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Objetivos OBJETIVO 1: Revisar a morfofisiologia do TGI inferior OBJETIVO 2: Compreender a etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da retocolite ulcerativa e da doenca de Crohn ANATOMIA: Intestino Delgado: responsável pela maior parte da absorção e digestão Duodeno: 1ª porção - da extremidade do canal pilórico até a flexura duodenojejunal Jejuno: ocupa o quadrante superior esquerdo do compartimento infracólico – da flexura duodenojejunal até a juncao com íleo Ileo: ocupa o quadrante inferior direito – estende-se até a juncao ileocecal Intestino Grosso: dividido em: • Ceco • Colo ascendente • Colo transverso • Colo descentente • Colo Sigmoide • Reto • Canal anal: esfíncter interno 2/3 superiores; esfíncter externo 1/3 inferior HISTOLOGIA: Intestino Delgado: As células do intestino delgado são denominadas enterócitos Os enterócitos contêm as vilosidades intestinais, e na superfície dessas vilosidades, encontram-se as microvilosidades As microvilosidades dão origem a borda em escova, onde são encontradas enzimas necessárias para o processo de digestão: peptidases, dissacaridases, lipases MUCOSA: Células Caliciformes: semelhante as mucinas, produzem glicoproteínas acidas, que originam muco, lubrificando e protegendo o lumen intestinal • Células de Paneth: contém lisozima e defensina que desempenham um paple importante no controle da flora intestinal • Células enteroendócrinas: secretam GIP (polipeptídio inibidor gástrico) e GLP1 – inibem secreção de HCl e estimulam insulina; colecistocinina; motilina (aumenta motilidade); secretina (estimula secreção pancreática rica em H2O e HCO3- Doenças Inflamatórias Intestinais • Células M: recobrem folículos linfoides das placas de peyer, contém linfócitos e APC (células apresentadoras de antígeno); capta os antígenos, apresente aos macrófagos e células linfoides, essas células migram para os órgãos linfoides modulando uma resposta imunológica SUBMUCOSA: • Glândulas duodenais: produzem muco que protege da acidez do suco gástrico e neutraliza pH do quimo, auxiliando a atuação das enzimas pancreáticas • Plexo de Meissner • Agredados de células linfoides: formam o GALT • Placas de Peyer: se localizam apenas no íleo MUSCULAR: • Plexo de Auerbach • Camada circular interna e longitudinal externa SEROSA: • Mesotélio + tecido conjuntivo FISIOLOGIA: Funções Intestino Delgado: • Absorção de nutrientes • Secreção endócrina • Digestão final dos alimentos Microvilosidades: estruturas que possibilitam a absorção dos nutrientes como carboidratos, proteínas e lipídios INTRODUÇÃO: São distúrbios inflamatórios crônicos que acomotem qualquer porção do TGI. As principais doenças (90%) são classificadas como retocolite ulcerativa (RCU) e doença de Crohn (DC), as outras 10% se tratam de colites linfociticas, colagenica e indeterminada. EPIDEMIOLOGIA: • Mais prevalente na América do norte e menos prevalente no caribe • A incidência tem aumentado em baises recém- industrializados como américa do sul, africa e asia • Quanto mais desenvolvida a região geográfica, maior a prevalência de DII, o que se deve a urbanização, que expõe os indivíduos a novos estilos de vida, alimentação e exposições a antígenos. • Picos de idade de aparecimento: aproximadamente entre os 15 e 40 anos, com menor pico entre 55 e 65 anos. Mas podem aparecer em qualquer fase da vida. • RCU é mais prevalente e incidente que DC • RCU: 0,4 a 24 casos a cada 100mil habitantes/ano • DC: 0,1 a 20 casos por 100mil habitantes/ano ETIOLOGIA: Ainda não se conhecem as etiologias exatas das doenças inflamatórias intestinais, mas acredita-se eu seja uma incapacidade do organismo em regular efetivamente as respostas imunes contra antígenos dos quais o TGI está constantemente sendo exposto. Indivíduos saudáveis possuem um controle da resposta imune a esses microrganismos. Nos portadores de DII essa imunorregulacao não ocorre, logo, tem-se uma amplificação da inflamação, com consequente ataque imunológico as células do intestino. FATORES QUE INFLUENCIAM NA REGULAÇÃO DO SISTEMA IMUNE DO TGI: Fatores genéticos: é evidenciado pela ocorrência maior de DII entre parentes de 1º grau e gêmeos monozigóticos Fatores intraluminais: relacionados a microbiota, seus antígenos, produtos metabólicos e antígenos alimentares. Alterações na flora intestinal. Na DC, a concentração de bactérias gram-negativas e gram- positivas está aumentada. Na RCU foram descritas bactérias cujos metabolitos são lesivos a mucosa intestinal. Fatores relacionados a barreira intestinal: resposta imunologia defeituosa, com antígenos da flora facilitando a colonização e estímulo dos produtos bacterianos e formação de citocinas Fatores relacionados ao sistema imune: imunidade inata e adaptativa Além disso, foram encontradas algumas alterações na resposta imune do TGI quando há presença de DII, tais como: Desregulação da barreira epitelial: Alterações no muco intestinal, alto numero de bactérias e aumento da permeabilidade intestinal tem sido associados a DII. As células epiteliais podem expressar alguns receptores também expressos nas células imunes e podem apresentar antígenos semelhantes as células apresentadoras de antígeno clássicas. A apresentação anormal de antígenos por células epiteliais ]9em particular, como as de paneth) lidam com proteínas intracelulares desdobradas, processo que esta associado ao “estresse” no reticulo endoplasmáicos, tem sido associadas Á DII. Outras anormalidades nas células de Paneth foram identificadas em associação com a DII, que resultam em desregulação de proteínas antimicrobianas Desregulação de células imunes: Orecrutamento e a ativação excessiva de células imunes foram detectados em vários subconjuntos de células imunes. Células mieloides com fenótipo inflamatório, que produzem altos níveis de citocina estão presentes na lâmina próprio de pacientes com DII. Subconjuntos de células NK (natural Killer) alterados. Células mononucleares isoladas apresentando marcadores de ativação e citocinas. Células T isoladas da mucosa mostram aumento da proliferação e produção de citocinas. Células B: alguns estudos comprovam o aumento do nº de células B da mucosa e circulantes, aumento no dumero de anticorpos para componentes microbianos e citocinas em pacientes com DII. O que sugere que as células B possam também estar envolvidas na patogênese desse distubrio. Resumão: todas as células imunes (T, B, mononucleares e mileoides) na DII, são responsáveis por uam maior secreção de citocinas inflamatórias. DESREGULAÇÃO EM MEDIADORES SECRETADOS: Níveis anormais de citocinas imunorreguladoras e inflamatória correlacionam-se com a DII. Linfócitos TCD4+ apresentam grandes quantidades de secreção de IFN-y e fator ne necrose tumoral (TNF-a), implicando assim as células Th1 na patogênese da DII. Esses achados são consistentes na retocolite ulcerativa crônica. Esses estudos levam a estratégias terapêuticas usando anticorpos anti-TNF-a para a doença de Crohn. Citocinas associadas as células Th17 também são observadas na mucosa intestinal de pacientes com DII. A sinalização dependente de IL-23 e a secreção de citocinas por células Th17 podem ser responsáveis, pelo menos em parte, por algumas das secreções aberrantes de citocinas anteriormente atribuídas a células Th1 PATOGÊNESE: ➢ Inflamação transmural (da mucosa até a serosa) ➢ Acomete qualquer porcao do tubo digestório (desde boca até anus) ➢ Predileção por regiões do íleo e ileocecal ➢ Padrão de inflamação é salteado, ou seja, áreas saudáveis alternando com áreas inflamadas. – gerando reação granulomatosa não caseificante (não apresentar centros necróticos), além de lesões aftoides MECANISMOS RELACIONADOS A PATOGÊNESE DA DOENÇADE CROHN: • O gene NOD2 está relacionado a patogênese • Esse gene codifica uma proteína que atua como receptor intracelulas para um antígeno de parede bacteriana e que aucilia no controle da resposta inflamatória. • Com o NOD2 defeituoso, a resposta inflamatória fica descontrolada. • Esse gene está alterado em 15 a 20% dos portadores caucasianos. • Mas esse gene não explica isoladamente a recorrência da doença, pois nem todos possuem o gene defeituoso e nem todos que possuem desenvolvem DII. • Outro defeito genético é o polimorfismo do gene que produz o receptor da IL-23. • Em condições normais, essa citocina ajuda na regulação da inflamação crônica. Um defeito no seu receptor, localizado em macrófagos e linfócitos gera amplificação da inflamação • Ainda sobre fatores genéticos, a presença de certos tipos de HLA (antígeno leucocitário humano – formam um grupo de proteínas na superfície de todas as células do corpo humano) tem aumentado o risco de desenvolvimento de DII As DII, geralmente vem acompanhadas de desordens autoimunes, como: Pondilite anquilosante: (inflamação que afeta os tecidos conjuntivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações da coluna e das grandes articulações, como quadris, ombros e outras regiões) Colangite esclerosante primária: é uma hepatopatia colestática crônica de etiologia autoimune, caracterizada por inflamação e fibrose de ductos biliares intra e extra-hepáticos, progride lentamente para cirrose hepática. MANIFESTAÇÔES CLÍNICAS: Os locais de acometimento da DC podem ser diversos: • 40% íleo e ceco • 30% intestino delgado • 20% estrita ao cólon Logo, os sintomas podem ser variados, de modo que: Intestino delgado: • Diarreia e dor abdominal (mais comuns) • Perda ponderal • Anemia Íleo distal: • Diarreia (má absorção de sais biliares) • Dor abdominal • Anorexia e náuseas (mediadores de inflamação do SNC – TNF-a) • É no íleo que ocorre a absorção de Vit. B12, logo, a sua escassez pode resultar em anemia megaloblástica • Tambem existem manifestações extraintestinais, das DII, como o acometimento articular, decorrente da deposição de imunocomplexos em pequenos vasos, desencadeando em reação inflamatória. COMPLICAÇÕES: • Fissuras, fistulizacao e formação de abcessos nessas regiões PATOGÊNESE: ➢ Inflamação crônica do cólon e reto, ficando confinada a essas regiões anatômicas ➢ A inflamação se limita a camada mucosa e aparece de forma contínua e simétrica ao longo da porção afetada MANIFESTAÇÔES CLÍNICAS: • Diarreia (absorção de aguda e metabolitos prejudicada) • Perda de sangue nas fezes (erosões na mucosa) • Número aumentado de idas ao banheiro (limiar sensorial do reto inflamado é diminuído, logo, qualquer fluido na ampola retal desencadeia reflexo de defecação) • Tenesmo e urgência fecal (tambem pela exacerbação sensorial) • Dor/cólicas (aumento do tônus muscular e contrações do intestino grosso) • Febre (excesso de resposta inflamatória) • Anemia ferropriva: resultante da perda de sangue nas fezes, varia de acordo com o volume de sangue perdido • Anemia megaloblástica: decorrente de tratamento com sulfassalazina) • Ambas as anemias podem resultar em astenia! MANIFESTAÇÔES EXTRAINTESTINAIS: • Artrites • Aftas orais • Artralgia: dor nas articulações • Episclerite: inflamação do tecido que se encontra entre a esclera (a camada fibrosa resistente que cobre o olho) e a conjuntiva (a membrana que reveste a pálpebra e cobre o branco do olho) • Pioderma gangrenoso: é uma dermatose neutrofílica rara, crônica e muitas vezes recorrente COMPLICAÇÕES: A mais temida é o megacólon tóxico, que leva a óbito. Os sintomas incluem dor abdominal intesna, distensão e febre, taquicardia, hipotensão e desidratação DIAGNÓSTICO: Para RCU: Baseado na presença de diarreia crônica por mais de 4 semanas e evidencia de inflamação ativa na endoscopia, além de alterações crônicas na biópsia. Para DC: sintomatologia (náuseas, anorexia, diarreia volumosa, dor abdominal continua) História Clínica: • Viagem recente para áreas endêmicas de infecções parasitaris, incluindo amebíase, uso de antibióticos que possam predispôs clostridiodes difficile • Fator de risco ou história para ISTs (herpes e gonorreia) • Isquemia crônica do cólon • Em pacientes com citomegalovírus pode-se encontrar um mimetismo de RCU Exames laboratoriais: • PCR: reação em cadeia da polimerase das fezes para toxina C. difficile • Culturas de rotina • Testes para escherichia coli • Antígeno fecal de giárdia • Microscopia para óvulos e parasitas • Hemograma completo • Eletrólitos • Albumina • Marcadores de inflamação (VHS – velocidade de hemossedimentação) Exames de imagem: • Endoscopia e biópsia: avaliam a cronicidade da inflamação e excluem outras causas de colite. • Uma ileocolonoscopia permite avaliação do íleo terminal para sugestão de doença de Crohn e para determinar extensão endoscópica e gravidade da doença colonica. Porem a colonoscopia deve ser evitada em pacientes hospitalizados com colite grave devido ao potencial de resultar em megacólon toxico. • Os achados são: marcações vasculares, granularidade da mucosa, petéquias, exsudatos, edemas, erosões, sangramento espontâneo. • As características da biópsia sugestivas de colite ulcerativa incluem abscessos de cripta, ramificação de cripta, encurtamento e desordem e atrofia de cripta. Anormalidades das células epiteliais, incluindo depleção de mucina e metaplasia das células de Paneth, podem ser observadas. • Ainda para DC destacam-se: • Endoscopia digestiva alta: com biópsias do estomago e delgado com suspeita de DC do TGI superior • Videocapsula endoscópica: método alternativo de visualizar a mucosa sem expor a radiação. Pode detectar lesões sugestivas não visíveis por outros exames de imagem. Resumão: FISIOPATOLOGIA + QUADRO CLÍNICO TRATAMENTO: O tratamento compreende aminossalicilatos orais e por via retal, corticóides e imunossupressores, e é feito de maneira a tratar a fase aguda e, após, manter a remissão, sendo o maior objetivo reduzir a sintomatologia Antes de tratarmos um paciente com retocolite ulcerativa inespecífica (RCU), é fundamental que conheçamos a gravidade e a extensão da doença, a fim de individualizarmos o tratamento e escolhermos as melhores opções em cada grupo terapêutico. Derivados Salicílicos: Neste grupo de medicamentos, incluímos a tradicional sulfassalazina (SSZ) e os novos derivados salicílicos. Entre os vários mecanismos de ação do 5-ASA, estão a inibição da produção de leucotrienos e de anticorpos, além da capacidade de assimilação de radicais livres. Corticoides: O principal mecanismo de ação anti- inflamatória dos corticoides é o bloqueio duplo da cascata do ácido araquidônico, por meio da indução da lipocortina, que age inibindo a fosfolipase A2 e da inibição das COXs, que possuem papel crucial na mediação da inflamação ao produzir prostaglandinas e prostaciclinas. Envolvem a prednisona, dexametasona, triancinolona, betametasona, beclometasona, flunisolida e fluticasona. Imunomoduladores ou Imunossupressores: Neste grupo de medicamentos, comumente incluímos a azatioprina (AZA) e a 6-mercaptopurina (6-MP), a cloroquina, a ciclosporina e o metotrexato. Mais recentemente, tacrolimus (FK 506) e micofenolatomofetila têm sido testados. Os imunossupressores são usados para suprimir rejeição em receptores de transplante de órgãos e para tratar uma variedade de doenças inflamatórias e imunopatias.
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