das necessidades transfusionais TMO alogênico aparentado HLA compatível: curativo, idade, hepatopatia, sobrecarga de Fe. GVHD pp comorbidade Referencias: -Fundamentos em Hematologia - A. V. Hoffbrand, P. A. H. Moss; tradução e revisão técnica: Renato Failace. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2013. - Tratado de Fisiologia Médica, Guyton & Hall, Tradução da 13 edição - Elsevier. - https://www.uptodate.com/contents/causes-and- diagnosis-of-iron-deficiency-and-irondeficiency- anemia-in-adults? search=anemia%20ferropriva&source=search_result &selectedTitle=1~150&usage_type=defaul t&display_rank=1 - https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ manual_suplementacao_ferro_condutas_gerais.pdf - https://www.uptodate.com/contents/diagnosis-of- thalassemia-adults-and-children? search=talassemia&source=search_result&selectedTi tle=1~150&usage_type=default&display_r ank=1
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