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Carla Bertelli – 4° Período – Revisar a morfofisiologia (macro e micro) do intestino delgado e grosso – Compreender a fisiopatologia, etiologia, fatores de risco, manifestações clínicas, epidemiologia e tratamento das doenças inflamatórias intestinais de origem autoimune (doença de Crohn e retocolite ulcerativa) É a parte mais longa do tubo digestório e onde ocorre a maior parte da atividade enzimática e de toda absorção dos nutrientes. A maioria das enzimas que agem no intestino delgado é secretado pelo â Durante a digestão, o intestino delgado passa por movimentos de segmentação ativa e, assim, maximizando seu contato com a mucosa, que absorve nutrientes. O peristaltismo impele o quimo através do intestino delgado em 4-6h. Sua estrutura é adaptada para essas funções. Seu comprimento fornece uma grande área de superfície para a digestão e absorção, e essa área é aumentada pelas pregas circulares, vilosidades e microvilosidades. O intestino delgado começa no músculo esfíncter do piloro do estômago, estende-se pelas partes central e inferior da cavidade abdominal e, finalmente, abre-se no intestino grosso. O intestino delgado é dividido õ : duodeno (região menor), jejuno e íleo (porção final). O duodeno recebe enzimas digestórias do pâncreas via ducto pancreático e bile do fígado e da vesícula biliar via ducto colédoco. Esses ductos entram na parede do duodeno, onde formam um bulbo chamado chamada ampola hepatopancreática, que se abre no duodeno em uma pequena saliência da mucosa chamada papila maior do duodeno. A entrada de bile e o suco pancreático no duodeno é controlada por esfíncteres de músculo liso que circundam a ampola hepatopancreática e pelas terminações dos ductos pancreático e colédoco. a parede do intestino delgado é composta das mesmas quatro túnicas que compõem a maior parte do trato GI: ú ú ú ú é composta de uma camada de epitélio, lâmina própria e muscular da mucosa. A camada epitelial da túnica mucosa consiste em epitélio colunar simples. Contém as células absortivas, caliciformes, as glândulas intestinais (criptas de Lieberkiihn), células granulares de Paneth e células enteroendócrinas (células S, células CCK e células K, que secretam os hormônios secretina, colecistocinina ou CCK e peptídeo insulinotrópico dependente de glicose). • As é do epitélio digerem e absorvem nutrientes no quimo do intestino delgado • é secretam muco • As células que revestem as fissuras formam as â (criptas de Lieberkiihn) e produzem suco intestinal • As células secretam lisozima, uma enzima bactericida, e são capazes de fagocitose. As células de Paneth podem ter uma função na regulação da população microbiana no intestino delgado A â ó ú do intestino delgado contém tecido conjuntivo areolar e possui uma abundância de tecido linfático associado à mucosa (MALT). A do duodeno contém as â ü , que secretam um muco alcalino que ajuda a neutralizar o ácido gástrico no quimo. A ú do intestino delgado consiste em duas lâminas de músculo liso. A lâmina mais delgada, a externa, contém fibras longitudinais; a lâmina mais espessa, a interna, contém fibras circulares. Existem í do intestino delgado facilitam o processo de digestão e absorção., que são as . As ú mucosa e da tela submucosas são circulares e intensificam a absorção, aumentando a área de superfície, e levam o quimo a formar uma espiral, em vez de mover-se em linha reta, à medida que passa pelo intestino delgado. As são projeções digitiformes da túnica mucosa. aumentam a área de superfície do epitélio Carla Bertelli – 4° Período disponível para absorção e digestão e dá à túnica mucosa do intestino uma aparência aveludada. Cada vilosidade é recoberta por epitélio e possui um núcleo de lâmina própria; junto do tecido conjuntivo da lâmina própria encontram-se uma arteríola, uma vênula, uma rede capilar sanguínea e um lácteo, que é um capilar linfático. Nutrientes absorvidos pelas células epiteliais que recobrem a vilosidade passam pela parede de um capilar ou de um lácteo para entrar no sangue ou na linfa, respectivamente. As são projeções da membrana apical (livre) das células absortivas e formam uma linha encrespada, chamada de borda em escova, que se estende até o lume do intestino delgado. Como as microvilosidades aumentam muito a área de superfície da membrana plasmática, quantidades maiores de nutrientes digeridos conseguem difundir-se para as células absortivas, em um determinado período de tempo. A borda em escova também contém diversas enzimas com microvilosidades que possuem funções digestivas. çõ Esse suco contém água e muco, e é levemente alcalino. Juntos o suco pancreático e intestinal fornece um meio líquido que auxilia na absorção de substâncias. As células absortivas do intestino delgado sintetizam diversas enzimas digestivas, as chamadas enzimas da borda em escova. Sendo assim, uma parte da digestão enzimática ocorre na superfície das células absortivas que revestem as vilosidades. Dentre as enzimas que se encontram: • a-dextrinase, maltase, sacarase e lactase – enzimas que hidrolisam carboidratos • peptidases (aminopeptidase e dipeptidase) – hidrolisam proteínas • Enzimas que hidrolisam nucleotídeos, nucleosidases e fosfatases. ã â - Os movimentos segmentares são contrações mistas e localizadas, misturando o quimo com os sucos digestivos, além de colocar os restos de alimentos cada vez mais em contato com a túnica mucosa. Já o movimento segmentar, que acontece depois da maior parte da absorção, surge com as contrações das fibras musculares da camada circular Após a absorção da maior parte da refeição, os movimentos segmentares cessam e inicia a peristalse, que é denominada complexo de motilidade migratória, empurrando o quimo pra frente. A ã í no intestino delgado acontece quando o quimo que entra no intestino delgado contém carboidratos, proteínas e lipídios parcialmente digeridos. A conclusão da digestão dos carboidratos, proteínas e lipídios é um esforço coletivo do suco pancreático, bile e suco intestinal no intestino delgado. A çã ocorre devido a passagem desses nutrientes digeridos a partir do trato gastrointestinal para o sangue ou linfa é chamada de absorção. A absorção das substâncias ocorre por difusão, difusão facilitada, osmose e transporte ativo. Aproximadamente 90% de toda a absorção de nutrientes ocorrem no intestino delgado; os outros 10% ocorrem no estômago e intestino grosso. Qualquer substância não digerida ou não absorvida deixada no intestino delgado passa para o intestino grosso. Carla Bertelli – 4° Período çã O sistema imune do intestino é capaz de reagir aos microrganismos agressores e mantém-se tolerante aos microrganismos pertencentes a sua microbiota e antígenos da dieta. Essa microbiota é composta principalmente por grupos bacterianos variados, como: Bifidobacteria, Enterobacteria, Clostridia, Lactobacillus e Enterococo. Essa população bacteriana proporciona contribuições como: melhora na digestão, auxilia no desenvolvimento do sistema imune e limita a colonização patógena através de competição por espaço e nutrientes. – Existe uma interação dinâmica entre a microflora intestinal, o epitélio intestinal e o sistema imune da mucosa intestinal, que deve sempre resultar em um equilíbrio para o hospedeiro. O sistema imune da mucosa constitui uma barreira imunológica intestinal que é formada pelas imunoglobulinas e pelo GALT. GALT é um componente do sistema imunológico localizado no trato gastrointestinal, mais especificamente na lâmina própria – tecido conjuntivo que se encontra abaixo do epitélio intestinal. É composto por linfócitos intraepiteliais, folículos linfoides isolados, Placas de Peyer e linfonodos mesentéricos, responsáveis pelo reconhecimento de antígenos presentes no lúmenintestinal, bem como pela síntese e liberação de citocinas, quimocinas e anticorpos. A composição do GALT inclui os seguintes componentes, a saber: • Tecido linfoide difuso: apêndice cecal e folículos linfoides solitários; • Tecido linfoide organizado: placas de Peyer e células M Ele faz parte de um grande sistema de imunidade de mucosas (MALT-Mucosa-associated lymphoid tissue), que entra em contato com o meio externo, sendo considerado o maior órgão linfoide do organismo çã – Pode ser dividido em inato e adaptativo. Esse sistema exerce um papel importante para o equilíbrio da microbiota, sendo responsável pela defesa contra os microrganismos patógenos. çõ ). – Constituído por barreiras químicas e físicas como o epitélio, camada de muco, microbiota, células fagocitárias (granulócitos, macrófagos e células NK), além do sistema complemento e citocinas. – Envolve os linfócitos, que promovem uma proteção duradoura após a exposição a um antígeno, sendo dividida em Humoral (mediada por linfócitos B e anticorpos) e Celular (mediada por linfócitos T e citocinas) A resposta humoral do intestino é caracterizada pela produção de IgA no epitélio e sua secreção no lúmen intestinal. IgA pode formar imunocomplexos com os antígenos alimentares ou com patógenos, neutralizando- os e evitando sua penetração. Além disso, inibe a proliferação viral dentro do enterócito e neutraliza as enterotoxinas. A imunidade celular é mediada pelos linfócitos T e seus subprodutos. Os linfócitos T CD4+ são classificados em 2 subtipos, e são relacionados da seguinte forma com a inflamação da mucosa intestinal, a saber: • , caracteriza-se por inflamação transmural e granulomatosa, como no caso da Doença de Crohn; • é caracterizada por inflamações superficiais com exsudato celular inflamatório agudo e edema da mucosa, como ocorre na colite ulcerativa. É a parte terminal do TGI, suas funções gerais são a conclusão da absorção, produção de certas vitaminas, formação das fezes e sua expulsão. O material que chega até ele é um resíduo altamente digerido que contém poucos nutrientes. Durante as 12 - 24 horas que esse resíduo permanece no intestino grosso ocorre pouca decomposição adicional do alimento, exceto quanto à pequena quantidade de digestão realizada pelas muitas bactérias que nele vivem. Embora o intestino grosso absorva esses poucos nutrientes restantes, sua função principal é absorver á ó ó A propulsão através do intestino grosso é lenta e fraca, exceto pelos movimentos peristálticos de massa, que passam pelo colo algumas vezes por dia para forçar as fezes vigorosamente na direção do reto. Carla Bertelli – 4° Período Ao longo de quase todo o seu comprimento, o intestino grosso exibe três características especiais: ê çõ ê . As tênias do colo são três fitas longitudinais espaçadas em intervalos iguais em volta da circunferência do ceco e do colo. Elas são espessamentos da camada longitudinal muscular, que é fina, exceto nesses locais. Como as tênias mantêm o tônus muscular, ela faz com que o intestino grosso fique franzido em saculações do colo. Os apêndices omentais do colo são bolsas cheias de gordura do peritônio visceral que ficam suspensas no intestino. Sua histologia consiste nas 4 camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. • Túnica Mucosa – Epitélio colunar simples, lâmina própria e lâmina muscular da mucosa. Contém principalmente células caliciformes e absortivas. Não possui tanta adaptação para absorção • Submucosa – Tecido conjuntivo areolar • Camada interna de músculo liso circular e camada externa de músculo liso longitudinal. ã â – a passagem do quimo do íleo para o ceco é regulada pela ação da papila ileal. Um movimento característico do intestino grosso é a mistura haustral. Neste processo, as saculações permanecem relaxadas e distendidas enquanto se enchem completamente. Quando a distensão atinge um determinado ponto, as paredes contraem-se e comprimem os conteúdos na saculação seguinte. ã í – O estágio final da digestão ocorre no colo, por meio da atividade das bactérias que habitam o lúmen. O muco é secretado pelas glândulas do intestino grosso, mas nenhuma enzima é produzida. O quimo é preparado para eliminação pela ação de bactérias que fermentam quaisquer carboidratos restantes e liberam gases hidrogênio, dióxido de carbono e metano. Estes gases contribuem para o flato (gás) no colo, denominado flatulência, quando em excesso. Produtos bacterianos que são absorvidos no colo incluem diversas vitaminas necessárias para o metabolismo normal, entre elas algumas vitaminas B e a vitamina K çã çã - tomou- se sólido ou semissólido, em consequência da absorção de água e, é, agora, chamado de fezes. Quimicamente, as fezes consistem em água, sais inorgânicos, células epiteliais desprendidas da túnica mucosa do trato gastrointestinal, bactérias, produtos da decomposição bacteriana, substâncias digeridas não absorvidas e partes não digeridas de alimentos. Sistema imune do intestino delgado: conceitos atuais - IGASTROPED. (n.d.). Retrieved August 11, 2022, from https://www.igastroped.com.br/sistema-imune-do-intestino-delgado/ Imunidade e intestino: você conhece a relação? (n.d.). Retrieved August 11, 2022, from https://activepharmaceutica.com.br/blog/imunidade-e-intestino-voce- conhece-a-relacao TORTORA, Gerard J.. Princípios de anatomia e fisiologia. 14 ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia E Fisiologia. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009 A doença inflamatória intestinal é composta por dois distúrbios principais: Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn. • A UC afeta o cólon e é caracterizada por inflamação da camada mucosa. • A DC pode envolver qualquer componente do trato gastrointestinal desde a cavidade oral até o ânus e é caracterizada por inflamação transmural. Esses distúrbios têm características patológicas e clínicas distintas, mas sua patogênese permanece pouco compreendida. As doenças podem se apresentar em qualquer idade, mas o pico de incidência é em adolescentes e adultos jovens. https://www.igastroped.com.br/sistema-imune-do-intestino-delgado/ https://activepharmaceutica.com.br/blog/imunidade-e-intestino-voce-conhece-a-relacao https://activepharmaceutica.com.br/blog/imunidade-e-intestino-voce-conhece-a-relacao Carla Bertelli – 4° Período A resposta imune tem sido implicada na patogênese da doença inflamatória intestinal, incluindo a colite ulcerativa e a dença de Crohn. çã É importante saber sobre o sistema imune da mucosa. No processo de absorção de nutrientes essenciais, o intestino deve discriminar entre antígenos alimentares inócuos e agentes infecciosos. Para realizar essa proteção, o intestino depende de uma barreira eficaz e de um sistema imunológico inato e adquirido. A barreira eficaz depende de um epitélio intestinal intacto, com muco da superfície secretado por células caliciformes, peristaltismo normal e secreção de vários fatores protetores (proteínas antimicrobianas, fatores de crescimento) O sistema imune inato é composto por células derivadas de mieloides (neutrófilos, monócitos, células dendríticas e macrófagos), células NK e células linfoides inatas. Essas células expressam receptores de reconhecimento de padrões, que se ligam a produtos microbianos. Essas células fornecem a resposta inicial a microrganismo patogênicos. O sistema imune adaptativo é composto por linfócitos B e T, que conferem imunidade específica. O sistema imunológico adquirido é projetado para responder a antígenos estranhos exibidos por células apresentadoras de antígenos "profissionais" (APCs) (por exemplo, células dendríticas e macrófagos) em associação com moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). A imunidade humoral é mediada por células Bdentro do intestino, que secretam anticorpos em grande parte da IgA. A imunidade celular é mediada por linfócitos T, que podem ser funcionalmente divididos em células T auxiliares CD4 + (Th), células T CD8 + (citotóxicas) e células T reguladoras. As células T CD4 + respondem ao antígeno processado em APCs profissionais em associação com moléculas MHC classe II. As células T CD8 + respondem ao antígeno processado em todos os tipos de células em associação com as moléculas do MHC classe I. As células Th CD4 + podem ser subdivididas funcionalmente em vários subconjuntos de células T que são, em parte, definidos pelas citocinas que produzem. Exemplos destes incluem células Th1, células Th2, células Th9, células Th17, células T auxiliares foliculares, células T de memória residentes em tecido e células T reguladoras. As células imunes, quando localizadas no intestino, são conhecidas coletivamente como tecido linfoide associado ao intestino (GALT) e são distribuídas por toda a lâmina própria, entre as células epiteliais e em estruturas linfoides discretas. Células epiteliais, APCs "profissionais" e outros leucócitos dentro do GALT também secretam uma variedade de mediadores de proteínas solúveis (citocinas), que servem para regular as respostas a antígenos estranhos. Além disso, alterações na microcirculação intestinal, moléculas de tráfego e aferências neuronais podem modificar a composição e a função efetora de células imunes e não imunes dentro do GALT. çã A doença inflamatória intestinal resulta de uma resposta desregulada do sistema imunológico da mucosa à microbiota intestinal. Essa desregulação pode ser tanto devido à reatividade imune excessiva quanto a respostas imunes inadequadas à microbiota intestinal • çã : Alterações no muco intestinal, alto número de bactérias no muco e aumento da permeabilidade tem sido associado à DII. Esses defeitos na função da barreira podem desenvolver colite espontânea. Além disso, anormalidades na maneira de como as células epiteliais lidam com proteínas intracelulares desdobradas é um processo que está associado ao estresse o RE. • çã é : O recrutamento e a ativação excessivos de células imunes foram detectados em vários subconjuntos de células imunes. Células mieloides com fenótipo "inflamatório" que produzem níveis aumentados de citocinas estão presentes na lâmina própria de pacientes com DII. As células T isoladas da mucosa da DII podem mostrar aumento da proliferação e produção de citocinas para antígenos in vitro, sugerindo que elas podem responder anormalmente a antígenos residentes Os achados de aumento do número de células B da mucosa e circulantes e plasmócitos, autoanticorpos e aumento de anticorpos para componentes microbianos Carla Bertelli – 4° Período e citocinas em pacientes com DII sugerem que a regulação anormal das células B também pode estar envolvida na patogênese desse distúrbio Immune and microbial mechanisms in the pathogenesis of inflammatory bowel disease - UpToDate. (n.d.). Retrieved August 12, 2022, from https://www.uptodate.com/contents/immune-and- microbial-mechanisms-in-the-pathogenesis-of-inflammatory-bowel- disease?search=Imunidade%20do%20intestino&source=search_res ult&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 A doença intestinal inflamatória (DII) é uma condição crônica resultante da ativação imunológica inapropriada da mucosa. Os dois distúrbios que compreendem a DII são a colite ulcerativa e a doença de Crohn A colite ulcerativa é limitada ao cólon e ao reto e estende-se apenas à mucosa e à submucosa. Em contraste, a doença de Crohn, também chamada de ileíte regional (pelo frequente comprometimento ileal), pode comprometer qualquer trecho do trato GI e é tipicamente transmural. – A colite ulcerativa e a doença de Crohn apresenta-se em adolescentes e adultos no começo da 2° década de vida, sendo a Elas acometem principalmente indivíduos entre os 15 e 45 anos e infelizmente, há poucas pesquisas sobre sua incidência no Brasil, mas as evidências apontam para seu aumento, com maior prevalência na região Sudeste (45,33%). Além disso, pessoas que residem em áreas urbanas correm maior risco de desenvolver esse distúrbio. A ocidentalização da dieta e do estilo de vida apontam a influência ambiental na gênese desse problema. A prevalência da DC parece mais alta em áreas urbanas que nas rurais e nas classes sociais mais elevadas. Uma hipótese para esta diferença em incidência entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento é a de higiene, que sugere pessoas menos expostas a infecções na infância ou a condições sanitárias de maior contaminação com organismos "amigos", ou com organismos que promovem o desenvolvimento de células T; ou, ainda, que não desenvolvam repertório imune suficiente porque não experimentaram organismos nocivos. Estes indivíduos estariam associados a maior incidência de doenças imunológicas crônicas, incluindo-se a Dll. No Brasil, não há associação com classe social, segundo relatos de diversos autores em diferentes estados. – A DII resulta dos efeitos combinados de alterações nas çõ çã ó çã Podemos comentar sobre os fatores de risco como a genética (evidências comprovam que fatores genéticos podem contribuir para DII), a resposta imunológica da mucosa alterada, defeitos epiteliais e alteração na microbiota. É uma doença inflamatória transmural e redicivante que pode acometer qualquer segmento do tubo digestório (boca ao ânus) e é caracterizada pela inflamação descontínua dos segmentos digestivos acometidos podendo ser distinta em cada indivíduo. É também considerada uma doença sistêmica pois apresenta manifestações extraintestinais A DC é considerada idiopática, pois não se identificou até o momento um agente patológico específico, no entanto há grande influencia da predisposição genética e dados epidemiológicos. Os fatores ambientais incluem amamentação, infecções intestinais, higiene, agentes microbianos, dieta, cigarro, ocupação, poluição e estresse. Acredita-se que a DIII seja resultado de um ou mais fatores ambientais em indivíduos geneticamente predispostos https://www.uptodate.com/contents/immune-and-microbial-mechanisms-in-the-pathogenesis-of-inflammatory-bowel-disease?search=Imunidade%20do%20intestino&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 https://www.uptodate.com/contents/immune-and-microbial-mechanisms-in-the-pathogenesis-of-inflammatory-bowel-disease?search=Imunidade%20do%20intestino&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 https://www.uptodate.com/contents/immune-and-microbial-mechanisms-in-the-pathogenesis-of-inflammatory-bowel-disease?search=Imunidade%20do%20intestino&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 https://www.uptodate.com/contents/immune-and-microbial-mechanisms-in-the-pathogenesis-of-inflammatory-bowel-disease?search=Imunidade%20do%20intestino&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2 Carla Bertelli – 4° Período – O aumento da permeabilidade intestinal tem sido implicado na patogênese da DC com consequente aumento da carga de antígenos pelo sistema imune da mucosa que inicia e perpetua a inflamação. A DC pode afetar qualquer área do intestino, tipicamente em áreas descontinuadas (lesões em salto). A primeira anormalidade é o aumento dos folículos linfoides com um anel de eritema em volta. Isso leva à ulcerações, que progride fissurando a cria um aspecto de pedra em calçamento, fibrose, estenose e fistulização. A dor abdominal decorre de obstrução funcional, por espasmo e edema, e posteriormente obstrução orgânica A inflamação da mucosa, o edema, a fibrose, a obstrução linfática, quando localizados no intestino delgado, podem provocar diferentes fenômenos disabsortivos.A extensão e a localização anatômica da lesão determinam o grau de má absorção, assim como a especificidade do nutriente envolvido • Comprometimento do Duodeno e Jejuno – Má absorção de folatos, vitaminas, ferro, glicídios e lipídios. • Comprometimento do Íleo – Má absorção de gorduras e aminoácidos, vitamina B12 e lipídios. Pode ocorrer também depleção de potássio (por falta de ingestão e perca através das fezes), hipoalbuminemia (ingestão reduzida e consequente anorexia), anemia (frequente e por múltiplos fatores). Esses fenômenos absortivos, somados à ingestão insuficiente de calorias levam o paciente a um grande déficit de crescimento. í – A DC apresenta fases, e as MC podem ser diferentes em cada uma: (1) Predisposição Genética, (2) Início ou Deflagração, (3) Progressão ou Perpetuação, (4) Regulação, (5) Cicatrização. A dor abdominal é o sintoma mais comum, geralmente em caráter de cólica. O desconforto abdominal tende a se iniciar após as refeições em pacientes com envolvimento do intestino delgado, particularmente do íleo terminal A cólica aumenta antes da defecação. A progressão do processo inflamatório pode resultar em segmentos intestinais estenosados com obstrução intestinal parcial ou total A febre aparece em poucos casos, seja pelo processo inflamatório ou pelas complicações como os abcessos e fístulas. A diarreia pode acompanhar o sintoma principal (dor abdominal) e é de intensidade moderada, geralmente intermitente. A perda de peso pode ser o sintoma inicial. A perda de peso pode ser o sintoma inicial da DC. Os mecanismos são vários: redução da ingestão de alimentos, perdas proteicas para o lúmen intestinal, aumento das necessidades alimentares não atendidas, estado de catabolismo. Carla Bertelli – 4° Período ó – Diagnóstico iminentemente clínico • Exames Laboratoriais - com os objetivos de avaliar a atividade, o prognóstico, as manifestações hepáticas ou pancreáticas, os fenômenos disabsortivos, o estado nutricional dos pacientes ou ainda afastar outras doenças. Incluem Exame de Fezes e Exames de Sangue • Exames de Imagem – Raio X simples de Abdome, exame contrastado do esôfago, estomago e duodeno, ultrassonografia e ultrassonografia endorretal e a TC de abdome. • Exames Endoscópicos – Enteroscopia e Colonoscopia • Exame Anatomopatológico Tratamento – Como a DC tem etiologia desconhecida, carece de terapêutica específica. As medidas padronizadas não são curativas e nem alteram a história natural da doença, na maioria dos casos apenas aliviando sintomas e prevenindo complicações Os objetivos do tratamento incluem: • Indução e manutenção da remissão clínica • Promoção da cicatrização da mucosa • Recuperação do estado nutricional • Profilaxia e tratamento das complicações • Diminuição das intervenções cirúrgicas • Promoção da qualidade de vida • Minimização do impacto emocional da doença Medidas gerais são importantes como parar de fumar e uma alteração nutricional. O tratamento clínico para a Doença de Crohn é feito com aminossalicilatos, corticoides, antibióticos, imunossupressores e terapia biológica. – São drogas que induzem a remissão da grande maioria dos pacientes com DC. A sua habilidade em controlar o processo inflamatório intestinal justifica-se pelo efeito sobre o sistema imunológico e a resposta inflamatória. São eficazes para tratamento a curto prazo, sendo ineficientes para prevenir recorrências. Incluem Prednisona, Metilprednisolona ou hidrocortisona. e budesonida. - Os aminossalicilatos constituem a primeira opção para o tratamento da doença de Crohn quando em sua forma leve ou moderada. Seu principal representante utilizado é a Sulfasalazina, que é um 5 – aminossalicilato. Além desse medicamento podemos também citar a mesalazina e a olsalazina, novas apresentações dessa classe de medicações. – São nutrientes que atuam diretamente no sistema imunológico, modulando-o de forma a fortalecer suas defesas e seu funcionamento. - Os antimicrobianos são efetivos em algumas situações, particularmente na doença perianal. São de algum benefício na doença do intestino delgado, Carla Bertelli – 4° Período mas de uso principal na doença dos cólons. Alteram a flora intestinal e diminuem a estimulação antigênica ao sistema imune da mucosa do intestino, sendo usados como tratamento primário ou de infecções intercorrentes. Metronidazol se mostra efetivo Além disso, pode-se usar ó ó (também conhecidas como imunoterapia, podem atacar diretamente as células tumorais ou estimular o sistema imunológico) É uma doença inflamatória que atinge preferencialmente a mucosa do reto e do cólon esquerdo. Trata-se de uma doença crônica com surtos de remissão e exacerbação caracterizada por diarreia e perda de sangue. Surge principalmente em pessoas jovens ou de meia idade, podendo apresentar complicações sistêmicas. Macroscopicamente, a mucosa colônica pode ser levemente avermelhada ou granular, ou apresentar extensas úlceras de base larga. A colite ulcerativa é um distúrbio recorrente, caracterizado por ataques de diarreia sanguinolenta, com material mucoide viscoso, dor abdominal inferior e cólicas que são temporariamente aliviadas pela defecação. Estes sintomas podem persistir por dias, semanas ou meses antes de desaparecerem. O ataque inicial pode, em alguns casos, ser grave o suficiente para constituir uma emergência médica ou cirúrgica. – Tem uma incidência de 3 a 20 novos casos por ano para cada 100.000 habitantes. A doença acomete ambos os sexos, na mesma proporção, embora com tendência de ocorrer mais em mulheres. Há uma distribuição etária bimodal para homens, com picos entre 15 e 35 anos e 60 e 70 anos. Por sua vez, em mulheres, a faixa mais acometida é dos 15 aos 35 anos. - fatores ambientais, genéticos, a flora intestinal e o sistema imune estão envolvidos e funcionalmente integrados na gênese da reação inflamatória crônica que caracteriza as doenças inflamatórias intestinais (DII). Dessa forma, ao que tudo indica, a RCU resulta de uma resposta imunológica exagerada da mucosa do cólon a antígenos luminais, possivelmente microbianos, em indivíduos geneticamente predispostos. çõ í - Os sintomas associados incluem dor abdominal em cólica, urgência, tenesmo e incontinência. Pacientes com doença principalmente distal podem ter constipação acompanhada de descarga frequente de sangue e muco. O início dos sintomas geralmente é gradual e os sintomas são progressivos ao longo de várias semanas. Os sintomas podem ser precedidos por um episódio autolimitado de sangramento retal que ocorreu semanas ou meses antes. A gravidade dos sintomas pode variar de doença leve com quatro ou menos evacuações por dia com ou sem sangue a doença grave com mais de 10 evacuações por dia com cólicas severas e sangramento contínuo Os pacientes podem apresentar sintomas sistêmicos, incluindo febre, fadiga e perda de peso. Os pacientes também podem apresentar dispneia e palpitações devido à anemia secundária à deficiência de ferro por perda sanguínea, anemia de doença crônica ou anemia hemolítica autoimune. A presença e a gravidade dos sintomas sistêmicos dependem da gravidade clínica da doença intestinal. A doença é dividida conforme a sua gravidade em (Pacientes com doença clínica leve têm quatro ou menos evacuações por dia com ou sem sangue, sem sinais de toxicidade sistêmica e velocidade de hemossedimentação (VHS) normal), (Pacientes com doença clínica moderada apresentam fezes soltas e sanguinolentas frequentes (> 4 por dia), anemia leve que não requer transfusões de sangue e dor abdominal que não é grave.) e ( Pacientes com apresentação clínica grave geralmente apresentam fezes soltas e sanguinolentas frequentes (≥6 por dia) com cólicas graves e evidência de toxicidadesistêmica, demonstrada por febre Carla Bertelli – 4° Período çõ – Sangramento grave, colite fulminante e megacólon tóxico e perfuração ó - não existe nenhum marcador patognomônico da doença; desta forma, o diagnóstico é, em geral, feito por meio da avaliação conjunta do quadro clínico, dos achados laboratoriais, radiológicos, endoscópicos e histológicos. Pode ocorrer presença de alterações laboratoriais como nos Marcadores Sorológicos. Avaliação em exames radiológicos (Raio X, enemaopaco) e exames endoscópicos (retossigmoidoscopia) e histopatologia. – O tratamento compreende aminossalicilatos orais e por via retal, corticóides e imunossupressores, e é feito de maneira a tratar a fase aguda e, após, manter a remissão, sendo o maior objetivo reduzir a sintomatologia Antes de tratarmos um paciente com retocolite ulcerativa inespecífica (RCU), é fundamental que conheçamos a gravidade e a extensão da doença, a fim de individualizarmos o tratamento e escolhermos as melhores opções em cada grupo terapêutico. Derivados Salicílicos - Neste grupo de medicamentos, incluímos a tradicional sulfassalazina (SSZ) e os novos derivados salicílicos. Entre os vários mecanismos de ação do 5-ASA, estão a inibição da produção de leucotrienos e de anticorpos, além da capacidade de assimilação de radicais livres. Corticoides - O principal mecanismo de ação anti- inflamatória dos corticoides é o bloqueio duplo da cascata do ácido araquidônico, por meio da indução da lipocortina, que age inibindo a fosfolipase A2 e da inibição das COXs, que possuem papel crucial na mediação da inflamação ao produzir prostaglandinas e prostaciclinas. Envolvem a prednisona, dexametasona, triancinolona, betametasona, beclometasona, flunisolida e fluticasona. Imunomoduladores ou Imunossupressores - Neste grupo de medicamentos, comumente incluímos a azatioprina (AZA) e a 6-mercaptopurina (6-MP), a cloroquina, a ciclosporina e o metotrexato. Mais recentemente, tacrolimus (FK 506) e micofenolatomofetila têm sido testados. Os imunossupressores são usados para suprimir rejeição em receptores de transplante de órgãos e para tratar uma variedade de doenças inflamatórias e imunopatias. KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N; ASTER, J.C. Robbins e Cotran, Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Dani R. Gastroenterologia essencial. 4. ed. Rio de Janeiro (RJ): Editora Guanabara Koogan, 2011. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/imunossupressores.htm Carla Bertelli – 4° Período
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