Buscar

Etapas e Modalidades da Educação Nacional (Auxiliar Pedagógico 2022.2 - IFSULMINAS)

Prévia do material em texto

CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA - FIC
NOVOS CAMINHOS
CURSO: Auxiliar Pedagógico
DISCIPLINA: Legislação e organização da educação nacional
PROFESSOR INSTRUTOR: Andrea Margarete de Almeida Marrafon
TUTORES: Elaine Silva Mateus
Jaqueline Cabral Alves Dornelas
Josiane Silva
Lindalva Augusto Santiago
Marcio Luiz do Prado
Miceia de Paula Rodrigues
Mônica Naves Barcelos
Nathan Trindade Santos
Suzilei Aparecida de Souza Lopes
Agosto de 2022
Câmpus: POÇOS DE CALDAS
TEXTO 4 - OS NÍVEIS, AS ETAPAS E OS OBJETIVOS DA
EDUCAÇÃO NACIONAL
Até agora, você conheceu em que se compõe o Sistema Nacional da
Educação e quais são as responsabilidades de cada instância da federação: a
União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.
Mas você sabe quais são os níveis, etapas e modalidades existentes na
organização da educação escolar no Brasil?
Chegou a hora de conhecer ou revisitar essa informação!
Voltamos à LDB. No artigo 21º a mesma descreve que a educação escolar
compõe-se de dois níveis.
I – A educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio, tem as seguintes finalidades e se constitui pelas seguintes etapas:
FINALIDADES E ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Finalidade
da Educação
Básica
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Finalidade
da
Educação
Infantil
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade
Finalidade
do Ensino
Fundamental
Art. 32. O ensino fundamental é obrigatório, com duração de
9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6
(seis) anos de idade terá por objetivo a formação básica do
cidadão, mediante:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e
do cálculo;
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade;
III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades
e a formação de atitudes e valores;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social.
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
fundamental em ciclos.
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
por série podem adotar no ensino fundamental o regime de
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do
processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas
do respectivo sistema de ensino.
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua
portuguesa, assegurando às comunidades indígenas a
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem.
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a
distância utilizado como complementação da aprendizagem
ou em situações emergenciais.
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá,
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no
8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da
Criança e do Adolescente, observada a produção e
distribuição de material didático adequado.
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
como tema transversal nos currículos do ensino
fundamental.
Finalidade
do Ensino
Médio
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o
trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores;
III – o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico; 26 Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional
IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
dos processos produtivos, relacionando a teoria com a
prática, no ensino de cada disciplina.
II – A educação superior, formada por cursos de graduação, abrangendo os
bacharelados, tecnólogos e licenciaturas, bem como os cursos de pós-graduação
como especializações, mestrados, doutorados, MBAs, dentre outros.
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento reflexivo;
II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,
e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;
IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que
vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição;
VIII – atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação
básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de
pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que
aproximem os dois níveis escolares.
Modalidades da educação nacional: caracterização, regulação e
especificidades.
Quando atuamos na área educacional, especialmente no contexto das
escolas regulares, é preciso conhecermos além das modalidades de ensino, que
envolvem as formas de oferta das aulas: presencial, semipresencial e a distância, é
fundamental conhecer os tipos de escolarização. Aqui daremos destaque a alguns:
- Educação Especial
A educação especial é entendida como um tipo ou modalidade de educação
escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação.
Você pode se perguntar: Quais são as responsabilidades da escola regular
em relação à educação especial?
De acordo com o artigo 59 (LDB): Os sistemas de ensino assegurarão aos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classescomuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na
vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem
capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
-Identificando algumas características do público-alvo da Educação Especial
Com base na Política Nacional de Educação Especial [PNEE], instituída por
meio do Decreto no 10.502, de 30 de setembro de 2020, as caracterizações que se
referem ao impedimento de longo prazo e de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, conforme a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e
considerações sobre os objetivos da PNEE 2020:
AUDITIVO
Impedimento relativo à significativa perda auditiva bilateral ou surdez, o qual
demanda a adoção do ensino bilíngue para educandos surdos e com deficiência
auditiva que optam pela Libras, visto que estes compreendem e interagem com o
mundo por meio de experiências visuais e manifestam sua cultura principalmente
por meio da Libras; e demanda, ainda, para os educandos que não optam pelo uso
da Libras (e consequentemente não optam pela educação bilíngue), que seja
respeitada sua opção linguística, na medida em que ambos os grupos requerem
recursos específicos para acesso ao currículo.
Aos educandos com deficiência auditiva, surdos que fazem uso de tecnologias, ou
surdos oralizados, é garantida na PNEE 2020 a escolha linguística no atendimento
educacional especializado. Assim, poderão escolher pela abordagem bilíngue
(Libras e Língua Portuguesa) ou pela abordagem não-bilíngue.
Caso optem pela abordagem não bilíngue, deverão receber o atendimento
educacional especializado na área da educação especial; caso optem pela Libras
como primeira língua, deverão ser incluídos em espaços escolares bilíngues.
AUDITIVO - VISUAL
Impedimento referente às perdas sensoriais significativas dos surdocegos, as quais
estão associadas à baixa visão/cegueira e perda auditiva/surdez e demanda a
utilização de sistemas tais como o Braille, a Língua de Sinais Tátil, o Tadoma, o
alfabeto datilológico, a comunicação háptica e recursos e serviços específicos para
acessibilidade ao currículo, orientação e mobilidade.
FÍSICO - MOTOR
Impedimento referente às funções e estruturas corporais que afetam a mobilidade, o
movimento e/ou a fala, com demanda para o uso de sistemas comunicacionais,
recursos pedagógicos e de tecnologia assistiva para acessibilidade ao currículo e
aos espaços escolares.
INTELECTUAL
Impedimento referente aos déficits nas funções intelectuais e no comportamento
adaptativo, manifestados nos domínios conceitual, social e prático da vida.
MENTAL
Impedimento referente aos transtornos mentais (psicológicos ou psiquiátricos) que
justifique a oferta de serviços de atendimento educacional especializado,
considerada a possibilidade de articulação dos sistemas de ensino com a área da
saúde e outras que se fizerem necessárias.
MÚLTIPLO
Associação de dois ou mais impedimentos de longo prazo, a partir dos quais são
requeridos apoios, serviços e recursos para acessibilidade ao currículo e ao espaço
escolar.
VISUAL
Impedimento referente à baixa visão ou à cegueira, o qual demanda o uso de
códigos, como o sistema Braille, além de recursos e serviços de acessibilidade ao
currículo, orientação e mobilidade.
PESSOAS COM ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO
Podem surgir em qualquer classe social ou grupo étnico. Elas se caracterizam por
apresentarem habilidades acima da média em várias áreas de conhecimento
(acadêmica, artística, psicomotora, liderança, etc.) ou em uma área apenas. Podem
apresentar elevado grau de produtividade criativa e são comprometidas com o que
fazem. Trata-se de um fenômeno humano presente entre os estudantes.
 - Educação do/no campo
 O Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010, que dispõe sobre a política
de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária –
[PRONERA], o qual define que as populações do campo correspondem aos
agricultores familiares, os extrativistas, os pescadores artesanais, aos ribeirinhos,
aos assentados e acampados da reforma agrária, aos trabalhadores assalariados
rurais, os quilombolas, caiçaras, os povos da floresta, os caboclos e outros que
produzam suas condições materiais de existência a partir do trabalho no meio rural.
 Já a escola do campo é entendida como aquela situada em área rural,
conforme definida pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
[IBGE], ou aquela situada em área urbana, desde que atenda predominantemente a
populações do campo.
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9.394/1996), em
seu artigo 28°, estabelece que na oferta de educação básica para a população rural
os sistemas de ensino deverão adequar-se às peculiaridades da vida rural e de cada
região no que tange aos conteúdos previstos nas organizações curriculares, às
metodologias apropriadas aos interesses e reais necessidades dos estudantes.
Você já ouviu falar sobre a pedagogia da alternância?
A pedagogia da alternância teve origem por meio do projeto das Escolas
Família Agrícola que surgiram na França, em 1935, com forte ligação com a Igreja
Católica e hoje está espalhada por todo o mundo. O modelo foi implantado no Brasil
em 1968, no Espírito Santo. Vendo a necessidade de escolarização dos jovens de
áreas rurais da França o padre Granereau juntamente com alguns agricultores
pensaram em um modelo de escola em que houvesse uma alternância, ou seja, uma
semana por mês na escola da casa do padre, os outros dias na escola da vida. Não
havia outro professor senão o padre. Os cursos não correspondiam a nenhum
currículo pré-formulado: era o material, que chegava na casa do padre por
correspondência, dos cursos de agricultura elaborados por um instituto católico. A
única tarefa do padre era auxiliar os jovens a seguir esses cursos. O conteúdo era
totalmente técnico-agrícola (NOSELLA, 2014).
O marco regulatório que trata da possibilidade de implementação da
Pedagogia da Alternância no Brasil está na Lei n°9.394/1996- Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, artigos 23 e 28:
A educação Básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não
seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma
diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem
assim o recomendar.
§ 1° - [...]
§2°- O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais,
inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem
com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta (grifo nosso)
Artigo 28 - Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de
ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades
da vida rural e de cada região, especialmente:
I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e
interesses dos alunos da zona rural;
II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às
fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III – adequação à natureza do trabalho na zona rural (grifo nosso)
- Educação Indígena
 
As escolas indígenas possuem suas especificidades e com base na
resolução CNE/CEB Nº 3, de 10 de novembro de 1999, são reconhecidas como
aquelas localizadas em terras habitadas por comunidades indígenas, ainda que se
estendam por territórios de diversos Estados ou Municípios contíguos e de
exclusividade de atendimento a comunidades indígenas. É assegurado às
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e a educação escolar
deve ser intercultural e bilíngue,visando a reafirmação de suas identidades étnicas,
a recuperação de suas memórias históricas, a valorização de suas línguas e
ciências, além de possibilitar o acesso às informações e aos conhecimentos
valorizados pela sociedade nacional (LDB, Artigos 32º e 78º, 1996).
Segundo Soares et al (s/d) a educação escolar indígena no Brasil passou por
diferentes momentos históricos. Desde o Brasil Colônia com a chegada dos Jesuítas
no ano de 1549 até os dias atuais, a educação indígena passou por diferentes fases
e experiências que foram vivenciadas pelos povos indígenas durante todo o
processo de escolarização. Ainda no período colonial o foco principal era que os
povos indígenas fossem totalmente dominados e essa dominação durou até o
século XX. O índio era levado a assimilar aquilo que não o cabia no que diz respeito
a sua escolarização, pois não existia o direito à diversidade cultural, linguística e
étnica. A primeira escolarização dada aos povos indígenas foi ensinada pelos
Jesuítas e as crianças tinham uma educação integral, em que a catequese era tida
como um meio de educá-los.
Ainda de acordo com Soares (idem) a educação escolar indígena que
durante muito tempo vem lutando por uma educação específica, diferenciada e de
qualidade, a fim de contemplar os aspectos históricos, sociais e culturais, ainda tem
inúmeros desafios a serem vencidos, pois a educação escolar indígena no Brasil é
marcada pelas lutas e movimentos que muitas vezes resultaram em vitórias, mas
também em perdas. Desta feita, para se pensar numa educação é necessário
compreender a sua história e o processo de escolarização até a conquista da
primeira escola formal, quem foram seus aliados e quando a educação escolar
indígena aparece de fato no cenário da educação brasileira.
Dados do Censo Escolar de 2018 mostraram que existem 3.345 escolas
indígenas. Revelou também, algumas problemáticas que ainda representam
entraves para a educação escolar indígena, sendo elas: das 3.345 escolas
indígenas, 1.029 unidades não funcionam em prédios escolares; 1.027 escolas
indígenas não estão regularizadas por seus sistemas de ensino; 1.970 escolas não
possuem água filtrada, 1.076 não possuem energia elétrica e 1.634 escolas não
possuem esgoto sanitário. São 3.077 escolas sem biblioteca, 3.083 sem banda larga
e 1.546 que não utilizam material didático específico (MEC, 2019).
Os problemas descritos nos fazem pensar, o quanto temos que avançar em
relação à escolarização dos povos indígenas.
- Educação quilombola
De acordo com a Resolução CNE/CEB Nº 8, de 20 de novembro 2012 que
define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na
Educação Básica, escolas quilombolas são aquelas localizadas em território
quilombola, e este se caracteriza como espaço remanescente dos quilombos,
habitado por grupos étnico-raciais, segundo critérios de consciência comunitária,
com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com
presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão
histórica sofrida.
Para além da localização das escolas é importante enfatizar os objetivos que
as diretrizes descrevem no seu artigo 6º:
I - orientar os sistemas de ensino e as escolas de Educação Básica da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na elaboração,
desenvolvimento e avaliação de seus projetos educativos;
II - orientar os processos de construção de instrumentos normativos dos
sistemas de ensino visando garantir a Educação Escolar Quilombola nas diferentes
etapas e modalidades, da Educação Básica, sendo respeitadas as suas
especificidades;
III - assegurar que as escolas quilombolas e as escolas que atendem
estudantes oriundos dos territórios quilombolas considerem as práticas
socioculturais, políticas e econômicas das comunidades quilombolas, bem como os
seus processos próprios de ensino aprendizagem e as suas formas de produção e
de conhecimento tecnológico;
IV - assegurar que o modelo de organização e gestão das escolas
quilombolas e das escolas que atendem estudantes oriundos desses territórios
considerem o direito de consulta e 5 a participação da comunidade e suas
lideranças, conforme o disposto na Convenção 169 da OIT;
V - fortalecer o regime de colaboração entre os sistemas de ensino da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na oferta da Educação
Escolar Quilombola;
VI - zelar pela garantia do direito à Educação Escolar Quilombola às
comunidades quilombolas rurais e urbanas, respeitando a história, o território, a
memória, a ancestralidade e os conhecimentos tradicionais;
VII - subsidiar a abordagem da temática quilombola em todas as etapas da
Educação Básica, pública e privada, compreendida como parte integrante da cultura
e do patrimônio afro-brasileiro, cujo conhecimento é imprescindível para a
compreensão da história, da cultura e da realidade brasileira
Quanto à educação, um grande número de comunidades não possuem
escolas quilombola, ou seja, escola situada no território quilombola, o que leva
crianças, jovens e adultos quilombolas a serem transportados para fora de suas
comunidades de origem. Observa-se que as unidades educacionais estão longe das
residências, o acesso é difícil, os meios de transporte são insuficientes e
inadequados, e o currículo das escolas localizadas fora da comunidade muitas
vezes está longe da realidade histórica e cultural destes alunos e alunas.
Com base nos dados fornecidos pelo Censo Escolar da Educação Básica de
2013, há 2.235 estabelecimentos escolares localizados em áreas remanescentes de
quilombos. O ensino fundamental regular corresponde a 68,5% das matrículas,
enquanto o médio limita-se a 5,9% (ensino regular). A EJA representa 11,1% das
matrículas, pouco superior à participação desta modalidade no total geral das
matrículas da educação básica, 7,5% (Inep, 2013).
Mas a educação quilombola ainda enfrenta desafios, conforme destaca
Miranda (2012), desafios estes que começam nas condições materiais de ensino,
caracterizadas pela carência de escolas nas comunidades ou pelo estado precário
dos estabelecimentos existentes. Esta situação é agravada pelas dificuldades que
se apresentam para a educação no campo em geral. Tem-se intensificado o
fechamento de escolas pequenas no meio rural, o que leva a maior tempo e esforço
de deslocamento por parte dos alunos, além de promover uma educação nos
centros urbanos, afastando, em geral, os estudantes de uma educação mais
enraizada, mais contextualizada.
- Educação de Jovens e Adultos [EJA]
Assim como os tipos de ofertas educacionais listadas anteriormente, a
educação de Jovens e Adultos possui particularidades e é destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio
na idade própria e constituiu num instrumento para a educação e a aprendizagem ao
longo da vida.
Para tanto, os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e
aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
O fato de serem excluídos da escola os coloca à margem do mercado de
trabalho pela sua condição de não escolarizado e, também, pertencente a
determinados grupos culturais com singularidades marcantes. O migrante constitui
uma grande parte desse público e, pelo fato de ser migrante, não concluiu a sua
trajetória escolar. Nesta perspectiva, o perfil do público de EJA caracteriza-se na
contraposição ao estereótipo de adulto que segue o curso regular de escolarização
(OLIVEIRA, 1999).
A Resolução CNE/CEB Nº 1, de 05 de julho de 2000 que estabelece as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, no seu Art.
5º recomenda que os componentes curriculares conseqüentes ao modelo
pedagógico próprio da educação de jovens e adultos e expressos nas propostas
pedagógicasdas unidades educacionais obedecerão aos princípios, aos objetivos e
às diretrizes curriculares tais como formulados no Parecer CNE/CEB 11/2000, que
acompanha a presente Resolução, nos pareceres CNE/CEB 4/98, CNE/CEB 15/98 e
CNE/CEB 16/99, suas respectivas resoluções e as orientações próprias dos
sistemas de ensino.
Parágrafo único. Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a
identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os
perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de eqüidade,
diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes
curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio, de modo
a assegurar:
I - quanto à eqüidade, a distribuição específica dos componentes
curriculares a fim de propiciar um patamar igualitário de formação e restabelecer a
igualdade de direitos e de oportunidades face ao direito à educação;
II- quanto à diferença, a identificação e o reconhecimento da alteridade
própria e inseparável dos jovens e dos adultos em seu processo formativo, da
valorização do mérito de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e
valores;
III - quanto à proporcionalidade, a disposição e alocação adequadas dos
componentes curriculares face às necessidades próprias da Educação de Jovens e
Adultos com espaços e tempos nos quais as práticas pedagógicas assegurem aos
seus estudantes identidade formativa comum aos demais participantes da
escolarização básica.
Paulo Freire (1983), autor referência da educação popular, quando aborda a
relação pedagógica estabelecida com o público da EJA, afirma que é preciso
entendê-los como:
[...] um ser de relações "temporalizado e situado", ontologicamente inacabado,
um sujeito por vocação, objeto por distorção -, descobre que não só está na
realidade, mas também que estão com ela [...] o homem e somente o homem é
capaz de transcender, de discernir, de separar órbitas existentes diferentes, de
distinguir o "ser" do "não ser"; de travar relações incorpóreas. Na capacidade
de discernir estará a raiz da consciência de sua temporalidade, obtida
precisamente quando atravessando o tempo, de certa forma até então
unidimensional, alcança o ontem, reconhece o hoje e descobre o amanhã
(FREIRE, 1983, p. 62).
- Educação Profissional e Tecnológica
A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é uma modalidade educacional
que visa à formação integral do aluno e tem como foco principal preparar o
estudante para o mundo do trabalho e para a vida em sociedade. A EPT é oferecida
no ensino médio e também no superior, podendo constituir um itinerário formativo
contínuo de aprendizagem ao longo da vida. Tanto no ensino médio, quanto no
superior, a oferta da EPT busca promover uma habilitação profissional de qualidade.
Deve ser organizada, planejada e desenvolvida a partir das diretrizes nacionais da
EPT (Resolução nº 1 de 2021 do CNE/CP).
De acordo com a LDB, no seu artigo 39 no cumprimento dos objetivos da
educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
§ 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por
eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos,
observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.
§ 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos:
I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
II – de educação profissional técnica de nível médio;
III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.
§ 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação
organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo
com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Educação.
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho.
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive
no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para
prosseguimento ou conclusão de estudos.
Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos seus
cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada
a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de
escolaridade.
Você conhece a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica?
Criada em 2008 pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro, a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, também conhecida por Rede
Federal, constituiu-se em um marco na ampliação, interiorização e diversificação da
educação profissional e tecnológica no país. Integrante do sistema federal de ensino
vinculado ao Ministério da Educação, a Rede Federal foi instituída pela reunião de
um conjunto de instituições:
I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Institutos
Federais);
II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm
III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) e de Minas Gerais (Cefet-MG);
IV - Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais; e
V - Colégio Pedro II.
Atualmente, a Rede Federal está composta por 38 Institutos Federais, 02
Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), a Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), 22 escolas técnicas vinculadas às universidades
federais e o Colégio Pedro II. Considerando os respectivos campi associados a
estas instituições federais, tem-se ao todo 661 unidades distribuídas entre as 27
unidades federadas do país. Essas instituições possuem autonomia administrativa,
patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar.
No âmbito do Ministério da Educação, compete à Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica - SETEC o planejamento e o desenvolvimento da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica , incluindo a garantia de
adequada disponibilidade orçamentária e financeira (MEC, 2019).
- Educação a distância
A educação a distância é a modalidade educacional na qual alunos e
professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária
a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.
Essa modalidade é regulada por uma legislação específica e pode ser
implantada na educação básica (nível médio) e na educação superior. O decreto nº
5.622, de 19 de dezembro de 200 que, regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996 e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
trazendo as seguintes diretrizes:
Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância
como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias
de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
§ 1º A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e
avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de
momentos presenciais para:
I - avaliações de estudantes;
II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;
III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação
pertinente; e
IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.
Art. 2º A educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e
modalidades educacionais:
I - educação básica, nos termos do art. 30 deste Decreto;
II - educação de jovens e adultos, nos termos do art. 37 da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996;
III - educação especial,respeitadas as especificidades legais pertinentes;
IV - educação profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas:a)
técnicos, de nível médio; b) tecnológicos, de nível superior;
V - educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas.
a) sequenciais;
b) graduação;
c) especialização;
d) mestrado e
e) doutorado.
Art. 3º A criação, organização, oferta e desenvolvimento de cursos e programas a
distância deverão observar ao estabelecido na legislação e em regulamentações em
vigor, para os respectivos níveis e modalidades da educação nacional.
§ 1º Os cursos e programas a distância deverão ser projetados com a mesma
duração definida para os respectivos cursos na modalidade presencial.
§ 2º Os cursos e programas a distância poderão aceitar transferência e aproveitar
estudos realizados pelos estudantes em cursos e programas presenciais, da mesma
forma que as certificações totais ou parciais obtidas nos cursos e programas a
distância poderão ser aceitas em outros cursos e programas a distância e em cursos
e programas presenciais, conforme a legislação em vigor.
Art. 4º A avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção,
conclusão de estudos e obtenção de diplomas ou certificados dar-se-á no processo,
mediante:
I - cumprimento das atividades programadas; e
II - realização de exames presenciais.
§ 1º Os exames citados no inciso II serão elaborados pela própria instituição de
ensino credenciada, segundo procedimentos e critérios definidos no projeto
pedagógico do curso ou programa.
§ 2º Os resultados dos exames citados no inciso II deverão prevalecer sobre os
demais resultados obtidos em quaisquer outras formas de avaliação a distância.
Art. 5º Os diplomas e certificados de cursos e programas a distância, expedidos
por instituições credenciadas e registrados na forma da lei, terão validade nacional.
Parágrafo único. A emissão e registro de diplomas de cursos e programas a
distância deverão ser realizados conforme legislação educacional pertinente.

Continue navegando