Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Utilização do BI na tomada de decisão APRESENTAÇÃO O processo decisório é algo que está intrinsecamente ligado à gestão de empresas. Um executivo toma inúmeras decisões por dia, nos mais diferentes níveis de complexidade, e são essas decisões que definem os rumos que a organização irá tomar, impactando na vida de muitas pessoas e envolvendo uma série de fatores. Trata-se, portanto, de um processo fundamental para as organizações, podendo ser a diferença entre uma empresa de sucesso e uma que foi engolida pelo mercado. A diferença, na maioria das vezes, está na fundamentação da tomada de decisão, a qual necessita de informação de qualidade para que o gestor saiba que caminho tomar. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá melhor o processo decisório e o que o constitui e compreenderá a importância da informação para esse processo e o impacto das ferramentas de BI (Business Intelligence) para a tomada de decisão organizacional. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os elementos constitutivos de um processo de tomada de decisão. • Ilustrar o processo de tomada de decisão empregando ferramentas de BI. • Comparar processos de decisão tradicionais com os baseados em ferramentas analíticas. • INFOGRÁFICO O processo decisório é algo complexo e que precisa ser bem compreendido pelo gestor organizacional. Dessa forma, ele terá um controle maior da situação e saberá gerenciar melhor as suas decisões, o que permitirá obter melhores resultados. No Infográfico, você verá de modo detalhado as etapas do processo de tomada de decisão organizacional e a importância de cada uma delas para a obtenção de resultados satisfatórios. CONTEÚDO DO LIVRO O processo de tomada de decisão organizacional é fundamental para o sucesso de uma empresa. Quanto mais preparado estiver o gestor para as decisões relacionadas aos rumos da sua empresa, melhores tendem a ser os resultados dela no mercado. Um elemento fundamental para que o gestor esteja preparado e tome as melhores decisões é a informação. Informação sobre a empresa, o mercado, os clientes, o fornecedor e tudo mais que impacte de alguma forma na empresa deve ser considerado nas decisões organizacionais. Sendo assim, é preciso gerenciar essa quantidade tão grande de informação. Isso pode ser definitivo no momento de obter a informação correta acerca de determinado tema que impacte no futuro da empresa. Leia o capítulo Utilização do BI na tomada de decisão, da obra Introdução à Inteligência de Negócios para aprender mais sobre o assunto. Boa leitura! INTRODUÇÃO À INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS Cristiane Kessler de Oliveira Utilização de business intelligence na tomada de decisão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os elementos constitutivos de um processo de tomada de decisão. Ilustrar o processo de tomada de decisão empregando ferramentas de business intelligence. Comparar processos de decisão tradicionais com os baseados em ferramentas analíticas. Introdução A tomada de decisão acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida. A todo momento, é preciso decidir algo que será determinante para o futuro, seja no âmbito pessoal ou profissional. No entanto, enquanto, na esfera pessoal, uma decisão equivocada poderá impactar apenas a vida de pessoas próximas, em uma empresa, as consequências podem envolver muitas pessoas. Por isso, especialmente nos negócios, é funda- mental que o processo decisório seja bem fundamentado. Para que isso ocorra, é preciso saber coletar e utilizar a maior quantidade possível de informações de qualidade. Nesse sentido, a contribuição da inteligência de negócios — ou business intelligence (BI) — pode ser definitiva. Neste capítulo, você vai estudar o processo de tomada de decisão e os elementos que o constituem. Você também vai compreender o papel da informação ao longo do processo decisório e de que forma as ferramentas de BI podem impactar na tomada de decisão organizacional. Processo de tomada de decisão A tomada de decisão representa um dos principais elementos da gestão organizacional. Trata-se de um dos principais papéis desempenhados pelos executivos, uma vez que é por meio de decisões — sejam elas mais simples e rotineiras ou mais complexas e demoradas — que o gestor condiciona a empresa por um determinado caminho. É o conjunto dessas decisões, tomadas nas diversas esferas da organização, que vai fazer com que ela tenha sucesso e atinja os seus objetivos, ou mesmo que enfrente problemas que precisem ser geridos por meio de novas decisões. A tomada de decisão organizacional é, portanto, determinante desde a concepção da empresa e das suas definições estratégicas, passando pelo planejamento estratégico, até chegar às decisões rotineiras — como quais insumos precisam ser comprados em que época do mês ou de que fornecedor. Para Sobral e Peci (2013, p. 98), “[...] uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade”. No entanto, decisões também são tomadas para direcionar os caminhos e os próprios objetivos da organização. Para Paganotti (2015, p. 3): É possível, então, considerar que o processo decisório permite escolher o caminho correto para a organização de acordo com o momento que ela vive, pois mercado, concorrência, política, economia e os fatos que ocorrem no decorrer do tempo influenciam sobremaneira a formação das alternativas que se podem conceber. Em uma empresa, portanto, são tomadas inúmeras decisões diárias, nos mais diferentes níveis e graus de complexidade. Esse processo de tomada de decisão envolve uma série de etapas a serem cumpridas para que o resultado seja efetivo, reduzindo o risco de decisões equivocadas ou malsucedidas. Porém, não há um consenso entre os estudiosos sobre as etapas que compõem esse processo. Young (1977 apud MOTTA; VASCONCELLOS, 2002), por exemplo, estipula 10 passos para a tomada de decisão, enquanto Uris (1989 apud MOTTA; VASCONCELLOS, 2002) define seis etapas, conforme ilus- trado no Quadro 1. Utilização de business intelligence na tomada de decisão2 Fonte: Adaptado de Motta e Vasconcellos (2002). Processo decisório segundo Young (1977) Processo decisório segundo Uris (1989) 1. Definição dos problemas organizacionais 2. Levantamento dos problemas que en- volvem o alcance dos objetivos 3. Investigação da natureza dos problemas 4. Busca por soluções alternativas 5. Avaliação e seleção da melhor alternativa 6. Alcance de um consenso organizacional 7. Autorização da solução 8. Implantação da solução 9. Instrução do uso da decisão para os não tomadores de decisão 10. Condução de auditoria para avaliar a eficácia da decisão 1. Análise e identificação da situação 2. Desenvolvimento de alternativas 3. Comparação de alternativas 4. Classificação dos riscos de cada alternativa 5. Avaliação e seleção da melhor alternativa 6. Execução e avaliação Quadro 1. Etapas do processo decisório Por sua vez, Montana e Charnov (1999 apud PAGANOTTI, 2015) consi- deram as seguintes etapas para o mesmo processo decisório: 1. Análise situacional. 2. Estabelecimento de padrões de desempenho. 3. Geração de alternativas. 4. Avaliação das consequências. 5. Teste-piloto. 6. Implementação total. Os autores ainda acrescentam que, após a etapa de implementação total, é possível realizar uma avaliação para verificar as contribuições dessas decisões para os objetivos organizacionais, de modo a possibilitar a realização de ajustes futuros, se necessário. 3Utilização de business intelligence na tomada de decisão Por fim, as etapas definidas por Sobral e Peci (2013), as quais você verá detalhadamente a seguir, aproximam-se daquelas determinadas por Uris (1989 apud MOTTA; VASCONCELLOS, 2002), com alguma variação:1. Identificação da situação. 2. Análise e diagnóstico da situação. 3. Desenvolvimento de alternativas. 4. Avaliação das alternativas. 5. Seleção e implementação das melhores alternativas. 6. Monitoramento e feedback. Identificação da situação Quase todo o processo de tomada de decisão se dá a partir da identifi cação, por parte da empresa, de uma oportunidade ou um problema. No caso de uma oportunidade, trata-se de algum acontecimento positivo que, se a empresa tomar alguma atitude no sentido de aproveitá-lo, poderá trazer bons resultados para ela. No caso de um problema, trata-se de algo negativo, que traz ou poderá trazer futuramente consequências negativas para a empresa e com o qual é preciso lidar o quanto antes, tomando decisões para encerrar o problema e minimizar as suas consequências. Identificar bem o problema (ou a oportunidade, se for o caso) e compreendê- -lo a fundo é fundamental para que se possa tomar as melhores decisões em relação a ele. Algumas vezes, se a situação não for bem interpretada, ou se for interpretada de modo equivocado, o que era considerado uma boa decisão pode gerar um resultado bem diferente do previsto. Para Paganotti (2015, p. 16), “[...] o administrador só terá boas alternativas de escolhas se conseguir monitorar as tendências do ambiente ao seu redor”. Isso significa conhecer a situação sob diferentes óticas, de modo a conseguir obter soluções alternativas, especialmente em decisões de maior grau de complexidade. Análise e diagnóstico da situação Após conhecer profundamente a situação a ser enfrentada, é necessário ela- borar um diagnóstico a seu respeito. Com ele, o gestor poderá defi nir os objetivos da tomada de decisão. “Sem objetivos claros e uma análise correta da situação, é impossível pensar em boas alternativas para uma decisão”, segundo Paganotti (2015, p. 16). São os objetivos que vão guiar a análise das alternativas, auxiliando na escolha daquela que melhor contribui para que sejam Utilização de business intelligence na tomada de decisão4 alcançados. Paganotti (2015) sugere algumas questões a serem respondidas, as quais auxiliam na compreensão da situação e na elaboração do diagnóstico, conforme apontadas a seguir. Quais fatos demonstram a existência de um problema ou de uma oportunidade? O que pode ter contribuído para o surgimento do problema ou da oportunidade? Quando, onde e como ocorreu o problema? Quais pessoas estão envolvidas? De que maneira elas podem contribuir para solucionar a situação? Como é possível medir a magnitude do problema ou da oportunidade? Qual é a urgência da decisão? A situação está isolada ou tem interconexões com outros eventos? É importante que as perguntas sejam respondidas por pessoas de diversos setores da organização. Dessa forma, será possível ter diferentes percepções sobre a situação, o que enriquece a tomada de decisão. Desenvolvimento de alternativas A partir da compreensão efetiva da situação, o que se dá por meio da análise e do diagnóstico, é possível elaborar alternativas de ações e caminhos que auxi- liem na solução do problema ou no aproveitamento da oportunidade. Algumas decisões mais simples, como a compra de determinado item do estoque, podem necessitar de menos alternativas — talvez o levantamento de algumas opções de fornecedores, com preços e prazos diferenciados. Por outro lado, situações mais complexas demandam um bom levantamento de alternativas, como no caso da identifi cação da razão da queda nas vendas de determinado produto. Nesses casos, pode ser necessário um estudo mais apurado das alternativas, o que amplia a possibilidade de encontrar soluções efi cientes e criativas. Sobral e Peci (2013) sugerem algumas ferramentas que auxiliam os gestores no desenvolvimento de alternativas. Uma delas é o brainstorming, ou tempes- tade de ideias. Nessas situações, as pessoas envolvidas vão mencionando as soluções e providências que lhes vêm à cabeça, sem julgamentos ou críticas. Essas sugestões vão sendo anotadas para, posteriormente, serem analisadas de forma mais profunda, verificando-se a sua viabilidade efetiva. A outra ferramenta mencionada pelos autores é o chamado conflito construtivo. Nesse caso, as pessoas vão sendo provocadas para trazerem soluções criativas e 5Utilização de business intelligence na tomada de decisão eficientes para a situação. No entanto, é preciso conduzir o trabalho com muito cuidado, caso contrário, pode se tornar um conflito efetivo, o que acabaria prejudicando a tomada de decisão. Avaliação das alternativas Após a defi nição das alternativas possíveis para a solução da situação, é neces- sário analisar cada uma delas. Isso signifi ca medir as consequências que cada uma das alternativas propostas traria para a organização. Pode ser necessário fazer uma simulação, passo a passo, de cada uma das possibilidades levantadas, de modo a imaginar o que ocorreria se ela fosse colocada em prática. Uma forma bastante utilizada de se fazer essa simulação é a chamada árvore da decisão. Trata-se de uma ferramenta que auxilia o gestor a visu- alizar as ramificações, em forma de árvore, das consequências de cada uma das possibilidades de decisão. A Figura 1 ilustra a árvore da decisão de uma empresa que precisava definir se expandiria ou não as suas instalações. As fórmulas ilustram os cálculos realizados pelos gestores em cada uma das situações simuladas. Figura 1. Árvore da decisão. Fonte: Adaptada de Paganotti (2015). Utilização de business intelligence na tomada de decisão6 É necessário que seja analisado o impacto de cada uma das decisões sob diversos aspectos relacionados à organização. Tempo, impacto financeiro, impacto diante dos clientes e concorrentes são alguns dos critérios que os gestores precisam ter em mente ao realizar essa análise. Seleção e implementação das melhores alternativas Após analisar os impactos de cada uma das alternativas, é preciso escolher a mais adequada para a situação. Isso signifi ca optar pela alternativa que esteja mais alinhada aos valores da empresa e que contribua de modo mais efetivo para os objetivos predefi nidos. Em seguida, é necessário comunicar os envolvidos acerca da escolha realizada, além de informar a cada um qual será o seu papel na implementação da decisão. Monitoramento e feedback Decidir e implementar aquilo que foi escolhido não é o sufi ciente. É necessário monitorar o que está sendo realizado, coletando informações e fazendo obser- vações para identifi car se tudo está correndo conforme o planejado. Da mesma forma, é importante comunicar aos envolvidos acerca do seu desempenho no trabalho que está sendo realizado, seja ele positivo ou negativo. Isso auxilia na compreensão do seu papel e na orientação do que se pretende com a ação, além de permitir ajustar o que está errado ao longo do percurso. É possível identifi car, durante o monitoramento, que a implementação não está tendo os resultados esperados. Se isso ocorrer, o gestor terá tempo para fazer os ajustes ou, em casos mais extremos, optar por uma alternativa que traga melhores resultados. O papel da informação no processo decisório Atualmente, vivemos na chamada era da informação, em que tudo gera números e toda ação é acompanhada e se transforma em um dado a ser coletado por alguém em algum momento. Todos os dias, as pessoas se deparam com uma infi nidade de dados disponíveis em todos os lugares, seja no campo pessoal ou profi ssional, relacionados aos mais diferentes temas. No entanto, o simples fato de ter muitos dados disponíveis não signifi ca, necessariamente, uma vantagem ou mesmo uma facilidade para a gestão de um empreendimento ou para a tomada de decisão organizacional. Beal (2012, p. 11) afi rma que “[...] um conjunto de dados não produz necessa- 7Utilização de business intelligence na tomada de decisão riamente uma informação, nem um conjunto de informações representa necessariamente um conhecimento”. Para obter informação,é preciso agregar valor aos dados, realizando cruza- mentos ou fazendo relações entre eles. Se um empreendedor do ramo de sorve- tes souber, por exemplo, a quantidade de sorvetes vendida em um dia em uma determinada região, isso é um dado, mas não se pode fazer muita coisa com ele. No entanto, se esse dado for cruzado com outros, como a quantidade vendida em outras regiões, por exemplo, ou em outros dias do mês, é possível ter uma ideia de relação acerca da demanda, se essa região está com vendas acima ou abaixo da média, por exemplo, ou se há um período do mês em que se vende mais sorvetes. Trata-se, assim, de uma informação, que já pode ser utilizada para uma ação. Quanto melhor for a informação, mais o gestor terá condições de tomar uma boa decisão. É preciso conhecer uma situação por todos os lados, de modo a estar preparado para enfrentá-la, inclusive pensando em meios alternativos, o que pode garantir um diferencial competitivo à organização. No entanto, gestores de instituições diferentes, que atuam em mercados distintos, possuem necessidades diversas de informações. Nesse sentido, organizar as informações em um sistema dinâmico permite integrar seus vários componentes. Moresi (2000) afirma que a arquitetura de informação de uma empresa está estru- turada da seguinte forma: institucional, intermediária e operacional. Informação institucional É a informação voltada à direção da empresa. Esse tipo de informação tem como característica possibilitar a observação das variáveis relacionadas à empresa, tanto no ambiente interno quanto no externo à organização. Geralmente, a fi nalidade da informação institucional é monitorar e avaliar o desempenho da empresa junto ao mercado e em relação a concorrentes e clientes, por exemplo. Além disso, é utilizada para instrumentalizar o planejamento e as decisões de alto nível. Informação intermediária Esse tipo de informação normalmente é voltado ao corpo gerencial da orga- nização. Trata-se da combinação de dados que permite observar as variáveis presentes também nos ambientes externo e interno, como a informação insti- tucional. No entanto, a informação intermediária é utilizada para monitorar e avaliar os processos da empresa e todos os fatores relacionados à tomada de decisão em nível gerencial. Também fundamenta o planejamento, mas relacionado a esse nível de gestão. Utilização de business intelligence na tomada de decisão8 Informação operacional É voltada à chefi a de setores e seções dentro da organização. Esse tipo de informação permite aos gestores executar as suas atividades e tarefas da melhor forma, realizando, por exemplo, a identifi cação de gargalos e pro- blemas que estejam comprometendo a produtividade do setor. É também por meio dessa informação que o gestor pode monitorar o espaço geográfi co sob sua responsabilidade, bem como elaborar o planejamento no nível de gestão operacional e tomar decisões relacionadas a ele. A direção da empresa, por exemplo, precisa de informações que permitam a defi- nição de metas e de estratégias de posicionamento, além da formulação da missão ou das políticas da organização e de outras decisões relacionadas ao seu futuro. Para isso, a informação precisa vir de diferentes fontes e ser de natureza ampla e estratégica. No entanto, para um gerente, por exemplo, esse nível de informação nem sempre é necessário. Ele pode utilizar uma gama menos ampla de informações, trazendo mais diretamente o que ele precisa para a decisão intermediária. Da mesma forma, um coordenador tem necessidades específicas. Geralmente, ele precisa de informações detalhadas sobre as operações do dia a dia, e não da informação ampla e estratégica que fundamenta a tomada de decisão do presidente ou dos diretores da organização. A informação, mesmo sendo muito valiosa para uma organização, precisa ser trabalhada para que se torne conhecimento, podendo, assim, contribuir de modo efetivo para a tomada de decisão. O conhecimento, por sua vez, é uma combinação de informações e experiências que incluem reflexão e contexto. Trata-se de algo que é difícil estruturar, capturar em um dispositivo ou transferir a alguém. É preciso ser construído por cada indivíduo ou grupo, conforme aponta Beal (2012). Sendo assim, é preciso compreender melhor o sistema por meio do qual as informações são tratadas nas organizações para que se tornem, efetivamente, conhecimento. A Figura 2 ilustra um sistema de informação básico dentro de uma organização. 9Utilização de business intelligence na tomada de decisão Figura 2. Sistema de informação. Fonte: Adaptada de Paganotti (2015). A entrada do sistema de informação são os dados, os quais podem ser obtidos por meio das fontes mais diversas. Normalmente, quanto mais fontes uma organização dispuser para a coleta de dados, maiores as chances de obter diversidade de perspectiva e, consequentemente, de encontrar soluções diferentes dos concorrentes. Por sua vez, a saída do sistema corresponde à formação de informação útil, que possa ser utilizada para a tomada de decisão. “Normalmente essas informações úteis são geradas em forma de relatórios gerenciais, ou apenas relatórios que podem ser de um processo, de uma área, de pessoas ou até mesmo maquinários”, segundo Paganotti (2015, p. 29). O processamento é visto como a forma por meio da qual os dados coletados são transformados em informações úteis. Por fim, o feedback é visto nas correções de erro feitas nos dados de entrada e saída. Dessa forma, é por meio dele que são realizados os ajustes necessários ao longo do processo. O impacto das ferramentas de business intelligence na tomada de decisão Sabe-se que um dos elementos defi nidores de um gestor organizacional é a tomada de decisão. Em um dia de trabalho, um executivo toma inúmeras decisões, nos mais diferentes níveis de complexidade, as quais têm impacto direto no futuro da organização e dos seus colaboradores. Da mesma forma, conforme visto, a informação é de suma importância para essa tomada de decisão. A informação é determinante para o sucesso de uma organização e, nos dias atuais, com a quantidade de fontes disponível e sua atualização quase Utilização de business intelligence na tomada de decisão10 instantânea, não se trata mais de um diferencial. Hoje, obter informação em grande quantidade e das mais diferentes fontes é quase uma obrigação para uma empresa que deseja competir no mercado. No entanto, somente uma grande quantidade de dados não garante resul- tados positivos para a tomada de decisão organizacional. Pelo contrário, se a empresa não souber gerenciar esses dados, é possível que eles favoreçam uma decisão equivocada, pois podem ser interpretados de forma errônea ou mesmo fornecer uma informação equivocada. Existem diferentes categorias de informação que influenciam nas decisões e nos objetivos de uma organi- zação: informações sobre clientes, concorrentes e fornecedores; informações relacionadas a aspectos legais que impactam no ramo de atuação da empresa; informações sobre crescimento demográfico, resultados econômicos, inovações tecnológicas e questões políticas, sociais e ecológicas; entre outras. Todos esses aspectos impactam em questões positivas ou negativas, ou seja, representam problemas ou oportunidades e necessitam de decisões dos gestores. Para gerenciar essas informações e fornecer instrumentos que favoreçam o processo decisório, muitas empresas estão optando pela implementação do BI. Leme Filho (2006) entende o BI com sendo um conjunto de serviços, ferramentas e tecnologias, as quais são combinadas para agregar valor à empresa, por meio da coleta, organização, análise, compartilhamento e mo- nitoramento das informações relacionadas à organização. Para isso, é preciso que um ambiente de BI seja capaz de extrair e integrar dados de diferentes fontes, analisar informações contextualizadas, em um nível de totalização e agrupamento maior, identificar relações de causa e efeito nessas informações,desenhar cenários, criar simulações e estudar tendências, oferecendo o máximo de eficiência para que a gestão tome as melhores decisões. O BI surgiu para funcionar justamente como uma ferramenta para facilitar os negócios, agilizando o acesso à informação e tornando-o mais eficiente. Com as suas ferramentas, o gestor pode recolher dados de sistemas da organização, como o enterprise resource planning (ERP) e o costumer relationship management (CRM), extraindo e, se for neces- sário, transformando os dados e inserindo para dentro de um data warehouse (DW), que funciona como um armazém de dados. 11Utilização de business intelligence na tomada de decisão A ferramenta de BI mais utilizada pelas empresas é o DW. Trata-se de um banco de dados com grande potencial de armazenamento, em que são arquiva- das as informações mais diversas, sejam históricos de transações da empresa ou mesmo dados externos. Quando necessário, o gestor pode acessar o DW e, por meio de ferramentas de interação, realizar consultas e gerar relatórios que fundamentem a tomada de decisão de modo bastante eficiente. A Figura 3 ilustra como o DW é constituido, utilizando fontes variadas, como bancos de dados e planilhas exportadas por sistemas de informação (ERP e CRM, por exemplo). Também mostra as formas como o DW pode ser acessado pela organização: visualização de dados, mineração de dados e relatórios, entre outros, usando a intranet, a internet ou aplicativos próprios. Figura 3. Data warehouse. Fonte: Adaptada de Leme Filho (2006). O DW contribui, portanto, para os mais diferentes níveis organizacionais. Ele fornece informações para a tomada de decisão estratégica, identificando o público-alvo mais adequado para o produto ou serviço que a empresa pretende comercializar ou o posicionamento que possui mais aceitação e potencial de crescimento no mercado de atuação. Auxilia também na identificação de ten- dências de negócios de longo prazo, analisando padrões de comportamento que possam identificar a queda ou o crescimento de alguma categoria de produto. Utilização de business intelligence na tomada de decisão12 No entanto, após a implementação de um DW e a construção de um ambiente de BI, é fundamental que a empresa seja comprometida com a retroalimen- tação do sistema de informações. Esse feedback é fundamental para a criação do conhecimento dentro da organização. Segundo Penna (2003 apud LEME FILHO, 2006, p. 128): O feedback e aprendizado obtidos na conclusão do projeto de cada data mart contribui para uma revisão periódica dos objetivos do projeto do Data Warehouse corporativo e, ainda mais importante, apoia a própria revisão dos objetivos da organização no plano estratégico e tático, visto que, ao se fazer um mapeamento de relevância dos indicadores disponíveis, na verdade, se questiona se a informa- ção ainda é relevante. Muitos sistemas são construídos para áreas de negócios que acabam ou são redefinidas pouco depois e, claro, o sistema já nasce inútil. Enquanto um data warehouse combina bases de dados espalhadas por toda a empresa, um data mart geralmente é menor e se concentra em um tema ou departamento. Um data mart é um subconjunto de um data warehouse, tipicamente abarcando uma única área temática (SHARDA et al, 2019). Uma das ferramentas mais utilizadas em conjunto com o DW é o sistema chamado on-line analytical processing (OLAP), também conhecido como processamento analítico de dados on-line. Essa ferramenta tem o objetivo de auxiliar na conversão dos dados armazenados em informações úteis para a organização. É por meio do sistema OLAP que os gestores obtêm os rela- tórios com informações cruzadas, para que a direção possa tomar decisões relacionadas ao rumo dos negócios, por exemplo. Outra ferramenta muito utilizada e que contribui de modo efetivo para a tomada de decisão é o data mining. Também conhecido como mineração de dados, trata-se de um sistema de análise de informações, baseado em banco de dados, que é capaz de procurar padrões ocultos em coleções de dados e prever comportamentos futuros, conforme define Turban (2009). O autor afirma que “[...] o verdadeiro software de data mining não muda apenas a apresentação: ele de fato descobre relações antes desconhecidas entre os dados e este conhecimento é aplicado para se alcançar metas de negócios específicas” (TURBAN, 2009, p. 31). Muitas empresas o utilizam como auxílio para a definição da segmentação de mercado, por exemplo, porque ele é capaz de encontrar, em um vasto universo, pessoas com interesses comuns relacionados a determinado assunto. 13Utilização de business intelligence na tomada de decisão Essas são apenas algumas das ferramentas mais utilizadas pelos gestores na tomada de decisão empresarial. Existem ainda diversos outros programas de software, aplicativos e outros elementos que fazem parte da inteligência de negócios e instrumentalizam os gestores para reduzir a chance de erro. Percebe-se, portanto, que o processo decisório tradicional, sem a utilização de ferramentas de BI, é muito mais sujeito a erros e interpretações equivocadas. Isso porque a grande quantidade de dados disponíveis, das mais diversas fontes, se não for bem gerenciada, pode atrapalhar mais do que ajudar. Ao utilizar uma ferramenta que foi projetada para fazer essa gestão de dados, o gestor tem a segurança de estar amparado e obtendo as melhores informações para fundamentar a sua decisão. De qualquer forma, para que o processo decisório tenha realmente bons resultados, não basta somente a utilização de boas ferramentas de análise e processamento de dados. Também é fundamental estar cercado de pessoas que conheçam o negócio e saibam utilizar a informação da melhor forma. A tecnologia contribui para o melhor desempenho das pessoas no ambiente de negócios, mas é necessário saber utilizá-la para esse fim. BEAL, A. Gestão estratégica da informação. São Paulo: Editora Atlas, 2012. LEME FILHO, T. Business intelligence no Microsoft Excel. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2006. MORESI, E. A. D. Delineando o valor do sistema de informação de uma organização. Ciência da Informação, v. 29, n. 1, p. 14-24, 2000. Disponível em: http://www.scielo. br/scielo.php?pid=S0100-19652000000100002&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 30 out. 2019. MOTTA, F. P.; VASCONCELOS, I. G. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. PAGANOTTI, J. Processos decisórios. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. SHARDA, R.; DELEN, D.; TURBAN, E. Business Intelligence e análise de dados para gestão do negócio. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2019 SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. TURBAN, E. Business intelligence: um enfoque gerencial para a inteligência do negócio. Porto Alegre: Bookman, 2009. Utilização de business intelligence na tomada de decisão14 DICA DO PROFESSOR As ferramentas de Business Intelligence podem contribuir de modo efetivo para a tomada de decisão organizacional. Isso, porque os dados sozinhos, sem análise, cruzamentos ou relação com outros dados, muito pouco contribuem para que o gestor tenha um bom panorama da situação e possa optar por ou outro caminho. A Dica do Professor vai aprofundar um pouco mais esse assunto. Você vai compreender melhor a importância das ferramentas de BI e da gestão da informação para uma tomada de decisão assertiva. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Business Intelligence: O que é e como ele irá ajudar sua empresa? Seu principal objetivo é tratar, por meio de ferramentas específicas, todas essas informações obtidas nesses bancos de dados para que o gestor possa realizar ações efetivas de melhorias em processos e políticas, trazendo bons resultados para a empresa. Leia mais no link abaixo: Conteúdointerativo disponível na plataforma de ensino! Filme: Doze Homens e uma sentença O filme Doze Homens e uma sentença auxilia a compreender um pouco mais acerca da tomada de decisão e os fatores que precisam ser considerados, como a previsão do impacto de se escolher cada uma das opções. É um filme que encena uma sala de júri onde 12 homens são convocados para decidir o caso de um assassinato, cujo veredito precisa ser unânime. Ao longo da trama, pode-se observar a construção da decisão em cada um dos jurados, impactados por seus valores, vivências, conceitos e preconceitos. Clique aqui para assistir ao trailer do filme. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O uso do Business Intelligence (BI) em sistema de apoio à tomada de decisão estratégica Neste artigo, role o cursor e veja que autores problematizam acerca da necessidade do processamento de informações corretas e alinhadas aos objetivos estratégicos, pois a qualidade dessas informações tem um papel fundamental para a determinação de cenários que possam auxiliar o processo de tomada de decisão e, consequentemente, promover inteligência e vantagem competitiva, agregando valor ao negócio e à organização. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar