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Anna Beatriz Carvalho Araújo Farmacologia
Med XV - UNICAP
Trypanosoma Cruzi - Doença de Chagas
Introdução:
● Protozoário Flagelado.
● É uma doença de evolução crônica, debilitante, que determina no homem quadros clínicos
com características e consequências muito variadas.
● Ela está intimamente relacionada às más condições das moradias, pois estas favorecem a
nidi�cação dos hemípteros triatomíneos, conhecidos vulgarmente como “barbeiros”.
Biologia do Parasita:
● O homem se infecta durante a hematofagia (alimentação por sangue). No momento em
que o barbeiro elimina os tripomastigotas metacíclicos (forma infectante) em suas fezes, na
pele do homem.
● Essa forma infectante pode entrar pela mucosa, quando o homem leva as mãos
contaminadas aos olhos ou nariz, e por soluções de continuidade, como as provocadas pelo
ato de coçar ou pelo orifício da picada do barbeiro.
● Logo após a penetração, o tripomastigota metacíclico invade células do sistema fagocistico
mononuclear (célula alvo) e perde o �agelo, passando a se chamar de amastigota- essa forma
é inofensiva ao homem.
● Os amastigotas começam a multiplicar-se por divisão binária em ciclos de
aproximadamente 12 horas, até que a célula infectada �que repleta de amastigotas. É nesse
momento que as amastigotas, se transformam novamente em tripomastigotas (forma �nas e
largas).
● Quando essa célula alvo se rompe, libera os tripomastigotas, que deslocam-se para infectar
uma nova célula alvo, se disseminando para o restante do organismo através da circulação
sanguínea e linfática.
● Os principais órgãos atingidos são o Coração, Tubo Digestivo e os Plexos Nervosos.
● Quando se alimentam do sangue de pessoas ou animais infectados, os triatomíneos podem
ingerir os tripomastigotas.
● Os tripomastigotas são convertidos em epimastigotas no tubo digestivo do triatomíneo.
● Os epimastigotas se reproduzem por divisão binária e, quando chegam à porção terminal
do intestino (o reto) do triatomíneo, voltam à forma tripomastigota.
● Essa forma �nal de tripomastigota, são altamente móveis e infectantes, são as formas
metacíclicas eliminadas nas fezes do vetor.
As principais formas do Trypanosoma cruzi são:
● Amastigota - fase intracelular, sem organelas de locomoção (�agelos), com pouco
citoplasma e núcleo grande. O cinetoplasto �ca ao lado do núcleo e é um pouco menor que
ele. Está presente na fase crônica da doença.
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● Epimastigota - é a forma encontrada no tubo digestivo do vetor, não é infectante para os
vertebrados. Tem forma fusiforme e apresenta o cinetoplasto junto ao núcleo. Possui �agelo
e membrana ondulante.
● Tripomastigota - fase extracelular, que circula no sangue. Apresenta �agelo e membrana
ondulante em toda a extensão lateral do parasito. O cinetoplasto se localiza na extremidade
posterior do parasito. Esse estágio está presente na fase aguda da doença, constituindo a
forma infectante para os vertebrados.
** o que é cinetoplasto → é uma região especí�ca da mitocôndria onde está concentrado o DNA
mitocondrial, o kDNA.
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Epidemiologia:
● Distribui-se nas américas - do sul dos EUA ao sul da Argentina e Chile.
● Há no mundo cerca de 8 milhões de infectados segundo a OMS.
● No Brasil são aproximadamente 5 milhões de pessoas doentes.
● No Brasil atinge populações mais pobres de áreas endêmicas.
Animais Reservatórios (é um hospedeiro de outra espécie, que alberga o agente etiológico de
determinada doença e o elimina para o meio exterior com capacidade infectante):
● Tatus - Dasypus sp. - da Argentina aos EUA
● Gambás - Didelphis marsupialis → mais importante das américas - apresenta dois ciclos de
vitais distintos do parasita (sangue/tecido e glândula de cheiro).
● Rato do mato - Rattus sp. - Importante reservatório.
● obs: vale rea�rmar que,pelo conceito de reservatório, eles não desenvolvem a doença, apenas
conduzem o antígeno.
Vetores:
● Triatoma infestans → amplamente distribuído, estritamente domiciliar atualmente
'eliminado'.
● Panstrongylus megistus → ocorre nas áreas mais montanhosas e frias.
● Triatoma brasiliensis → ocorre em áreas mais quentes, importante no nordeste.
● Rhodnius prolixus → principal vetor da América Central.
Como ocorre o surgimento da doença de chagas?
● 1 passo: Infecção
○ Triatomíneo faz o repasto sanguíneo (à noite). Pela sensação de saciedade, ele irá
defecar e urinar na pele do indivíduo. Nessas gotas de fezes e urina, haverá formas
tripomastigotas metacíclicas (essa é a forma que irá infectar o homem, se for outro
tipo, não irá infectar).
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● 2 passo: a invasão de celulas (inicialmente macrofagos).
○ A forma tripomastocista cíclica é depositada e internalizada, depois é fagocitada
(guardada em um vacúolo).
○ Evolui para a forma amastigota (formas arredondadas), que vão se multiplicar por
divisão binária.
○ Vão originar tripomastigotas sanguíneas, que vão romper a célula e sair na
circulação
■ A célula não tem como comportar uma quantidade tão grande de células.
● 3 passo: a disseminação no hospedeiro vertebrado:
○ Infecção local → nódulos linfáticos, atuando em 3 lugares principais:
■ Sistema nervoso central.
■ Coração
■ Sistema digestivo
● 4 passo: a contaminação do vetor invertebrado:
○ O triatomíneo pode infectar com animais reservatórios seres humanos.
○ O tripomastigota sanguíneo está no intestino anterior do inseto.
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○ Esferomastigotas se dividem em epimastigotas e aparecem no intestino posterior e
migram nas formas tripomasigta anticíclica que são as formas infectantes.
○ OBS: o triatomíneo possui substâncias que ampliam a contaminação e facilitam a
entrada na pele e tem também substâncias anestésicas. Normalmente são picadas
no rosto (que é a parte que o indivíduo não cobre).
Mecanismo de infecção:
● Vetorial → de maior importância epidemiológica. Forma infectiva tripomastigota
metacíclica
● Transfusional → importante nas áreas urbanas. Forma infectiva: tripomastigote sanguínea.
● Congênita → Importância criativa. Forma infectiva : tripomastigotas diferenciadas a partir
de ninhos de amastigotas na placenta.
● Acidental → inoculação por agulhas ou contato com a mucosa de material contendo
tripomastigotas. Ocorre principalmente em pro�ssionais que trabalham em contato com
essas substâncias.
● Ingestão → leite materno, alimentos contaminados com fezes de triatomíneos (como açaí),
canibalismo. Forma infectiva: tripomastigotas.
● transplantes de órgãos → podem resultar em doenças agudas graves. Forma infectiva:
amastigotas.
● Coito → transmissão não comprovada
Relação parasita-hospedeiro (no homem):
● Penetração na célula - ativa ou passiva dependendo do tipo celular:
○ Macrófagos – formação do vacúolo parasitóforo → produção de radicais de
oxigênio.
○ Miócitos → transialidases aderem aos receptores da membrana, atração de
lisossomos → ativação das vias dependentes de Ca + + –. ativação de receptores
especí�cos.
● Escape do fagolisossoma – digestão de membrana vacuolar pelas trans sialidases --
multiplicação no citosol até diferenciar para “tripo”.
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● Invasão de novas células -disseminação sanguíneas de tripomastigotas e penetração ativa no
sistema nervoso, células musculares lisas (tubo digestivo), células musculares lisas, sistema
de condução.
Resposta imune/in�amatória:
● interação parasita/célula → rompimento → liberação de fragmentos celulares e antígenos
parasitários → in�amação focal aguda proporcional aos ninhos de parasitas → formação de
Ac IgG e IgM → redução da parasitemia.
Relação parasita-hospedeiro (no vetor):
● Entrada no tubo digestivo - tripomastigotassanguícolas arredondam -se e se transformam
no intestino médio em esferomastigotas e epimastigotas.
● Intestino médio - divisão binária das epimastigotas e migração para o intestino posterior.
● Intestino posterior - epimastigotas à cutícula e diferenciam-se em tripomastigotas
metacíclicos (forma infectante eliminada nas fezes).
Referências Bibliográ�cas:
● Aula da Professora Shalom Pôrto - UNICAP.
● http://www.ufrgs.br/para-site/siteantigo/Imagensatlas/Protozoa/Trypanosomacruzi.htm