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1 Khilver Doanne Sousa Soares Clínica Cirúrgica Desde o advento da anestesia, fica claro o avanço das técnicas operatórias, tornando-se cada vez mais refinadas, tanto em seres humanos quanto em cirurgias experimentais. Os tipos de anestesia podem ser classificados em geral, regional e local. A escolha depende muito procedimento que será realizado e das condições do paciente. Anestesia geral Anestesia local Anestesia peridural anestesia raquidiana Vias de Administração Algumas vias de administração necessitam da utilização de agulhas, o que as tornam traumáticas, sendo estas: ✓ Endovenosa: que consiste na aplicação da droga diretamente na veia. Possui como vantagens a obtenção rápida do efeito desejado, a possibilidade de administração de grandes volumes e de agentes irritantes, quando diluídos. ✓ Intramuscular: que ocorre com a aplicação de anestésico em músculo de volume adequado; Apresenta como vantagens a possibilidade de administração de volumes relativamente grandes de veículos oleosos, aquosos e suspensões. No entanto, deve-se ter cuidado com lesões musculares que podem ocorrer como consequência da administração de substâncias irritantes ou com pH muito diferente do tecido. Normalmente, as injeções intramusculares nos animais são realizadas nos músculos da coxa. ✓ Intradérmica: Na via intradérmica há a aplicação de cerca de 1,5 ml de líquidos nas camadas mais superficiais da pele. Esta via é muito utilizada em testes de hipersensibilidade e para a aplicação de Lidocaína antes de um procedimento cirúrgico ambulatorial ou punção venosa. O ângulo de aplicação varia de 10 a 15 graus, preferencialmente em áreas com pouca pilosidade, como a parte ventral do antebraço. ✓ Subcutânea: a via subcutânea é empregada quando se deseja que o agente seja absorvido de forma mais lenta. Na anestesia, essa via é utilizada apenas para a administração de determinados fármacos, como a morfina, para a analgesia pós-operatória ou medicação pré- anestésica. ✓ Intraperitoneal: na qual a droga é injetada na cavidade peritoneal. Muito empregada em animais de laboratório devido à maior dificuldade de se estabelecer o acesso venoso e permitir a administração de grandes volumes de solução. ✓ Gavagem: requerida na medicação pré- anestésica ou para animais indóceis que não permitam outras vias de aplicação. Apresenta efeito desejado demorado, em uma ou duas horas. ✓ Tópica: relacionada a anestesias de superfície com cremes, pomadas ou sprays de anestésicos locais em grandes concentrações e com rápida absorção. ✓ Espinal: utilizada frequentemente na anestesia peridural e na subaracnóidea. ✓ Intracerebral: perfura diretamente o crânio do animal. O local de administração é entre o olho e a orelha do animal. O limite de volume injetado é 0,03ml por local de administração. 2 Khilver Doanne Sousa Soares ✓ Intranasal: animal previamente sedado. A ponta da pipeta deve ser colocada nas narinas externas e a solução precisa ser passada de forma lenta, O limite de volume injetado é 0,02ml por local de administração. ------------------------------------- Os mecanismos básicos da anestesia local, regional e geral, respectivamente. 1. No local exato onde a dor está ocorrendo, através do bloqueio dos receptores presentes na pele 2. Na medula espinhal bloqueando o sinal doloroso e impedindo que o mesmo continue seu trajeto chegando ao cérebro 3. No cérebro, impedindo que o mesmo reconheça os sinais dolorosos que chegam Fase pré-anestésica= ansiolíticos sedativos (midazolam / diazepam) Indução: início da inconsciência Bloqueio neuromuscular= succinil colina / pancurônio..., Manutenção: ajuste de drogas com parâmetros clínicos Recuperação: retorno gradativo com suspensão das drogas anestésicas e infusão de outras para evitar cessar efeitos (neostigmina x bloqueio muscular x acetil colina) A anestesia geral causa: 1. Insensibilidade à dor 2. Perda de reflexos 3. Amnesia completa de tudo o que acontece durante o procedimento cirúrgico 4. Relaxamento muscular esquelético 5. Perda de consciência Efeitos adversos: depressão respiratória, apneia, rigidez muscular, visão embaçada e alterações de humor, entre outros. Anestésicos inalatórios Protoxido de nitrogênio ou Óxido Nitroso: gás anestésico que tem sido utilizado por mais de 160 anos para a indução e manutenção da anestesia em pacientes durante uma cirurgia. É conhecido também como "gás do riso" Halotano: indicado para indução e manutenção de anestesia geral; aconselha-se como pré-medicação um hipno-analgésico leve, mas sempre acompanhado de atropina; O relaxamento muscular obtido apenas com Halotano é suficiente para muitas cirurgias, porém, quando necessário, pode ser suplementado com relaxantes musculares Isoflurano: indicado na indução e manutenção da anestesia geral; Barbitúricos de curta ação ou outros agentes indutores intravenosos são geralmente administrados, seguidos pela inalação de mistura de Isoflurano Desflurano: O Desflurano é indicado como agente inalatório para a indução e/ou manutenção anestésica para cirurgias ambulatoriais ou hospitalares em adultos Sevoflurano: para uso em anestesia geral inalatória, por meio de vaporização. É um derivado do éter metil isopropílico; Anestésicos intravenosos Tiopental sódico: O Tiopental Sódico é um barbitúrico de curta duração indicado para a indução da anestesia geral. É também indicado como auxiliar em anestesia regional e no controle de convulsões. Também usado como hipnótico na anestesia balanceada. Propofol: é indicado para indução e manutenção de anestesia geral em procedimentos cirúrgicos. Isto significa que propofol faz com que o paciente fique inconsciente (adormecido) ou sedado durante operações cirúrgicas ou outros procedimentos; intravenoso de curta ação; início de ação de, aproximadamente, 30 segundos Etomidato: o é um hipnótico intravenoso de ação curta, indicado para a indução da 3 Khilver Doanne Sousa Soares anestesia geral. Esta pode ser mantida sem a associação com anestésicos inalatórios (anestesia inteiramente intravenosa), ou com a participação destes em proporções bastante limitadas; indicado para intervenções de curta duração (menos de 10 minutos), procedimentos diagnósticos e intervenções realizadas em ambulatório, quando se deseja recuperação rápida com boas condições de orientação, deambulação e equilíbrio. Ketamina: Ketamin é indicado como anestésico único em intervenções diagnósticas e cirúrgicas que não necessitem de relaxamento muscular; também é indicado como adjuvante anestésico para complementar a anestesia com outros agentes de baixa potência como, por exemplo, o óxido nitroso; intravenosa ou intramuscular _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Peridural x Raquidiana Raquidiana Para realizar a anestesia raquidiana, uma agulha de pequeno calibre é inserida nas costas, de modo a atingir o espaço subaracnoide, dentro da coluna espinhal. Em seguida, um anestésico é injetado dentro do líquido espinhal (líquor), produzindo dormência temporária e relaxamento muscular. A presença do anestésico dentro da coluna espinhal bloqueia os nervos que passam pela coluna lombar, fazendo com que estímulos dolorosos vindos dos membros inferiores e do abdômen não consigam chegar ao cérebro. A raquianestesia é muito usada para procedimentosortopédicos de membros inferiores e para cesarianas. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Peridural A anestesia peridural é muito semelhante a anestesia raquidiana, porém há algumas diferenças: 1. Na anestesia peridural o anestésico é injetado na região peridural, que fica ao redor do canal espinhal, e não 4 Khilver Doanne Sousa Soares propriamente dentro, como no caso da raquianestesia. 2. Na anestesia peridural, o anestésico é injeto por um cateter, que é implantado no espaço peridural. Enquanto na raquianestesia o anestésico é administrado por uma agulha uma única vez, na peridural o anestésico fica sendo administrado constantemente através do cateter. 3. A anestesia peridural pode continuar a ser administrada no pós-operatório para controle da dor nas primeiras horas após a cirurgia. Basta manter a infusão de analgésicos pelo cateter. 4. A quantidade de anestésicos administrados é bem menor na raquidiana. A anestesia peridural é comumente usada durante o parto normal. A complicação mais comum das anestesias raquidianas e peridurais é a dor de cabeça, que ocorre quando há extravasamento de líquor pelo furo feito pela agulha no canal espinhal. Essa perda de líquido provoca uma redução da pressão do líquor ao redor de todo o sistema nervosos central, sendo esta a causa da dor de cabeça. EPIDURAL = PERIDURAL _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Anestésicos Locais A anestesia local é o procedimento anestésico mais comum, sendo usado para bloquear a dor em pequenas regiões do corpo, habitualmente na pele. Ao contrário das anestesias geral e regional, que devem ser administradas por um anestesiologista, a anestesia local é usada por quase todas as especialidades. Faz o bloqueio reversível da condução nervosa sem perda da consciência. Lidocaína Bupivacaína Mepivacaína, etc. Associada a vasoconstritor reduz sangramento e aumenta a duração Carrinho do Anestesista Ventilador Monitor cardíaco Oxímetro Capnógrafo Esfigmomanômetro Sistema para oxigênio / gases anestésicos Tempos Cirúrgicos Para um procedimento cirúrgico ocorrer com segurança existem os tempos cirúrgicos e o instrumentador deve conhecer bem esses 5 Khilver Doanne Sousa Soares tempos para que possa trabalhar em conjunto com o cirurgião. Os tempos cirúrgicos são a diérese, hemostasia, exérese e a síntese. DIÉRESE. É o rompimento da continuidade dos tecidos, ou planos anatômicos, para atingir uma região ou órgão. Classificada em mecânica ou física. É a separação dos tecidos, realizada por meio de intervenções manuais, com diferentes tipos, de acordo com o tecido a ser separado, ou seja, a pele, a aponeurose, o músculo e dos órgãos específicos. Pode-se ainda dizer que é o nome dado ao processo de divisão dos tecidos que possibilita o acesso à região a ser operada pelo médico cirurgião. Consiste na primeira etapa da cirurgia, sendo seguida pela hemostasia e síntese. HEMOSTASIA. A hemostasia deve sempre ser alcançada a fim de se evitar complicações da ferida cirúrgica e também da redução da visão do cirurgião durante o ato cirúrgico propriamente dito. Pode ser definida como o processo que consiste em impedir, deter ou prevenir o sangramento. Deve ser feito simultâneo ou individualmente por meio de pinçamento e ligadura de vasos, eletrocoagulação ou compressão. A hemostasia começa antes da cirurgia, quando se realiza no pré-operatório imediato e no momento em que são solicitados exames de tempo de coagulação e dosagem de protrombina. Na hemostasia há início uma reação em cascata ou cadeia que na presença de íons cálcio, culminando na conversão da proteína plasmática protrombina e enzima ativa trombina. A trombina, por sua vez, converte o fibrinogênio em fibrina, que forma uma rede de filamentos que retém plaquetas, células sanguíneas e plasma, formando o coágulo. A hemostasia pode ser classificada em: Preventiva Urgência Curativa Medicamentosa Cirúrgica Hemostasia cirúrgica é realizada com a finalidade de interromper a circulação durante o ato operatório, temporária ou definitiva. Hemostasia curativa procedimento realizado durante o procedimento cirúrgico Hemostasia medicamentosa as drogas diminuem o sangramento por vasoconstrição SÍNTESE. Tem o objetivo de auxiliar a cicatrização cirúrgica. É a união de tecidos, que será mais perfeita quanto mais anatômica for a separação, para facilitar o processo de cicatrização e restabelecer a continuidade tecidual por primeira intenção. Ou ainda pode-se dizer que é uma das etapas do processo cirúrgico no qual ocorre a reaproximação das extremidades dos tecidos seccionados ou ressecados com a posterior sutura. É realizada com o uso de agulhas, pinças e fios. O instrumental cirúrgico deve ser utilizado para se cumprir os tempos fundamentais da cirurgia e os tempos especiais que alguns procedimentos necessitam. Para isso, devemos contar com instrumentos dos mais diversos gêneros, tamanhos e formatos que podem ser, geralmente, classificados como de hemostasia, de diérese e afastamento e também de síntese. EXÉRESE. Exérese é uma manobra cirúrgica utilizada para retirar uma parte ou a totalidade de um órgão ou tecido visando objetivos terapêuticos. É o ato cirúrgico propriamente dito. É um dos tempos cirúrgicos caracterizado pela extração de tecidos prejudiciais ao organismo humano (tumor, cálculo renal, órgão doente, etc.).
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