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@poli.canuto Revisão de sistema respiratório A função principal do sistema respiratório, que consiste em vias respiratórias e pulmões, é realizar a troca gasosa. O oxigênio do ar é transferido ao sangue, enquanto o dióxido de carbono do sangue é eliminado na atmosfera. (PORTH) Além da troca gasosa, os pulmões atuam como linha de defesa do hospedeiro, formando uma barreira entre o ambiente exterior e as estruturas internas do corpo. (PORTH) Por fim, os pulmões também atuam como órgão metabólico capaz de sintetizar e metabolizar diversos compostos. (PORTH) O sistema respiratório é constituído pelo nariz, pela faringe, pela laringe, pela traqueia, pelos brônquios e pelos pulmões (TORTORA) Estruturalmente, o aparelho respiratório é constituído por duas partes: (TORTORA) O sistema respiratório superior inclui o nariz, a cavidade nasal, a faringe e estruturas associadas; (TORTORA) O sistema respiratório inferior inclui a laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões (TORTORA) Funcionalmente, o sistema respiratório também é formado por duas partes. (TORTORA) A zona condutora consiste em várias cavidades e tubos interconectados (intrapulmonares e extrapulmonares). Estes incluem o nariz, a cavidade nasal, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os bronquíolos terminais; sua função é filtrar, aquecer e umedecer o ar e conduzi-lo para os pulmões. (TORTORA) A zona respiratória consiste em tubos e tecidos nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas. Estes incluem os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos e são os principais locais de trocas gasosas entre o ar e o sangue. (TORTORA) Funções do sistema respiratório (TORTORA) Hematose: possibilitar as trocas gasosas: ingestão de O2 para entregá-lo às células corporais e remoção do CO2 produzido pelas células do corpo Ajudar a regular o PH Conter receptores para o sentido do olfato. A sensação de odor ocorre quando as moléculas transportadas pelo ar penetram na cavidade nasal Filtrar o ar inspirado Produção de voz Eliminar água e calor Produzir de mediadores químicos: o pulmão produz a enzima conversora da angiotensina (ECA) Proteção: o sistema respiratório fornece proteção contra alguns microrganismos, impedindo-os de entrar no corpo e removendo-os da superfície respiratória Vias respiratórias de condução As vias respiratórias de condução consistem em vias nasais, boca e faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos (PORTH) Além de funcionarem como conduto do fluxo de ar, as vias respiratórias de condução também ajudam a “condicionar” o ar inspirado. O ar que respiramos é aquecido, filtrado e umidificado, à medida que passa por essas estruturas. (PORTH) O calor é transferido ao ar pelo sangue que flui ao longo das paredes das vias respiratórias. A cobertura mucociliar remove materiais estranhos e a água liberada pelas mucosas é usada para umidificar o ar. (PORTH) Uma combinação de cartilagem, fibras colágenas e elásticas, e musculatura lisa confere às vias respiratórias rigidez e flexibilidade necessárias à manutenção de sua perviedade, além de assegurar o fornecimento ininterrupto de ar. (PORTH) A maior parte das vias respiratórias de condução é revestida com epitélio colunar pseudoestratificado, que contém uma mistura de glândulas secretoras de muco, células ciliares com projeções semelhantes a pelos, e glândulas sebáceas secretoras de líquido aquoso contendo enzimas antibacterianas (PORTH) A camada epitelial torna-se gradativamente mais fina, à medida que se avança do epitélio pseudoestratificado dos brônquios para o epitélio cuboide dos bronquíolos e, então, para o epitélio escamoso dos alvéolos. (PORTH) O muco produzido pelas células epiteliais das vias respiratórias de condução forma uma camada conhecida como cobertura mucociliar. Essa camada protege o sistema respiratório retendo poeira, bactérias e outras partículas estranhas que entram nas vias respiratórias. (PORTH) Os cílios, que estão em movimento constante, mobilizam a cobertura mucociliar com suas partículas retidas na direção da @poli.canuto orofaringe, em um padrão semelhante ao de elevador. Na orofaringe, a cobertura mucociliar é expectorada ou deglutida. (PORTH) A função dos cílios na limpeza das vias respiratórias inferiores é máxima quando os níveis de oxigênio são normais, mas é prejudicada quando os níveis de oxigênio estão acima ou abaixo da faixa normal. As condições que ressecam as vias respiratórias, inclusive respirar ar ambiente aquecido e não umidificado nos meses de inverno, também prejudicam a função ciliar. O tabagismo reduz ou paralisa a motilidade ciliar. Essa redução da motilidade possibilita que os resíduos provenientes da fumaça do cigarro, poeira e outras partículas acumulem-se nos pulmões, reduzindo a eficiência do sistema de defesa pulmonar. (PORTH) Nariz Cavidade nasal O frontal, os ossos nasais e as maxilas formam a estrutura óssea da parte externa do nariz. (TORTORA) A cavidade nasal estende-se desde as narinas até as coanas. As narinas são as aberturas externas da cavidade nasal, e as coanas são as aberturas para a faringe Uma estrutura vertical, o septo nasal, divide a cavidade nasal nos lados direito e esquerdo. (TORTORA) Os componentes da estrutura cartilaginosa são a cartilagem do septo nasal, que forma a parte anterior do septo nasal; as cartilagens nasais acessórias inferiormente aos ossos nasais; e as cartilagens alares, que formam uma parte das paredes das narinas. (TORTORA) A parte anterior da cavidade nasal, dentro de cada narina, é o vestíbulo (entrada). O teto da cavidade nasal é formado pelos ossos etmoide e esfenoide; seu assoalho é composto pelo palato, que separa as cavidades nasal e bucal e mantém o alimento fora das vias aéreas Ductos dos seios paranasais (que drenam muco) e os ductos lacrimonasais (que drenam lágrimas) também se abrem na cavidade nasal. (TORTORA) Três conchas formadas por projeções das conchas nasais superior, média e inferior se estendem de cada parede lateral da cavidade nasal. Perto de alcançar o septo nasal, as conchas se subdividem em cada lado da cavidade nasal em várias estruturas semelhantes a cavernas – os meatos nasais superior, médio e inferior. (TORTORA) Vias respiratórias faríngeas Com a respiração normal, o nariz é a via preferida para a entrada do ar no sistema respiratório. À medida que o ar passa pelas vias nasais, ele é filtrado, aquecido e umidificado. As vias nasais exteriores são revestidas por pelos grossos, que filtram e retêm poeira e outras partículas grandes presentes no ar. (PORTH) A parte superior da cavidade nasal é revestida por mucosa, que contém uma rede profusa de diminutos vasos sanguíneos. Essa parte da cavidade nasal fornece calor e umidade ao ar que respiramos. (PORTH) A boca funciona como via respiratória alternativa quando as vias nasais estão obstruídas ou há necessidade de trocar grandes volumes de ar (p. ex., durante um esforço físico). (PORTH) A faringe pode ser dividida em três regiões anatômicas: (TORTORA) Parte nasal da faringe (chamada nasofaringe na prática clínica), Parte oral da faringe (chamada orofaringe na prática clínica), > Parte laríngea da faringe (chamada laringofaringe na prática clínica). Parte nasal A parte superior da faringe, chamada de parte nasal da faringe, encontra-se posterior à cavidade nasal e se estende até o palato mole. (TORTORA) Como está acima do nível de entrada do alimento, ela serve apenas como via de passagem de ar. Durante a deglutição, o palato mole e sua úvula se refletem superiormente, uma ação que fecha essa parte da faringe e impede a entrada de alimento na cavidade nasal (TORTORA) A parede posteriortambém contém a tonsila faríngea (TORTORA) Revestida por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado, e os cílios movem o muco para baixo em direção à parte mais inferior da faringe. (TORTORA) A parte nasal da faringe também troca pequenos volumes de ar com as tubas auditivas para equalizar a pressão do ar entre a orelha média e a atmosfera. (TORTORA) Parte oral Esta porção da faringe tem funções respiratórias e digestórias, servindo como uma via comum para o ar, a comida e a bebida. Como a parte oral da faringe está sujeita à abrasão por partículas de alimentos, é revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado. (TORTORA) Dois pares de tonsilas, as tonsilas palatina e lingual, são encontradas na parte oral da faringe. (TORTORA) Parte laríngea A parte inferior da faringe, a parte laríngea da faringe (conhecida como laringofaringe na prática clínica) começa no nível do hioide. Em sua extremidade inferior, se abre no esôfago (tubo alimentar) @poli.canuto posteriormente e na laringe (pregas vocais) anteriormente. (TORTORA) Como a parte oral da faringe, a parte laríngea da faringe é tanto uma via respiratória quanto digestória e é revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado. (TORTORA) Laringe A laringe conecta a orofaringe à traqueia e está localizada entre as vias respiratórias superiores e os pulmões. (PORTH) O epitélio que reveste a parte superior da laringe, uma área sujeita ao contato dos alimentos, é estratificado pavimentoso não queratinizado. Abaixo das pregas vocais, o epitélio é colunar pseudoestratificado ciliado (PORTH) As paredes da laringe são sustentadas por estruturas cartilaginosas firmes, que impedem seu colapso durante a inspiração. (PORTH) As funções da laringe podem ser divididas em dois grupos: as que estão associadas à fala e as relacionadas com a proteção dos pulmões contra outras substâncias que não sejam o ar. (PORTH) A cavidade da laringe é dividida em dois pares de dobras semelhantes a prateleiras, que se estendem da frente para trás e apresentam um orifício na linha média O par superior de dobras, conhecidas como pregas vestibulares, desempenha função protetora. O par inferior de dobras, também conhecidas como pregas vocais, produzem as vibrações necessárias à emissão dos sons vocais. (PORTH) As pregas vocais e o orifício alongado entre elas são conhecidos como glote. Um conjunto complexo de músculos controla a abertura e o fechamento da glote. A epiglote, que está localizada acima da laringe, é um pedaço de cartilagem grande com formato de folha coberta por epitélio. (PORTH) Quando apenas ar flui pela laringe, a entrada da laringe fica aberta e as bordas livres da epiglote apontam para cima. Durante a deglutição, a laringe é tracionada para cima e as bordas livres da epiglote movimentam-se para baixo a fim de cobrir a laringe e, desse modo, direcionar líquidos e alimentos para dentro do esôfago. (PORTH) Além de abrir e fechar a glote para viabilizar a fala, as pregas vocais da laringe podem desempenhar uma função de esfíncter e fechar as vias respiratórias. Quando são expostos a outras substâncias além do ar, os músculos laríngeos contraem e fecham as vias respiratórias. Ao mesmo tempo, o reflexo da tosse é ativado como modo de eliminar a substância estranha alojada na via respiratória. (PORTH) Quando o mecanismo da deglutição está parcial ou totalmente paralisado, alimentos e líquidos podem entrar nas vias respiratórias, em vez de no esôfago, quando o paciente tenta engolir. Essas substâncias não são removidas facilmente. Quando são levadas aos pulmões, podem causar um distúrbio inflamatório grave conhecido como pneumonia por aspiração (PORTH) Árvore traqueobrônquica A árvore traqueobrônquica, que consiste em traqueia, brônquios e bronquíolos, pode ser entendida como um sistema de tubos ramificados que se estendem dentro dos lobos pulmonares. (PORTH) Traqueia A traqueia (ou goela) é um tubo contínuo que conecta a laringe aos brônquios principais dos pulmões. (PORTH) É revestida internamente por epitélio do tipo respiratório A parede da traqueia é constituída por: (TORTORA) A) Túnica mucosa: epitélio colunar pseudoestratificado ciliado e células caliciformes @poli.canuto B) Tela submucosa: tecido conjuntivo com glândulas seromucosas C) Cartilagem hialina: formam suas paredes anterior e laterais, protegendo e mantendo uma passagem aberta para a circulação do ar, ou seja, os sólidos anéis de cartilagem em formato de C fornecem um suporte semirrígido para manter a desobstrução D) Túnica adventícia: tecido conjuntivo frouxo As paredes da traqueia são sustentadas por anéis de cartilagem hialina com formato de ferradura ou “C”, os quais impedem seu colapso quando a pressão intratorácica torna-se negativa (PORTH) A parte aberta do anel em forma de “C”, que está em contato com o esôfago, é conectada por músculo liso. Como essa parte da traqueia não é rígida, o esôfago pode expandir para frente, à medida que o alimento deglutido passa em seu interior. (PORTH) Brônquios Na margem superior da vértebra T V, a traqueia se divide em um brônquio principal direito, que vai para o pulmão direito, e um brônquio principal esquerdo, que vai para o pulmão esquerdo (TORTORA) OBS: O brônquio principal direito é mais vertical, mais curto e mais largo do que o esquerdo. Como resultado, um objeto aspirado tem maior probabilidade de entrar e se alojar no brônquio principal direito do que no esquerdo. (TORTORA) Tal como a traqueia, os brônquios principais contêm anéis incompletos de cartilagem e são revestidos por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. (TORTORA) Ao entrar nos pulmões, cada brônquio principal divide-se em brônquios secundários ou lobulares, os quais ventilam cada um dos lobos pulmonares – três no pulmão direito e dois no esquerdo (PORTH) No ponto em que a traqueia se divide em brônquios principais direito e esquerdo, uma crista interna chamada de carina é formada por uma projeção posterior e um pouco inferior da última cartilagem traqueal. (TORTORA) OBS O brônquio do lobo médio direito tem diâmetro e comprimento relativamente pequenos e, em alguns casos, exibe uma inclinação aguda pouco antes de sua bifurcação. Esse brônquio está circundado por um colar de linfonodos que drenam os lobos médio e inferior, e é especialmente suscetível à obstrução. (PORTH) Por sua vez, os brônquios secundários dividem-se e formam os brônquios segmentares, que ventilam os segmentos broncopulmonares do pulmão. (PORTH) Existem 10 segmentos no pulmão direito e 9 no esquerdo. Esses segmentos são identificados com base em sua localização no pulmão (p. ex., segmento apical do lobo superior direito) e são as menores unidades nominadas do pulmão. (PORTH) OBS: A estrutura dos brônquios secundários e segmentares é semelhante em grande parte à dos brônquios principais. Entretanto, as placas irregulares de cartilagem hialina que circundam completamente os lúmens dos brônquios substituem os anéis cartilaginosos com formato de “C”. Além disso, há duas camadas de músculo liso espiralando em direções contrárias (PORTH) Os brônquios segmentares continuam a ramificar-se e formam brônquios mais finos, até se transformarem em bronquíolos terminais, que representam as vias respiratórias de condução mais finas. (PORTH) Estes bronquíolos terminais contêm células exócrinas bronquiolares, células colunares não ciliadas intercaladas entre as células epiteliais. (TORTORA) As células exócrinas bronquiolares podem proteger contra os efeitos nocivos de toxinas inaladas e substâncias cancerígenas, produzem surfactante e funcionam como células tronco (células estaminais), que dão origem a várias células do epitélio. (TORTORA) À medida que esses brônquios ramificam e tornam-se mais finos, a estruturade suas paredes é modificada. A cartilagem diminui progressivamente (PORTH) Aumentos da musculatura lisa e dos tecidos elásticos (em comparação com a espessura da parede). (PORTH) A túnica mucosa na árvore bronquial muda de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado nos brônquios principais, brônquios lobares e brônquios segmentares para epitélio colunar simples ciliado com algumas células caliciformes nos bronquíolos maiores, para principalmente epitélio cúbico simples ciliado sem células caliciformes nos bronquíolos menores, para principalmente epitélio cúbico simples não ciliado nos bronquíolos terminais. (TORTORA) No nível dos bronquíolos, não há cartilagem e as paredes estruturais são formadas basicamente de músculo liso e fibras elásticas. (PORTH) O broncoepasmo, ou contração desses músculos, causa estreitamento dos bronquíolos e limita o fluxo de ar. As fibras elásticas, que irradiam da camada externa da parede brônquica e conectam-se às fibras elásticas originadas de outras partes da árvore brônquica, exercem tensão nas paredes brônquicas. Com a tração homogênea em todas as direções, as fibras elásticas ajudam a manter a perviedade das vias respiratórias. (PORTH) @poli.canuto Broncoaspiração Definção A broncoaspiração consiste na entrada de substâncias estranhas nas vias aéreas inferiores. (RUBENICH) O termo aspiração denota que o conteúdo oral ou gastrintestinal passa pela laringe e traqueia e atinge os pulmões, sem indicar a natureza do material ou as consequências do evento (BISINOTTO; SILVEIRA; MARTINS, 2014) No perioperatório, pode haver a aspiração imprópria de conteúdo gástrico ou da orofaringe. Já em emergências, atendem-se casos de aspirações que, além das já citadas, podem incluir partículas sólidas, ou também chamada de aspiração de corpo estranho. (RUBENICH) A aspiração de corpo estranho (ACE) é um acidente grave e potencialmente fatal, com gravidade dependente principalmente do grau de obstrução da via aérea. Caso ocorra uma obstrução total ou subtotal, especialmente de laringe ou traqueia, a asfixia pode rapidamente causar a morte. (RUBENICH) Menores graus de obstrução ou a passagem do objeto obstrutivo para regiões mais distais da árvore brônquica geralmente provocam sintomas mais brandos. (RUBENICH) Localização A principal localização da aspiração de corpo estranho é no brônquio fonte direito; pode se manifestar com poucos sintomas ou evoluir para pneumonias graves de difícil tratamento com evolução para bronquiectasias (PERALES) 1) Obstrução brônquica parcial: provocada pela presença de pequenos corpos estranhos ou corpos ocos. 2) Obstrução brônquica parcial do tipo valvular: trata-se de uma situação mais frequente. O ar entra, mas tem dificuldade de sair 3) Obstrução brônquica total: ocorre reabsorção do ar dos alvéolos na região afetada. Epidemiologia A real prevalência da broncoaspiração com repercussão pulmonar é de difícil estimativa uma vez que a maior parte dos eventos é silenciosa ou não testemunhada (CAVALCANTE; RIVERA; TAVARES, 2016). A aspiração de secreções da orofaringe ou gástrica para o trato respiratório inferior é um evento comum em pacientes criticamente enfermos, e pode levar a diferentes síndromes clínicas como: pneumonite química, pneumonia aspirativa e obstrução de vias respiratórias (CAVALCANTE; RIVERA; TAVARES, 2016). A broncoaspiração é a principal causa de pneumonia em UTI e é um dos principais fatores de risco para Síndrome do desconforto respiratória aguda (SDRA) (CAVALCANTE; RIVERA; TAVARES, 2016). Cerca de 80% dos casos de ACE ocorrem em crianças, com um pico de incidência entre 01 e 3 anos. Nessa faixa etária, as crianças exploram o mundo através da via oral; possuem coordenação motora fina para colocar um pequeno objeto na boca, mas não possuem dentes molares e mastigam os alimentos de forma incompleta, com os dentes incisivos, o que predispõe à ACE. Outros fatores que também predispõem à ACE nessa faixa etária incluem o acesso a alimentos impróprios ou a pequenos objetos, realização de outras atividades concomitantes com a alimentação e o fato de irmãos mais velhos oferecerem alimentos ou objetos para bebês e crianças pequenas (GONÇALVES) A ACE pode ocorrer em qualquer fase da vida, mas é um evento muito mais frequente em crianças e idosos. Nesses últimos, é muitas vezes decorrente de mastigação ineficiente pelo uso de próteses dentárias inadequadas. (GONÇALVES) Contrariamente ao que ocorre em crianças e em idosos, a ACE é rara em adultos, sendo relacionada à ingestão acidental de instrumentos de trabalho — clipes, tachinhas e pregos — e durante momentos de inconsciência — anestesia geral, sedação, intoxicação, convulsões e distúrbios neurológicos que afetam a orofaringe (GONÇALVES) A prevalência é maior em meninos do que em meninas, numa proporção de 2:1 (GONÇALVES) As sementes, principalmente amendoim, milho e feijão, são os principais CEs aspirados por crianças em nosso meio, correspondendo a 40% das ocorrências. No entanto, fragmentos de brinquedos, brincos, tampas de canetas, entre outros, são relatados. A aspiração de bexigas e balões vazios é grave e muitas vezes fatal. (GONÇALVES) Classificação A aspiração pulmonar pode ser aguda (acidental) ou crônica (habitual). (NEVES) A aspiração aguda pode ocorrer desde o período neonatal até a adolescência. A granulação e a composição do material aspirado são elementos importantes em função das reações orgânicas que ocasionam. A aspiração crônica podem ocorrer devido ao refluxo gastroesófagico com aspiração do conteúdo gástrico e alimentos, em função de distúrbios da deglutição com predomínio de alimentos, saliva e secreções brônquicas A síndrome de aspiração também pode ser classificada de acordo com o tipo de material aspirado em: irritativa, infecciosa e obstrutiva. Como síndrome irritativa, as pneumonites químicas por acido, hidrocarbonetos, óleo vegetal, mecônio, álcool e gordura animal. Na síndrome de aspiração infecciosa ocorre aspiração de saliva e secreções contaminadas, enquanto que as síndromes aspirativas obstrutivas são causadas por afogamento e aspiração de corpo estranho (NEVES) Segundo Bisinotto; Silveira e Martins (2014), a aspiração pode ser: Silenciosa (não testemunhada) - considerada como uma aspiração passiva; @poli.canuto Testemunhada – quando ocorrem vômitos ativos em pacientes com reflexos laríngeos protetores prejudicados ou insuficientes Fatores de risco do adulto Segundo Cavalcante; Rivera e Tavares (2016), os fatores de risco para broncoaspiração são: Idade avançada Pode causar a broncoaspiração por conta mastigação ineficiente pelo uso de próteses dentárias inadequadas ou pela descoordenação dos músculos usados na deglutição ou ainda pelo “esquecimento” de como engolir (GONÇALVES; CARDOSO; RODRIGUES, 2011) Além disso, também contribui para diminuição gradativa da sensibilidade orofaríngea e laríngea, diminuição ou ausência do reflexo da deglutição, demora no trânsito oral e penetração (OLIVEIRA et al., 2015) Depressão do nível de consciência A aspiração é um evento frequentemente relatado em pacientes com nível alterado de consciência, como pacientes submetidos à anestesia geral, residentes de casas de repouso, trauma craniano, portadores de doenças neuromusculares e pacientes com disfunções gastrintestinais e de esôfago (CAVALCANTE; RIVERA; TAVARES, 2016). A depressão da consciência durante a anestesia geral predispõe a essa grave complicação, pela diminuição da função do esfíncter esofágico e dos reflexos protetores das vias aéreas (BISINOTTO; SILVEIRA; MARTINS, 2014) Traumatismo cranioencefálico Podem desenvolver a broncoaspiração pela falta de motilidade para deglutição por lesões na área motora, ou por lesões nos nervos cranianosque controlam os movimentos de boca e orofaringe, ou ainda naqueles casos de pacientes com rebaixamento do nível de consciência (coma e estado vegetativo) Convulsões Na convulsão ocorre a atividade anormal no cérebro é ativada a ação involuntária e pode ser que o paciente perca a consciência, tenha movimentos involuntários dos braços, das pernas, com contrações. Diante da ativação do sistema nervoso autônomo, o indivíduo pode urinar, defecar ou vomitar. Logo, o vômito pode causar broncoaspiração Intoxicação por álcool Pode causar a broncoaspiração devido ao vômito tanto se estiver em como alcoólico ou se estiver posição errada Intubação traqueal Pode causar broncoaspiração pois pode ocorrer o vazamento aéreo do balonete ou mesmo o seu enchimento incompleto, ambos ocasionando espaço entre a via aérea e o tubo, gerando passagem de secreções ou gotículas (RUBENICH et al., 2013). A intubação traqueal, mesmo que seja por curtos períodos de tempo, inibe os reflexos laríngeo (BISINOTTO; SILVEIRA; MARTINS, 2014). No período pós-extubação pode haver algum prejuízo no reflexo da deglutição e consequente aspiração silenciosa. Isso pode acontecer pela depressão do nível de consciência, por uma ação residual dos anestésicos inalatórios ou de opioides, na função da faringe e laringe (BISINOTTO; SILVEIRA; MARTINS, 2014) Refluxo gastroesofágico Pode causar broncoaspiração pois possibilita o retorno do conteúdo presente no estômago Diversos fatores estão relacionados na fisiologia do refluxo, entretanto, o esfíncter esofágico inferior, principal componente da barreira anti-refluxo, é fundamental para o aparecimento do quadro, tendo como função impedir o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, sendo constituído por uma camada de musculatura lisa que envolve a porção distal do esôfago (NEVES; BRASIL; AMORIM, 2009). Gastroparesia É uma doença gástrica em que o estômago do paciente não consegue se movimentar da forma correta, fazendo com que os alimentos passem tempo demais no estômago, sem seguir para o intestino. A gastroparesia é chamada também de síndrome de atraso no esvaziamento gástrico. Assim, quando não há tempo hábil para o esvaziamento gástrico, existe o risco de aspiração deste conteúdo para a árvore traqueobrônquica (CARMONA, 2016) Gestação Retarda o esvaziamento gástrico; Obesidade A obesidade mórbida interfere no tempo de esvaziamento gástrico, existe o risco de aspiração deste conteúdo para a árvore traqueobrônquica (CARMONA, 2016 Etiologia Algumas situações ou condições clínicas comprometem a proteção fisiológica das vias aéreas inferiores, alterando principalmente o correto fechamento glótico e o reflexo da tosse, dentre elas: (RUBENICH) Redução do reflexo da tosse Distúrbios da deglutição Déficit neurológico Doença do reflexo gastroesofágico Lesão mecânica na glote ou no esfíncter esofágico inferior devido à traqueostomia, intubação endotraqueal, broncoscopia, endoscopia digestiva alta ou alimentação por sonda nasogástrica; Cirurgia que envolva a via aérea ou esôfago superior; Ausência de jejum adequado no processo de anestesia geral; Anestesia utilizando máscara laríngea; Outros: Gestantes; obesos; íleo adinâmico. @poli.canuto OBS: Um importante fator protetor que possuímos contra a regurgitação é a competência do esfíncter esofágico inferior, o qual pode suportar uma pressão intragástrica de até 20 cm de H₂O no seu estado normal. Na falha deste mecanismo, o vômito pode ocorrer favorecendo a broncoaspiração. (RUBENICH) Fisiopatologia As vias aéreas superiores apresentam como mecanismo de defesa, o movimento coordenado entre respiração e a deglutição. A coordenação entre o fechamento laríngeo, a deglutição e o espasmo da laringe ou tosse responde à estimulação da faringe ou laringe. (NEVES) Nas vias inferiores, a tosse e o clearence mucociliar desempenham este papel de defesa (NEVES) Os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da doença pulmonar nos processos aspirativos são: a aspiração direta e o refluxo gastroesófagico (RGE) com aspiração pulmonar (NEVES) Na aspiração direta, durante o ato de deglutição, o conteúdo do orofaringe atinge as vias aéreas inferiores, promovendo obstrução laríngea ou brônquica e sufocação ou atelectasia maciça. (NEVES) OBS: A resposta inflamatória local é alterada pela aspiração de partículas alimentares, havendo influxo de leucócitos polimorfonucleares e formação de granulomas. (NEVES) Nas situações de refluxo gastroesófagico com aspiração pulmonar, ocorre aspiração do conteúdo gástrico refluído; quanto mais baixo for o pH do material, maior serão as alterações estruturais. O aumento da resistência pulmonar total, devido à acidificação esofágica por meio de reflexos vagais é outro mecanismo responsável pelo desenvolvimento da doença no RGE; nesta situação as manifestações respiratórias ocorrem sem que haja aspiração pulmonar do conteúdo gástrico. A presença de acido no esôfago terminal determina aumento da resistência pulmonar total, observada em pacientes com doenças pulmonares crônicas como asma grave (NEVES) O paciente apresenta hipoventilação devido à redução do volume corrente, a qual compensa com o aumento da frequência respiratória. Na gasometria, encontram-se o aumento do gás carbônico e a redução do oxigênio. Um mecanismo compensatório para a hipoventilação é a vasoconstrição hipóxica, caracterizada pela vasoconstrição na circulação para os alvéolos com baixa tensão de oxigênio, na tentativa de desviar o sangue para capilares cujos alvéolos estão ventilados, melhorando a ventilação/perfusão (V/Q) Este mecanismo, entretanto, pode vir a ser deletério quando as áreas d e baixa V/Q são extensas, pois a vasoconstrição será intensa na circulação pulmonar, gerando hipertensão pulmonar, comprometendo a ejeção do ventrículo direito, caracterizando o cor pulmonale agudo Aspiração de corpos estranhos Após a aspiração do corpo estranho, ocorre tosse paroxística e apneia em grau variável, com asfixia, levando á morte, dependendo das características do material aspirado tais como: volume, capacidade de lesar os tecidos e tamanhos das partículas. (NEVES) Se ele fica alojado em laringe ou faringe, os sintomas aparecem em tempo variável após o acidente, muitas vezes demorando a se manifestar causando dissociação entre causa e efeito, o chamado “período de silencio”. (NEVES) Quando o objeto ingerido tem calibre superior ao dos brônquios, pode ficar livre na traquéia, havendo o risco do mesmo encravar-se na sub-glote .Nessa situação os sinais de localização não aparecem, ocorrendo tosse, estridor, sibilos e retração simulando um quadro de laringite .Nos casos em que o objeto tem menor calibre a tendência é que ele se fixe no brônquio (NEVES) Refluxo gastro-esofâgico O refluxo gastro-esofágico (RGE) é o retorno involuntário do conteúdo do estômago para o esôfago. Pode ser fisiológico e patológico, constituindo a Doença do refluxo gastresofágico (DRGE) (NEVES) Diversos fatores estão relacionados na fisiologia do refluxo, entretanto, o esfíncter esofágico inferior, principal componente da barreira anti-refluxo, é fundamental para o aparecimento do quadro, tendo como função impedir o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, sendo constituído por uma camada de musculatura lisa que envolve a porção distal do esôfago (NEVES) O refluxo ocorre quando a pressão no esfíncter está próxima de zero, nesta situação a pressão intra gástrica supera a do esfíncter. (NEVES) Manifestações clínicas As manifestações clínicas da aspiração de objetos pelas vias aéreas seguem, geralmente, três estágios de sintomas: o evento inicial agudo, o intervalo assintomático e as complicações(BITTENCOURT) O evento inicial caracteriza-se pela aspiração acidental de um corpo estranho e a manifestação clínica clássica é a presença de tosse intensa, sibilância, vômito, palidez, cianose; Após os sintomas iniciais, há um intervalo assintomático ou oligossintomático, que varia de poucas horas a dias ou mesmo semanas, até o reaparecimento dos sintomas Quando se dá a aspiração acidental de um corpo estranho, a manifestação clássica é a tosse paroxística, mecanismo de defesa natural de eliminação do objeto aspirado. (BITTECOURT) Um corpo estranho alojado na laringe pode ocasionar a obstrução completa do trato respiratório e, conseqüentemente, a morte da criança, em 45% dos casos Se a obstrução é parcial, pode ocasionar roncos, rouquidão, afonia, odinofagia, hemoptise e dispnéia de intensidade variável, sendo que esses objetos podem permanecer impactados por períodos prolongados (BITTENCOURT) A instalação na traquéia também é potencialmente fatal, sobretudo nas crianças menores de um ano, dependendo, evidentemente, do grau de obstrução. Pode-se auscultar o choque do mesmo contra a parede da região subglótica e carina principal durante sua movimentação, ou mesmo sentir seu impacto na palpação do tórax. @poli.canuto A presença de sibilos difusos é percebida na maioria dos casos (BITTENCOURT) Quando de sua impactação na árvore brônquica, os principais sinais e sintomas são a tosse e os sibilos, estes freqüentemente unilaterais, além da diminuição dos ruídos respiratórios localizados, dispnéia de intensidade variável e cianose também podem acompanhá-los (BITTENCOURT) A diversidade de manifestações clínicas também está relacionada à natureza, orgânica ou inorgânica, do corpo estranho aspirado. Como os objetos orgânicos desencadeiam com mais freqüência reações inflamatórias, podem elas acelerar o grau de obstrução ao fluxo de ar e, assim, encurtar a duração da fase assintomática.. Em contrapartida, a aspiração de corpos estranhos inorgânicos apresentavam exame físico normal, enquanto nas crianças que aspiraram material orgânico (BITTENCOURT) Agitação: indica hipóxia Torpor: indica hipercapnia Cianose: indica hipoxemia Respiração ruidosa: indica obstrução Rouquidão: indicar obstrução funcional da laringe Complicações As principais complicações ocasionadas pela broncoaspiração incluem: pneumonite, pneumonia e atelectasia (RUBENICH et al., 2013). Pneumonite química A pneumonite química refere-se a aspiração de substâncias tóxicas para as vias respiratórias inferiores, independente de infecção bacteriana.. Geralmente é ocasionada pela aspiração de ácido gástrico (CAVALCANTE; RIVERA; TAVARES, 2016). As seguintes características clínicas devem levantar a possibilidade de pneumonite química: Ínicio abrupto de dispneia Febre Cianose Estertores crepitantes Hipoxemia grave A broncoaspiração também cursa com aumento da permeabilidade capilar pulmonar e diminuição da complacência exigindo suporte ventilatório com pressão positiva (RUBENICH et al., 2013). Esta forma de aspiração geralmente segue um curso mais fulminante, pois a lesão pulmonar por aspiração de conteúdo gástrico ocorre em segundos, e que pode resultar na síndrome de angústia respiratória aguda (SARA). Nesses casos, a gasometria arterial geralmente mostra que a pressão parcial de oxigênio é reduzida, acompanhada por uma pressão parcial normal ou baixa de CO2, com alcalose respiratória (RUBENICH et al., 2013) Dentro de três minutos, ocorre atelectasia, hemorragia peribrônquica, edema pulmonar, e a degeneração das células epiteliais brônquicas. Em quatro horas, os espaços alveolares são preenchidos por leucócitos polimorfonucleares e fibrina. Membranas hialinas são vistas dentro de 48 horas. O pulmão neste momento torna-se edemaciado, com focos hemorrágicos e com consolidações alveolares (RUBENICH et al., 2013) A lesão no parênquima pulmonar após a aspiração do conteúdo ácido tipicamente ocorre em duas fases. A primeira é marcada por um processo físicoquímico pelo efeito tóxico direto do ácido no epitélio respiratório. Há lesão da barreira alveolocapilar, com destruição das células tipo I do epitélio alveolar, resultando em uma lesão grave do endotélio pulmonar. Isso promove aumento da permeabilidade alveolar e infiltração difusa, com o desenvolvimento de edema pulmonar intersticial e consequente redução da complacência pulmonar e diminui o prejuízo na relação ventilação-perfusão. A segunda fase, em 4-6h, é caracterizada por uma resposta inflamatória neutrofílica aguda. Esse mecanismo patogênico leva à perda da integridade da microvasculatura pulmonar e extravasamento de fluidos e proteínas para as vias aéreas e alvéolos. Os neutrófilos também desempenham papel-chave no desenvolvimento da lesão pulmonar, pela liberação de radicais livres e proteases. Adicionalmente à resposta inflamatória celular, associam- se mediadores da resposta inflamatória locais e sistêmicos, como citocinas pró-inflamatórias, fator de necrose tumoral (TNF)-α e citocinas quimiotáticas. Os eucasanoides também exercem papel na lesão pulmonar ácidoinduzida e age em conjunto com as citocinas para promover infiltração e ativação neutrofílica. A ativação do complemento é conhecida como um fator importante na resposta inflamatória que se segue à aspiração Pneumonia aspirativa A pneumonia de aspiração refere-se às consequências pulmonares resultantes da entrada anormal de líquidos, substâncias exógenas, partículas, ou secreções endógenas para as vias aéreas inferiores e aspiração de microorganismos da cavidade oral ou da nasofaringe (RUBENICH et al., 2013) Diferentemente da pneumonia comum, a pneumonia por aspiração é causada por bactérias presentes na flora do TGI, sendo, portanto, menos virulentas (RUBENICH et al., 2013) Segundo Rubenich et al. (2013), o processo se desenvolve ao longo de um período de vários dias ou semana Tosse Febre Expectoração purulenta Dispneia Emagrecimento e anemia Atelactasia É a perda de volume ou ausência de ar no pulmão (RUBENICH et al., 2013). Os alvéolos pulmonares sofrem um colapso, se fechando e ficando sem ar em seu interior Os sintomas são Dor torácica Tosse Dispneia @poli.canuto Diagnóstico A avaliação inicial de uma criança com suspeita de ACE é composta por três partes: história, exame físico e exame radiológico (GONLÇAVES) Com relação ao diagnóstico, a anamnese é de extrema importância de vez que em 95% dos casos, a tríade engasgo, sufocação e tosse, está presente. (GONÇALVES) Broncoscopia A broncoscopia permite avaliar a traqueia, os brônquios e parte dos pulmões. É feita através da introdução na boca ou no nariz de um tubo, broncoscópio, que possui na sua extremidade uma câmara de vídeo e uma fonte de luz fria. Este instrumento permite ao médico examinar diretamente as vias respiratórias. Radiografia do tórax O método auxiliar mais utilizado na investigação causal de quadros pulmonares é a radiografia simples de tórax, que se apresenta alterada em 80% das crianças com corpo estranho nas vias aéreas. No entanto, as alterações podem ser pequenas e passar despercebidas, pois, em 90% dos casos, o corpo estranho não é rádio-opaco. (PERALES) A radiografia de tórax póstero-anterior inspiratória e expiratória deve ser realizada sempre que possível, com especial atenção para áreas de hiperinsuflação decorrentes de aprisionamento aéreo, atelectasias lobares ou segmentares, desvia de mediastino, pneumomediastino, pneumotórax e enfisema subcutâneo. (GOLÇALVES) Tomografia computadorizada e ressonância magnética A tomografia computadorizada (TC) de tórax e a ressonância magnética podem mostrar o objetoe identificar áreas de aprisionamento aéreo e atelectasias. A exploração do TC suplementado com broncoscopia virtual pode também fornecer informações úteis (BITTENCOURT) Videofluoroscopia A videofluoroscopia do tórax pode identificar áreas de aprisionamento aéreo de forma dinâmica. A cintilografia com radioisótopos para a verificação de perfusão pulmonar pode demonstrar defeitos de perfusão devido à vasoconstrição hipóxica em regiões mal ventiladas (BITTENCOURT) Manobra de Heimlich Existe um procedimento, chamado manobra de Heimlich, que qualquer pessoa pode fazer na tentativa de retirar o corpo estranho de uma vítima de engasgo. Para isto, o socorrista deverá estar treinado e identificar os sinais de engasgo (KAREN) Os casos leves são aqueles em que o paciente encontra-se com uma obstrução parcial da via aérea, responde aos comandos do socorrista, tosse e está com a respiração preservada. Já nos quadros mais graves, a vítima, consciente ou inconsciente, apresenta uma obstrução total da via aérea, não conseguindo falar ou tossir, além de apresentar ruídos na respiração (KAREN) Conduta em adulto e criança Nos casos leves, o socorrista não demanda a realização da manobra de Heimlich, devendo se ater a 3 pontos Acalmar o paciente Estimular a tosse Monitorar o paciente de forma vigilante, pois o quadro pode se agravar. Os casos graves dependem se o paciente se encontra responsivo ou não. Nos pacientes responsivos, deve ser iniciada a manobra de Heimlich. Se não obtiver sucesso em expulsar o corpo estranho e você notar que a vítima está prestes a desmaiar, coloque-a gentilmente no chão (ela vai perder a consciência e pode evoluir para parada respiratória). Estenda o pescoço da vítima, facilitando a passagem do ar, abra a boca e tente visualizar algo que possa estar causando a obstrução. Se possível retire o corpo estranho. Se não for possível, iniciar as manobras de reanimação (KAREN) Etapas da manobra Posicione atrás da vitima, com suas pernas entre as delas; Abrace a vitíma na altura da crista ilíaca Posicione uma mão com o punho fechado e polegar voltado para região abaixo do apêndice xifoide e a outra mão espalmada sobre a primeira cobrindo Faça compressões rápidas e firmes, para dentro e para cima, em movimento que lembre um J @poli.canuto Nos casos não responsivos, deve-se solicitar uma ajuda especializada imediatamente, deitar o paciente em decúbito dorsal sob uma superfície rígida, checar os pulsos e caso necessário, iniciar as manobras de RCP (KAREN) Bebês Os bebês com casos leves não demandam a realização de nenhuma intervenção para a desobstrução, apenas pegar o bebê no colo em pé e permitir que ele tussa (KAREN) Anteriorizar a vítima Permitir a tosse Monitorar o paciente Os bebês com quadros graves e responsivos devem ser apoiados sobre o antebraço do socorrista em decúbito ventral, estando esse apoiado sobre a coxa, posicionando a mão próxima ao mento, com os dedos próximos às clavículas e fúrcula. (KAREN) O socorrista deve realizar uma inclinação da vítima, de maneira que a cabeça fique em um nível inferior aos membros e posteriormente promover 5 golpes com a região hipotênar entre as escápulas, para, em seguida, virar o bebê e realizar 5 compressões torácicas na região intermamilar com 2 dedos. (KAREN) Feita as compressões, vira a criança e avalia via aérea buscando corpo estranho. Caso o corpo estranho não seja facilmente retirável você deve retorna a manobra. (KAREN) Nos casos de obstrução grave com o bebê não responsivo, a vítima deve ser colocada em decúbito dorsal em uma superfície rígida, sendo checado o pulso. Se a vítima estiver com o pulso ausente, deve-se iniciar a RCP (KAREN) Medidas preventivas para crianças As orientações incluem: (FADEL) Bolas de gude, pequenas bolas de borracha e balões de látex devem ser mencionados especificamente, pois a aspiração desses itens pode ser fatal. Balões de látex são a principal causa não alimentar de episódios fatais de asfixia entre crianças Alimentos duros e/ou redondos não devem ser oferecidos a crianças menores de quatro anos; estes incluem (mas não estão limitados a) balas e outros doces, amendoim, pedaços de carne, cachorros-quentes, uvas, passas, pedaços de maçã, nozes, pipoca, sementes de melancia e cenouras cruas. Entre esses itens, o amendoim é o alimento mais comum que causa lesões e cachorros- quentes e doces são as causas mais comuns de lesões fatais Os bebês devem ser alimentados com alimentos sólidos apenas por adultos e somente quando o bebê estiver sentado ereto; todas as refeições para crianças pequenas devem ser supervisionadas por um adulto. As crianças devem ser ensinadas a mastigar bem os alimentos; gritar, falar, brincar, correr, chorar e rir enquanto come deve ser desencorajado Moedas e outros itens pequenos não devem ser dados a crianças pequenas como recompensa. Esteja ciente das ações das crianças mais velhas. Eles podem dar objetos perigosos para irmãos mais novos. Referências NEVES, Olga Maria Domingues; BRASIL, Laélia Maria Barra Feio; AMORIM, Cláudio Sérgio Carvalho de. Processos aspirativos pulmonares em crianças. Rev. para. med, 2009. GONÇALVES, Manoel EP; CARDOSO, Silvia R.; RODRIGUES, Ascedio J. Corpo estranho em via aérea. Pulmão RJ, v. 20, n. 2, p. 54-8, 2011. RUBENICH, Rosana et al. Broncoaspiração no perioperatório e na emergência: diagnóstico e manejo. Acta méd. Porto Alegre [Internet], v. 34, n. 1, p. 18, 2013. Tortora, Gerard, J. e Bryan Derrickson. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14ª edição). Grupo GEN, 2016 Perales, J. G. Doenças Respiratórias na Infância. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. 9788595155299. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595155299/. Acesso em: 10 Sep 2022 Porth CM, Matfin G . Fisiopatologia. 8a ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010. KAREN, Keith J. et al. Primeiros socorros para estudantes. 10.ed. São Paulo: Manole, 2014. FADEL, E Ruiz, corpos estranhos de vias aéreas em crianças, 2022, uptodate BISINOTTO, F. M. B.; SILVEIRA, L. A. M.; MARTINS, L. B. Aspiração pulmonar em anestesia: revisão. Rev Med Minas Gerais, v. 24, supl 8, S56- S66, 2014. GONÇALVES, M. E. P.; CARDOSO, S. R.; RODRIGUES, A. J. Corpo estranho em via aérea. Pulmão RJ, v. 20, n. 2, p. 54-8, 2011 OLIVEIRA, A. R.S. et al. Fatores clínicos preditores do risco para aspiração e aspiração respiratória em pacientes com Acidente Vascular Cerebral. Rev. Latino-Am. Enfermagem., v. 23, n. 2, p. 216-24, 2015. .
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