Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – ESTEFFANE SEITZ TXVI 1 Diagnostico diferencial de massa cervical 1 CONCEITOS GERAIS Tumor: aumento localizado de volume e consistência dos tecidos, provocado por doença benigna, maligna, inflamatória ou mesmo decorrente de traumatismo ou corpo estranho. Os tumores na região cervical são chamados de: Nódulo: lesões menores e bem delimitadas Massas: lesões maiores, irregulares e de limites imprecisos O caráter benigno ou maligno dessas neoplasias depende de características como grau de diferenciação e anaplasia, capacidade de invasão, ritmo de crescimento e capacidade de gerar metástase. DOENÇAS QUE SE MANIFESTAM COMO TUMOR CERVICAL DOENÇAS NEOPLASICAS: Primárias (benigna ou maligna): glândulas salivares, glândula tireoide/paratireoide, neoplasia do corpo carotídeo, lipoma, sarcoma, neoplasia dos nervos periféricos, hemangioma, linfoma, neoplasia óssea, neoplasia cartilaginosa. Secundaria (maligna): metástase p/ linfonodos cervicais DOENÇA INFLAMATÓRIA Infecciosa: viral, bacteriana, granulomatosa Não infecciosa: linfadenopatia, tireoidite, sialadenite calculosa DOENÇAS NÃO NEOPLASICAS E NÃO INFLAMATÓRIA: Congênita: cisto do ducto tireoglosso, tireoide ectópica, cisto dermoide, cisto braquial, linfangioma, teratoma Traumatismo: hematoma, edema 2 EXAME CLINCO Avaliação inicial: Baseia-se na história da doença atual, exame clinico. 2.1 ANAMENSE Avaliar: Tempo de evolução; Localização precisa e características da lesão; Idade e comorbidade; Sinais e sintomas; Hábitos de vida: tabagismo, etilismo, exposição sexual-HPV, ocupação; História de trauma; Irradiação ou cirurgia prévia; Exposição a fatores ambientais CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – ESTEFFANE SEITZ TXVI 2 TEMPO DE EVOLUÇÃO Lesões malignas: costumam progredir rapidamente; invadem estruturas adjacentes (ex.: paralisia do nervo); possuem limites imprecisos e podem ser indolores. evolução (3-6 meses) Lesões benignas: longos períodos de evolução; não costumam invadir tecidos vizinhos; são bem delimitados ou encapsulados. evolução (anos) IDADE Natureza da massa: neoplásica, infecciosa, traumática ou congênita; Indivíduos até 40 anos: tumor benigno, de caráter congênito ou infeccioso; 40 em diante: tumor maligno 0 a 15 anos 16 a 40 anos Acima de 40 anos Congênita Congênita Neoplásica Lesão vascular (TA) Cisto branquial (TA) Carcinoma metastático (TA/TP) Cisto branquial (TA) Cisto ducto tireoglosso (M) Carcinoma tireoideo (M) Cisto de ducto tireoglosso (M) Cisto dermoide (M) Cisto dermoide (M) Linfonodopatia inflamatória Linfonodopatia inflamatória Linfonodopatia inflamatória Bacteriana (TA/TP) Viral (TA/TP) Viral (TA/TP) Viral (TA/TP) Bacteriana (TA/TP) Bacteriana (TA/TP) Granulomatosa (TA/TP) Granulomatosa (TA/TP) Granulomatosa (TA/TP) Neoplásica Neoplásica Congênita Linfoma (TA/TP) Linfoma (TA/TP) Cisto branquial (TA) Carcinoma tireoideo (M) Carcinoma tireoideo (M) Cisto de ducto tireoglosso (M) Sarcoma (TA/TP) Salivar (TA) Metastática (TA/TP) Vascular (TA/TP) Neurogênica (TP) Legenda: TA = triângulo anterior; TP = triângulo posterior; M = linha média e pescoço anterior. SINAIS E SINTOMAS Disfonia (rouquidão)- laringoscópio uma corda fecha e a outra não devido a lesão Disfagia- especificar em qual fase (liq, sol)- falar afavor tumor primário Odinofagia (que não melhora com ATB); Dispneia (na maioria progressiva); Lesão cutânea ou mucosa que não cicatriza- metástase de câncer de pele; Mudanças do padrão da tosse; Engasgos frequentes- tumor na tireoide ou qualquer massa com efeito compressivo ali; CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – ESTEFFANE SEITZ TXVI 3 Perda ponderal ou caquexia; Dor, febre e eritema sugerem inflamação- hiperemia e calor devido a neovascularização. Não teme edema. 2.2 EXAME FISICO INSPEÇÃO ESTÁTICA: Localização, número, lateralidade, assimetria, sinais logísticos, presença de fístula INSPEÇÃO DINÂMICA: Movimentação a deglutição; protusão da língua-colocar língua p/ fora p/ ver se tem lesão; comprometimento dos nervos motores Tumor cervical Móvel à deglutição (quase sempre tireoideo) Anomalia congênita Tireoidite Bócio Carcinoma tireoideo Imóvel à deglutição (quase sempre não tireoideo) Mediano Cisto dermoide Lipoma Linfonodopatia Lateral Glândula salivar Cisto branquial Linfonodopatia PALPAÇÃO: Números de lesões*; tamanho*; consistência; mobilidade; lateralidade*; limites com as estruturas vizinhas; presença de sinais flogisticos; frêmito ou sopro; pulso * são critérios que definem o estadiamento das metástases locorregionais em CP. São o N do TNM. 3 EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES LABORATORIAIS : Estado nutricional- não pede muito no início; Hemograma- avaliar anemia sugestiva de linfoma; Sorológicos de agentes infecciosos: HPV, HIV, EBV, CMV, TOXO- IGGrecente e IGMantigo, TB-PPD, PBM, Hepatite B e C; VLDR SINTOMAS B: Sindrome consuptiva: febre vespertina, perda de peso Tb e Linfoma causam CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – ESTEFFANE SEITZ TXVI 4 EXAMES DE IMAGEM: Permitem identificar e dimensionar a lesão, o órgão acometido, a infiltração das estruturas vizinhas, estadia a doença, avaliar ressecabilidade e resposta terapêutica USG c/ Doppler: útil em diferenciar massas solidas de císticas. Fundamental na conduta das lesões tiroidianas. Melhora a acurácia das biopsias por punção, pois identifica as lesões mais suspeitas e guia o procedimento. TC: estabelece a localização precisa da tumoração e sua relação com as estruturas adjacentes, mesmo que na profundidade. Excelente p/ osso- se metástase p/ osso não opera. O uso de contraste melhora as informações sobre a vascularização da massa. Faz parte do estadiamento dos tumores. RNM: Fornece praticamente as mesmas informações que a TC. Tumores vasculares são melhor delimitados na RNM e está técnica pode ate substituir a angiografia. Importante p/ definição da ressecabilidade das lesões: contato com vasos-carotida interna-, base do crânio, fáscia pre-vertebral. BIÓPSIA: Confirmar ou afastar neoplasia e possibilita material p/ cultura de MG PAAF (citológico): Deve ser o primeiro método de avaliação citohistopatologica das massas cervicais. Importante no diagnostico diferencial dos nódulos da tireoide. Confirmação de metástase ou tumores primário. Facil realização e baixo custo e risco. Disponibiliza material p/ citologia, cultura e exame a fresco. Complicações: hematoma e paralisia do nervo laringo recorrente. Aberta: Inicialmente apenas em casos de forte suspeita p/ neoplasia linfoproliferativas (linfomas), que necessitam da cápsula do tumor p/ diagnostico histopatológico. Nos casos onde a PAAD não foi conclusiva- exceto tireoide. Há risco de violar o tumor possibilitando disseminação local da doença e piora do prognostico. Biopsia guiada: Procura lesões sempre na área de drenagem linfática, caso encontre a lesão realizar biopsia. Se não encontrar lesão suspeita realizar “biopsia as cegas” baseado no padrão de drenagem linfática – bases da língua e amigdala. Nasofibroscópio; laringoscopia e EDA Procurando lesões sempre nas áreas de linhagem linfática Se encontrar lesões suspeita ⇨ Bx Se não encontrada lesão suspeita ⇨ realizar biópsia baseada no padrão de drenagem linfática (base da língua e amigdalas). 4 CONDUTA CLINICA CISTO CONGENITO (BRAQUIAL OU TIROGLOSSO) USG C/ DOPPLER TUMOR + LINFONODO + DOLORIDO + PCTE JOVEM/ IVA SOROLOGIA. SUGESTIVO LINFONODO REACIONAL PCTE JOVEM + SINTOMAS B + TUMOR A UNS MESES E BRUTA SOROLOGIA + HEMOGRAMA (caso negativa, biopsia aberta sobretudo se o hemograma ta com anemia cronica). SUGESTIVO DE LINFOMA PCTE IDOSO + FUMANTE + UM CAROÇO PAAF (p/ câncer. Se derfaz vc msm paaf de nódulo cervical guiado por US) + ENCAMINHAR P/ ESPECIALISTA P/ ACHAR TUMOR PRIMARIO. SUGESTIVO DE CANCER CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – ESTEFFANE SEITZ TXVI 5 Estadiar o tumor: TC contraste da FACE, PESCOÇO e TORAX SE A PAAF TA INCONCLUSIVA FAZ A COOR OU REPETE PAAF 5 PRINCIPAIS TUMORES 5.1 TUMORES DE LINFONODO CERVICAIS Linfodenopatias inflamatórias e infecciosas Crianças: linfonodos palpáveis, de origem inespecífica, associado a dor leve Linfodenopatia reacional: Toxoplasmose, rubéola, mononucleose, citomegalovirose, síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), doença da arranhadura do gato. Solicitar sorológico. Linfodenopatia linfoproliferativa: são doenças de acometimento sistêmico-febre, esplenomegalia. Não relação com tabagismo ou etilismo. Multiplos linfonodos cervicais -, de consistência firme e não aderidos. A citologia pode sugerir o diagnóstico que deve ser confirmado com biópsia excisional de um linfonodo. Metastase mais frequente é o carcinoma epidermoide da mucosa do TODA. Metastase da glândula tireoide é de carcinoma palifero e medular. Na suspeita clínica de linfonodo metastático, deve-se evitar sua biópsia excisional, visto que o rompimento dos vasos linfáticos pode ocasionar drenagem anômala e, consequentemente, facilitar o aparecimento de metástases em regiões não usuais e que não são habitualmente tratadas. 5.2 BENIGNAS: CISTO BRAQUIAL: laterais, mais comum é defeito no 2º arco costal. Com historial clinica de um abaulamento cervical que aumenta e diminui ou ate já apresentou fistula previa com quadro de IVAS. Diagnostico clinico, mas pode usa PAAF (cristais de colesterol) em algumas situações. Tratamento: ATB e analgesia e ressecção Pode solicitar USG em todas as suspeitas Tumores que podem ocorrer em qualquer região do pescoço Tumores de linfonodos cervicais Neoplasias do tecido adiposo Neoplasias dos nervos periféricos: tumores do tecido muscular; tumores do tecido fibroso Linfangioma Hemangioma Massa traumática; tumores cutâneos Tumores mais comuns em cada triângulo cervical Triângulo submandibular Doenças das glândulas submandibulares Linfonodopatia Triângulo submentoniano Linfonodopatia Cisto dermoide e teratoma CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – ESTEFFANE SEITZ TXVI 6 HIGROMA CISTICO: lateral, axila, inguinal retroperitoneal. É uma massa indoslor de tamanho variável e mal delimitada. Diagnostico clinico e tratamento é a ressecção cirúrgica CISTO DO DUCTO TIREOGLOSSO: Cisto, indolor na linha media (tireoide). No exame físico observa-se sinal de Sistrunk (língua-tireoide). A manobra semiológica fecha diagnostico. Tratamento: ressecção. 5.3 MALIGNA: CARCINOMA EPIDERMOIDE: Mais frequente,Neoplasia agressiva, comum em homens. Fatores de risco: álcool e tabaco, HPV- 16,18-. Quadro clinico: infiltração ou ulceração, disfagia, disfonia, epistaze, alterções do nervo periférico, linfonodomegalia (complementar exame com oroscopia, laringoscopia, EDA, TC e RX). Realizar PAAF. Tratamento cirúrgico. TUMOR DE GLANDULAS SALIVARES: 70% é na parotida, adenomia pleomorfico de crescimento lentro, bem delimitado, indolor. Exame: USG e PAAF. Tratamento: ressecção (cuidado com paralisia do nervo facial) Triângulo carotídeo superior Paraganglioma Linfonodopatia; cistos e fístulas branquiais Triângulo carotídeo inferior Doenças da glândula tireoide Carcinoma de paratireoide Cisto de ducto tireoglosso Tireoide ectópica; tumores da laringe, traqueia e esôfago Triâgulo occipital Linfonodopatia; neoplasias do tecido adiposo; neoplasias dos nervos periféricos Neoplasias do tecido muscular; tumores ósseos Triângulo supraclavicular Linfonodopatia
Compartilhar