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Khilver Doanne Sousa Soares Dengue Dengue Caracteriza-se como uma doença infecciosa febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna, na maioria dos casos, podendo apresentar duas formas clínicas: Dengue Clássica e Febre Hemorrágica da Dengue/Síndrome do Choque da Dengue É causada por quatro sorotipos do vírus dengue (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4). A transmissão dos vírus da dengue se dá pela picada das fêmeas do mosquito do gênero Aedes aegypti. Procria em recipientes peridomiciliares contendo água limpa. O Aedes aegypti apresenta um ciclo de vida de 45 a 60 dias, da fase de ovo até a sua morte na fase de mosquito, a qual dura de 36 a 47 dias. O mosquito adquire a infecção ingerindo sangue de hospedeiro virêmico. Logo o vírus se multiplica nas glândulas salivares do inseto. Uma ou duas semanas é o tempo necessário para que o inseto se torne infectante para humanos e mantém esse poder infectante até o fim de sua vida. Obs.: outras espécies de mosquito podem transmitir a flavivirose, o Aedes albopictus e as espécies do complexo Aedes scutellaris. A patogênese da dengue hemorrágica não está totalmente elucidada. Estão implicadas ação lesiva direta do microrganismo e resposta imunitária exacerbada do hospedeiro contra antígenos virais presentes na superfície das células infectadas. Obs.: não há evidências consistentes de que idade, gênero, estado nutricional ou raça possam modular a apresentação da doença. Halsted (1970) propôs uma teoria que é hoje universalmente aceita para explicar a imunopatogênese da forma grave; é a teoria de infecções sequenciais, também conhecida como hipótese da exacerbação imunitária. Segundo ela, a primeira infecção causada por um sorotipo do vírus gera o aparecimento de anticorpos neutralizantes capazes de reação cruzada com outros sorotipos. Quando ocorre uma segunda infecção com um sorotipo heterólogo, aumenta o risco de se desenvolver doença mais grave, pois anticorpos heterólogos preexistentes reconhecem o segundo sorotipo viral, formando, com ele, imunocomplexos; estes acoplam-se a receptores FC na membrana celular de macrófagos, invadindo posteriormente essas células. Como os anticorpos são heterólogos, o vírus não é neutralizado, passando a replicar-se livremente no meio intracelular. Este fenômeno é conhecido como exacerbação mediada por anticorpos, porque as imunoglobulinas facilitam a entrada do vírus nas células mononucleadas; estas tornam-se ativadas e passam a produzir citocinas e mediadores da inflamação Aproximadamente dois terços da população mundial vivem em zonas infestadas por mosquitos transmissores da virose (à exceção da Europa continental) e sua maior incidência atualmente é em países asiáticos e nas Américas. Epidemias de dengue clássica e grave têm sido descritas desde o século 19, no entanto a doença reapareceu nas Américas se deu em 1963. Na atualidade, quase todos os municípios do país se encontram infestados pelo Aedes aegypti. Diagnósticos Laboratoriais Hemograma. Configura-se como o primeiro e principal exame inespecífico, mostrando leucopenia, por vezes intensa, com contagens inferiores a 2,0x109/l leucócitos; neutropenia com presença de linfócitos atípicos e trombocitopenia, com valores abaixo de 100x109/lplaquetas. Através do hemograma, observa-se uma neutropenia com linfocitose atípica e trombocitopenia, enquanto, na bioquímica as alterações enzimáticas hepáticas apresentam- se elevadas, sendo que em alguns pacientes o acometimento hepático pode ser fatal”. Sorologia. O diagnóstico da dengue clássica baseia-se no encontro de anticorpos IgM contra o vírus, por técnicas imunoenzimáticas (MAC- ELISA). A identificação do sorotipo requer isolamento viral em cultura de células do mosquito. Novas tecnologias (PCR, hibridação molecular) vêm sendo utilizadas para o diagnóstico, inclusive em tecidos. método mais recomendado em virtude de detectar infecções atuais ou recentes, baseando-se na detecção de imunoglobulina M (IgM) para o vírus. Obs.: A detecção dos anticorpos IgM do vírus da dengue é de extrema importância para o diagnóstico de casos suspeitos. Os anticorpos da classe IgM podem ser detectados a partir do sexto dia do início dos sintomas Obs.: As imunoglobulinas IgG aparecem um ou dois dias após as IgM, e geralmente permanecem em níveis detectáveis pelo resto da vida, conferindo imunidade permanente para o sorotipo específico NS1. O teste NS1 permite a detecção qualitativa da proteína NS1 do vírus da dengue no soro ou no plasma humano. É um teste descartável, que utiliza imunocromatografia de fluxo lateral. Prova do Laço. a prova de laço é realizada da seguinte maneira: desenha-se no antebraço do paciente um quadrado com 2,5 cm de lado; em seguida verifica-se a pressão arterial do paciente e calcula-se o valor médio (pressão arterial sistólica + pressão arterial diastólica dividido por dois). Logo em seguida o manguito deve ser insuflado até o valor médio e mantido por cinco minutos. Posteriormente a este período, realiza- se a contagem de petéquias que apareceram no quadrado desenhado. Se ocorrer o surgimento de vinte petéquias ou mais, considera-se como positiva a prova de laço. Critérios e Procedimentos Clínico- Epidemiológicos. Com o intuito de diminuir o tempo de diagnóstico da doença o Ministério da Saúde, com base no exame físico inicial, propõe que todo paciente com suspeita de dengue deve ser dividido em quatro grupos de A a D: A. Casos suspeitos de dengue com prova do laço negativa, sem manifestações hemorrágicas espontâneas e sem sinais de alarme. Neste grupo recomenda-se a coleta de hemograma, que deve ser feita no mesmo dia e o resultado poderá ser analisado pelos profissionais em até 24 horas; B. Casos suspeitos de dengue com prova de laço positiva ou manifestações hemorrágicas espontâneas, sem Khilver Doanne Sousa Soares repercussões hemodinâmicas e sinais de alarme ausentes. Neste grupo recomenda- se a coleta de hemograma, que deve ser feita de imediato; C. Casos suspeitos de dengue com presença de algum sinal de alarme, podendo as manifestações hemorrágicas estarem presentes ou ausentes. Nesse grupo constitui-se como procedimento obrigatório a coleta de hemograma e de tipagem sanguínea, dosagem de albumina sérica e radiografia de tórax. Outros exames podem ser avaliados conforme a necessidade, como glicose, ureia, creatinina, eletrólitos, transaminases, gasometria arterial, ultrassonografia de abdome e de tórax. Os pacientes deverão permanecer sob supervisão médica por um período mínimo de 24 horas. Deve ser iniciada imediatamente a hidratação endovenosa; D. Casos suspeitos de dengue apresentando pressão arterial convergente, hipotensão arterial ou choque e manifestações hemorrágicas presentes ou ausentes. Os exames laboratoriais são os mesmos indicados aos pacientes do grupo C, devendo os pacientes permanecer sob cuidados médicos por no mínimo 24 horas. Deve-se iniciar hidratação parenteral com solução salina isotônica (20ml/Kg em até 20 minutos) imediatamente e, caso considerado necessário, deve ser repetido por até três vezes. Deve ser feita reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e colhido hematócrito após 2 horas do início do tratamento. (1) rápida urbanização sem adequado planejamento; (2) crescimento da população; (3) aumento de viagens aéreas internacionais, propiciando transporte de pessoas doentes e mosquitos entre vários centros populacionais; (4) infraestrutura de saúde pública insuficiente na maioria dos países latinoamericanos. Os sinais e sintomas clínicos de suspeita de dengue são: - Febre, geralmente alta – em torno de 40ºC, que dura de 4 a 7 dias; - Indisposição e dores musculares; - Fortes dores de cabeça e atrás dos olhos; - Manchas vermelhas por todo corpo; - Náusea e vômitos; - Hepatomegalia dolorosa. Uma das manifestações mais comuns é a dengue clássica, que se apresentacom febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada a cefaléia, prostração, mialgia, artralgia, dor retroorbitária, exantema maculopapular acompanhado ou não de prurido. Anorexia, náuseas, vômitos e diarréia podem ser observados. Obs.: O vírus se desenvolve e apresenta a sintomatologia da doença apenas no ser humano. A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. Outra forma clínica observada é a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) / Síndrome do Choque do Dengue (SCD), a qual apresenta os mesmos sintomas iniciais da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas, derrames cavitários, instabilidade hemodinâmica e choque. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória. A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração. Nos casos graves de FHD/SCD, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia de doença, precedido por um ou mais sinais de alerta. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência circulatória. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia anti choque apropriada. Referências PASCHOALATO, Adriana Balbina Paoliello. et. al. Sorologia e Avaliação Clínica: Correlação no Diagnóstico da Dengue. Cuidarte Enfermagem. São Paulo, v.11, n.1, p.72-77, 2017. CORREIA, Rodolfo Patussi. Diagnóstico Laboratorial da Dengue. Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto. São Paulo, 2008. BIASSOTI, Amabile Visioti; ORTIZ, Mariana Aparecida Lopes. Diagnóstico Laboratorial da Dengue. Revista UNINGÁ Review. Maringá, v.29, n.1, p.122-126, 2017. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________
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