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Fisiopatologia - Cefaleias

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Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 
7° fase Medicina | 2022.2 
Fisiopatologia 
UCXX 
Cefaleia
A Cefaleia é responsável por grande parte das consultas nas 
unidades de saúde e está associada a um alto impacto 
socioeconômico, perda da produtividade no trabalho e diminuição 
da qualidade de vida. Na maioria dos casos, não está relacionada a 
outras condições clinicas e, quando presentes, costumam ser 
condições simples, como infecções de vias aéreas e distúrbio da 
articulação temporo-mandibular. Ainda, a cefaleia pode estar 
relacionada a eventos mais graves, como hemorragia ou lesão 
expansiva (minoria dos casos) 
Classificação 
A Sociedade Internacional de Dor de Cabeça propõe a classificação 
internacional das cefaleias denominada International Headache 
Classification (ICHD-2): 
 Primárias: não há outra condição clinica subjacente à dor 
 Secundárias: a dor pode ser atribuída como consequência de 
outra condição clinica 
*Pelo tempo de duração: episódicas (<15d/mês) ou crônicas 
(>15d/mês) 
Cefaleias primárias 
As principais estruturas envolvidas na cefaleia primária parecem 
ser: 
 Os grandes vasos intracranianos e a dura-máter 
 Os terminais periféricos do nervo trigêmeo 
 A parte caudal do núcleo trigeminal (complexo 
trigemiocervical) 
 Regiões rostrais de processamento da dor (tálamo 
ventropóstero-lateral e o córtex) 
 Os sistemas moduladores da dor no cérebro que modulam 
impulsos dos nociceptores trigemiais em todos os níveis de 
vias de processamento da dor. 
Há ainda alterações de canais de Ca voltagem dependentes. 
As cefaleias primárias são as mais prevalentes. Podem ser 
classificadas como: 
 Cefaleia tensional 
 Enxaqueca 
 Cefaleia em salvas 
 Hemicrania paroxística 
 Hemicrania continua 
Dentro deste grupo, a cefaleia tipo tensão e a enxaqueca 
(migrânea) são as mais comuns. 
Cefaleia tensional 
A cefaleia tensional se manifesta ao final de um dia cheio ou um 
período estressante, e pode persistir de maneira mais ou menos 
continua por muitos dias. É tipicamente leve a moderada, 
permitindo ao indivíduo continuar com suas atividades normais. 
 A dor ocorre desacompanhada de auras, enjoo, vômitos e 
outros sintomas comuns da enxaqueca. É referida também na 
pele. 
 A atividade física não interfere na dor e surge geralmente no 
entardecer. 
 Geralmente o pico de idade é aos 40 anos. 
 Tem como gatilhos o estresse, privação de sono, dor muscular, 
cansaço. 
 A dor é caracterizada por desconforto bilateral. 
 Pode ser na região occipital, frontal ou holocraniana. 
 Ainda, a cefaleia tensional pode cursar com dor na nuca, nos 
músculos dos ombros e das costas 
Fisiopatologia: ainda não foi completamente compreendida. As 
teorias apontam para que seja causada por um distúrbio primário 
da modulação da dor no SNC isoladamente. 
Critérios diagnósticos: 
 Cefaleia tem pelo menos duas das seguintes características: 
o Localização bilateral 
o Caráter em pressão/aperto (não pulsátil) 
o Intensidade fraca a moderada 
o Não é agravada por atividades físicas rotineiras como 
caminhar ou subir escadas. 
 Ambos os seguintes 
o Ausência de náusea ou vômitos (anorexia pode ocorrer) 
o Fotofobia ou fonofobia (apenas uma delas pode estar 
presente) 
 Não atribuída a outros transtornos 
Tipos 
 Cefaleia tensional episódica: Representa um problema 
temporário, provavelmente em resposta a algum evento 
desencadeante específico. Por definição, a cefaleia do tipo 
tensional episódica pode durar de meia hora a 7 dias. 
Geralmente, esse tipo de dor responde bem a um simples 
analgésico, sono, ou simplesmente a um período de 
relaxamento. 
 Cefaleia tensional crônica: Representa um problema mais 
duradouro, indo além de 7 dias. Pode ocorrer todos os dias, 
por tempo indeterminado. Geralmente, a pessoa acorda com 
a dor, ou começa a senti-la ainda pela manhã 
Enxaqueca 
 80% têm histórico familiar 
Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 
7° fase Medicina | 2022.2 
 Tem prevalência de 15% na população, sendo mais frequente 
em mulheres e tem como pico de idade de 30 a 50 anos. 
 75% dos pacientes evoluem sem aura. 
 Em geral, é uma cefaleia episódica associada a determinadas 
manifestações, como sensibilidade a luz, som ou movimento; 
náuseas e vômitos. 
A cefaleia muitas vezes é reconhecida por seus ativadores, 
chamados de gatilhos: claridade, luzes brilhantes, barulho ou 
outros estímulos aferentes, fome, excesso de estresse; esforço 
físico, mudanças de pressão barométrica, oscilações hormonais, 
ausência ou excesso de sono, álcool ou outros estímulos químicos 
Fisiopatologia: ativação de células no núcleo caudal trigeminal e 
liberação de neuropetídeos vasoativos como o peptídeo 
relacionado com o gene da calcitonina (CGRP), tanto dentro do 
núcleo quanto terminações vasculares do nervo trigêmeo 
 Peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGPR): 
potente vasodilatador peptídico e pode atuar na transmissão 
da nocicepção 
o O CGRP pode ser produzido em neurônios periféricos ou 
centrais. 
o O CGRP medeia seus efeitos através de um receptor 
heteromérico composto por um receptor, acoplado à 
proteína G, denominado recepetor tipo receptor de 
calcitonina (CRL) e por uma proteína modificadora da 
atividade do receptor (RAMP1). 
o Os receptores CGRP são encontrados em todo o corpo, 
sugerindo que a proteína pode modular uma variedade 
de funções fisiológicas em todos os principais sistemas 
(respiratório, endócrino, gastrointestinal, imunológico e 
cardiovascular 
o O CGRP induz vasodilatação e aumento da 
permeabilidade vascular → Há extravasamento de 
proteínas e ativação plaquetária → Inflamação 
neurogênica estéril. 
o Sugere-se também que um aumento da 
concentração do CGPR levaria a outras 
manifestações clinicas, além de um aumento na 
sensibilidade cerebral a estímulos dolorosos. Essas 
manifestações incluem Náusea, Fotofobia e 
Fonofobia 
o As flutuações cíclicas dos hormônios ovarianos 
(principalmente o estrogênio) modulam o CGRP (que 
levaria a um aumento na sensibilidade cerebral a 
estímulos dolorosos no sistema trigeminovascular 
periférico e central) → o que poderia explicar a relação 
das flutuações hormonais com a enxaqueca nas 
mulheres 
 O nervo trigêmeo: é o quinto (V) par de nervos cranianos. É 
assim chamado por possuir três ramos: o nervo oftálmico, o 
nervo maxilar, e o nervo mandibular. É um nervo com função 
mista (motora e sensitiva), porém há o predomínio de função 
sensitiva. 
 Serotonina: está diminuída nas crises de enxaqueca, o que 
pode levar à: 
o Vasodilatação 
o Liberação de substâncias chamadas neuropeptídeos 
(Substância P – SP, e do Peptídeo relacionado com o 
gene da calcitonina - CGRP) pelo nervo trigêmeo, 
desencadeando todas as mudanças cerebrais e 
neurovasculares que ocorrem na enxaqueca 
o Os receptores de serotononina mais relevantes para o 
desencadeamento da enxaqueca são HT1B e HT1D. O 
receptor HT1B está localizado na parede vascular e tem 
atividade vasoconstritora. O receptor HT1D tem 
atividade anti-inflamação neurogênica 
o Os receptores de serotonina (HT1B e HT1D) estão 
localizados no córtex frontal, córtex visual, núcleo do 
trato solitário, núcleo espinhoso do trigêmeo e núcleos 
da rafe. As projeções da rafe dorsal terminam em 
artérias cerebrais e alteram o fluxo sanguíneo cerebral. 
Além disso, esse núcleo também faz projeção para 
neurônios de processamento visual → isto explica as 
características circulatórias e visuais da enxaqueca. 
 Dopamina: há hipersensibilidade dos receptores da dopamina 
nos que sofrem de enxaqueca. A maior parte dos sintomas de 
enxaqueca pode ser induzida por estimulação dopaminérgica. 
 Genes: identificados por estudos de famílias com enxaqueca 
hemiplégica familiar (EHF), revelam envolvimento de canais 
iônicos, sugerindo que alterações na excitabilidade da 
membrana podem predispor à enxaqueca. 
Critérios diagnósticos da ENXAQUECA SEM AURA: 
 Pelo menos cinco crises preenchendoos critérios de B a D 
 Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com 
tratamento ineficaz) 
 Cefaleia preenche ao menos duas das seguintes 
características: 
o Localização unilateral 
o Caráter pulsátil 
o Intensidade moderada ou forte 
o Exacerbada por, ou levando o individuo a evitar 
atividades físicas rotineiras 
 Durante a cefaleia, pelo menos um dos seguintes sintomas: 
o Náusea e/ou vômitos 
o Fotofobia e fonofobia 
 Não atribuída a outro transtorno 
Critérios diagnósticos da ENXAQUECA COM AURA: 
 Pelo menos duas crises que preenchem os critérios de B a D 
 Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes: 
o Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo 
características positivas (p. ex., luzes tremulantes, 
manchas ou linhas) e/ou características negativas (p. ex., 
perda visual) 
o Sintomas sensitivos completamente reversíveis, 
incluindo características positivas (p. ex.,formigamento) 
e/ou características negativas (p. ex., adormecimento) 
o Alteração da linguagem (afasia) completamente 
reversível 
 Pelo menos dois dos seguintes sintomas: 
o Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos 
unilaterais; 
o Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se 
gradualmente em ≥ 5 minutos e/ou diferentes sintomas 
de aura ocorrem em sucessão em ≥ 5 minutos; 
o Cada sintoma dura ≥ 5 minutos e ≤ 60 minutos. 
 Cefaleia preenchendo critérios de B a D para Migrânea sem 
aura 
 Não atribuída a outro transtorno 
Cefaleia em salvas 
Dor intensa de localização orbitária, supraorbitária e/ou temporal, 
unilateral, com duração de 15 minutos a 3 horas. As crises têm uma 
frequência variável, podendo ocorrer uma a cada dois dias ou até 
mesmo oito crises por dia, apresentando ritmicidade e ocorrência 
noturna. Os episódios de dor ocorrem em séries que duram 
semanas a meses, separados por períodos de remissão. 
 Sinais autonômicos: miose, edema palpebral, lacrimejamento 
e hiperemia conjuntival, congestão nasal e rinorreia, ptose 
palpebral, sudorese frontal e flushing (rubor facial). 
Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 
7° fase Medicina | 2022.2 
 Está presente também, inquietude motora ou cansaço 
Fisiopatologia: 
 Parece haver uma predisposição genética 
 Estudo de imagem mostram ativação do hipotálamo posterior 
inferior no inicio deste tipo de cefaleia e outras cifalgias 
trigêminoautonômicas. 
 O sono alterado e o uso de bebidas alcoólicas são 
reconhecidos fatores desencadeadores de crises. 
 Acredita-se que esta dor tenha sua origem no hipotálamo e 
que possa ser desencadeada por uso de álcool e nitratos. Além 
disso, alguns estudos sugerem relação com TCE e com 
tabagismo, porém não existe confirmação. 
 A teoria mais aceita postula sobre a cefaleia ser originada 
através da ativação hipotalâmica com ativação secundária do 
reflexo trigeminoautonômico pela via que liga ambos. 
 Outra teoria diz que a inflamação neurogênica da parede do 
seio cavernoso causa injúria em fibras simpáticas. 
Hemicrania paroxística 
A dor é extremamente severa, unilateral (sempre do mesmo lado), 
mais localizada na distribuição trigeminal especialmente as regiões 
temporal, orbital ou retro orbital. Essa cefaleia inicia-se mais na 
idade adulta apresentando duas formas: uma crônica e uma 
episódica. 
Pacientes com cefaleia hemicrania paroxística crônica podem 
apresentar dores diariamente por mais de um ano ao passo que na 
forma episódica podem apresentar remissão por meses até anos. 
Na maioria dos casos as crises aparecem espontaneamente mas 
existem descrições de que movimentos cervicais, exercícios, álcool 
e estresse podem ser fatores desencadeantes. 
Hemicrania contínua 
É definida como uma cefaleia crônica primária. Pouco conhecida, 
se caracteriza por dor unilateral incessante, moderada, mas com 
picos de dor intensa, que acomete o paciente diariamente 
Cefaleias secundárias 
As cefaleias classificadas como secundárias são menos frequentes. 
Apenas 1% das cefaleias atendidas pelos centros de saúde da 
Atenção Básica são causadas por patologia intracraniana 
subjacente como: 
 Tumores 
 Aumento da pressão intracraniana 
 Doença sinusal 
 AVE; hemorragia subaracnóidea 
 Má formação vascular e ruptura de aneurismas 
 Infecções do SNC como meningite 
 Pós-traumatismo crânio encefálico

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