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Fibromialgia e Síndrome Dolorosa Central

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SÍNDROMES DOLOROSAS CENTRAIS 
O que é a dor? “Uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante 
àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. 
 
 
Anatomia e fisiologia da dor - 2 tipos de nociceptores 
• Mecanorreceptores de limiar alto: respondem à deformação mecânica 
• Nociceptores polimodais: respondem a uma variedade de estímulos (íons H2, 5-HT, citocinas, 
bradicininas, histamina, PGs e LTs 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vias de dor 
Tratos ascendentes 
• 2° neurônios para centros mais altos 
(tálamo) 
• Feixes espinotâlamico e espinoreticular 
 
Tratos descendentes 
• Papel na modulação da dor 
• Noradrenalina e Serotonina (5- 
hidroxitriptamina = 5-HT) 
• Partem da substância cinzenta periductal e 
núcleo magno da rafe (este é rico em 5-HT) 
 
Síndrome de dor generalizada - 
Características 
• Hiperalgesia, Alodinia. 
• Alteração do processamento sensorial da dor no SNC (córtex somatossensorial 
e ínsula). 
• Sintomas não dor: fadiga, memória, sono e humor 
• Sem resposta a medicamentos para dor aguda e dor por dano ou inflamação 
tecidual (AINEs, opioides, injeções ou procedimentos cirúrgicos) 
• Dor nos 4 quadrantes e que envolve esqueleto axial 
 
FIBROMIALGIA 
A fibromialgia (FM) é uma síndrome 
dolorosa crônica, caracterizada principalmente 
por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, 
distúrbios do sono e distúrbios cognitivos. 
Frequentemente associa-se com outras 
síndromes funcionais, como intestino irritável, 
migrânea etc. “Rótulos” 
• Dores crônicas sem mecanismo causal 
subjacente: lombalgia mecânica, 
cefaleia, disfunção de ATM… 
• Dores que podem ou não estar 
relacionadas a causa da dor: 
endometriose, síndrome facetaria. 
• “Está tudo na cabeça”: transtorno de 
somatização 
A FM apresenta prevalência alta; é a 2° doença reumática mais frequentem (1°é AO) A FM 
acomete mais mulheres, com idade de início variando entre 25 e 65 anos, pode acometer qualquer idade. 
Geralmente começa com dor locorregional que se generaliza. Prevalência dor musculoesquelética crônica 
30%. Geralmente existe história familiar de dor crônica. Parentes de 1° grau com FM tem 8,5x-13,6x mais 
chance de FM que controles. ~30% obterá melhora de 50% na dor com tratamento. 
Genética 
• Parentes de 1° grau 8x mais risco 
• Parentes têm maior risco de DII, desordens ATM, cefaleia e sd de 
dor regional 
• Polimorfismos de genes do metabolismo e quebra de 
neurotransmissores 
• Polimorfismos de nucleotídeo único (SNP): SLC6A4 (gene 
transportador de serotonina), catechol-o-methyltransferase 
(COMT) (enzima que degrada dopamina, norepinefrina e 
epinefrina)… 
• Epigenética: modula função do genoma e fenótipo sem alterar sequência de DNA 
Fatores ambientais e estressores 
• Infecção por EBV, parvovírus B19, brucelose e Lyme 
• Trauma físico (coluna) 
• Mais comum em pessoas com dor periférica: AR, EpA, hipermobilidade 
• Estressores psicológicos: trauma na infância e abuso, guerra, eventos catastróficos e 
persecutórios 
Doenças psiquiátricas 
• Depressão, ansiedade, TOC, transtorno de estresse pós-traumático são mais comuns 
• Gatilhos comuns entre FM e doenças psiquiátricas (ex: estresse no início da vida, trauma) 
• Patofisiologia compartilhada: neurotransmissores que afetam transmissão da dor, também 
afetam humor, memória, fadiga e sono 
• 38% dos pacientes com transtorno depressivo preenchem critérios para FM 
Doenças endócrinas 
• 62% dos pctes com Hashimoto preenchem critérios para FM ACR 2010 
• Obesidade é fator de risco para FM (citocinas inflamatórias e neuroinflamação) 
• FM presente em 45% dos obesos 
Fatores de risco modificáveis 
• Sono 
• Obesidade 
• Inatividade física 
• Insatisfação com trabalho ou com a vida 
Fatores de mau prognóstico 
• Catastrofização 
• Medo de movimentar-se 
FISIOPATOLOGIA 
Pode-se entender a FM como uma síndrome de sensibilização central. A sensibilização central 
pode ser definida como uma resposta anormal e inadequada do SNC aos estímulos periféricos em 
decorrência de uma hiperexcitabilidade neuronal, causando, no caso da FM, dor inadequadamente 
amplificada. 
Centralização da dor = amplificação 
• Fibromialgia primária: cefaleia, ATM, SII, dismenorreia, cistite intersticial, fadiga, ansiedade e 
depressão => “top-down”: problema de modulação da dor 
 
 
 
Fibromialgia secundária: OA, AR, EpA, anemia falciforme => “down-top”: excesso de estímulo 
MODULAÇÃO DA DOR CONDICIONADA (VIAS DESCENDENTES) 
• Via serotoninérgica-noradrenérgica 
o Diminuição de 3-metoxi-4-hidroxifentileno (líquor) 
o Diminuição de serotonina, triptofano e ácido 5-hidroxi-indoleacético (soro) 
 
• Via opioidérgica 
o Diminuição da ligação receptor de µ-opioide nas áreas de processamento de dor 
(cérebro) 
o Aumento da atividade opioide endógena 
Desta forma, o paciente com FM é um indivíduo com um “ganho” ou um “aumento de volume” 
inadequado aos estímulos externos, especialmente nociceptivos. 
Embora os estímulos iniciais possam ser periféricos, também está demonstrado, principalmente 
por meio de estudos funcionais de SNC, que existe uma reestruturação de todo o sistema nociceptivo em 
pacientes com FM, permitindo que a dor se perpetue mesmo na ausência de dor periférica. 
Diversas áreas do encéfalo relacionadas com a dor foram estudadas em pacientes com FM, tanto 
de maneira isolada como em conjunto. O córtex sensorial primário apresenta maior conectividade entre 
seus neurônios, e esse fenômeno está associado a maiores níveis de hipervigilância e catastrofização. A 
RMe demonstrou aumento do glutamato no córtex posterior da ínsula e que os níveis aumentados dessa 
substância apresentam uma relação com menores limiares de dor. Outra estrutura em hiperatividade nos 
pacientes com FM é a amígdala, responsável pelo grau de alerta a estímulos externos. A ínsula e a amígdala 
são partes integrantes do sistema límbico e integram o sistema nociceptivo ao “circuito cerebral de 
emoções”. Uma hiperatividade glutamatérgica neste sistema pode ser responsável pela grande resposta 
emocional dos pacientes com FM. 
Embora a centralização da dor seja o foco da fisiopatologia conhecida da FM, outros aspectos 
clínicos podem colaborar com a manutenção do quadro clínico. O sono não reparador, um dos primeiros 
achados objetivos em pacientes com FM, hoje é considerado primariamente consequência da dor crônica, 
mas pode levar a menor atividade de sistemas descendentes de controle da dor. 
A FM consiste no extremo de um espectro de sensibilização central à dor, o que também acontece 
em outras condições reumatológicas. Por exemplo, medicações aprovadas para o tratamento da FM, como 
a duloxetina, foram aprovadas no manejo da dor da osteoartrite de joelhos e da dor lombar crônica, pois 
foi demonstrado que a sensibilização central também ocorre nessas condições 
O grande desafio na compreensão da fisiopatologia da FM é a integração de fenômenos do 
sistema nervoso central, autonômico, periférico com aspectos do sistema musculoesquelético, resultando 
nesse quadro clínico tão complexo. 
QUADRO CLÍNICO 
O sintoma principal da FM é a dor difusa, generalizada e crônica, envolvendo regiões axiais e 
periféricas do corpo. Em geral, os pacientes têm dificuldade em localizar a dor, muitas vezes apontando 
locais como músculos, ligamentos, bursas e tendões. O caráter da dor é bastante variável, podendo ser em 
queimação, pontada, peso ou mesmo a sensação logo pela manhã de dor “de cansaço”. Habitualmente, o 
paciente sente-se pior do que quando se deitou, mas a dor e o cansaço persistem durante todo o dia. A 
dor é geralmente citada como sendo de moderada a forte intensidade e pode estar associada a uma 
sensação subjetiva de edema e parestesias. A sensação de edema é relatada particularmente em mãos e 
antebraços. 
As parestesias, sem distribuição em dermátomos, normalmente pioram com alterações do clima 
para o frioe estresse. Muitos pacientes não conseguem precisar o início da dor e ela geralmente tem 
instalação lenta. Alguns pacientes correlacionam o início da dor com um evento estressante, como trauma 
físico ou psicológico. Os pacientes apresentam bom aspecto geral, sem evidência de doença sistêmica, sem 
sinais de comprometimento articular inflamatório, sem atrofia muscular, sem alterações neurológicas, com 
boa amplitude de movimentos e com força muscular preservada, apesar dos sintomas mencionados. 
Os pontos dolorosos (tender points) não representam uma estrutura anatômica definida, mas 
incluem sítios na musculatura, ligamentos ou áreas de bursas. A resposta do paciente à pressão de cada 
ponto doloroso é bastante variável, podendo ir de discreta reação até retirada súbita do segmento corporal 
(“jump sign”). Para a pesquisa da sensibilidade dolorosa desses 18 pontos pode ser usado um algômetro 
(também chamado de dolorímetro) e com ele exercer uma pressão de até 4 kg/cm2 nesses locais 
preestabelecidos. Porém, diversos estudos demonstraram que com a digitopressão de um examinador 
experiente, não é necessário o emprego desse instrumento e os resultados são quase idênticos. 
Alguns sintomas são muito prevalentes na FM e foram incluídos nos critérios diagnósticos. Os 
pacientes com FM frequentemente queixam-se de um sono leve e não reparador. Esse achado não é 
específico para a FM, ocorrendo em outras condições dolorosas. A fadiga é uma queixa muito presente, 
com sensação de exaustão fácil e dificuldade para realização de tarefas laborais ou domésticas. Problemas 
com a memória, concentração, análise lógica e motivação também são comuns. A causa desses problemas 
está centrada na dor crônica e na fadiga, que exercem um efeito de “distração” em outras funções 
cognitivas. 
 
Cerca de 90% dos pacientes com FM apresentam manifestações-satélites da doença, muitas delas 
mostrando que o menor limiar à dor não está presente só na musculatura. O reconhecimento e o 
tratamento destas comorbidades são extremamente importantes, pois muitas vezes essas manifestações 
acrescentam sofrimento e agravam o quadro principal. 
A depressão e as demais alterações do humor provocam a exacerbação dos sintomas e prejudicam 
as estratégias de enfrentamento (coping) diante da doença. Como consequência, na FM há um 
comprometimento do estado de saúde, da capacidade para o trabalho, da qualidade de vida e da 
percepção de saúde, aumentando a incapacidade e/ou o afastamento do trabalho, reduzindo a 
produtividade. 
Resumo: Dor generalizada (artralgia + “dor na carne” = “dói tudo”) que piora com frio e estresse, fadiga, 
sono não reparador, parestesias, polaciúria, cefaleia. 
EXAME FÍSICO 
• Tender-points 
• Sem achados específicos 
• Pistas 
o Palpação em direção caudal: músculos do antebraço, 
falanges e IFs 
o Dor difusa: todas as localizações ou principalmente 
antebraço 
o Desordem autoimune sistêmica: dor apenas nas IFs 
TESTES LABORATORIAIS 
• Diagnóstico diferencial (o diagnóstico de FM é CLÍNICO) 
• Quadros de início agudo/subagudo merecem uma investigação mais agressiva 
• Quadros de evolução de longa data: menor investigação 
• Evitar: FAN e FR 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Condições musculoesqueléticas não-reumáticas 
o Dor limitada a regiões (pescoço, ombros e costas), 
desalinhamentos articulares, história familiar de hipermobilidade 
o Exame físico: Trigger-points, articulações hipermóveis, hiperelasticidade cutânea, 
fragilidade cutânea (equimose e cicatrizes atróficas) 
o Testes genéticos se Síndrome de Ehrles-Danlos suspeita mais que outras síndromes de 
hipermobilidade 
• Hipotireoidismo / endocrinometabólica 
o Ganho de peso, constipação, mudança no tamanho das mãos e pés (na acromegalia), 
pobre exposição solar, história familiar de doença da tireoide 
o Palidez, espessamento do cabelo, marcha disbasica 
o TSH, PTH e vit D 
• Gastrointestinal 
o Perda de peso, flatulência, diarreia 
o Colonoscopia, anti-transglutaminase IgA (doença celíaca) 
o Infecciosas 
o Fatores de risco para HCV (uso drogas EV), eritema migrans (doença de Lyme) 
o Anti-HCV 
• Malignidades 
o Sintomas sistêmicos proeminentes, dor óssea, dor noturna 
• Doenças neurológicas 
o Sintomas neurológicos, aumento do tonus muscular, marcha lenta, tremor 
o Anormalidade neurológica discreta, tremor, rigidez, reflexo glabelar positivo 
o Estudos de condução nervosa, potenciais evocados 
• Estenose espinhal e mielopatia 
o Idade avançada, dor prévia em coluna, dor claudicante em membros (especialmente 
nádegas e coxas), dor relacionada à postura 
o Exame de coluna pode ser normal para a idade 
o Imagem quando indicado 
• Miopatia/miosite 
o História familiar de miopatia 
o Dificuldade de subir escadas ou levantar da cadeira, sintomas musculares induzidos pelo 
exercício, rash cutâneo, FRY, sensibilidade muscular, caibras, heliótropo, mãos do 
mecânico, afinamento da pele, dor/fraqueza muscular 
o CPK, testes imunológicos e genéticos quando indicado, ENMG, RM, Bx muscular 
• Transtornos de saúde mental 
o História psicossocial familiar e pessoal 
o Questionário de rastreio 
o Avaliação psiquiátrica 
• Drogas que causam dor difusa 
• Polimialgia reumática 
o Tempo definido de início 
o Sintomas progressivos 
o RM > 1h 
o Sintomas constitucionais (febre, perda 
de peso e apetite) 
o Dor localizada em articulações ou enteses 
• Pensar em outras DRAI (doenças reumáticas autoimunes) se… 
o … rash cutâneo, vasculite, psoríase, FRY, secura, sintomas intestinais, história familiar de 
doença reumática inflamatória sistêmica, palidez, baixo IMC, linfonodomegalia, nódulos 
cutâneos, mobilidade espinhal reduzida etc. 
• Quais são os diagnósticos mais prováveis em mulheres de 25 a 50 anos que apresentam sintomas 
poliarticulares crônicos? 
o Síndrome de hipermobilidade benigna, fibromialgia, OA, AR e LES 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
Desde o início, a dor crônica generalizada se destacou como um discriminador da síndrome. Fadiga 
crônica, sono não restaurador e distúrbios cognitivos são outros dos pilares, mas não eram incluídos em 
critérios antes de 2010. A contagem de pontos dolorosos, que é uma parte fundamental dos critérios de 
1990, hoje é foco de debate e foi retirada de critérios mais recentes. É importante uma análise dos critérios 
diagnósticos e sua evolução, pois oferecem um panorama no entendimento da síndrome. 
Em 1990, o ACR publicou os critérios de classificação para a FM que combinam dor generalizada 
crônica por pelo menos 3 meses e a presença de pelo menos 11 de 18 pontos dolorosos previamente 
especificados. Esses critérios incluem a definição de dor difusa generalizada como dor abaixo e acima da 
cintura, nos lados direito e esquerdo do corpo e em pelo menos um segmento da coluna vertebral. 
 
As principais críticas aos pontos dolorosos seriam que muitos pacientes com FM apresentam 
múltiplos pontos dolorosos em outras localizações; falta de experiência na realização da palpação digital; 
homens com FM têm menos tender-points; outros pacientes podem apresentar menos de 11 pontos 
dolorosos. 
Em 2010, o ACR publicou os Critérios Preliminares para o Diagnóstico de Fibromialgia (ACR 2010), 
que foram modificados em 2011 para fins de pesquisa clínica. Nesses critérios (2010/2011), revisado em 
2016, elimina-se a contagem dos pontos dolorosos e criam-se dois índices: o Índice de Dor Generalizada 
(IDG) e a Escala de Gravidade dos Sintomas (EGS). 
• No IDG, são assinaladas 19 possíveis regiões em que o paciente sente dor, obtendo-se daí um 
escore que se situa entre 0 e 19. 
 
 
 
 
 
Na EGS, a gravidade 
dos sintomas de fadiga, sono 
não reparador e sintomas 
cognitivos é graduado de 0 a 3 
na última semana. Dor 
abdominal, cefaleia e depressão 
é recebem pontuação de 0 se 
ausente ou 1 se presente nos 
últimos 6 meses. 
Em 2016, uma nova revisão dos critérios de 
2010/2011 foi publicada. Foramrealizadas duas 
correções essenciais aos critérios anteriores: a 
presença de dor difusa volta a ser critério 
obrigatório e elimina-se a necessidade de exclusão 
de outras enfermidades no diagnóstico da FM. Os 
critérios passariam a ser: 
A. Presença de dor generalizada, definida 
como a dor em pelo menos 4 de 5 regiões 
preestabelecidas. 
B. Os sintomas estão presentes em nível similar 
durante, pelo menos, 3 meses. 
C. Pontuações do IDG > 7 e EGS > 5; ou IDG de 
4-6 e EGS > 9. 
D. O diagnóstico de FM é válido 
independentemente de outros diagnósticos. 
A FM não deve ser considerada diagnóstico de exclusão, mas sugere-se sempre considerar os 
diagnósticos diferenciais com outras síndromes ou doenças com sintomas semelhantes. 
Sugere-se ainda a mensuração sistemática dos transtornos de humor por meio de instrumentos 
validados, adequados ao nível de atenção à saúde em que são aplicados, pois se mostram de grande 
importância na avaliação da gravidade dos pacientes com FM. 
TRATAMENTO – EXERCÍCIO FÍSICO, TCC, MEDICAMENTOS E EDUCAÇÃO. 
EDUCAÇÃO 
O conhecimento por parte do paciente da natureza dos seus sintomas, dos objetivos e das etapas 
do tratamento, da necessidade de sua participação ativa na estratégia terapêutica e ainda dos fatores que 
influenciam sua sintomatologia pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso da terapêutica. 
FM – Não mata, não deforma, é benigno, não tem cura, têm tratamento que é baseado no tripé: exercício 
físico, TCC e medicamentos. 
 
 
EXERCÍCIOS FÍSICO 
O combate ao sedentarismo e o estímulo aos exercícios físicos estão entre as medidas mais 
reconhecidas como essenciais para o tratamento da FM. Os exercícios aeróbicos são os mais estudados. 
Reduzem os sintomas, melhoram a função, os aspectos emocionais e a qualidade de vida. A associação de 
modalidades parece ser superior a uma isolada. Uma modalidade que vem sendo estudada recentemente 
é o tai chi chuan, que alia exercícios e técnicas de concentração. 
A prescrição de exercícios deve levar em conta as peculiaridades desses pacientes, sugerindo que a 
progressão da duração, da intensidade e da carga seja mais lenta do que em outras populações. Os 
resultados devem ser esperados no longo prazo. Pode haver piora no primeiro mês, porém estimule o 
paciente a continuar devido os benefícios subsequentes. 
TERAPIAS PSICOLÓGICAS 
O papel dos aspectos emocionais e a associação com doenças como depressão e ansiedade devem 
ser levados em conta na abordagem terapêutica. A participação dos mecanismos de estresse pode ser 
corrigida com técnicas psicológicas e, entre elas, destaca-se a terapia cognitivo-comportamental (TCC). 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
Os medicamentos mais estudados são os antidepressivos que atuam no sistema descendente 
inibitório do estímulo doloroso, inibindo a recaptação das monoaminas. 
Os tricíclicos (amitriptilina e nortriptilina) melhoram a dor, o sono e a fadiga. Os efeitos adversos 
mais citados são ganho de peso, sonolência excessiva, obstipação intestinal e perda da libido. 
Ciclobenzaprina – relaxante muscular de ação central. 
Os antidepressivos “duais” (inibidores da recaptação de norepinefrina e serotonina), como a 
duloxetina e a venlafaxina, apresentam capacidade analgésica. 
Os inibidores específicos da recaptação de serotonina, como a fluoxetina, têm eficácia analgésica 
pobre, porém podem ser úteis para os demais sintomas. 
Os gabapentinoides formam uma classe que atua na redução da aferência do estímulo doloroso. 
Na FM, o fármaco mais estudado é a pregabalina. Há evidências da melhora da dor, da fadiga e do sono. 
O tramadol se mostrou eficaz em estudos controlados isoladamente ou associado ao paracetamol. 
Embora seja um opioide fraco, seu benefício na FM pode ser por ter uma dupla ação, já que também inibe 
a recaptação de monoaminas. 
Não existem estudos de boa qualidade sobre medicações específicas para o sono de pacientes 
com FM. As medicações mais utilizadas são a trazodona, a tizanidina e ocasionalmente indutores de sono 
como o zolpidem. 
 
RECADOS FINAIS (MUITO IMPORTANTE) 
• A fibromialgia é um distúrbio crônico de processamento aferente central não inflamatório e não 
autoimune que leva a uma síndrome de dor difusa, bem como a outros sintomas 
• Semelhante a pacientes com outros distúrbios de dor crônica, a ressonância magnética funcional 
(fMRI) mostra campos receptivos expandidos para percepção de dor central e modulação 
emocional em pacientes com FM 
• Os medicamentos mais eficazes para a FM são os tricíclicos, inibidores duais e anticonvulsivantes 
que regulam negativamente o processamento sensorial 
• Opioides e corticosteroides não são eficazes no tratamento da FM e devem ser evitados 
• Educação do paciente, atividade física / exercício e terapia cognitivo-comportamental (TCC) são 
pilares importantes da terapia junto com tratamento medicamentoso 
SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL 
A síndrome miofascial (SM) é um quadro de dor muscular regional associado à presença de um ou 
mais pontos gatilhos (PG). Os G são definidos como pontos de sensibilidade exacerbada presentes em 
bandas palpáveis tensas nos músculos e em suas fáscias. Quando palpados, dão origem a dor e fenômenos 
autonômicos e de hipersensibilidade dolorosa em áreas referidas de seu sítio. 
 
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 
A SM é provavelmente a principal causa de dor musculoesquelética, 
com uma prevalência ao longo da vida de até 85%, sendo responsável por 29,6% 
dos quadros dolorosos crônicos na população geral. A maior porcentagem de 
casos de dor lombar e cervical crônica, cefaleia tensional, dor orofacial, entre 
outras, encontra-se associada a SM. Acomete indivíduos de ambos os sexos, 
principalmente durante a sua fase produtiva, ou seja, entre os 30 e 50 anos. 
• Após contração repetida do músculo 
• Movimento repetitivos (trabalho, hobbies) 
• Trauma, patologias de coluna, tensão muscular (estresse), disfunção 
postural e descondicionamento 
QUADRO CLÍNICO 
A dor musculoesquelética regional é o principal sintoma, podendo ser 
em peso, queimação ou latejamento, e pode ocorrer de forma contínua ou em 
surtos. A região dolorosa depende da localização do PG. Este pode ser 
classificado como ativo ou latente. O PG ativo é aquele associado ao quadro doloroso espontâneo e, 
quando palpado, reproduz total ou parcialmente a dor referida pelo paciente. A região referida de dor em 
geral encontra-se distalmente ao PG, e sua intensidade é consequência da força empregada na sua 
manipulação. Os PG ativos podem localizar-se em qualquer músculo e geralmente situam-se no interior de 
uma banda de contratura muscular, denominada “banda rígida”. O PG latente não apresenta essa 
capacidade de reprodução, sendo um ponto doloroso com potencial de tornar-se ativo. 
Além da dor, pode haver espasmo fraqueza, problemas de sono. Com a destruição do PG por 
agulhamento, há um alívio ou até desaparecimento dos sintomas. 
Frequentemente observam-se contratura ou rigidez muscular limitando por vezes o movimento 
da região acometida. Perda de força objetiva não ocorre, mas muitos pacientes queixam-se de fraqueza 
muscular subjetiva, decorrente da dor e fadiga musculares regionais. A dor pode se agravar na manipulação 
exagerada da região afetada, ocasionando contraturas musculares. A diminuição da mobilidade e posturas 
viciosas podem contribuir para o aparecimento de novos PG, amplificando o quadro. 
Fisiopato 
Manifestações do sistema nervoso autônomo, como distúrbios vasculares (palidez ou vermelhidão 
da pele e mudanças de temperatura, para calor ou frio), piloereção e mudanças no padrão de sudorese 
podem estar presentes. PG localizados nos músculos da face e pescoço podem desencadear sintomas 
como lacrimejamento, vermelhidão da conjuntiva e secura ocular. 
Distúrbios do sono, stress emocional e alterações do hábito intestinal podem estar associados e 
podem agravar o quadro. 
Mais comum empacientes com doença crônica, cefaleia tensional, distúrbios ATM e dor na região 
de face e mandíbula e sd do chicote. 
 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é clínico, por intermédio de uma história bem elaborada e exame físico minucioso. 
A presença do PG e a reprodução dos sintomas pela sua palpação são imprescindíveis ao diagnóstico. Os 
exames laboratoriais e de imagem são normais e devem ser solicitados somente para afastar outras 
possibilidades diagnósticas. 
O diagnóstico diferencial da síndrome miofascial deve ser realizado com qualquer outra causa de 
dor musculoesquelética regional, principalmente os espasmos musculares, as artropatias mecânicas e 
inflamatórias periféricas ou axiais, as radiculopatias compressivas ou não, as síndromes de compressões 
nervosas periféricas, miopatias 
inflamatórias ou não, tendinites, 
tenossinovites e bursites. 
Outro diagnóstico 
diferencial importante é a 
fibromialgia (FM). Para diferenciá-
la basta lembrar que a FM é 
caracterizada pela presença de dor 
e hipersensibilidade dolorosa a 
pressão, difusa, e a SM é 
caracterizada pela presença de dor 
muscular regional associada aos 
PG. Há importante sobreposição 
da SM com a FM. 
TRATAMENTO 
Como toda condição crônica dolorosa, há necessidade do esclarecimento adequado do quadro ao 
paciente. A identificação de fatores geradores ou amplificadores do quadro é essencial, para que possam 
ser corrigidos. Avaliação postural do indivíduo, em diversas posições, levando-se em conta o ambiente de 
trabalho e o doméstico deve ser realizada. Correções da postura e sua mecânica corporal devem ser 
consideradas. Modificações do ambiente doméstico ou de trabalho são úteis para prevenir posturas 
inadequadas e diminuir a fadiga muscular. Pacientes com distúrbios do sono devem receber orientação 
quanto a higiene do sono e, se necessário, medicados. 
A presença de fatores psicológicos ou psiquiátricos deve ser pesquisada e abordada de forma 
adequada. Doenças sistêmicas, como hematológcas, endócrinas, infecciosas ou metabólicas, devem ser 
identificadas e tratadas. 
O tratamento básico consiste no controle da dor e no recondicionamento funcional da região 
afetada. O controle da dor é obtido pela inativação dos PG e por meio de medicamentos. O 
recondicionamento da região afetada é primordial para resolução do caso, seja parcial ou total. 
A inativação dos PG é essencial para o alívio da dor e o restabelecimento da normalidade funcional 
local. Podem ser inativados manualmente, por procedimentos físicos invasivos ou não, e devem estar 
associados a sessões de alongamento da musculatura retraída. Sua inativação diminui a atividade 
nociceptiva patológica, eliminando os padrões anormais de força biomecânica e facilitando o 
recondicionamento físico. O método mais utilizado de desativação do PG é por agulhamento direto, 
utilizando-se uma agulha hipodérmica, o que resulta em alívio da dor e melhora da amplitude de 
movimento a curto prazo. A médio e a longo prazos, sua eficácia é discutível. Pode ser realizado a seco ou 
associado a lidocaína ou toxina botulínica. 
O agulhamento é contraindicado nas desordens hemorrágicas, uso de anticoagulantes, infecção 
local ou sistêmica, alergia ao agente anestésico, trauma muscular agudo e medo intenso de agulha. 
Existem outras modalidades empregadas na inativação de PG. As massagens com o emprego de 
forte pressão são popularmente usadas no nosso meio. Pode-se também empregar sprays tópicos 
anestésicos na área dolorosa seguidos de liberação e estiramento do músculo afetado. 
Comumente empregamos medicamentos para alívio da dor na SM. Utilizamos os que são 
empregados em outras condições de dor musculoesquelética. Sua escolha deve se basear no quadro clínico 
doloroso e na presença de comorbidades. 
Os anti-inflamatórios não hormonais, inibidores ou não da COX2, podem ser empregados com o 
objetivo de aliviar quadros de agudização da dor. O mesmo princípio vale para os analgésicos e o tramadol. 
Os demais opioides devem ser evitados. Os antidepressivos duais ou tricíclicos podem ser empregados. Os 
duais, como a duloxetina, em doses de 60 mg, em geral pela manhã, podem ser especialmente 
interessantes em pacientes com transtornos depressivos. pacientes com distúrbios do sono. 
O recondicionamento é realizado, inicialmente, por meio de exercícios de alongamento da região 
comprometida, melhorando a amplitude do movimento local. Posteriormente, introduzimos exercícios de 
musculação para recuperação do condicionamento muscular local. Muitas vezes é necessário executar 
exercícios

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